Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

GEHB ** Patrimônios mundiais, Xingu no cinema e acervos digitais

 
Boletim eletrônico da Revista de História da Biblioteca Nacional
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Patrimônio mundial em Sergipe

A Praça São Francisco, em São Cristóvão (SE), foi reconhecida como patrimônio cultural do mundo pela Unesco. A 34a Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, que está acontecendo em Brasília desde o dia 23 de julho, avaliou a candidatura desse bem na tarde do dia 1 de agosto. "Vitória do povo de Sergipe, de São Cristóvão, que sempre conservou esse patrimônio", afirmou o Presidente do Comitê, ministro Juca Ferreira, que preside o encontro. Confira os 18 locais do país inscritos na Lista do Patrimônio Mundial. [ leia mais ]

Parque do Xingu vira filme

A história da primeira terra indígena reconhecida pelo governo federal começou a ser filmada. A saga dos irmãos Villas-Bôas, idealizadores da reserva, tem previsão de estrear ano que vem. [ leia mais ]

História regional

A disponibilização online de revistas dos institutos históricos estaduais democratiza o acesso à tradição erudita da historiografia brasileira. Confira a última coluna do historiador Renato Venâncio na seção "Acervo Digital" [ leia mais ]

E mais...

Caiapós por eles mesmos
Peças comemorativas e da vida cotidiana, como cocares, máscaras e cestos, ajudam a mostrar os aspectos mais importantes da cultura caiapó. A exposição “Kayapó, Mebêngôkre nhõ pyka” reúne fotos e objetos selecionados pelos próprios índios que apresentam sua cosmologia, rituais, agricultura, caça, pesca e coleta. Além disso, a mostra divulga resultados da pesquisa sobre os conhecimentos tradicionais e a diversidade agrícola da etnia, feita em parceria pelo Museu Goeldi e o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França. [ leia mais ]
Literatura juvenil no teatro
O próximo encontro do projeto conta com a presença de Karen Acioly, criadora do Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens (FIL), autora e diretora teatral, e Sura Berditchevsky, atriz, diretora, autora, produtora e professora de teatro. O evento vai abordar a formação de novos leitores e a literatura infantil e juvenil em seus diversos aspectos. A Biblioteca Nacional convida todos a participar e interagir em busca de uma literatura de qualidade para esse público. A mediação fica por conta da escritora Anna Claudia Ramos. [ leia mais ]
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Atividade nos últimos dias:
        **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

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    GEHB ** Homenagem com restrições - Tese de Gilberto Freyre sobre democracia racial foi contestada por Fernando Henrique Cardoso

     

    Homenagem com restrições

    G1 - Postado por Luciano Trigo em 24 de julho de 2010 às 11:08
    Tese de Gilberto Freyre sobre democracia racial foi contestada por Fernando Henrique Cardoso

    Gilberto Freyre / Divulgação
    Uma expectativa acima do normal cerca a conferência de abertura da FLIP deste ano. Não somente pelo ineditismo da participação de um ex-Presidente da República – que aliás mantém o status de figura política de proa, num ano de eleição – mas também porque a relação entre o palestrante – Fernando Henrique Cardoso – e o homenageado – Gilberto Freyre – é no mínimo ambivalente.
    Fernando Henrique integrou o grupo de intelectuais da USP que, a partir dos anos 60, contestou com bastante ênfase as teses defendidas pelo sociólogo pernambucano em Casa Grande & Senzala e outras obras – sobretudo o conceito da democracia racial, por meio do qual ele teria "romanceado" a escravidão. De inspiração marxista, os chamados "uspianos", capitaneados por Florestan Fernandes, contestavam essa interpretação supostamente idílica de nossa História e se distanciaram ainda mais do sociólogo quando ele decidiu apoiar o regime militar instaurado em 1964. A partir dali a querela teórica se transformou em hostilidade política explícita ao "mestre de Apicucos": Freyre virou uma espécie de proscrito, com suas obras banidas das grades curriculares.
    Os tempos são outros, naturalmente, a nos últimos 20 anos Gilberto Freyre vem sendo objeto, por assim dizer, de uma reabilitação, mesmo num bastião do pensamento de esquerda como a USP – processo do qual faz parte o prefácio escrito pelo próprio Fernando Henrique Cardoso para a última edição de Casa Grande & Senzala. O tom do prefácio, elogioso mas ambíguo, deve se repetir na conferência de FHC.
    Vale lembrar, por outro lado, que, quando estava na Presidência, Fernando Henrique decretou 2000 como o Ano Nacional Gilberto Freyre. Em todo caso, o retrospecto de antagonismo permite esperar uma mesa de abertura movimentada na FLIP, com a intermediação do historiador Luiz Felipe de Alencastro. Sobretudo se o debate enveredar pela questão racial, já que FH se mantém crítico ao pensamento de Freyre sobre o tema. Ou se, no debate, a platéia tentar partidarizar a discussão em ano de eleição.
    A expressão "democracia racial" reflete a idéia de que o Brasil escapou do racismo e da discriminação presentes na formação histórica de outros países, como os Estados Unidos: os brasileiros, pelo menos em sua maioria, não se veriam pelas lentes da discriminação racial, ou seja, questões de raça não seriam limitadoras da mobilidade social em nossa sociedade – ou seriam menos limitadoras que outros fatores, como o sexo e a classe social. Para os críticos da teoria, isso acabou gerando uma atitude generalizada e hipócrita de dissimulação do preconceito em nosso país. Daí, por exemplo, a resistência às políticas de cotas raciais nas universidades e as ações afirmativas no Brasil.
    É claro que a obra de Gilberto Freyre é muito mais abrangente e ambiciosa do que sugere o debate sobre a democracia racial. Freyre estabeleceu as regras de uma gramática social brasileira, desenvolvendo uma reflexão original sobre a especificidade do processo de formação da sociedade brasileira. Foi pioneiro em atribuir um valor positivo à mestiçagem, em sistematizar nossa aptidão para conjugar diferenças, para plasmar costumes e valores. Fez História da vida privada muito antes de a própria expressão ser cunhada e popularizada pelos franceses. Incorporou em suas pesquisas a comida, as doenças, a arquitetura, o comportamento sexual, os hábitos de higiene – em suma, o homem comum, numa época em que a História era a História das elites. comida, doenças, arquitetura, sexualidade, hábitos de higiene, Freyre introduziu o homem comum numa ciência voltada para o vistoso movimento das elites.
    Hoje a interpretação do Brasil inaugurada por Gilberto Freyre é reconhecida como inovadora por intelectuais de todos os matizes ideológicos. Há quem aponte, contudo, para os riscos de uma reabilitação acrítica, que passe por cima das imperfeições de sua obra teórica – em diversos momentos conservadora e pouco científica – e ignore deliberadamente a colaboração do sociólogo pernambucano com o regime militar, que envolve episódios não suficientemente esclarecidos de perseguição a professores da Universidade do Recife, como Luiz Costa Lima. Isto é, o monumento se sobrepõe ao homem.
    Por maiores que sejam as diferenças, o certo é que Gilberto Freyre e Fernando Henrique Cardoso compartilham no mínimo uma característica: a vaidade. Darcy Ribeiro dizia que Freyre "devorava elogios como bombons", e conta-se que o sociólogo ficou indignado quando viu que uma enciclopédia dedicava mais linhas ao verbete Jorge Amado que ao seu. De Fernando Henrique, basta citar uma frase de seu livro A arte da política: "Talvez minha vaidade seja menor que a inteligência".


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    "A História é o passado ressignificado"
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    Fabrício Augusto Souza Gomes



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      domingo, 1 de agosto de 2010

      GEHB ** Edson Nery da Fonseca / Entrevista com estudioso da obra de Gilberto Freyre (Prosa & Verso, 31/07/2010)

       

      'Freyre queria entender de tudo na vida'
      Estudioso da obra do autor homenageado em Paraty, Edson Nery da Fonseca diz que sociólogo era um grande sedutor e desejava ser lido por todos
      ENTREVISTA Edson Nery da Fonseca
      O pernambucano Edson Nery da Fonseca é um dos maiores estudiosos da obra de Gilberto Freyre, autor homenageado desta oitava edição da Festa Literária Internacional de Paraty, que começa na quarta-feira, dia 2. Nery é também um pesquisador privilegiado, pois conviveu por quase 50 anos com o autor de “Casa-grande & senzala”, obra sobre a qual chegou a fazer inclusive um “dicionário”, “Gilberto Freyre de A a Z”. Também organizou alguns livros do mestre, a pedido dele, como “Palavras repatriadas”. Há ainda aqueles que o próprio Nery inventou, como “Prefácios desgarrados”, pois considera Freyre o maior prefaciador brasileiro e um dos maiores do mundo. Nessa entrevista, em Recife, Nery — que se recupera de um problema de saúde, mas já foi liberado pelos médicos para comparecer à Flip — conta como o sociólogo elegeu-se deputado no século passado com votos comprados, tenta explicar porque seu amigo foi vítima da patrulha ideológica pós-1964, quando teve uma relação polêmica com o governo militar, e mostra porque as obras de Freyre são inconclusas: “Para ele, a História continua, está evoluindo”, diz. Além disso, destaca a visão generalista do sociólogo sobre a sociedade: “Era um homem que pretendia de entender tudo na vida.”
      Letícia Lins Correspondente • RECIFE
      O GLOBO: Sociólogo, antropólogo, escritor mais generalista do que especialista, autor de “Alhos e bugalhos”, “Sobrados e mocambos”, “Casa-grande & senzala”. Quem foi o intelectual Gilberto Freyre?
      EDSON NERY DA FONSECA: Ele próprio escreveu em um livro pouco conhecido, chamado “Como e porque sou e não sou sociólogo”, no capítulo “Como e porque sou escritor”: “em mim, o antropólogo, o sociólogo, o possível pensador são ancilares (escravos) do escritor”. E se queixava muito de que não era convidado para congressos de escritores. Também se queixava que as histórias da literatura brasileira não o incluíam, porque ele era um pensador social, sociólogo, cientista social.
      Ele foi mais antropólogo, mais sociólogo, ou mais escritor?
      EDSON NERY: Ele próprio se considerava um escritor. Mas tinha formação acadêmica, no sentido universitário, em ciências sociais.
      Por que, com tanta formação acadêmica, ele dizia “abaixo o sociologês, o antropologês, o filosofês” e se classificava como um generalista, não especialista?
      NERY: Ele detestava essa terminologia especializada. Queria ser lido pelo público em geral, e não apenas por especialistas. Os cientistas apegados a terminologias científicas diziam que ele não era um cientista social, mas um escritor. Como se uma coisa se opusesse à outra, mas não há oposição nenhuma entre a ciência e a literatura. Quem se posicionou assim tinha mentalidade estreita. O grupo de São Paulo, liderado por Florestan Fernandes, por exemplo, se opôs durante muito tempo a Freyre, dizendo que ele tinha generalizações que não eram científicas. Que era prejudicado pelo fato de escrever bem.
      Poderíamos dizer que ele foi um dos mais versáteis intelectuais do país?
      NERY: A minha definição de Freyre é que ele era um grande sedutor. Por quê? Inicialmente nos seduzia pelas suas ideias originais a respeito da formação brasileira. Por exemplo, dizer que ao contrário do que ocorre na América Hispânica, onde os países foram feitos pela Espanha e pela Igreja, o Brasil foi feito pela família patriarcal. Isso é uma ideia completamente original de Freyre. E é verdadeira. Portugal e a Igreja aqui ficaram submetidas à pátria família dos escravocratas. E sedutor porque recebia todos com muito acolhimento. Era um fidalgo ao natural. Freyre não fez estudo antropológico do Brasil só através dos índios. Ele procurou entender o país de uma maneira global.
      Durante a vigência da ditadura militar, Freyre passou a ser hostilizado por intelectuais de esquerda que o consideravam um colaboracionista do regime. Como avalia essas contradições?
      NERY: Antonio Candido o admirava, mas depois retirou a admiração. Como o próprio Sérgio Buarque de Holanda, que foi um dos maiores amigos e ajudou Freyre a escrever “Casa-grande & senzala”, porque sabia alemão, língua que o pernambucano não conhecia bem. Muitos daqueles que antes eram amigos, depois de 1964 viraram as costas.
      Qual é sua interpretação desse episódio?
      NERY: Freyre foi chefe de gabinete de Estácio Coimbra, que foi deposto pela Revolução de 1930, e os dois partiram juntos para o exílio em Lisboa. Estácio tinha grande admiração por Freyre e dizia que, um dia, Freyre seria governador de Pernambuco. Quando acabou a ditadura Vargas, na eleição de 45, a UDN, para agradecer aos estudantes a participação na derrubada da ditadura, ofereceu uma vaga na chapa para a Constituinte de 46. Estudantes elegeram Odilon Ribeiro Coutinho, que nobremente convenceu os colegas de que o representante deles deveria ser Gilberto Freyre, que estava ao lado do estudante Demócrito de Souza Filho quando a polícia civil matou o estudante na sacada do “Diário de Pernambuco”.
      Qual foi a reação da sociedade da época?
      NERY: Os usineiros da UDN ficaram indignados, e acusaram os estudantes de terem colocado um marxista, um esquerdista na chapa deles. Era assim que os usineiros os tratavam. Quando escrevia “Nordeste”, Freyre fez uma pesquisa sobre a situação dos trabalhadores nas usinas, e as denunciou como sub-humanas. Então propôs ao Sindicato dos Usineiros que se fizesse um inquérito para fornecer a eles subsídios para melhorar a habitação e a alimentação dos cortadores de cana. Essas sugestões deixaram os usineiros indignados. Eles o denunciaram à polícia, onde foi fichado como agitador.
      Mas a partir de 1964, depois de participar da elaboração do programa de governo da Arena (partido que dava sustentação ao governo militar) ele foi acusado de estar a favor da ditadura.

      NERY:
      Freyre foi eleito para a constituinte de 1946. Ele estava bem na cidade de Recife mas tinha poucos votos no interior. Odilon Ribeiro Coutinho foi ao interior e comprou votos para ele. E Freyre se elegeu. Gostou de ser deputado, onde se transformou em um homem de comissões. Quando acabou o mandato, ele se candidatou de novo. Mas a usina de Odilon estava mal e ele não pôde comprar votos para Freyre, que não se reelegeu. Quando os militares deram o golpe e acabaram com as eleições diretas, eles iam a todas as reuniões da Fundação Joaquim Nabuco, inclusive sobre reforma agrária. Quando disseram que não haveria eleição direta, ele pensou que certamente o Marechal Castelo Branco, que era seu amigo, ia indicá-lo à Assembleia Legislativa para o governo do estado. Acontece que o deputado Nilo Coelho oferecia almoços com lagosta todos os domingos e, em um deles, pediu que fosse indicado.
      Por que Freyre, que sempre foi amado ou odiado, agora está virando unanimidade?
      NERY: Ainda há pessoas que não o aceitam. Em Pernambuco há uma professora que publicou um livro acusando Freyre de racista, porque ele criticava os judeus. Ele não era contra coisa nenhuma, era um homem que pretendia entender de tudo na vida. Ele não era anticatólico. Era a-católico. Ele não era antimarxista, mas pós-marxista. Não era contra nada, porque queria entender tudo na vida. “Casa-grande & senzala”, por exemplo, está cheio de elogios a judeus, mas também tem restrições. Por causa delas, ele é considerado antissemita. Quem diz isso estuda isolando frases, para atacar uma pessoa e toda uma obra.
      Durante décadas ele viveu entre a canonização e a excomunhão, segundo seus estudiosos.

      A que atribui isso?
      NERY: Ao fato de ter procurado ser objetivo, nem de extrema direita nem de extrema esquerda, de ter optado pelo equilíbrio. De ter tido a compreensão global, gestaltiana das coisas.
      Além do senhor, que conviveu com ele por longo tempo, e de Odilon Ribeiro Coutinho, outro companheiro de juventude de Freyre foi José Lins do Rego. Pela correspondência entre os dois, parece até que viveram um caso amoroso. O que eles viveram foi amor ou amizade?
      NERY: José Lins conta no prefácio que escreveu para um livro de Freyre o encontro deles. Ninguém os apresentou. Ele lia os artigos de Freyre, ficou impressionado e ficaram amigos. Acho que era uma amizade amorosa que havia entre os dois.
      Tem muita gente estudando Gilberto Freyre, mas provavelmente ainda há muito o que ser desvendado dos seus escritos e estudos, não?
      NERY: Ele é um mundo. Deixou muitos papéis que ainda estão para ser organizados. Ele só não conseguiu escrever o quarto tomo da obra “Introdução à História da sociedade patriarcal no Brasil”, que seria “Jazigos e covas rasas”, dando continuidade a “Casa-grande & senzala”, “Sobrados e mocambos” e “Ordem e progresso”. Eu o ajudei, porque morava no Rio de Janeiro quando ele foi deputado federal. Como a sessão era à tarde, ele passava a manhã na divisão de obras raras da Biblioteca Nacional, fazendo pesquisas para esse livro.
      Por que ele não terminou?
      NERY: Ele não conseguiu, sequer, iniciar. Ele reuniu uma grande documentação. Aí ele não se reelegeu e trouxe a documentação para o Recife. Enrolou tudo em uma toalha vermelha, que desapareceu.
      Ele ficou triste por não concluir o trabalho?
      NERY: Não. Porque não concluía nada. A ideia dele era a seguinte: a História não se conclui. Ela continua, está evoluindo. Ele detestava aquilo que chamam de chave de ouro, a conclusão. “Casa-grande & senzala”, “Sobrados e mocambos” e “Ordem e progresso” são obras inconclusas. A “Introdução à história patriarcal do Brasil” ficou sem o último volume, que seria a conclusão, mas ele não gostava de concluir. Chegava a dizer que deveria ficar para os mais sábios a tarefa certamente mais nobre de concluir.
      Ele também escrevia poemas e pintava. Como o senhor vê esse lado menos conhecido de Freyre?
      NERY: Vou declamar na Flip o poema “Bahia de todos os santos e de quase todos os pecados”, que ele escreveu em 1926, quando conheceu a Bahia, portanto muito antes da exaltação dos valores baianos feita por Ary Barroso e depois por Dorival Caymmi. É um poema em que se manifestam as duas principais características do estilo literário de Freyre: o magismo e a enumeração caótica.
      A pintura de Freyre parecia ingênua, mas ele levava a arte muito a sério, dizia que ela tinha a ver com sua produção literária. O senhor concorda?
      NERY: Sim. Tinha a ver até com a sociologia dele, porque pintava casas grandes, senhoras de engenho, o capelão da casa-grande, os assuntos eram sempre esses. A pintura foi a continuação de sua obra sociológica.
      O Brasil seria o mesmo sem “Casa-grande & senzala” ou a obra reforçou a identidade nacional?

      NERY:
      O livro foi publicado pela primeira vez em 1933 e em 1934 saíram muitos artigos a seu respeito. Colecionei muitos, quase todos elogiosos, escritos por todos os grandes críticos da época. Lembraria João Ribeiro, que elogiou o livro e fez uma só crítica: não conclui. Freyre respondeu: meu empenho não é concluir, mas interpretar.
      FH destacará atualidade da obra de seu antigo adversário intelectual

      Ex-presidente elogia pioneirismo e pesquisas de Freyre

      Gilberto Scofield Jr.

      SÃO PAULO
      No próximo dia 4 de agosto, quando o expresidente Fernando Henrique Cardoso fizer a conferência de abertura da Flip sobre Gilberto Freyre — com a palestra “‘Casa-grande & senzala’: um livro perene”, num evento que pretende homenagear o sociólogo, antropólogo e escritor pernambucano — os debates não estarão restritos à ótica do conceito de democracia racial, seus flertes com o conservadorismo, sua extraordinária tese sobre a formação da sociedade brasileira através da contribuição de brancos, negros e índios ou mesmo seu apoio ao golpe militar de 64.

      Mais que isso, as discussões provavelmente mostrarão a impressionante atualidade de Freyre e sua inesgotável capacidade de gerar questionamentos, especialmente num momento em que ainda se discute no Brasil a propriedade das ações afirmativas e cotas específicas para negros em empresas e universidades. Nestes casos, diz o ex-presidente, Gilberto Freyre é tanto atual quanto conflituoso, especialmente com o movimento negro no Brasil hoje.

      — Nos anos 30, Freyre foi muito inovador. Rompeu com um tipo de análise social racista na época. Rompeu com a visão evolucionista de (Francisco José de) Oliveira Viana, o ideal do Estado forte. Curiosamente, hoje o movimento negro deve achá-lo racista porque ele era a favor do sincretismo, enquanto hoje eles não são. Todo o movimento negro atual vai na direção da identidade e classificação racial, na base do “tudo o que não é branco é negro”. Mas a teoria de Freyre defende que o Brasil é diferente justamente porque não tem isso. Ele não aceita raça como critério, diz que aqui há um leque de cores e é melhor que seja assim. Simpático com os negros e indígenas, sobretudo com a ideia de miscigenação, e crítico da enorme mortalidade infantil nesses grupos, acho que ele seria simpático a ações afirmativas, mas seria contrário às cotas — diz ele.

      Fernando Henrique Cardoso — que também receberá na Flip, das mãos dos editores da Paz e Terra, o seu novo livro “Xadrez internacional e socialdemocracia” — vai tentar explicar também os fundamentos da já clássica ruptura, nas décadas de 50 e 60, entre o pensador pernambucano e certo grupo acadêmico das áreas de sociologia e antropologia da USP (onde o próprio FH estudava e pesquisava).

      Mais tarde, o meio acadêmico acabou “reabilitando” Freyre, convencido da importância de seu pioneirismo em muitos campos, incluindo a defesa do papel da miscigenação das raças na formação de um Estado menos conflituoso em comparação, por exemplo, aos EUA da época.

      Segundo FH, as críticas iniciais dos professores da USP a frentes: uma relativa ao seu pensamento acadêmico e outra por conta de suas posições políticas conservadoras. Nos anos 50 e 60, diz ele, a época de transformações fazia crescer a importância das teses desenvolvimentistas, especialmente em São Paulo. Aos olhos do grupo da USP, a ideia de romantização da escravidão e a tese da democracia racial, que subestimava os conflitos raciais no país, eram subjetivas demais para serem levadas a sério. Freyre era considerado, com desprezo, um ensaísta pouco objetivo.
      Retirada de patrocínio por sua causa seria ridículo, diz
      Do lado pessoal, condenavam as demonstrações de simpatia do antropólogo pelos ideais salazaristas, pelo golpe militar de 1964 e até pelo luso-tropicalismo, que de alguma maneira foi lido na época como uma justificativa da presença colonial portuguesa na África. Não faltaram sobrancelhas eriçadas em relação ao que consideravam um “saudosismo do patriarcado”, especialmente nas críticas ao seu livro “Ordem e progresso”.

      — Além disso, as pesquisas e estudos de nosso grupo na USP sobre relações interraciais nos mostravam outro panorama.

      Nós não encontrávamos outra coisa senão preconceito e discriminação.

      Minha pesquisa na Região Sul e outras não batiam com a imagem que ficou de “Casa-grande & senzala”, de idealização. É verdade que Gilberto Freyre não fala diretamente em democracia racial, mas a ideologia era bastante endossada oficialmente no Brasil na época, especialmente pelos militares — afirma FH.

      Ele conta que, uma vez, em palestra a empresários e diplomatas estrangeiros sobre seus estudos de negros realizada no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, encomendada pela Unesco, ouviu de um diplomata do Itamaraty, onde ocorria o encontro, que quase o colocara para fora: — Apresentei meus dados dizendo: “tem preconceito no Brasil”. No final, o diplomata me chamou e disse: “eu quase botei você para fora da sala porque você está falando mal do Brasil para estrangeiros”. E o fato é que o governo todo defendia as teses de Gilberto Freyre de que o Brasil era uma democracia racial, sem conflitos. A própria Unesco, quando veio a São Paulo pedir que nós fizéssemos o estudo no Sul vinha com a ideia.

      Eles queriam mostrar ao mundo que o Brasil era um exemplo de democracia racial — conta.

      Explicadas as desavenças, Fernando Henrique tratará de mostrar que, no frigir dos ovos, as idiossincrasias de Gilberto Freyre nunca comprometeram sua genialidade, originalidade e sua contribuição para o entendimento do tecido social brasileiro ontem e hoje. A começar por seu gigantesco domínio da bibliografia e de sua base empírica ampla, o que derruba a tese do “ensaísta subjetivo”. E de como ele influenciou gerações de pensadores brasileiros, incluindo o próprio ex-presidente, que não tinha com o pernambucano uma relação de proximidade — encontrou-se com o pernambucano apenas em três ocasiões —, mas foi a única exceção na lista negra de Gilberto Freyre sobre os “marxistas ideológicos da USP”.

      — Você pode discordar das interpretações de Freyre, mas não da falta de conhecimento dele dos assuntos. Não era um achismo, como se dizia. Seu entendimento de Brasil permaneceu porque, de alguma maneira, se aquilo não era assim, ele e muita gente gostaria que assim fosse. Então há nele um lado mítico, não no sentido negativo de dizer que é uma fantasia, mas no sentido de dizer: “olha, as coisas poderiam ser assim” — afirma.

      Sobre os boatos de que a Petrobras teria cancelado o patrocínio da Flip por conta de sua participação, é taxativo: — Não sei se é verdade, mas se fosse, seria ridículo. Inacreditável essa noção de que tudo é para aproveitamento político, o que reduz os espaços para o debate intelectual. Eu nunca misturo canais. E desde quando Gilberto Freyre é um ícone da esquerda?
      ENCONTRO COM O AUTOR: Quarta, dia 4, às 19h, fará a palestra “‘Casa-grande & senzala’: um livro perene”. Debatedor: Luiz Felipe de Alencastro. Quinta, dia 5, às 13h30m, ele conversará com o escritor Salman Rushdie sobre obras clássicas em encontro promovido pela Companhia das Letras.

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      Fabrício Augusto Souza Gomes

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        GEHB ** Livro de 1859 disponível no site PÁTRIA MINEIRA

         
        Apontamentos da População, Topografia e Notícias Cronológicas do Município da Cidade de São João del-Rei. Província de Minas Gerais. Oferecidos ao Ilustríssimo Sr. Comendador Antônio Simões de Sousa é livro da autoria
        de José Antônio Rodrigues.
        • O livro foi impresso na Tipografia de J. A. Rodrigues, em 1859, e talvez seja a primeira edição impressa na cidade de São João del-Rei - MG (Brasil).
        • O autor, natural de São João del-Rei, Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa, Promotor Público da Comarca do Rio das Mortes e Inspetor Municipal da Instrução Pública, homem ilustrado de sua época, produziu informações interessantes, chegando a ser citado pelo viajante Richard Burton, que dos Apontamentos se serviu francamente em sua obra Viagens aos Planaltos do Brasil.
        • A obra possui méritos, sobretudo pela singularidade do contexto, todavia, na nossa interpretação, algumas assertivas carecem de elementos comprobatórios.
        • A captura desta obra foi possível graças aos esforços do Sr. Silvério Parada, confrade do IHG de SãoJoão del-Rei.
        Veja os fac-símiles em:


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        *C L A R I N D O
        AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL
        amigosdopatrimonio@gmail.com
        www.amigosdopatrimoniocultural.blogspot.com
        (21)  9765-6038
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          sábado, 31 de julho de 2010

          GEHB ** IV MUN TEMPO - de 9 a 13 de agosto - IFCS/UFRJ

           
          IV MUN TEMPO - de 9 a 13 de agosto - IFCS/UFRJ
          Inscrições prorrogadas até 05/08/2010
          Inscrições e contato: muntempo@yahoo.com.br
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          O Model United Nations (MUN) é um projeto que visa propagar as práticas das Organizações Internacionais e seus princípios constitutivos, aproximando-os da realidade de estudantes e demais pesquisadores. Sob coordenação da Profa. Sabrina Medeiros foi criado na qualidade de atividade anual do grupo de estudos Fluxos Internacionais, do Laboratório de Estudos do Tempo Presente, da UFRJ, com a organização de uma parte dos pesquisadores do grupo, dentre estudantes de graduação e pós-graduação (latu e strictu sensu), inserindo-se aí mestrandos, alunos de MBA's e doutorandos.

          Um modelo de organizações internacionais é a simulação, geralmente anual com duração média de cinco dias, realizada por estudantes secundários ou universitários, de organismos das Nações Unidas ou de outras organizações internacionais. Esses modelos também são conhecidos como Modelos das Nações Unidas ou por seu nome original em inglês, MUNs e seus participantes, comumente chamados de MUNers, modeleiros ou modelistas. A rigor, a concepção do que é um "MUN" perpassa a idéia de um laboratório prático das ciências sociais, sendo diretamente relacionado ao Direito internacional, a Ciência Política e a disciplina das Relações Internacionais, mas a sua possibilidade de escopo multidisciplinar pode ser ampliada ao abordar especificamente questões de segurança nas simulações em questão, se relacionando às teorias da guerra e das diversas formas de conflito inter-estatal e supra-estatal.

          Apesar de recente no Brasil, a prática de MUNs remonta ao inicio do século XX, onde estudantes universitários das áreas de Ciências Humanas dos Estados Unidos e Europa simulavam a extinta Liga das Nações, objetivando encontrar formas cada vez mais realistas de passar a seus estudantes a estrutura e o funcionamento de uma Organização Internacional. Com a criação das Nações Unidas (1945) a prática de MUNs foi difundida, aproximando a sociedade civil dos princípios das Nações Unidas e o funcionamento da Organização. Hoje, podemos encontrar Modelos e Simulações – MUNs – em todos os continentes, simulando as mais diversas Organizações Internacionais e agrupando alunos de Ensino Médio, estudantes e pesquisadores do Ensino Superior.

          Com isso, entendemos que estudar e simular o funcionamento de uma Organização Internacional não é somente aprender e nos aprofundar sobre seus aspectos funcionais, mas sim, entender como esta Organização atua, juntamente com os demais atores, dentro do Sistema Internacional. Assim, acreditando que as relações internacionais são mediadas por interesses e comportamentos diversos e, na necessidade da observação do mundo ordinário de amplo campo conjuntural, estão ainda presente elementos como o gerenciamento da crise e da iminência de conflito de interesses, foco na proposição da própria coletividade exponencial observada na contemporaneidade.

          Não menos importante, vale comentar que o MUN não necessariamente está associado a uma percepção idealista da política internacional - cuja origem está voltada para a harmonização de interesses de forma pacífica e democrática em última instância. O MUN pode e deve considerar, impreterivelmente, a franca e sempre presente possibilidade de conflito aberto, que faz diminuir a preponderância da situação de paz na mediação das relações entre os atores.

          Por último, além do fator sistêmico da simulação, pesa a resposta analítica derivada de cada simulação. No caso do MUN-TEMPO, progressivamente, estamos agregando objetivos analíticos que viabilizam a confecção de um relatório-geral por cada evento que exprima um cenário possível da causa escolhida como tema do ano. O primeiro Modelo Nações Unidas do TEMPO (MUN-TEMPO), que teve como sede a UFRJ e explorou o tema da legalização do trabalho temporário, questão da ordem do dia para a segurança dos Estados, dos interesses comerciais e dos indivíduos; o segundo, teve como tema o Tráfico de Drogas, outro tema de crescente relação com o hiper-crime, o hiper-terror, a devastação ambiental, a violência urbana e um amplo espectro de ações ilícitas marginais à institucionalidade da sociedade ocidental, sendo sede a EGN, quando firmada a cooperação entre as instituições.
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            GEHB ** A-R-T-I-G-O Gilberto Freyre e a Questão Nacional

             

            Fonte: JORNAL ZERO HORA 31 de julho de 2010 | N° 16413

            Gilberto Freyre e a Questão Nacional

            Sociólogo brasileiro, homenageado da Festa Literária Internacional de Parati deste ano, liderou movimento que defendia Brasil regionalista

            Gilberto Freyre é mais conhecido pelo que escreveu sobre relações raciais no Brasil. Figura polêmica, alguns o celebram por ter criado a imagem de um país miscigenado no qual a mistura racial seria altamente positiva e outros o vilipendiam por ter transmitido a ideia de que no Brasil a escravidão foi mais branda que em outros países e por ter ajudado a criar o que é chamado de "mito da democracia racial no Brasil". Temas ainda candentes, como atesta a discussão em torno do Estatuto da Igualdade Racial, recentemente aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente da República. Uma face menos conhecida de Freyre diz respeito a como ele pensou a organização social do Brasil. É interessante que sua posição vá na contramão do que era voz corrente na época em que escreveu sobre o tema.

            Durante o Império, havia forte centralização de poder. O Brasil era dividido em províncias, cujos presidentes eram nomeados pelo imperador. Essa centralização foi em parte responsável por uma série de revoltas que ocorreram durante o Império de D. Pedro II, entre elas a Revolução Farroupilha (1835 – 1845).

            A proclamação da República iniciou um processo de descentralização política e administrativa que significou o fortalecimento do regionalismo. A República Nova, iniciada com a Revolução de 1930, reverteu essa tendência e acentuou uma crescente centralização nos mais variados níveis. É a partir desse período que um aparelho de Estado mais forte é criado e que o poder se desloca crescentemente do âmbito regional para o nacional.

            Nessa época era preciso repensar o país que experimentava um processo de consolidação política e econômica e que teria de enfrentar as consequências da crise de 1929 e da II Guerra Mundial. O nacionalismo ganhava ímpeto e o Estado se firmava. Foi ele que tomou para si a tarefa de constituir a nação. Essa tendência se acentuou muito com a implantação do Estado Novo, em 1937, com medidas que aumentaram a centralização política e administrativa. No plano da cultura e da ideologia, a proibição do ensino em línguas estrangeiras, a introdução da disciplina de Moral e Cívica, a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda ajudaram a criar um modelo de nacionalidade centralizado a partir do Estado.

            As modificações que ocorrem no período de 1930 a 1945 são profundas. Assim, quando no fim da II Guerra Mundial termina o Estado Novo e é eleita uma Assembleia Nacional Constituinte com a tarefa de pensar um novo modelo de organização administrativa e política, o Brasil já é um país diferente. Começávamos a perder nossa vocação agrária, a manufatura já sendo responsável por 20% do produto doméstico bruto. A construção de rodovias e a abolição da autonomia dos Estados ajudaram a unificar o mercado interno bem como a diminuir o poder das oligarquias locais. A migração campo-cidade se acentuou e criou um novo protagonista no cenário político: as massas urbanas que seriam interpeladas como agentes sociais pelo populismo.

            Nas décadas de 20 e 30 do século 20, vários intelectuais estão interessados na organização social e política brasileira, especificamente no que diz respeito a como pensar as regiões num país de dimensões continentais como o Brasil. A preocupação é em geral com a possibilidade do separatismo e o consequente esfacelamento da nação. Monteiro Lobato, em seu livro América (1931), manifesta esse tipo de preocupação ao criar um personagem norte-americano dono de uma metalúrgica, que afirma que "Os países de grande território (...) correm o risco do esfacelamento, da subdivisão em pequenas repúblicas (...)". Lobato, que vivia nos Estados Unidos, fascinado pela industrialização, comenta a esse respeito: "Pensei no mineiro, no paulista e no gaúcho. (...) E compreendi o alcance das palavras do grande metalurgista. O Brasil, devido a sua grande extensão territorial e à segregação, por falta de transporte, dos seus vários núcleos de gente semeada pelos portugueses iniciais, estava cada vez mais ameaçado de perder a unidade. Esses núcleos não se conheciam uns aos outros e todos se tinham como superiores aos demais".

            A tônica dos autores nesta época é, em geral, a preocupação de o Brasil se fragmentar, devido à falta de integração econômica, política e principalmente cultural. Gilberto Freyre destoa desse quadro e propõe uma perspectiva inversa. Em 1926 ele lidera um grupo que promove em Recife o 1º Congresso Brasileiro de Regionalismo. O movimento de 1926 tem um sentido, de certa maneira, inverso à Semana Modernista de São Paulo de 1922. Esta ocorre em uma cidade que já começava a despontar como uma pujante metrópole industrial e exaltava a inovação que atualizaria a cultura brasileira em relação ao Exterior. Os modernistas, além de atacar o passadismo, recusavam o regionalismo, por acreditarem que era através do nacionalismo que se chegaria ao universal. Já o Manifesto Regionalista é lançado no Recife, capital mais desenvolvida do Nordeste de então, e desejava, ao contrário, ressaltar a centralidade da região na organização social do país e preservar não só a tradição em geral, mas especificamente a de uma região agrária e mais atrasada. Para Freyre, que 50 anos chamaria o movimento de "regionalista, tradicionalista e, a seu modo, modernista", ser moderno não era romper com o passado, mas incorporar a tradição.

            O Manifesto Regionalista desenvolve basicamente dois temas interligados: a defesa da região como unidade de organização nacional e a conservação dos valores regionais e tradicionais do Brasil em geral e do Nordeste em particular.

            A análise do documento é extremamente elucidativa. Ele começa afirmando a existência no Recife de um movimento de reabilitação dos valores regionais e tradicionais do Nordeste. Assim, todas as terças-feiras um "grupo apolítico de regionalistas se reúne em volta da mesa do chá com sequilhos e doces tradicionais da região (...) preparados por mãos de sinhás" para discutir de forma descontraída problemas desta parte do Brasil.

            Apesar do tom "apolítico" e modesto, Freyre é categórico a respeito da ambição do grupo: "Nosso movimento não pretende senão inspirar uma nova organização do Brasil". Essa proposta de reorganização do país visando consolidar a sociedade brasileira é formulada através de um modelo político-administrativo calcado na região enquanto elemento constitutivo da nação, pois é o conjunto de regiões e não uma coleção arbitrária de Estados que formaria de fato o Brasil.

            A necessidade de reorganizar o Brasil – primeiro tema central do Manifesto e preocupação constante de pensadores do fim do século 19 e começo do século 20 - decorreria do fato de ele sofrer, desde que é nação, as consequências maléficas de modelos estrangeiros que lhe são impostos sem considerar suas peculiaridades e sua diversidade física e social.

            Como se pode perceber, a formulação de um sistema alternativo de organização do Brasil está ancorada na denúncia da importação de modelos alienígenas considerados incompatíveis com nossas peculiaridades. A discussão sobre a conveniência ou não de importar modelos e ideias estrangeiros é um tema recorrente entre nossos intelectuais e dele o Manifesto Regionalista tratará também ao analisar a questão da tradição.

            Ao frisar a necessidade de uma articulação inter-regional, Freyre toca um ponto importante e atual, ou seja, como propiciar que as diferenças regionais convivam no seio da unidade nacional em um país de dimensões continentais como o Brasil. Esse tipo de preocupação comparece também em trabalhos posteriores desse autor. Numa conferência proferida em 1944 nos Estados Unidos e sugestivamente intitulada Unidade e Diversidade, Nação e Região, ele afirma que "uma região pode ser politicamente menos do que uma nação. Mas vitalmente e culturalmente é mais do que uma nação; é mais fundamental que a nação como condição de vida e como meio de expressão ou de criação humana. Um filósofo no legítimo sentido, tem que ser super ou supranacional; mas dificilmente ele pode ser suprarregional no sentido de ignorar as condições regionais da vida, da experiência, da cultura, da arte, e do pensamento que lhe cabe julgar ou analisar".

            É justamente a uma conclusão semelhante que chegaram os modernistas a partir da segunda fase do movimento, quando se deram conta de que a única maneira de ser universal é, antes, ser nacional. Guardadas as proporções, o que Freyre está afirmando é que o único modo de ser nacional num país das dimensões do Brasil é ser primeiro regional.

            Mas seu modo de argumentar é, de certa maneira, o inverso dos modernistas, já que não está alicerçado em uma atualização cultural segundo valores modernos vindos do Exterior, mas, ao contrário, na crítica aos malefícios do progresso e da importação de costumes e valores estrangeiros. Assim, por exemplo, ao analisar o Nordeste, ele afirma que esta região estaria perdendo a consciência de seus valores históricos e de suas possibilidades devido à padronização decorrente da conquista industrial do mundo e aos efeitos de influências semelhantes no Brasil: "O perigo da monotonia cultural ou da excessiva unificação de cultura no continente americano provém da influência do industrialismo capitalista norte-americano, largamente dominado pela ideia de que o que é bom para o norte-americano deve ser bom para todos os outros povos da América".

            Para quem acompanhou os acalorados debates sobre os destinos do Brasil durante a fase populista de nossa história, o final dessa citação lembra as críticas que se faziam aos políticos que afirmavam que "o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil". Claro que a perspectiva de Freyre e a dos populistas são bastante distintas. O primeiro foi frequentemente rotulado de "conservador", ao passo que os segundos se consideravam "progressistas". Entretanto, ambos têm em comum a crítica à influência estrangeira.

            A conservação dos valores regionais e tradicionais do Brasil em geral e do Nordeste em particular é o segundo grande tema do Manifesto Regionalista. Freyre começa falando em defender os valores e as tradições do Nordeste "do perigo de serem de todo abandonadas, tal o furor neófilo de dirigentes que, entre nós, passam por adiantados e progressistas pelo fato de imitarem cega e desbragadamente a novidade estrangeira. A novidade estrangeira de modo geral. De modo particular, nos Estados ou nas províncias, o que o Rio ou São Paulo consagram como 'elegante' e como 'moderno': inclusive esse carnavalesco Papai Noel que, esmagando com suas botas de andar em trenó e pisar em neve, as velhas lapinhas brasileiras, verdes, cheirosas, de tempo de verão, está dando uma nota de ridículo aos nossos natais de família, também enfeitados agora com arvorezinhas estrangeiras mandadas vir da Europa ou dos Estados Unidos pelos burgueses mais cheios de requififes e de dinheiro".

            Trata-se de uma crítica ao hábito das nossas elites de arremedar os costumes que julgam modernos, tendência também apontada por Maria Isaura Pereira de Queiroz no que diz respeito à cidade do Rio de Janeiro por ocasião da vinda da família real no começo do século 19. A crítica lembra também um pouco a noção das "ideias fora do lugar" de Roberto Schwarz no que diz respeito à adoção de ideologias alienígenas, que eram então re-elaboradas para se adequarem às necessidades locais.

            É significativo que ao fazer a defesa intransigente dos valores do Nordeste e da necessidade de preservá-los, Freyre escolha itens do que é considerado atraso e/ou símbolo de pobreza. Assim, por exemplo, ele tece um elogio aos mocambos como exemplo de contribuição do Nordeste à cultura brasileira, no sentido de abrigo humano adaptado à natureza tropical e como solução econômica do problema da casa pobre: "a máxima utilização, pelo homem, na natureza regional, representada pela madeira, pela palha, pelo cipó, pelo capim fácil e ao alcance dos pobres". Defende também ruas estreitas e critica a tendência já então existente de construir grandes avenidas e a mania de alterar nomes regionais de ruas e logradouros (como Beco do Peixe Frito ou Rua da Saudade) para nomes de poderosos do momento, ou datas politicamente insignificantes.

            Ao se erigir em bastião da defesa do popular que precisa ser protegido do "mau cosmopolitismo e do falso modernismo", o autor do Manifesto constrói uma oposição que em última análise se resume a: popular e regional equivalem a tradicional (e bom), ao passo que cosmopolitismo equivale a modernismo (e ruim). Sua posição se aproxima muito da visão dos românticos que se ocuparam da cultura popular na Europa do século 19 e para os quais a autenticidade contida nas manifestações populares constituiria a essência do nacional. Nessa perspectiva, segundo Canclini, o povo é visto como "uma totalidade homogênea e autônoma, cuja atividade espontânea seria a mais alta expressão dos valores humanos e o modelo de vida ao qual deveríamos regressar".

            A comparação com os românticos europeus do século 19 é esclarecedora. Analisando a posição deles na Alemanha daquele século, Ortiz mostrou como naquela época a problemática da nacionalidade era uma questão central já que a nação alemã não existia enquanto unidade política e cultural: "É nesse contexto que surge o debate sobre a cultura popular; parte da intelligentzia alemã volta sua atenção para as tradições populares e através delas procura legitimar uma cultura autenticamente nacional". O mesmo autor assinala que "enquanto o modernismo se vincula ao avanço e à consolidação de uma burguesia urbana, Gilberto Freyre representa a dimensão de um poder aristocrático rural que se vê ameaçado. O conflito pode ser claramente descrito como a luta entre os intelectuais de uma ordem social que se faz ultrapassar pela história, e os intelectuais orgânicos de um novo tipo de sociedade que se constrói".

            Pode-se argumentar que há pelo menos duas leituras do Manifesto Regionalista. A primeira veria nele um documento elaborado por um intelectual que representa uma aristocracia rural e que vê a ordem social passar por transformações que colocam em xeque o padrão tradicional de dominação. Sua reação é de cunho tradicionalista e se assemelha à reação aristocrática frente às mudanças decorrentes da urbanização e da industrialização e que estavam vazadas numa crítica à perda de valores comunitários e da pureza cultural supostamente existentes no passado.

            Nessa linha de interpretação, pode-se enxergar na defesa da região uma estratégia de quem vê as oligarquias nordestinas perderem cada vez mais o poder e tenta opor ao poder central uma união das periferias regionais. De modo semelhante, pode-se buscar na defesa intransigente das tradições e valores populares uma posição saudosista que procura erigir uma cultura popular cristalizada em símbolo de nacionalidade a ser contraposto a uma modernidade definida como estrangeira.

            Sem descartar nenhum desses argumentos, uma segunda leitura ressaltaria, entretanto, que por trás da orientação conservadora do Manifesto estão temas que continuam sendo muito atuais no Brasil. É justamente na fusão de uma perspectiva conservadora com o levantamento de questões ainda não resolvidas no Brasil que reside a originalidade do Manifesto Regionalista.

            De fato, o Manifesto suscita uma série de questões que são recorrentes em nossa história: Estado unitário versus federação, nação versus região, unidade versus diversidade, nacional versus estrangeiro, popular versus erudito, tradição versus modernidade.

            Continuamos discutindo a formulação de modelos para a nação e esse debate acaba inevitavelmente passando pela discussão do que é nacional (e, portanto, autêntico para uns, mas atrasado para outros) e o que é estrangeiro (e, portanto, espúrio para uns, mas moderno para outros). Ou seja, continuamos girando em torno da questão da identidade nacional. Essa questão é reposta e re-atualizada à medida que novos contextos são criados.

            Professor titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e membro da Academia Brasileira de Ciências
            POR RUBEN GEORGE OLIVEN

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              sexta-feira, 30 de julho de 2010

              GEHB ** Guerra e história

               
              Guerra e história
              Do USP Online

              Estão abertas as inscrições para o Simpósio Internacional Guerra e História, que acontece entre os dias 28 e 30 de setembro no Anfiteatro do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
              O simpósio aborda conflitos em diversos períodos históricos e partes do mundo – como África portuguesa, Balcãs e Japão.  As inscrições podem ser realizadas pelos telefones da Cátedra Jaime Cortesão – (11) 3091-1511 – e do Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam) da USP – (11) 3091-3589 -, ou no site do evento.
              A entrada é franca, porém o certificado de participação de 30 horas custa um valor de R$10 (comunidade USP) ou R$15 (demais). A taxa será recolhida no dia do evento.
              Inscrições estão abertas no site da FFLCH até a data do evento e durante o simpósio.  O Departamento e História fica na Av. Prof. Lineu Prestes, 338, Cidade Universitária, São Paulo.
              Mais informações: (11) 3091-1511 / 3589, site http://www.fflch.usp.br/dh/guerra/
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                GEHB ** LANÇAMENTO DO GUIA DO ACERVO _ NUCLEO DE DOCUMENTAÇÃO UFMS/CPTL [1 Anexo]

                 
                Comunicamos o lançamento do Guia do Acervo do Núcleo de Documentação Histórica "Honório de Souza Carneiro", da UFMS, Campus de Três Lagoas.
                A publicação impressa do Guia é resultado de um projeto aprovado pelo CNPq, de Popularização da Ciência.
                As instituições de pesquisa e de preservação documental que queiram receber o Guia, podem entrar em contato com o coordenador do Núcleo (e-mail: ndhist@cptl.ufms.br), informando o nome da Instituição, endereço completo, e-mail, telefone e responsável.
                Em anexo segue a capa do Guia, para divulgação.
                Saudações históricas


                Vitor Wagner Neto de Oliveira
                Coordenador do Núcleo de Documentação Histórica
                "Honório de Souza Carneiro"
                Prof. do curso de Histórica da UFMS/CPTL


                OLIVEIRA, V. W. N. de (Coor.). Núcleo de Documentação Histórica "Honório de Souza Carneiro": Guia do acervo. Três Lagoas-MS: Gráfica Dom Bosco, 2010


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                  GEHB ** Enc: Escolas da Rede Estadual de Ensino do Paraná receberão o livro Folclore no Paraná [1 Anexo]

                   

                  Eu, Jorge Antonio de Queiroz, e Zélia Bonamigo informamos aos educadores que nesta quinta-feira, 29 de julho de 2010, recebemos os exemplares da segunda edição, revista e atualizada, do livro Folclore no Paraná. Na condição de organizadores, além de responsáveis pela Introdução e pelo Capítulo I (NOTAS SOBRE O FOLCLORE, com a contextualização do tema) do livro de 600 páginas, apresentamos as mais variadas manifestações culturais do povo do Paraná, com ênfase no litoral. As escolas da Rede Estadual de Ensino do nosso Estado irão usufruir deste trabalho. Os professores terão um material rico em desenhos explicativos, fotos coloridas, partituras, inclusive, um CD com 25 músicas folclóricas, noções da língua Tupi, entre outros.

                  Mauricio Requião, secretário de Educação (janeiro/2003 a junho/2008), demonstra satisfação e contentamento na apresentação do livro, como se vê a seguir:
                  "Um presente aos educadores
                  A reedição deste livro de Inami Custódio Pinto sobre o folclore no Paraná é uma homenagem ao autor e um presente a todos os paranaenses. O professor Inami, estudioso de visão aguda, pesquisador apaixonado, peregrinou pelo vasto campo da cultura, alcançando o coração do povo, seu espírito criador, suas expressões sempre renovadas de vida e arte.
                  O olhar esclarecido e despido de preconceitos do professor Inami Custódio se completou no contato com as gentes de todos os rincões do Paraná, afeitos à expressão por meio da dança, da música, da literatura. Essas manifestações do folclore paranaense são muito bem compreendidas pelo professor Inami, que partilhou com o povo suas lendas, crenças e costumes, experimentando o valor desses saberes em cada traço de sua cultura. Dessa longa e feliz caminhada, resultou, dentre outros, o valioso estudo que compõe este livro.
                  A importância do folclore está descrita em inúmeros documentos. Na carta do Folclore Brasileiro, publicada em 1993, o folclore é tratado como parte integrante do legado cultural, da cultura viva, e meio de aproximação entre os povos e de afirmação de sua identidade cultural. Por isso, entendemos que é dever do Estado valorizar a prática da cultura tradicional e promover a pesquisa sobre suas expressões, colaborando para a difusão desses saberes, sobretudo no ambiente escolar.
                  Concordamos com Inami Custódio quando diz que "o estudo do folclore é arma potentíssima nas mãos do educador". Assim, desejamos que esta obra – tão adequadamente organizada pelos pesquisadores Zélia Maria Bonamigo e Jorge Antonio de Queiroz e Silva –, publicada pela Secretaria de Estado da Cultura e reeditada e distribuída a todas as bibliotecas das escolas da rede pública de ensino pela Secretaria de Estado da Educação, seja intensamente utilizada por nossos professores e estudantes.
                  Precisamos agir para que o folclore não seja transformado em mercadoria, visível apenas quando transformado em bem de consumo para turistas. Antes, o folclore simboliza nossa complexa experiência social e coletiva e deve ser entendido em toda sua extensão e valorizado em sua expressão criativa e vivificadora".






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