Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A mais antiga das profissões

FONTE: AGÊNCIA FAPERJ - Vilma Homero

Dizem que é a profissão mais antiga do mundo. Para a antropóloga Soraya Silveira Simões, a prostituição é objeto de pesquisa há 15 anos. Para fugir a simplificações grosseiras e suposições infundadas, ela ouviu um sem-número de mulheres da vida e, ao lado de Hélio Silva e Aparecida Fonseca Moraes, reuniu artigos que abordam os mais diversos aspectos dessa chamada vida fácil no livro Prostituição e outras formas de amor. “Queríamos abordar essa troca econômico-sexual sem vieses estigmatizantes”, concordam os três organizadores.
Para abarcar a abrangência dos vários aspectos do tema, o livro, lançado pela editora da Universidade Federal Fluminense (UFF), com recursos do Auxílio à Editoração (APQ 3), reúne, em 550 páginas, artigos de 22 pesquisadores, fruto dos grupos de trabalho organizados nas reuniões brasileiras de antropologia (RBA) e no Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. O título, que associa prostituição a uma forma de amor, já é provocativo. “O que seria esse valor a que chamamos amor, pensado como qualidade apenas de certas relações e frequentador apenas de certos ambientes? Por amor ou em nome dele, sacrificamos algo que nos é caro. Seja em nome de quem ou do que, algo que é feito por amor é sempre um prazer ou um sacrifício”, sugere Soraya. A prostituição, por sinal, já havia sido tema de sua dissertação de mestrado, defendida em 2003, e rendido um livro anterior, Vila Mimosa – Etnografia de uma cidade cenográfica da prostituição carioca, publicado em 2010 também pela editora da UFF, sobre o conhecido reduto de prostituição no Centro do Rio de Janeiro.
Ao se conhecerem pessoalmente em um congresso de antropologia, Soraya e Aparecida – que também já havia publicado um livro sobre a Vila Mimosa – resolveram unir forças, já que pesquisavam sobre o mesmo tema, e se juntaram a Hélio Silva, autor de Travesti: a invenção do feminino (Relume Dumará, Iser, 1993), para organizar um trabalho comum.  No livro, Aparecida assina o artigo “Corpos normalizados, corpos degradados: os direitos humanos e as classificações sobre a prostituição de adultas e jovens”, mostrando como, nas duas últimas décadas, as instituições de defesa dos direitos humanos passaram a normalizar a sexualidade das prostitutas mais velhas, adultas, percebidas como profissionais, agravando, ao mesmo tempo, a atribuição de desvio e degradação das mais jovens, quase sempre consideradas em situação de exploração sexual comercial. “Não é bem assim que as coisas acontecem.”
Ela mostra que, ao contrário do que pensa o senso comum, que costuma ver a profissional do sexo como uma vítima da ação de exploradores, muitas delas escolheram a ocupação por opção. “Queríamos abrir essa perspectiva. Mostrar que muitas delas resistem ao controle de gerentes e donos de clubes, impõem limites aos abusos, controlam o assédio sexual e, em vez de objetos, são sujeitos ativos em relação a seus clientes, criando espaço para exprimir e realizar sua própria sexualidade e desejos.”
Nas muitas histórias ouvidas por Soraya e por outros pesquisadores nesse extenso trabalho de campo, há desde as mulheres que batalham a vida nos garimpos do Norte do País àquelas que transitam pelas diversas fronteiras da Europa no trabalho do sexo, passando pela prostituição nas saunas masculinas; pelas tentativas de segregação urbana da atividade e por vários outros aspectos do exercício da profissão.
Mas mesmo na prostituição, há espaço também para situações de afeto. “Das interações face a face entre profissionais e clientes, podem nascer sentimentos para além das relações comerciais. Várias delas falam, por exemplo, de clientes com os quais se relacionam há mais de 20, 30 anos, sem os constrangimentos de uma relação conjugal dita estável, e muitas vezes em um laço bem mais duradouro do que muito casamento”, fala.
Da mesma forma que para várias outras categorias profissionais e movimentos sociais, elas também querem ver a categoria reconhecida e com direitos assegurados. A força mais visível desse movimento foi Gabriela Leite, que, para quem não sabe, foi a primeira prostituta a candidatar-se ao cargo de deputada federal no País e tema do documentário Um Beijo para Gabriela, da antropóloga Laura Murray. Depois de sua morte, em 2013, o movimento continuou firme, embora não de forma tão visível para um público mais amplo. “Além disso, o momento político atual no Brasil tem se configurado como o grande obstáculo para a reivindicação e produção de direitos, esperada em regimes democráticos. As bancadas religiosas no Congresso têm dificultado ou mesmo impedido o debate de pautas mais progressistas, sobretudo as que dizem respeito ao exercício da prostituição e seus direitos, como o projeto proposto pelo deputado Jean Wyllys”, comenta Soraya.
Como avalia a autora, desde o episódio da violenta ação policial na Boca do Lixo paulista, em 1979, as coisas melhoraram um pouco, mas ainda há muito a ser feito. “Quando se afirma de maneira autônoma, sobretudo com relação à sua vida profissional e sexual, toda mulher está passível de sofrer o estigma da puta, mesmo não sendo prostituta. A vida pública e sexualizada de uma mulher é campo fértil e potencial para a atualização desse estigma”, conclui Soraya.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Curso de Extensão: História e Memória Indígena

Prezados(as),

Em parceria com a Escola de História da UNIRIO e o Cederj, a Anpuh-Rio oferece o curso de extensão universitária História e Memória Indígena, coordenado pelo professor Marcos Barreto, doutorando em Memória Social. O curso, realizado em cinco encontros quinzenais, terá carga horária total de 25 h/a. Os encontros serão realizados entre 19h30min e 21h30min no polo Cederj da cidade de Duque de Caxias. Nesse momento serão ofertadas 30 vagas. O período de inscrições inicia-se no dia 21/06 e vai até 24/07/2015. As orientações sobre as inscrições estão disponíveis na página da Anpuh-Rio (www.rj.anpuh.org).
Att,
Secretaria da Anpuh-Rio
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ANPUH-RJ - Associação Nacional de História - Seção Rio de Janeiro
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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Alemães trouxeram novas ideias para construir São Paulo.

FONTE: AGÊNCIA USP Entre 1850 e 1860, imigrantes alemães tiveram grande atuação na construção civil em São Paulo, construindo uma série de obras públicas e privadas que impulsionaram o desenvolvimento da cidade. A pesquisa da arquiteta Adriane Acosta Baldin sobre o trabalho dos artífices e engenheiros vindos dos estados alemães é descrita em tese de doutorado apresentada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, publicada em livro. A influência alemã se fez presente não apenas no trabalho especializado e em novas técnicas construtivas, entre as quais o uso do tijolo, mas também na evolução urbana, como a instalação de cemitérios, mercado público, matadouro e as propostas para abastecimento de água.
Obras com participação de alemães impulsionaram desenvolvimento de São Paulo
“Na historiografia clássica, a cidade de São Paulo na década de 1850 costuma ser descrita como pacata e provinciana”, afirma Adriane. Porém, ao analisar as as fotos urbanas de Militão Augusto de Azevedo, publicadas em 1862, durante pesquisa de mestrado na PUC-Campinas, a arquiteta notou, entre outras aspectos, que a dimensão e função de algumas construções indicavam uma cidade muito mais movimentada e com um um fluxo de comércio intenso. “Além das mercadorias que iam e vinham de Santos, havia, ao menos,  quatro grandes pousos de tropeiros na cidade. Por ali passavam as tropas de mulas que seriam negociadas em Sorocaba. A comparação dos escritos sobre os pousos feitos em 1830 por Vieira Bueno com as fotos feitas trinta anos depois do pouso do Bixiga por exemplo, mostram uma grande evolução econômica”.
Os primeiros imigrantes alemães chegaram a São Paulo entre 1828 e 1830, com o patrocínio do governo imperial. Em 1854, um grupo de 204 trabalhadores alemães e 119 portugueses são requisitados pelo governo da província ao Senador Vergueiro, que realizava o agenciamento de imigrantes. “No arquivo da Assembléia Legislativa, há uma carta de um agente de imigração chamado Schmidt, enviada em 1854, que relata as dificuldades para se recrutar trabalhadores especializados na Europa. Um dos representantes de Schmidt quase apanhou das autoridades locais”, destaca a arquiteta. “No ano seguinte, um decreto da Assembleia constituiu uma Companhia de Operários, com 500 trabalhadores, todos contratados na Europa, numa época em que São Paulo tinha cerca de 20 mil habitantes. Muitas obras foram empreendidas na cidade naquela década”.
Os relatórios escritos pelo presidente da província ao imperador Dom Pedro II revelam que houve uma grande intervenção para a remodelação da cidade na década de 1850. O processo incluiu a construção de mercado público, matadouro, cemitérios, teatro e seminários, além de reformas de igrejas, a maioria com verbas públicas. “A documentação de obras existente no Arquivo Público do Estado de São Paulo mostra que, além dos engenheiros, os imigrantes alemães atuavam em obras públicas e particulares como pedreiros, marceneiros, carpinteiros, canteiros, que trabalhavam com pedras, e calceteiros, incumbidos das estradas e vias públicas”, ressalta Adriane.
Artífices e engenheiros
Os pagamentos dos trabalhadores alemães, que eram feitos por dia de trabalho (jornal), eram superiores ao dos operários portugueses, possivelmente devido à sua maior especialização. “Por volta de 1860, existia uma feira semanal de material de construção na região do Bixiga, o que indica um grande desenvolvimento urbano”, afirma a arquiteta. O estudo identificou 31 obras públicas com a participação de artífices alemães realizadas entre os anos de 1854 e 1860 em São Paulo, a grande maioria de infra-estrutura, como estradas e vias. Além dos operários especializados, a pesquisa traz informações sobre quatro engenheiros vindos da Alemanha que atuaram na cidade: Carlos Abraão Bresser, Carlos Rath, Hermann Gunther e Hermann Bastide.

Dimensão e função de edificações indicam fluxo de comércio intenso na cidade
“Bresser, em 1838, supervisionou as obras da estrada para Santos, e em 1852, junto com Porfírio de Lima, propôs a utilização da água da Serra da Cantareira para o abastecimento da cidade”, conta Adriane. “Rath definiu a localização e projetou o Cemitério da Consolação, construído em 1858, numa região que era afastada do núcleo urbano da época.  Bastide, formado pela Escola Politécnica da Universidade de Berlim, com experiência em estradas de ferro, projetou em 1851 a Ponte do Acu, inteiramente construída em tijolos. Foi o diretor da 5º  seção de obras públicas que englobava a capital e seus subúrbios. Em 1852, juntamente com o engenheiro José Jacques da Costa Ourique, trabalhou na elaboração de um projeto de um telégrafo elétrico, ligando a capital a Santos”.
Das realizações que chegaram até os dias atuais, Adriane destaca os cemitérios da Consolação e dos Protestantes e a proposta do abastecimento de água usando os mananciais da Cantareira. “A proposição demonstra que os alemães trouxeram ideias que revolucionaram a cidade e são diretrizes urbanas que chegaram até os dias de hoje”, ressalta.
A tese de doutorado “A presença alemã na construção da cidade de São Paulo entre 1820 e 1860”, defendida em 2012, teve orientação do professor José Eduardo de Assis Lefèvre, da FAU. A pesquisa contou com apoio da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e deu origem ao livro “Tijolo sobre tijolo: Os alemães que construíram São Paulo”, lançado em agosto de 2014. Atualmente, a arquiteta realiza pesquisa de pós-doutorado que aprofunda a análise sobre as técnicas construtivas trazidas pelos imigrantes alemães e portugueses, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Fotos: Cedidas pela pesquisadora
Mais informações: email adrianebaldin@usp.br, com Adriane Acosta Baldin

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Flip anuncia mesa sobre história do Brasil.

Fonte:Estadão
      Conteúdo


Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling, autoras de Brasil: Uma Biografia, publicado no início de maio pela Companhia das Letras, participam de mesa-bônus na Flip, que será realizada entre os dias 1º e 5 de julho, em Paraty.
Brasil: Uma Aula é o nome da mesa que reunirá as duas historiadoras na sexta-feira, 3, às 13h30. Elas falam sobre o livro que escreveram e que cobre desde antes da chegada dos portugueses até o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso.
Elas voltam a tratar do tema no sábado, às 14h30, na Casa de Cultura de Paraty. O debate O Brasil na Sala de Aula, voltado a professores e demais interessados, tem entrada gratuita, com senhas distribuídas previamente no local.
Os ingressos para a primeira mesa, a ser realizada na tenda dos autores, custam R$ 50 e estarão à venda a partir de quinta-feira, 11, pelo site Tickets for Fun (www.ticketsforfun.com.br) ou em seus pontos de venda credenciados; pelo telefone 11-4003-5588 e nas bilheterias do Citibank Hall de São Paulo e do Rio de Janeiro. Depois do dia 30, só será possível comprá-los na bilheteria do evento.
Entre os autores convidados desta edição da Flip, que presta homenagem a Mário de Andrade, estão Roberto Saviano, Richard Flanagan, Beatriz Sarlo, David Hare, Sophie Hannah, Colm Tóibín, Ana Luisa Escorel, Boris Fausto e Reinaldo Moraes. Ainda há ingressos para 9 encontros.
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terça-feira, 2 de junho de 2015

Um Rio de Janeiro que não vivemos

Fonte: Agência FAPERJ - Vilma Homero
Com belas fotos do Rio, a página conta com mais de 60 mil seguidores 
Ao ver fotos antigas do Rio de Janeiro, muitos internautas comentam: “Gostaria de ter vivido naquela época.” A nostalgia por um tempo que não foi vivido por integrantes da geração Internet – e, às vezes, nem mesmo por seus pais – vai além da realidade que a imagem retrata. Mesmo assim, é um comentário comum na comunidade virtual O Rio de Janeiro que não vivi,criado por Bruno Macedo, em 2012. A página, que conta com mais de 60 mil seguidores, exibe uma série de imagens da cidade, como a Praça Paris dos anos 1930, os bondes passando pela avenida Rodrigues Alves, na Zona Portuária, no início do século XX, ou um arborizado Jardim do Méier da década de 1920, tornou-se tema da dissertação de mestrado de Thiago Mendes, “Memória e cidade sensível: Fortaleza e Rio em comentários no Facebook”. Bolsista de Mestrado Nota 10, da FAPERJ, com orientação do professor José Cardoso Ferrão Neto, do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ele analisou, pelos comentários postados, como os visitantes das duas páginas no Facebook percebem cada cidade. Mendes é de Fortaleza e vive há dois anos no Rio. Conversando com ele, a reportagem do Boletim FAPERJ concentrou-se apenas na página do Rio de Janeiro.
    
O Hotel Avenida sobressai na Av. Rio Branco dos anos 1920
“O interesse dos internautas é mais pelo que lhes traz a memória dos lugares. E, pelo que pude perceber, essa memória se centra bem mais nos sentidos, nas lembranças olfativas, gustativas e auditivas, do que meramente no visual”, comenta Mendes. Ele explica que nessas lembranças entram também as histórias relatadas por pais e avós. “É aquele comentário que fala como o avô contava que pegava o bonde no Largo da Carioca, ou como gostava que os pais a levassem para tomar o frapê de coco do Bar Simpatia, no Centro da cidade, cujo sabor lembra até hoje.” 
Apresentadas com o devido crédito, as fotos trazem comentários que situam a época em que foram tiradas e um pouco da história do lugar. Todas foram garimpadas na Internet, muitas delas da coleção Augusto Malta, pertencente ao acervo da Biblioteca Nacional e disponibilizada ao público na rede. Além de avaliar os comentários postados, Mendes também entrevistou o criador e administrador da página, Bruno Macedo, que, como seria de esperar, se revelou um apaixonado pela memória da cidade.
Embora haja vários comentários sobre o Méier e adjacências, as áreas mais fotografadas foram da região central, seguidos dos bairros da Zona Sul. Em muitos comentários, Copacabana ainda aparece como o epíteto da Cidade Maravilhosa. “Há espaço para histórias, para troca de experiências e até debates entre os seguidores da página, que reúne usuários de diferentes gerações, como é próprio das comunidades virtuais. Entre as diversas lembranças citadas, casos corriqueiros aparecem em posts, como “eu corria para não pagar o bonde no Tabuleiro da Baiana. Espero que meus filhos não leiam isso”.
    
   Erguido no início do século XX, o Palácio Monroe
 foi demolido em 1976 para dar passagem ao metrô 
Mas, na maior parte das vezes, os comentários estão impregnados de nostalgia, até mesmo entre jovens que vivem em uma época tão distante daquela em que as fotos foram tiradas. “Essa nostalgia muitas vezes fala de uma cidade e de um passado idealizado”, explica. Essa idealização também é associada aos tempos em que o Rio de Janeiro foi capital da República, em contraposição a seu declínio, depois que a capital foi transferida para Brasília. “Alguns visitantes do site chegam a dizer que ‘foi um crime terem tirado esse título da cidade’, vendo aí um começo de decadência da ex-capital”, cita Mendes.
Mendes analisa que, como em toda idealização, entra aí certa dose de imaginação. “É quando os internautas devaneiam em cima da foto, fazem confissões, dizendo, por exemplo, como gostariam de usar aquelas roupas do início do século XX.” Essa nostalgia é o que leva ainda os internautas a associarem as imagens do passado a uma época de vida melhor e mais calma, muitas vezes esquecendo as muitas dificuldades e a pobreza reinantes. “A grande maioria das pessoas enxerga nessas fotografias da cidade uma imagem idealizada de tranquilidade; poucos refletem sobre a situação real. Falam, por exemplo, da elegância das roupas da época, lembrando uma personagem de novela ambientada no começo do século XX, exibida em emissora de televisão. Poucos refletem que o Rio é uma cidade onde faz calor, e que nossos avós deviam suar terrivelmente vestindo aquelas roupas pesadas, mais apropriadas a climas europeus. Até que alguém mais realista coloca um post na página comentando que a cidade fedia, tanto do suor das pessoas, como pelos excrementos dos animais e a variada sujeira das ruas.”
Ele conta que alguns comentários mostram também antigos hábitos:  "Ir à cidade, expressão que ainda se ouve mesmo nos dias de hoje na verdade significava ir até o Centro e, na maioria das vezes, era um acontecimento principalmente para quem morava nas regiões mais distantes, ou para os mais humildes." Com o testemunho de quem tem autoridade para falar, o  administrador da página comenta: "Meus avós moravam numa rua não asfaltada de Marechal Hermes. Eram de uma pobreza de dar dó, mas quando iam ao cinema no Centro, saíam impecavelmente vestidos. Ir até a cidade, naquela época, era algo importante.”
Mas se o passado muitas vezes é idealizado, o futuro também é, como se ele trouxesse a solução de vários problemas contemporâneos, iniciados na modernidade. Imagens da Zona Portuária, por exemplo, para diversos internautas, remetem imediatamente às obras de modernização para a realização das Olimpíadas de 2016. “A cidade, hoje, é muito vista como Cidade Olímpica. E, apesar do incômodo no trânsito, as obras são apontadas como algo que vai mudar o cenário da cidade para melhor, que pode devolver aos habitantes um pouco da antiga paisagem”, explica Mendes.  

      Vista panorâmica da Praça Paris em 1939 
É bem verdade que, como é próprio das comunidades virtuais, há vozes divergentes e, às vezes, até debates. A imagem de um dos pavilhões construídos durante a gestão do prefeito Carlos Sampaio para a Exposição Universal de 1922, que marcou os 100 anos da independência brasileira, mostra também o desmanche do morro do Castelo, arrasado para facilitar a circulação do ar, que, ainda segundo o discurso sanitarista do século XIX, melhoraria o clima e com isso a saúde de seus habitantes. As imagens também mostram que o casario do alto do morro servia como moradia para a população pobre da cidade, principalmente negros e mestiços.
É uma das fotos que levam à discussão sobre questões sociais. “Há comentários que dizem que, por conta de um princípio de favelização, o morro tinha mesmo que ser derrubado. Outros defendem a permanência, já que a área abrigava as primeiras construções coloniais, dos tempos da fundação do Rio de Janeiro. Alguns posts diziam: ‘Foi um crime histórico contra a memória da cidade’; ‘Então, a solução para a pobreza seria derrubar todos os morros?’; e ‘Teria que haver uma UPP em pleno centro da cidade’, escrevem os internautas, empenhados num debate acalorado, em que afloram uma separação entre ricos e pobres, favela e asfalto, e ressentimentos mútuos." 
Em sua conclusão, Mendes destaca que o ponto principal de sua dissertação foi perceber que, mais presente do que a memória institucionalizada, para cada um dos chamados “lugares da memória”, como é o caso dos monumentos e prédios históricos, criamos “memórias do lugar”, vividas nas experiências do cotidiano de cada um. “Há internautas para quem Copacabana remete aos passeios que faziam quando criança, ou ao ponto da praia que frequentavam. Para outros, o Centro da cidade pode ser as lembranças do chope no bar Simpatia, com amigos.” Ele relata que o que leva o visitante da página a tecer seus comentários são as experiências vividas, ou mesmo aquelas que são contadas por parentes ou pessoas próximas, relembradas nas histórias e casos contados para filhos e netos. “E a fan page recompõe um pouco dessas memórias pessoais, compartilhadas pelos internautas, formando um mosaico de pensamentos e histórias sobre a cidade.”
Para ver outras imagens antigas do Rio de Janeiro, confira a  a página: https://www.facebook.com/ORioDeJaneiroQueNaoVivi

"Anos de chumbo"

Caros:

Aí vai uma prévia do novo livro que vai ser lançado em junho. Ainda não é o convite, mas já dá pra divulgar.

Um forte abraço
Esther










Clique aqui para ler trecho do livro.


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Pranchada Infamante: Resistência ao Castigo Físico do Soldado Imperial na Guerra contra o Paraguai. 1864-1870.

Pranchada Infamante: Resistência ao Castigo Físico do Soldado Imperial na Guerra contra o Paraguai. 1864-1870  - MAESTRI, Mário. Revista de Raíz Diversa, México: UNAM, n.2, 2015, pp. 125-154

Resumen: El artículo analiza la deserción y los crímenes de sangre de los soldados, así como la resistencia al castigo físico reglamentar y no reglamentar, en la guerra contra la República del Paraguay, a partir de las recomendaciones de la Cuarta Camera del Consejo de Estado al Emperador sobre los pedidos de gracia en los años 1867-1871. Se propone la existencia de cultura de resistencia a la pena entre las tropas.
1 La guerra contra el Paraguay.; 2. La deserción. 3. Castigo y la resistencia física.



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