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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

** Escravos na Bahia setecentista vieram da África Central, diz livro


Livro Os Rosários dos Angolas – Irmandades de africanos e crioulos na Bahia Setecentista revela que, na Bahia, presença de escravos oriundos da "nação angola" é mais relevante do que se pensava
 

Escravos na Bahia setecentista vieram da África Central, diz livro

15/12/2011
Por Mônica Pileggi
Fonte: Agência FAPESP – Durante um período da história brasileira, a presença de homens e mulheres de origem centro-africana foi considerada minoria enquanto população escrava na Bahia.
No entanto, o livro Os Rosários dos Angolas – Irmandades de africanos e crioulos na Bahia Setecentista, da historiadora Lucilene Reginaldo, mostra que os únicos escravos que chegaram ininterruptamente ao estado entre os séculos 18 e 19 foram os de "nação angola" – termo utilizado na época para designar os indivíduos provenientes de uma vasta região da África central, escravizados e embarcados para a América a partir do porto de Luanda.
O livro, recentemente lançado pela Editora Alameda e fruto da pesquisa de doutorado realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pela autora – que atualmente é professora do Departamento de Ciências Humanas e Filosofia da Universidade Estadual de Feira de Santana –, contou com o apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações.
De acordo com a autora, o estudo teve como objetivo inicial a investigação das irmandades negras na Bahia no século 18. No prefácio do livro, a orientadora de Lucilene, Silvia Hunold Lara, professora do Departamento de História da Unicamp, afirma que as irmandades, "em uma sociedade escravista, eram um importante canal de expressão e preservação de valores e anseios religiosos, sociais e políticos".
"A proposta foi estudar a irmandade como um espaço importante tanto de vivências como de reelaborações das entidades étnicas oriundas da África e das que foram construídas na diáspora", disse Lucilene à Agência FAPESP.
"Ao longo da pesquisa, observei que o grupo de africanos conhecido como 'angolas' se destacava na Bahia. Eles aparecem de forma recorrente nos arquivos portugueses, criando e organizando irmandades ao longo do século 18, especialmente as dedicadas a Nossa Senhora do Rosário, que eram as mais populares da época", completou.
No primeiro capítulo do livro, a autora trata da importância das devoções católicas e da participação em irmandades e confrarias na constituição da experiência escrava no império português. Lucilene faz uma breve exposição sobre a conversão do Reino do Congo e o movimento de expansão do catolicismo na África Central, além de explicar a importância e o significado das irmandades e devoções negras no Reino de Angola.
No capítulo seguinte, a autora introduz ao leitor o cenário das irmandades negras na Bahia setecentista, principalmente em Salvador. Já o terceiro capítulo é dedicado a demonstrar a forma e a razão pelas quais os angolas se fizeram visíveis na história das irmandades do Rosário.
No capítulo quatro, a professora procura situar o leitor sobre a presença dos angolas na população escrava e liberta na Bahia do século 18 até meados do século 19. No texto, a pesquisadora discute as representações criadas sobre os angolas, ao longo dos séculos, por viajantes, traficantes e proprietários de escravos.
"Intelectuais da escola baiana de antropologia estabeleceram, no século 19, que foram os africanos ocidentais o grupo majoritário de escravos a chegar à Bahia. Com isso, adotou-se certa hierarquia em relação ao continente africano, sendo os ocidentais os mais evoluídos e os da África-Central, entre os quais das etnias banto e angola, os primitivos, tanto do ponto de vista ideológico como religioso", destacou a pesquisadora.
O histórico sobre a Irmandade do Rosário das Portas do Carmo é apresentado brevemente no quinto, e último, capítulo. Nele, a autora faz uma análise da irmandade – que dá título ao livro – com base no acervo composto de diversos livros de associados e que compreende um período de 107 anos (de 1719 a 1826).
"Sem dúvida, a maior parte dos escravos africanos que chegaram à América portuguesa veio da África Central. Do ponto de vista numérico, a importância desses povos ainda é pouco avaliada, assim como a contribuição e a influência dos angolas no campo religioso e no cultural", conclui a professora.
  • Os Rosários dos Angolas – Irmandades de africanos e crioulos na Bahia Setecentista
    Autora: Lucilene Reginaldo
    Lançamento: 2011
    Preço: R$ 55
    Páginas: 399
    Mais informações: www.alamedaeditorial.com.br



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** Chamada para artigos - Dossiê "A Ilustração nas publicações, História, Ciência e Cultura"

A 14a. edição da Revista "História, imagem e narrativas", a ir ao ar em abril de 2012, contará com o dossiê "A ilustração nas publicações: História, Ciência e Cultura".
www.historiaimagem.com.br

Nossa publicação recebe trabalhos cujas áreas do conhecimento transitam por todos estudos em Humanidades. História, Antropologia, Comunicação, Artes, Sociologia, Educação, Filosofia, Letras e quaisquer olhares que possam relacionar-se com as imagens e com as representações literárias.

Nesse dossiê, serão considerados trabalhos envolvendo todos os tipos de análise em torno de elementos ilustrativos em livros (didáticos, científicos, infantis, adultos etc.), revistas, jornais, quadrinhos, websites e outras mídias que se componham a partir de textos e imagens. São desenhos, pinturas, fotografias, arte digital, gravuras, entre outras formas de produção de imagens para publicações, cada qual em seu contexto histórico e sociocultural.

Convocamos todos os interessados ao envio de artigos acadêmicos versando sobre o assunto para o e-mail: historiaimagem@historiaimagem.com.br
As normas de publicação encontram-se no seguinte endereço: www.historiaimagem.com.br/normaspublicacao.pdf
Eis, igualmente, o link para um artigo cuja formatação serve de referência: www.historiaimagem.com.br/edicao10abril2010/promethea-binah.pdf
Solicitamos divulgação desta chamada para pesquisadores e departamentos empenhados nesses estudos.

Grato,
Carlos Hollanda - editor
Doutorando - PPGAV-UFRJ
Mestre - PPGHC-UFRJ


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