Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Documentos dizem que Roberto Marinho (Rede Globo) foi principal articulador da Ditadura.

Fonte JUSBRASIL Publicado por Wagner Francesco 


Em telegrama ao Departamento de Estado norte-americano, embaixador Lincoln Gordon relata interlocução do dono da Globo com cérebros do golpe em decisões sobre sucessão e endurecimento do regime
Documentos dizem que Roberto Marinho Rede Globo foi principal articulador da Ditadura Militar
No dia 14 de agosto do 1965, ano seguinte ao golpe, o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, enviou a seus superiores um telegrama então classificado como altamente confidencial – agora já aberto a consulta pública. A correspondência narra encontro mantido na embaixada entre Gordon e Roberto Marinho, o então dono das Organizações Globo. A conversa era sobre a sucessão golpista.
Segundo relato do embaixador, Marinho estava “trabalhando silenciosamente” junto a um grupo composto, entre outras lideranças, pelo general Ernesto Geisel, chefe da Casa Militar; o general Golbery do Couto e Silva, chefe do Serviço Nacional de Informação (SNI); Luis Vianna, chefe da Casa Civil, pela prorrogação ou renovação do mandato do ditador Castelo Branco.
No início de julho de 1965, a pedido do grupo, Roberto Marinho teve um encontro com Castelo para persuadi-lo a prorrogar ou renovar o mandato. O general mostrou-se resistente à ideia, de acordo com Gordon.
No encontro, o dono da Globo também sondou a disposição de trazer o então embaixador em Washington, Juracy Magalhães, para ser ministro da Justiça. Castelo, aceitou a indicação, que acabou acontecendo depois das eleições para governador em outubro. O objetivo era ter Magalhães por perto como alternativa a suceder o ditador, e para endurecer o regime, já que o ministro Milton Campos era considerado dócil demais para a pasta, como descreve o telegrama. De fato, Magalhães foi para a Justiça, apertou a censura aos meios de comunicação e pediu a cabeça de jornalistas de esquerda aos donos de jornais.
No dia 31 de julho do mesmo ano houve um novo encontro. Roberto Marinho explica que, se Castelo Branco restaurasse eleições diretas para sua sucessão, os políticos com mais chances seriam os da oposição. E novamente age para persuadir o general-presidente a prorrogar seu mandato ou reeleger-se sem o risco do voto direto. Marinho disse ter saído satisfeito do encontro, pois o ditador foi mais receptivo. Na conversa, o dono da Globo também disse que o grupo que frequentava defendia um emenda constitucional para permitir a reeleição de Castelo com voto indireto, já que a composição do Congresso não oferecia riscos. Debateu também as pretensões do general Costa e Silva à sucessão.
Lincoln Gordon escreveu ainda ao Departamento de Estado de seu país que o sigilo da fonte era essencial, ou seja, era para manter segredo sobre o interlocutor tanto do embaixador quanto do general: Roberto Marinho.
Documentos dizem que Roberto Marinho Rede Globo foi principal articulador da Ditadura Militar
Documentos dizem que Roberto Marinho Rede Globo foi principal articulador da Ditadura Militar
O histórico de apoio das Organizações Globo à ditadura não dá margens para surpresas. A diferença, agora, é confirmação documental.
Fonte: MPortal
Wagner Francesco
teólogo e acadêmico de Direito.
Nascido no interior da Bahia, Conceição do Coité, formado em teologia e estudante das Ciências Jurídicas. Pesquiso nas áreas da Teologia da Libertação e as obras do Karl Marx e Jacques Lacan aplicadas ao Direito. Página no Facebook: https://www.facebook.com/escritor.wagnerfrancesco

Artigo "Problemas de ensino e pesquisa de métodos e teorias: reflexões sobre três oposições"

Gustavo Biscaia de Lacerda
24 de fev 01h33min
A revista Ius Gentium, do grupo Uninter (Curitiba), publicou um texto de minha autoria, intitulado "Problemas de ensino e pesquisa de métodos e teorias: reflexões sobre três oposições".


O texto pode ser lido aqui.



O resumo do artigo é este:


A presente comunicação pretende refletir a respeito do ensino e da pesquisa de métodos e teorias em Ciência Política e RI (Relações Internacionais), a partir de nossa experiência pessoal em tais áreas. Para isso, o texto organiza-se em função de três oposições usuais: (1) Ciência Política versus Relações Internacionais; (2) métodos qualitativos versus métodos quantitativos; (3) teoria "empírica" versus teoria "normativa". A comunicação não será um "relato de caso", mas a discussão de alguns problemas de ensino e pesquisa de métodos e teorias recorrentes. No que se refere à primeira oposição, afirmamos a autonomia de cada área mas consideramos que RI é uma especialização teórico-metodológica da Ciência Política. Sobre a segunda oposição, entendemos que deve ocorrer um pluralismo metodológico, com vistas à complementaridade entre as metodologias, em vez da separação entre elas, resultando em "duas culturas" diferentes. Sobre a terceira oposição, vamos na direção contrária das críticas correntes a alguns desenvolvimentos do comportamentalismo e defendemos que a teoria política "empírica" deve ser levada tão a sério quanto a teoria "normativa".


Palavras-chave: Ensino de Ciência Política; Ensino de RI; Métodos de pesquisa; Métodos qualitativos; Métodos quantitativos; Teoria Política empírica; Teoria Política normativa. 



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NOTA PÚBLICA DA ANPUH/BRASIL

NOTA PÚBLICA DA ANPUH/BRASIL
A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE HISTÓRIA - (ANPUH/BRASIL) vem, publicamente, se solidarizar com o movimento grevista dos professores das Universidades e das Escolas Públicas do Estado do Paraná. Como é de conhecimento público, os grevistas acusam o Governo do Estado do Paraná de tomar decisões que violam direitos trabalhistas dos servidores públicos da educação e dificultam as atividades de docentes e pesquisadores das 7 universidades estaduais, tais como: 1) a elaboração de projeto de lei para confiscar o Fundo da Agência Paraná Previdência (instituição previdenciária dos servidores públicos do Estado do Paraná); 2) a imposição de um projeto de autonomia universitária, sem o amplo debate com a comunidade científica e universitária do Estado; 3) o não pagamento de direitos trabalhistas com base sólida na legislação social e na constituição brasileira, como o 1/3 de férias e os quinquênios dos servidores da Educação Básica e do Ensino Superior; 4) o não repasse de custeio para manutenção das atividades acadêmicas e de ensino nas universidades estaduais do Paraná. Além disso, teme-se que as medidas adotadas pela Secretaria de Estado da Educação e pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior venham a desestruturar a escola pública e a tornar desinteressante a carreira docente, o que seria enorme prejuízo para a qualidade do ensino público.
São Paulo, 24 de Fevereiro de 2015
DIRETORIA NACIONAL DA ANPUH/BRASIL

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Nota de repúdio ao PL nº 3282/2014 DA ALERJ

A Associação Nacional de História e a Associação Nacional de História Seção Rio de Janeiro encaminham, através deste ofício, a Nota de Repúdio ao Projeto de Lei nº 3282/2014 da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, que determina critério para a concessão de bolsas da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ.
O doumento pode ser acessado clicando aqui.

Att,
Secretaria da Anpuh-Rio



ANPUH-RJ - Associação Nacional de História - Seção Rio de Janeiro

Simpósio Internacional de Comunicação e Cultura - Aproximações com Memória e História Oral.


Caros colegas,

Entre 27 e 30 de abril, acontecerá o Simpósio Internacional de Comunicação e Cultura - Aproximações com Memória e História Oral, que está sendo organizado pelos PPGs em Comunicação da USCS, UMESP e UNIP, pela Universidad de Colima (México) e pela Fundação Pró-Memória de S. Caetano do Sul.
Seis GTs estão com inscrições abertas para apresentação de trabalhos até o fim de fevereiro.


Para as mesas principais, além dos docentes das universidades organizadoras locais, teremos os seguintes convidados:
Profa. Dra. Karla Y. Covarrubias (CUIS, Universidad de Colima – México)
Profa. Dra. Ana Uribe (CUIS, Universidad de Colima – México, responsável pela Representación de la Universidad de Colima em Los Angeles-EUA)
Prof. Dr. Jorge A. González (CEIICH-Labcomplex – UNAM – México)
Prof. Dr. José Amozurrutia (CEIICH-LabComplex – UNAM – México)
Profa. Dra. Rosa Cabecinhas (CECS - Universidade do Minho – Portugal)
Prof. Dr. Manuel Fernández Sande (Universidad Complutense de Madrid – Espanha)
Profa. Dra. Ana Paula Goulart Ribeiro (PPG em Comunicação e Cultura – UFRJ)
Profa. Dra. Irene de Araújo Machado (PPG em Meios e Processos Audiovisuais – USP)



Coordenação geral: Profa. Dra. Priscila Ferreira Perazzo (PPGCOM-USCS)


Vejam a programação e a chamada de trabalhos em: http://simposiocomunicaca.wix.com/memoriaehistoriaoral



Abs
Herom Vargas
PPGCOM - USCS


 

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Seminários Neddate - "Sociedade e Educação: novos desafios e luta da classe trabalhadora"

Divulgando a pedido da Drª. Zuleide Simas




Zuleide S. Silveira
Universidade Federal Fluminense
Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento de Fundamentos Pedagógicos
Neddate - Núcelo de Dados e Documentação em Trabalho e Educação
http://www.neddate.uff.br/

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

4º Colóquio Mindlin: História do Brasil, história territorial e história global


Início
02/03/2015
Fim
02/03/2015
Fonte: Agência FAPESP – A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) promove, no dia 2 de março, o 4º Colóquio Mindlin: História do Brasil, história territorial e história global.
O evento é coordenado por Luiz Felipe de Alencastro, professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O evento ocorrerá às 10h na sala de palestras da BBM, que fica na Rua da Biblioteca, s/n, na Cidade Universitária, em São Paulo. Mais informações em http://www.bbm.usp.br/node/143

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domingo, 8 de fevereiro de 2015

ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte n. 26.

              Prezados colegas,
 
              Enfim, estamos disponibilizando agora, no formato digital, a ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte n. 26, que também pode ser obtida pelos interessados em sua versão impressa. Ao longo de suas 242 páginas foram acolhidos uma palestra, um dossiê sobre Exposições de Arte & História (com 6 textos), mais 6 artigos e 2 resenhas.
              Este e outros números são encontrados em www.artcultura.inhis.ufu.br, ao passo que quem desejar adquirir a edição impressa deve encaminhar seu pedido pelo e-mail artcultura@inhis.ufu.br. O exemplar sai a R$ 20,00, assegurado frete grátis. Já a assinatura, ao preço de R$ 30,00, dá direito ao recebimento de duas revistas.
              Brevemente disponibilizaremos também a edição n. 27, comemorativa do Ano XV da ArtCultura.
 
              Adalberto Paranhos e Kátia Rodrigues Paranhos, editores.
               
 

 
Palestra
Raros e rotos, restos, rastros e rostos: os arquivos e documentos como condição de possibilidade do discurso historiográfico
Durval Muniz de Albuquerque Júnior
Dossiê: Exposições de Arte & HistóriaOrganização: Maria Bernardete Ramos Flores e Ana Lucia Vilela
Exposições: jogos de luz e sombra
“Mostrar o invisível”: obras de arte na Exposição Colonialde 1931 em Paris
Luciene Lehmkuhl

Magiciens de la terre (1989) e Africa remix (2005): dois momentos da arte africana no Ocidente, ou como as exposições escrevem a história
Francielly Rocha Dossin

Terra firme? A exposição, a instituição e a viagem
Fernando Boppré

Pintura de história em debate: a crítica de arte no Salão de Paris de 1861
Ana Maria Tavares Cavalcanti

Potências da arte: modos de aparição e exposição
Ana Lucia Vilela

O corpo maravilhoso do brigante italiano: quando sensibilidades artísticas encarnam fantasias populares
Vincenzo Padiglione
Artigos
Do samba carioca urbano e industrial ao samba nacional e mestiço
Ari Lima

Cultura e arte no MST em tempos de globalização neoliberal
Vanderlei J. Zacchi

Entre laços, rendas e fitas, onde estão os botões? As roupas de crianças e a educação do corpoCarmen Lúcia Soares e Fernanda Theodoro Roveri
O clima histórico no período regencial sob o olhar do romantismo: pessimismo e esperança na poesia de Gonçalves de MagalhãesMarcelo de Mello Rangel
Marc Ferro, cinema, história e cinejornais: Histoire parallèle e a emergência do discurso do outroSheila Schvarzman
Programa de teatro como documento: questões históricas e metodológicasWalter Lima Torres Neto
Resenhas
Afetos artísticos, efeitos devotos: emoções e pintura sacra na Contrarreforma
Guilherme Amaral Luz

Charles Baudelaire: atração e rejeição à modernidade
Matheus de Mesquita e Pontes

Referências das imagens
Onde encontrar ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte
Normas de publicação
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V Colóquio Nacional Cultura e Poder.

Prezados (as),
Haverá o V Colóquio Nacional Cultura e Poder (Universidade Estadual do Paraná - Câmpus de Campo Mourão). Inscrições com Resumo até dia 15 de Fevereiro e envio de Trabalho Completo até 1 de Abril. 
Além de anais será publicado livro com os trabalhos completos apresentados e aprovados pela Comissão Científica.


Att.

ANPUH - PR

sábado, 7 de fevereiro de 2015

I SEMINÁRIO FLUMINENSE DE HISTÓRIA DO PODER E DAS IDEOLOGIAS

Colegas,
Solicito ajuda na divulgação do I SEMINÁRIO FLUMINENSE DE HISTÓRIA DO PODER E DAS IDEOLOGIAS I SEFLUHISPI cujo tema será: 1964: Do Golpe à Democracia (Lições e Perspectivas).
Inscrições (grátis) e Informações (programação e nomas para apresentação de trabalhos) em: http://gphismpiuff.blogspot.com.br/
Apesar da temática geral do I SEFLUHISPI ser referente aos 50 anos do Golpe de Estado de 1964, os trabalhos para os Simpósios Temáticos não precisam versar especificamente sobre o Golpe e/ou sobre a Ditadura e a Transição à Democracia. Poderão ser enviados também trabalhos que não tratando diretamente da temática central abordem os temas pesquisados pelo GPHISMPI: relações de poder, relações de classes, dominação de classe e formas de resistência, ideologias, dominação e resistência cultural/ideológica, poder econômico, poder político, micropoder, dominação de gênero e resistências; história militar, militares e doutrinas militares, história das guerras, guerra fria, Forças Armadas, memória militar, ensino militar, educação e relações de poder, etc. Da mesma forma não há uma delimitação temporal específica. Ou seja, os trabalhos tanto podem analisar processos históricos do passado distante como podem abordar temas ligados à História do Tempo Presente.
Prof. Dr. Luiz Claudio Duarte
________________________________________________
Chefe do Departamento de História de Campos - CHT
55 22 99876-2007
______________________________________________________________
Universidade Federal Fluminense - UFF
Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional - ESR
Departamento de História de Campos – CHT – cht@vm.uff.br
Rua José do Patrocínio, 71 – Centro – Campos dos Goytacazes (RJ) – CEP 28010-385
Tel: 55 22 2733-0310 – 2733-0319 – 2722-0622 – 2722-0334 – ramais: 4103, 4120 e 4122.








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Convite - História & Teatro em Florianópolis

Caro(a)s colegas,
Gostaríamos de convidar a todos os interessados em discutir as relações entre História & Teatro para se juntarem a nós no XXVIII Simpósio Nacional de História, evento que ocorrerá entre 27 e 31 de julho de 2015, em Florianópolis/SC. A iniciativa de propor um simpósio que refletisse sobre História & Teatro começou em Florianópolis/SC, em 2006, no III Simpósio Nacional de História Cultural, e se consolidou em São Leopoldo/RS, em 2007, no XXIV Simpósio Nacional de História, em São Paulo/SP, em 2008, no XIX Encontro Regional de História da ANPUH-SP, em Fortaleza/CE, em 2009, no XXV Simpósio Nacional de História, em Franca/SP, em 2010, no XX Encontro Regional de História da ANPUH-SP, em São Paulo/SP, em 2011, no XXVI Simpósio Nacional de História, em Campinas/SP, em 2012, no XXI Encontro Regional de História, em Natal/RN, em 2013, no XXVII Simpósio Nacional de História e, em Santos/SP, em 2014, no XXII Encontro Regional de História da ANPUH-SP, em São Paulo/SP.Ela é retomada agora visando reafirmar o sentido original da nossa proposta e incorporar um maior número de pessoas interessadas em se integrar a essas discussões.
As inscrições para o Simpósio História & Teatro estão abertas desde 01 de janeiro e se encerram em 31 de março. Para maiores detalhes, consultar a página do evento http://www.snh2015.anpuh.org/site/capa ou encaminhar mensagem via e-mail akparanhos@uol.com.br. Lembramos ainda que, além do resumo (máximo de 2800 caracteres), é necessário enviar o texto completo no ato de inscrição, sendo que a versão revisada do texto completo poderá ser enviada entre os dias 1 e 15 de junho de 2015 (ver http://www.snh2015.anpuh.org/inscricoes/capa).
Atenciosamente,
Kátia Rodrigues Paranhos (Universidade Federal de Uberlândia/UFU/MG)  e Vera Collaço (Universidade do Estado de Santa Catarina/Udesc/SC) - Coordenadoras do Simpósio Temático, 052 http://www.snh2015.anpuh.org/simposio/view?ID_SIMPOSIO=1982

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Racismo e “branquitude” na sociedade brasileira



Fonte: Agência FAPESP  - 05 de fevereiro de 2015

Por José Tadeu Arantes
Agência FAPESP – O racismo é crime no Brasil, previsto pela Constituição Federal, nos termos do Artigo 5º, Inciso XLII. “A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”, diz o texto. No entanto, ao longo do ano passado, manifestações abertas de racismo multiplicaram-se nas redes sociais e nos espaços públicos, pondo em xeque a cômoda ideia da “democracia racial” brasileira. Esse racismo estava encoberto e veio à superfície? Ou foi acirrado recentemente?
Perguntas como essas preenchem o dia a dia de Lia Vainer Schucman, doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) que atualmente conclui um pós-doutorado com a pesquisa “Famílias inter-raciais: estudo psicossocial das hierarquias raciais em dinâmicas familiares”, apoiada pela FAPESP.
Também com o suporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, sua tese de doutorado foi recentemente publicada em livro, com o título Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo. [*]
Descendente de família judaica, Schucman ouviu muitos relatos de perseguições movidas pelo racismo. “Fui socializada em um lar em que qualquer forma de preconceito e discriminação era totalmente intolerável e automaticamente associada aos horrores passados pela minha família na Segunda Guerra Mundial”, escreveu.
Algumas linhas adiante, porém, reconheceu que essa formação não a eximiu de um racismo mais sutil, que, de seu ponto de vista, perpassa a sociedade inteira: “Nosso racismo nunca impediu que convivêssemos com negros ou que tivéssemos relações de amizade e/ou amorosas com eles. No entanto, muitas vezes essas eram relações em que os brancos se sentiam quase como fazendo caridade ou favor de se relacionarem com os negros”.
Schucman concedeu a seguinte entrevista à Agência FAPESP.
Agência FAPESP – Parece haver atualmente um recrudescimento de expressões do racismo. Esse racismo estava reprimido ou está sendo acirrado? 

Lia Vainer Schucman – É o chamado “medo branco”. Falo disso em um capítulo do livro. Enquanto os negros se encontravam em uma posição subalterna, o racismo existia, mas não assumia formas tão ostensivas, porque os negros não disputavam com os brancos o acesso aos bens públicos e a outras posições na sociedade – coisas que os brancos consideravam suas por merecimento. Porém, quando as lutas dos movimentos sociais negros produziram certas conquistas, alguns brancos passaram a se sentir ameaçados. Isso foi claramente perceptível nas entrevistas que fiz. Era comum, por exemplo, os entrevistados brancos considerarem as cotas para negros nas universidades como privilégios. Mas não lhes ocorria pensar que o lugar que antes ocupavam com exclusividade fosse um privilégio. Havia uma ideia embutida de merecimento. No meu livro, há a foto de uma escola do bairro do Limão, em São Paulo, com a pichação “Vamos cuidar de nossas crianças brancas” em um muro. Isso foi motivado pelo fato de a escola ter decidido fazer, naquele ano, uma festa junina com motivos negros, motivos de origem africana. E alguns pais se revoltaram com isso, sem levar em conta que o currículo oficial, adotado como se fosse um currículo genericamente humano, é, na verdade, pautado pela história e por valores europeus, valores que expressam a supremacia branca. Essa pichação, que expressa um ponto de vista racista, foi uma reação à conquista dos negros, no sentido de terem sua história e suas realizações reconhecidas.
Agência FAPESP – A mudança de mentalidade é um processo muito mais longo e difícil do que a conquista de direitos e a adoção de políticas públicas afirmativas? 

Schucman – Sim. Parte do meu doutoramento foi feita nos Estados Unidos, na Universidade da Califórnia. Lá, recebi a orientação da afro-americana France Winddance Twine, que fez uma pesquisa com brancos que interagiam com negros no dia a dia, procurando entender como esses brancos se relacionavam com sua branquitude. Ela formulou o conceito de racial literacy, que eu traduzi, em meu livro, por “letramento racial”. O letramento racial é uma forma de responder individualmente às tensões raciais. Ao lado de respostas coletivas, na forma de cotas e políticas públicas, ele busca reeducar o indivíduo em uma perspectiva antirracista. A ideia subjacente é a de que quase todo branco é racista, mesmo que não queira, porque o racismo é um dado estrutural de nossa formação social. Por exemplo, um jovem estuda arquitetura em uma das melhores universidades brasileiras e, depois de formado, projeta um banheiro de empregada com o chuveiro em cima do vaso sanitário. Ele não gostaria de usar um banheiro desses. Mas projeta esse banheiro para a empregada como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Veja, ele não está aderindo à ideologia escravista ao fazer isso. Ele está simplesmente reproduzindo um racismo de fundo que perpassa todo o nosso sistema educacional e toda a nossa cultura. Então, se ser racista é um aprendizado, se nós aprendemos desde cedo a ser racistas em nossa sociedade, o letramento racial é a proposta de um desaprendizado.
Agência FAPESP – E como o letramento racial funciona? 

Schucman – É um conjunto de práticas, baseado em cinco fundamentos. O primeiro é o reconhecimento da branquitude. Ou seja, o indivíduo reconhece que a condição de branco lhe confere privilégios. O segundo é o entendimento de que o racismo é um problema atual e não apenas um legado histórico. Esse legado histórico se legitima e se reproduz todos os dias e, se o indivíduo não for vigilante, ele acabará contribuindo para essa legitimação e reprodução. É o mesmo que acontece em relação ao machismo. Seja homem ou mulher, se a pessoa não for vigilante, ela acabará contribuindo para a legitimação e reprodução do machismo. O terceiro é o entendimento de que as identidades raciais são aprendidas. Elas são o resultado de práticas sociais. O quarto é tomar posse de uma gramática e de um vocabulário racial. No Brasil, evitamos chamar o negro de negro. Como se isso fosse um xingamento e como se evitar essa palavra pudesse esconder o racismo. Para combatê-lo, temos de ser capazes de falar de raça abertamente, sem subterfúgios. O quinto é a capacidade de interpretar os códigos e práticas “racializadas”. Isso significa perceber quando algo é uma expressão de racismo e não tentar camuflar, dizendo que foi um mal-entendido. É o caso daquele casal branco do Rio de Janeiro que foi comprar um carro levando junto o filho negro adotado. E o vendedor enxotou a criança, que considerou um “menino de rua”. Depois, o vendedor ou alguém da loja tentou se desculpar, dizendo que havia sido um mal-entendido. Não, não foi um mal-entendido. Foi uma expressão pura e simples de racismo.
Agência FAPESP – Esses cinco fundamentos permitiriam construir uma individualidade antirracista? 

Schucman – Sim. É semelhante a uma alfabetização. Daí a palavra letramento. Foi essa perspectiva de uma alfabetização antirracista que me fez eleger, como tema do pós-doutoramento, as famílias inter-raciais. Porque o racismo da sociedade se reproduz de várias maneiras dentro das famílias, inclusive das famílias inter-raciais.
Agência FAPESP – Dê um exemplo. 

Schucman – Em uma família inter-racial, é comum que o filho de pele mais clara seja beneficiado com a possibilidade de estudar, enquanto seus irmãos de pele mais escura apenas trabalham. Os pais acham que o mais claro terá melhores oportunidades, então investem em sua educação, mesmo que não possam dar a mesma condição para os outros filhos. Há toda uma hierarquia na sociedade que se reproduz no interior das famílias, em brancos e negros. A sociedade constrói significados sobre as coisas, e as pessoas, de uma maneira ou de outra, introjetam esses significados.
Agência FAPESP – No seu livro, você se coloca dentro da pesquisa, não vendo o tema de fora, com uma pretensa objetividade, mas questionando o seu próprio ponto de vista. Como escolheu e desenvolveu o tema? 

Schucman – Quando iniciei meu doutoramento, em 2008, a ideia era pesquisar o racismo. Eu queria entender, do ponto de vista psicológico, como o negro introjetava o racismo. Mas, ao cursar disciplinas da pós-graduação na USP, alguns colegas, militantes dos movimentos negros, me disseram que estava na hora de “olhar outras coisas”. O que eles estavam afirmando era que o negro constituía sempre o tema do pesquisador branco, como se o negro fosse objeto e não sujeito, e como se o negro fosse sempre o “outro”. Eles me fizeram perceber que, ao estudar o negro, ao estudar o indígena, o que o pesquisador branco faz é, mais uma vez, produzir o “outro”. Decidi, então, colocar o branco em questão.
Agência FAPESP – De que maneira sua pesquisa evoluiu a partir daí? 

Schucman – Comecei com um estudo mais teórico dos conceitos de raça, construídos no século XIX. Um desses conceitos trazia a ideia de que o fenótipo determinava todo um modo de ser: moral, intelectual, estético, civilizatório. Então, peguei essas quatro variáveis – moral, intelectual, estética e civilizatória – e busquei perceber como elas apareciam na fala das pessoas brancas. Ou seja, como essa ideia de raça, construída no século XIX, continuava operando na construção das identidades. E constatei que elas apareciam na fala dos sujeitos o tempo todo. Por exemplo, entrevistei um vigilante noturno branco e perguntei a ele: “O que é ser branco, para você?” E ele respondeu: “Para mim, isso tem a ver com atitude. Eu sou trabalhador, eu vivo bem”. Essa ideia fictícia, da superioridade branca, está quase sempre presente na fala dos entrevistados.
Agência FAPESP – Quando você se aproximou do tema? 

Schucman – Na graduação, obtive bolsa de iniciação científica para estudar preconceito e estereótipo. Eu já tinha uma herança familiar nesse sentido, porque minha avó materna é judia, sobrevivente de campo de concentração, uma pessoa de esquerda. Na casa dela, há vários retratos de parentes mortos em campo de concentração. Então, o antirracismo, a consciência daquilo que o racismo é capaz de fazer, sempre foi algo muito presente na minha formação. Fiz o mestrado com um estudo sobre identidade judaica. E o que mais me marcou foi entrevistar pessoas que não seguiam a religião, não tinham nada a ver com o judaísmo, mas não conseguiam deixar de ser judias. Eu perguntava: “Mas por que você não consegue deixar de ser judeu?”. E a resposta era: “Porque os outros me veem como judeu”. A questão do olhar do outro ou de como o olhar produz o “outro” tornou-se um subtema bem forte em minha pesquisa. E continuou sendo.
Agência FAPESP – Você o retomou e desenvolveu no doutorado? 

Schucman – Sim. Percebi que só é possível o branco se enxergar como branco, isto é, ter uma noção dos privilégios que o fato de ser branco lhe proporciona, quando ele convive com os negros. Percebi, na convivência com meus colegas de pós-graduação negros, que, se eu comparecesse a alguma reunião dos movimentos sociais negros e me pronunciasse contra o racismo, até nisso eu teria privilégio, pois o fato de ser branca e antirracista me dava um status especial. Meus colegas eram muito críticos e até isso eles me apontavam.
Agência FAPESP – Como você lidou com isso? 

Schucman – Eu procurava não ser reativa. Mesmo que, às vezes, a crítica fosse pesada e até mesmo agressiva, eu tentava entender e assimilar. Tinha uma abertura muito grande. Além disso, sempre tive uma ideia muito clara sobre o meu papel: se sou branca e estou trabalhando ou me aproximando do movimento negro, não posso pretender ser protagonista. O protagonismo é negro. O meu papel é estar junto; não pretender estar à frente. Esta é uma consideração muito clara para mim, que continua orientando minha participação.
Agência FAPESP – Você fez muitas entrevistas qualitativas, levantando trajetórias de vidas das pessoas. Lembra-se de alguma especialmente marcante? 

Schucman – Entrevistei desde “quatrocentões” que ainda vivem da renda de suas fazendas, isto é, que ainda vivem do que seus antepassados ganharam com a escravidão, até mendigos da Praça da Sé. Ao entrevistar pessoas tão diferentes, mas todas brancas, minha intenção era saber se havia uma característica própria da branquitude, algo capaz de perpassar as classes sociais. Um mendigo de rua me disse algo muito forte. Quando perguntei “O que é ser branco, para você?”, ele me respondeu: “Eu posso entrar no banheiro do shopping e meu colega preto não”. Isso foi muito impactante: na extrema pobreza, a condição de ser branco ainda lhe dava um privilégio. Outra entrevista marcante foi com uma “quatrocentona”, porque os valores dela eram muito diferentes daqueles do imigrante, mesmo do imigrante rico.
Agência FAPESP – Quais eram as diferenças? 

Schucman – Os imigrantes desfrutaram de vários privilégios no Brasil, porque a imigração foi incentivada e patrocinada pelo governo. E a entrada de imigrantes brancos estava em sintonia com uma política de “embranquecimento” do país. Mas, para ascenderem econômica e socialmente, os imigrantes foram, de fato, muito trabalhadores. Isso ficou marcado em sua autoimagem. Claro que há exceções, mas, regra geral, o imigrante considera que conseguiu subir na vida devido ao seu mérito. A ideia do mérito é muito forte para ele. Porém, ele não consegue perceber que, ao lado do mérito, sua ascensão também foi favorecida pelo privilégio da branquitude. Porque o negro também está trabalhando há séculos no Brasil e não conseguiu ascender da mesma forma. Então, no caso dos imigrantes, a branquitude fica camuflada na autoimagem. No caso dos quatrocentões não. Eles têm perfeita consciência de seus privilégios, porque nunca trabalharam. A ideia forte, neste caso, é a de herança. E, se podem desfrutar de uma herança, foi porque os escravos negros trabalharam para seus antepassados. Então a ideia de ser branco e dos privilégios que isso traz está muito presente em sua visão de si mesmos.
Agência FAPESP – Há alguma peculiaridade que você poderia destacar em seu processo de pesquisa? 

Schucman – Uma peculiaridade é que não separo o que poderia ser chamado de “trabalho de campo” daquilo que vivo no dia a dia. Na tese de doutorado, incluí muitas falas informais, de pessoas com as quais eu interagia. Foi o caso de uma que, quando soube que eu pesquisava brancos, afirmou: “Que bom! Porque agora só se fala de negros”. Durante quatro anos, eu registrei entrevistas e conversas do dia a dia. Eu ficava o tempo todo registrando. Eu só pensava nisso.
Agência FAPESP – Isso a afetou pessoalmente? 

Schucman – Quando se começa a pensar insistentemente nestas coisas, você vai ficando muito irritada. Já não consegue conviver com a cidade. Porque a cidade de São Paulo tem uma geografia da raça: há lugares que só têm brancos. Quando entrava em um lugar desses, eu começava a me sentir mal. Eu me sentia colaborando com o apartheid da nossa sociedade.
Agência FAPESP – Como você aborda a questão das cotas raciais? 

Schucman – Na maioria dos casos, a oposição às cotas não decorre de nenhum critério racional. Tive a demonstração disso em minha pesquisa. Quando perguntei “você acha que tem privilégios pelo fato de ser branco (ou branca)?”, meus 40 entrevistados responderam que sim. Uma empregada doméstica disse: “Minha patroa é preconceituosa. Se eu fosse negra, não teria este emprego”. Um jovem falou: “O pai da minha namorada é racista. Talvez eu não pudesse namorar com a filha dele se fosse negro”. E por aí foi. Imediatamente em seguida, perguntei: “Você é a favor das cotas?” Dos 40 entrevistados, 37 responderam: “Não. Somos todos iguais”. Esses 37 tinham acabado de dizer que possuíam privilégios. E, agora, negavam as cotas, com o argumento de que elas privilegiavam os negros. É um posicionamento totalmente irracional. Por isso, eu uso a expressão “medo branco”. E é um discurso fragmentado. Só um discurso fragmentado pode acomodar o fato de a pessoa admitir que tem privilégios e, em seguida, dizer que todos somos iguais.
Agência FAPESP – Qual é o foco de sua pesquisa atual, com famílias inter-raciais? 

Schucman – Tento entender como os afetos podem legitimar o racismo e como podem também ajudar a desconstruí-lo. A partir de uma enquete mais ampla, em que entrevistei todos os membros de várias famílias, escolhi algumas famílias, com as quais estou fazendo um trabalho quase etnográfico há cerca de um ano. Vou dar um exemplo. Em uma dessas famílias, o pai é negro e afirma que não existe racismo no Brasil. Quando ele está presente, todos os membros da família parecem concordar com seu ponto de vista. Mas, se ele sai da sala por algum motivo, as pessoas aproveitam para dizer o que não têm coragem de falar em sua presença. A filha, que é branca, disse que, por várias vezes, viu seu pai ser discriminado por racismo. Acredito que, para ele, seja muito difícil admitir isso. Há todo um jogo de ambivalências, que eu tento interpretar



Nota explicativa
[*] A palavra “branquitude”, que a pesquisadora utiliza criticamente em seu livro, não está dicionarizada. É um neologismo empregado em contraposição a negritude. O conceito de negritude foi forjado durante a luta anticolonialista dos povos africanos, no século XX, e utilizado, principalmente pelo poeta e político senegalês Léopold Sédar Senghor (1906 – 2001), para resgatar e exaltar as culturas, tradições e características identitárias da África, que haviam sido subjugadas pelo colonialismo. Já o conceito de branquitude, sem ser identificado por esse nome, começou a ser construído durante a expansão colonial europeia, a partir dos séculos XVI e XVII, mas principalmente no século XIX, para justificar ideologicamente a dominação, pelos europeus, das populações ancestrais da América, da África, da Ásia e da Oceania. Nesse processo, a identidade “branca”, definida pela cor da pele e outros traços fenotípicos, foi estabelecida como norma e padrão humano, sendo os outros grupos apresentados como marginais, desviantes ou inferiores.

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