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terça-feira, 12 de março de 2013

Após abolição, negro foi excluído do mercado de trabalho




Após abolição, negro foi excluído do mercado de trabalho
Entre 1912 e 1920, a população negra da cidade de São Paulo perdeu postos de trabalho, foi prejudicada por leis municipais que de forma explicita ou não a proibiam de exercer certas profissões, além de ter sido retirada de terras onde desenvolviam a agricultura de subsistência. "Esses fatores podem ser considerados indícios de que houve uma construção ideológica gestada pelas elites que visava a exclusão do negro da sociedade brasileira", aponta o pesquisador Ramatis Jacino, professor do ensino médio, em sua tese de doutorado pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Lei Municipal de 1886 proibia escravos do exercício de algumas profissões
Jacino analisou cerca de 43 mil boletins de ocorrência emitidos na cidade na segunda década após a abolição da escravatura, entre 1912 e 1920. "Com o fim da escravidão, os únicos documentos oficiais que mencionavam a cor da pele e a profissão exercida eram os boletins de ocorrência da polícia", explica. O pesquisador também analisou anúncios de jornais da época e alguns processos criminais.
No mestrado, que abordou o mesmo tema, a análise esteve focada na população negra que vivenciou o período pré e pós abolição. Jacino pesquisou os anos de 1872 e 1890 (datas em que houve recenseamento na cidade) e pode verificar quais profissões os negros exerciam na época. A maioria eram ligadas à baixa qualificação e mal remuneradas: trabalhadores domésticos, criados, ama-secas, jornaleiros, carregadores, operários da construção civil, artíficies, parteiras, etc, mas havia também alguns jornalistas, professores e intelectuais.
Já no doutorado, sob a orientação da professora Vera Lúcio Amaral Ferlini, da FFLCH, o foco foi a primeira geração de negros que nasceu após a abolição. O pesquisador comparou os dois períodos e ficou surpreso ao perceber que, de 1912 a 1920, com a industrialização da cidade, os negros haviam perdido as ocupações que antes exercia. Profissões de ama-seca, domésticas e criados começaram a ser exercidas por imigrantes. Isso levou a um processo de marginalização da população negra.
Exclusão legalizada
Para o pesquisador, esse processo de exclusão ocorreu devido a três fatores. O primeiro foi a promulgação de uma série de leis que proibia, de forma implícita ou explícita, que escravos exercessem certas profissões. "Em 1886, por exemplo, uma lei municipal determinava que as profissões de cocheiros, aguadeiros [que carregavam baldes d'água], caixeiros viajantes e guarda-livros [contadores] não poderiam ser exercidas por escravos", explica.
O segundo motivo é que muitos escravos libertos, antes da abolição, se dedicavam à pecuária e à agricultura familiar de subsistência em lotes de terra pela cidade. Porém, o poder público determinou que esses lotes deveriam ser concedidos aos chamados "homens bons", ou seja: brancos, cristãos e pais de família. Os negros – todos excluídos desse critério – foram obrigados a abandonar as terras e a se mudar para outras regiões: as mais remotas da cidade.
O terceiro motivo é que uma série de leis gerais acabaram por marginalizar os negros. A Lei de Terras, de 1850, determinava que a posse da terra seria feita mediante a compra. No Império, as terras eram divididas por meio de sesmarias e muitos posseiros eram brancos pobres, índios, caboclos e negros. Com a Lei de Terras, a maioria teve dificuldade em comprar os lotes.
Segundo o pesquisador, muitos empregadores publicavam em jornais anúncios de oferta de emprego. Na maioria, explicitavam a necessidade de o candidato ser branco e imigrante (italiano, alemão), etc. "Em anúncios de grandes empresas da cidade, não encontrei um texto explícito sobre a cor do candidato. Entretanto, na composição do quadro de funcionários, a maioria era estrangeiro e havia pouquíssimos negros", comenta.
Mito fundador
Durante o Império (1822-1889), diz Jacino, o mito fundador do Brasil era representado pela união de brancos, negros e índios na luta contra os invasores holandeses, nas figuras de Antonio Felipe e Clara Camarão (índios), Henrique Dias (negro) e Matias de Albuquerque (português).
Já na República, proclamada em 1889, esse mito foi alterado pelas elites e a formação do Brasil passou a ser associada à índia Bartira e ao português João Ramalho. "É mais um indício de que a intenção das elites era excluir a figura dos negros da história da fundação do país. O índio era considerado como o "bom selvagem"; já o negro era o "mau selvagem" ", diz.
Na transição do trabalho escravo para o assalariado, intelectuais da Faculdade de Direito de São Paulo, da Faculdade de Direito do Recife, da Escola de Medicina na Bahia e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) foram construindo um discurso ideológico que foi apropriado pelas oligarquias de que a população negra não era adequada para o trabalho assalariado; que a miscigenação levava à doenças; e que os negros tinham problemas de caráter e que sua idade mental era inferior a dos brancos. "A meu ver, esse discurso tinha a intenção de branquear a sociedade. Para as elites, a sociedade moderna e capitalista que eles almejavam precisava ser branca", finaliza.
Imagem: Wikimedia Commons
Mais informações: email rama@usp.br, com Ramatis Jacino

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    Estudo analisa ambiguidades na obra de Aluísio Azevedo

    Usando como ponto de partida o livro O Mulato, sociólogo Rodrigo Estramanho de Almeida avalia a trajetória literária do escritor maranhense (Wikipédia)
    Estudo analisa ambiguidades na obra de Aluísio Azevedo
    12/03/2013
    Por Karina Toledo
    FONTE: Agência FAPESPO Mulato, de Aluísio Azevedo, é um livro de título coletivo. Não faz menção a um personagem ou a uma situação específica, mas a toda uma categoria humana muito importante para a compreensão do processo de formação do Brasil.
    A análise é do sociólogo Rodrigo Estramanho de Almeida no livro A realidade da ficção. Ambiguidades literárias e sociais em ‘O Mulato’ de Aluísio Azevedo, que será lançado no dia 15 de março pela Alameda Casa Editorial.
    O ponto de partida do professor e pesquisador é o segundo livro de Aluísio Azevedo, O Mulato, por meio do qual analisa as contradições que marcaram toda a trajetória literária do escritor maranhense, cuja obra costuma ser dividida pela crítica em duas categorias: a dos romances engajados, recheados de crítica social, e a das novelas folhetinescas.
    “Essa ambiguidade permanece ao longo de toda a carreira de Aluísio. O próprio escritor deixou claro, em correspondências e textos de jornais, que tinha consciência e sofria com isso. Mas eu tento mostrar que há também um fluxo de continuidade em suas obras”, disse Estramanho de Almeida à Agência FAPESP.
    Segundo o pesquisador, a crítica social está presente mesmo nos livros considerados românticos. Por outro lado, O Mulato – considerado o abre-alas do Naturalismo no Brasil – está ambientado em uma história com características do Romantismo.
    “Embora o livro possua elementos considerados típicos do Naturalismo, a construção da narrativa é, do ponto de vista formal, próxima à do Romantismo. É um autor de difícil classificação”, afirmou.
    A ambiguidade presente na ficção também estava presente na vida real de Aluísio Azevedo, contou Estramanho de Almeida. “Ele trabalhou muito ao longo da vida para viver de literatura. Foi um autor combativo, que defendia os ideais republicanos e flertava com o abolicionismo. Também criticava duramente o clero e sua relação com o governo imperial. Mas, no fim da vida, abandonou a literatura para se dedicar ao serviço público e trabalhar para o Estado que tanto criticou”, contou.
    Além de colocar em relevo as vicissitudes enfrentadas pelo escritor para viver de literatura, Rodrigo busca também definir o lugar ocupado por Aluísio Azevedo no pensamento social brasileiro.
    “Aluísio está imerso em um momento de profunda transformação da sociedade brasileira. O aparecimento do ideário republicano e da doutrina Positivista tem impacto no comportamento, nas artes e no pensamento político e social. Além disso, transformações técnicas e econômicas, com o café se tornando o principal produto do país, modificaram a forma de as pessoas pensarem o futuro, o presente e o passado. Há um conteúdo sociológico interessantíssimo na obra de Aluísio Azevedo, mas algumas questões podem passar despercebidas se a análise se prender unicamente ao aspecto formal do Naturalismo”, afirmou Estramanho de Almeida.
    O livro, que contou com auxílio publicação da FAPESP, é resultado da pesquisa de mestrado realizada por Rodrigo Estramanho de Almeida na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sob orientação do professor Miguel Wady Chaia.
    O pesquisador, no entanto, vem se dedicando ao estudo da obra de Aluísio Azevedo há mais de cinco anos, tendo escrito em 2007 uma análise de O Cortiço (leia mais em agencia.fapesp.br/6617).
     
    O Cortiço é uma obra da fase madura de Aluísio. Já O Mulato é seu segundo livro. Foquei agora a análise no início da carreira para compreender quais elementos já estavam presentes em seu campo semântico e na sua maneira de escrever sobre a realidade”, contou.
    Atualmente, Rodrigo Estramanho de Almeida é professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e pesquisador no Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp) da PUC-SP.
    A realidade da Ficção
    Autor: Rodrigo Estramanho de Almeida
    Lançamento: 15 de março de 2013, na Martins Fontes Paulista, Av. Paulista, 509, das 19h às 22h
    Preço: R$ 40
    Páginas: 201
    Mais informações: www.alamedaeditorial.com.br
     
     
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    Em Debate - Chamada de Trabalhos


    Amigos (as),
    Solicitamos a gentileza de divulgar em suas redes de contatos a chamada abaixo.
    Lembramos que os primeiros 12 artigos aprovados serão publicados no próximo número (8) referente ao segundo semestre de 2012.




    Chamada para autores

    O Comitê Editorial da Revista Eletrônica EM DEBATE reitera que a revista aceita em fluxo contínuo submissões de artigos, resenhas, traduções e entrevistas enquadradas nas dez linhas temáticas da revista:
    1) Mundialização e blocos regionais (ex.: Mercosul, União Européia);
    2) Trabalho e ontologia social;
    3) Trabalho, urbanização e história social;
    4) Processo de trabalho, tempo digital, tempo livre;
    5) Movimento sindical e movimentos autonomistas;
    6) Capitalismo, técnica e reestruturação produtiva, emprego e desemprego, crise;
    7) Memória histórica, ditaduras e direitos humanos;
    8) Ensino de Sociologia;
    9) Ensino superior e universidade pública;
    10) Pensamento e Teoria Social.
    Os trabalhos apresentados devem ser inéditos, redigidos em lingua portuguesa ou espanhola.

    As diretrizes completas para autores estão disponíveis em:

    http://periodicos.ufsc.br/index.php/emdebate/about/submissions#onlineSubmissions

    Instruções de submissão na plataforma SEER podem ser acessadas através do link

    http://seer.ibict.br/images/stories/file/tutoriais/tutorial_de_submissao_de_artigos.pdf


    Os Editores




    --
    Atenciosamente,
    Ms. José Carlos Mendonça
    Técnico e Pesquisador
    Universidade Federal de Santa Catarina (CFH/SPO/LASTRO)
    Doutorando em Ciências Sociais



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