Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

SEMINÁRIO DE HISTÓRIA - UFF/CAMPOS

PROGRAMAÇÃO DO
I SEMINÁRIO FLUMINENSE DE HISTÓRIA DO PODER E DAS IDEOLOGIAS
1964: DO GOLPE À DEMOCRACIA (LIÇÕES E PERSPECTIVAS)
DE 09 A 13 DE NOVEMBRO DE 2015

DIAS
HORÁRIO
09/11/15 (Segunda-Feira)
10/11/15
(Terça-Feira)
11/11/15
(Quarta-Feira)
12/11/15
(Quinta-Feira)
13/11/15
(Sexta-Feira)
08h – 17h
Inscrições
Apresentação dos Painéis dos Discentes de Graduação
09h – 12h
OFICINA
Refletindo sobre as esquerdas no Brasil.
Coord. Profª. Drª. Esther Kuperman (Colégio Pedro II)
OFICINA
As Reformas Educacionais da Ditadura: Motivações e Desdobramentos.
Coord. Profª. Drª. Zuleide Simas da Silveira (FEUFF)
OFICINA
A Escola Superior de Guerra como Espaço de Pesquisa Histórica.
Coord. Prof. Dr. Luiz Cláudio Duarte (CHT/UFF)
SIMPÓSIO TEMÁTICO
(a temática dependerá dos trabalhos inscritos)
SIMPÓSIO TEMÁTICO
(a temática dependerá dos trabalhos inscritos)
12h – 13h:45min.
Almoço
Almoço
Almoço
Almoço
Almoço
14h – 17h.
OFICINA
As Repressões e as Resistências.
Coord. Prof. Dr. Leonardo Soares dos Santos (CHT/UFF)
OFICINA
A Comissão Nacional da Verdade e a Memória Histórica.
Coord. Prof. Dr. Paulo Cunha (UNESP)
OFICINA
Os Oficiais Brasileiros da Reserva e a Defesa da Memória do Golpe Militar.
Coord. Prof. Dr. Fernando Rodrigues (ESG)
PALESTRA
Luís Carlos Prestes – Um Revolucionário de Dois Mundos” (Uma Biografia do Cavaleiro da Esperança).
Prof. Dr. Daniel Aarão Reis Filho (UFF)
Mediador: Prof. Dr. Luiz Cláudio Duarte
(CHT/UFF)
SIMPÓSIO TEMÁTICO
(a temática dependerá dos trabalhos inscritos)
17h – 17h:50min.
SIMPÓSIO TEMÁTICO
(a temática dependerá dos trabalhos inscritos)
SIMPÓSIO TEMÁTICO
(a temática dependerá dos trabalhos inscritos)
LANÇAMENTO DE LIVROS E SESSÃO DE AUTÓGRAFO.
Daniel Aarão Reis Filho (UFF)
Demian Bezerra de Melo (UFF)
Fernando da Silva Rodrigues (ESG/UCAM)
Paulo Cunha (UNESP/Marília);
SIMPÓSIO TEMÁTICO
(a temática dependerá dos trabalhos inscritos)
17h:50min. – 18h
Café
Café
Café
Café
Café
18h – 21h:40min.
MESA COORDENADA:
Os Serviços Públicos na Ditadura”
Palestra: “Segurança Pública e Violência: Heranças e Rupturas com a Ditadura Militar”
Profª. Drª. Lana Lage da Gama Lima (NEEV/UENF)
Palestra: “Expansão Capitalista e Saúde Pública na Ditadura Militar”
Prof. Dr. Eduardo Costa (FIOCRUZ)
Mediador: Prof. Dr. Luiz Claudio Duarte (CHT/UFF)
MESA COORDENADA:
A Ditadura, Feitos e Efeitos”
Palestra: “A Ditadura Militar e a Questão Agrária”.
Prof. Dr. Marcus Dezemone (UFF e UERJ)
Palestra: “Nem Todo Militar foi Golpista: os Militares de Esquerda, o Golpe e a Ditadura”.
Prof. Dr. Paulo Cunha (UNESP/Marília);

Mediadora: Profª. Drª. Débora El-Jack Andrade (CHT/UFF)
MESA COORDENADA:
Da Conspiração ao Golpe
Palestra: “1964 – Sociedade, Golpe e Ditadura Civil-Militar: Apoios e Resistências”.
Prof. Dr. Daniel Aarão Reis Filho (UFF)
Palestra: “1964: Para Quem o Golpe, Para Quem a Ditadura?”.
Prof. Dr. Demian Bezerra de Melo (ESAL/UFF)
Mediador: Prof. Dr. Luiz Claudio Duarte (CHT/UFF)
MESA COORDENADA:
Ditadura, Transição e Democracia”
Palestra: “A Ditadura Empresarial-Militar e a Democracia: Transição, Rupturas e Continuidades”.
Prof. Pós-Doutor Renato Luís do Couto Neto e Lemos (UFRJ)
Palestra: “A Nova República e o Julgamento da Ditadura”.
Doutorando em História - Tiago Francisco Monteiro (UFRJ)
Mediador: Prof. Dr. Luiz Cláudio Duarte (CHT/UFF)
MESA COORDENADA:
O Empresariado Brasileiro e a Ditadura Civil-Militar”
Palestra: “Estranhas Catedrais: as empreiteiras e a Ditadura Militar”.
Prof. Dr. Pedro Henrique Pedreira Campos (UFRRJ)
Palestra: “1964: Quem Venceu? Quem Perdeu?”.
Mestranda em História Rejane Carolina Hoeveler (UFF).
Mediador: Prof. Dr. Leonardo Soares dos Santos (CHT/UFF)
Lançamento de Livro e Sessão de Autógrafo.
CAMPOS, Pedro H. P. Estranhas Catedrais: as empreiteiras brasileiras e a ditadura civil-militar, 1964-1988.

Todas as atividades ocorrerão no Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal Fluminense em Campos dos Goytacazes.
Para ter direito ao certificado de expositor o participante de Simpósio Temático precisará ter efetivamente comparecido ao evento e realizado sua exposição. O tempo para cada exposição nos Simpósios Temáticos será de no máximo 20 minutos. O tempo de exposição nas Mesas Coordenadas será de no máximo 30 minutos.
Para receber o certificado como ouvinte será necessário, além da inscrição eletrônica, o comparecimento a pelo menos 75% das atividades.
Organização GPHISMPI:
GRUPO DE PESQUISA SOBRE HISTÓRIA MILITAR, PODER E IDEOLOGIA

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    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                    Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
  
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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Arqueologia de um pedaço do Brasil

sexta-feira, 19 de novembro de 2010


Arqueologia de um pedaço do Brasil

Recôncavo da Baía de Guanabara tem sítios arqueológicos de até 4 mil anos. Escavações encontraram cachimbos que podem ter resíduos de Cannabis


Exagerando um pouco, conhecer o passado da área em torno da Baía de Guanabara é conhecer um pouco de toda a História do Brasil, tamanha a referência a cada período histórico brasileiro. Na Vila Santo Antônio de Sá, hoje Itaboraí, considerada a primeira vila do Recôncavo da Baía de Guanabara, os sítios arqueológicos são tão ricos que é possível encontrar registro de populações até de antes de Cristo.

“Estamos estudando essa área desde o início da ocupação até hoje”, diz a antropóloga Madu Gaspar, que organiza o projeto, e explicou, cuidadosamente, todo o processo. 

“Há registro de populações com 4 mil anos, que construíam sambaquis. Em seguida, essa área foi invadida por tupis, ceramistas, até a chegada dos portugueses. Os tupis, que vieram da Amazônia, expulsaram os sambaqueiros, ou os eliminaram com guerras. Todo o território ficou com os grupos ceramistas. Então, se deu a colonização portuguesa. Nessa área, os primeiros europeus usavam a região como celeiro do Rio, retirando os recursos naturais como lenha e madeira para construção, além fazer plantações de alimentos.”


A antropóloga, de 56 anos, conta que a região foi o seu primeiro trabalho de campo, em 1976. Ela diz que, por conta da construção do pólo petroquímico da região, a região ficou mais segura e ela pôde voltar a estudar a região.

“Esses produtos da época colonial eram transportados pelos rios da região até a Praça XV. Há várias representações de Debret mostrando os escravos desembarcando com lenha, por exemplo.”


Açúcar, mandioca e até maconha

A região, muito por conta das plantações de açúcar e mandioca, era densamente ocupada por africanos e descendentes. Por conta disso, hoje, são encontrados vasilhas, cerâmicas e quase 200 cachimbos com símbolos de tribos da África.



“Já se sabia que era um hábito dos africanos fumar. Os historiadores que estudam o período tinham interesse em saber que tipo de material era carburado. Sabia-se que era um fumo mais forte”, conta a arqueóloga, explicando que, para descobrir o seu conteúdo, foi feito uma pesquisa pioneira. “Em um dos cachimbos há indícios que seria carburado Cannabis [gênero de plantas comumente conhecida como maconha]. Ainda é preciso confirmar, mas é muito provável. Até a dimensão dos cachimbos já sugeria isso.”

Madu Gaspar contou que, para chegar a esses resultados, foram necessários quase dois anos de trabalho de campo. Em um primeiro momento, os arqueólogos investigaram o terreno em uma metodologia de amostragem sistemática, em intervalos de 50 em 50 metros. Foi possível identificar 45 sítios, sobre as diversas ocupações que a região presenciou.

“Os restos africanos tem baixa visibilidade. Só pesquisa sistemática consegue encontrar.”

Mas, afirma ela, o resultado é compensador, como o encontro dos vestígios das primeiras olarias em Itaboraí, região onde até hoje é comum o trabalho.

“Chegamos a encontrar uma porção de barro amassado em que aparece a mão do artesão”, conta empolgada. Ela também cita as fôrmas de pão-de-açúcar, que são vasilhas de cerâmicas onde se purgava o açúcar e que lembram o famoso ponto turístico.


Exposição

Para exibir todos esses achados, a arqueóloga está organizando uma exposição no Museu Nacional, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio, chamada “Arqueologia do Recôncavo da Baía de Guanabara”.

“Os arqueólogos trabalham com material brasileiro. Eles têm que dar retorno à sociedade. Faz parte de nossa História.”
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Arquivos, verdade, justiça e reparação

PUBLICAÇÃO DO ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO



                     Periódico do APESP abrechamada para envio de artigos sobre o tema

“Arquivos, verdade, justiça e reparação”.




A nova Revista do Arquivo pretende explorar, como tema central, o papel dos arquivos na luta de organizações civis e governamentais pela restauração da verdade, em sua complexidade, promoção da justiça e reparação dos danos causados pela repressão do Estado durante a ditadura civil-militar inaugurada em 1964.

Em 2014 e 2015, foram produzidos relatórios de várias comissões e subcomissões instaladas em instituições diversas que trouxeram à tona fatos ainda obscuros do período do regime militar. Em que medida os arquivos, públicos e privados, foram acessados por aqueles que buscavam evidências e provas sobre crimes cometidos pelo Estado durante o período de governos militares? Quais as dificuldades encontradas pelos pesquisadores nos ambientes de guarda de documentos? Em que medida a Lei 12.527/2011, chamada de Lei de acesso à informação, ajudou no processo de restituição da verdade? Qual o poder de promoção de acesso à informação pelo Estado diante do quadro de desestruturação crônica dos arquivos públicos no Brasil? Como são processadas as informações extraídas de documentos e depoimentos? Arquivos desaparecidos, autenticidade da informação: que tipo de “verdade” se espera que revelada pelos documentos públicos? O que os relatórios de Comissões da Verdade revelam sobre os arquivos no Brasil?

Essas são apenas algumas questões que levantamos para instigar a escrita de artigos para a seção Dossiê Temático desta edição especial da Revista do Arquivo Público do Estado de São Paulo, que serão ambientadas em temas que abrangem o período do regime militar mais recente do Brasil.

Pedimos que os trabalhos sejam enviados até dia 15/10/2015 para o e-mail historica@arquivoestado.sp.gov.br, observando-se as normas estabelecidas para esta publicação, que podem ser acessadas com um clique aqui. A previsão de lançamento dessa edição especial é no mês de novembro próximo.

Para saber mais sobre o projeto da nova Revista, ver editorial da Revista Histórica, nº 63, de abril de 2015, clicando aqui.

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sábado, 15 de agosto de 2015

Reconstruindo a memória dos Anos de Chumbo

Aline Salgado

Conflitos no campo, políticas públicas contra a violação 
dos direitos humanos e a estrutura repressiva do estado foram
alguns dos temas do seminário
 (Foto: Acervo/Arquivo Nacional)
FONTE: AGÊNCIA FAPERJ Sob o olhar atento de uma plateia de cerca de 70 pessoas, formada por pesquisadores, estudantes, ex-militares, sindicalistas e militantes políticos perseguidos durante o regime militar (1964-1985), foram apresentados, nesta terça (11/8) e quarta-feira, no Arquivo Nacional, os resultados preliminares dos projetos de 15 pesquisadores que subsidiaram os trabalhos da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio). Desses, sete foram contemplados no edital Apoio ao Estudo de Temas Relacionados ao Direito à Memória, à Verdade e à Justiça relativas a violações de Direitos Humanos, lançado pela FAPERJ em outubro de 2013. Em comum, as pesquisas buscam dar voz às memórias esquecidas e apagadas pela repressão durante os “Anos de Chumbo”.
 “Alguns desses grupos que se integram a nós e que foram financiados pela FAPERJ pesquisaram documentos e testemunhos, como, por exemplo, com depoimentos produzidos no âmbito da Comissão de Reparação do Estado do Rio. Logo, não é apenas uma colaboração teórica mais afinada que esses grupos dão à Comissão Estadual da Verdade, mas também uma colaboração mais ampla do ponto de vista empírico”, avaliou a presidente da CEV-Rio, Rosa Cardoso. 
A abertura do seminário trouxe revelações sobre os conflitos por terra e a repressão nas áreas rurais do Rio de Janeiro, com enfoque na Região Metropolitana, nos municípios de Duque de Caxias e Nova Iguaçu; na Costa Verde, em Angra dos Reis e Paraty; e na Região Serrana, especialmente Cachoeiras de Macacu. Estudo coordenado pela professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/UFRRJ), Leonilde Medeiros, o projeto “Conflitos por terra e repressão no campo no Estado do Rio de Janeiro” utilizou depoimentos coletados ainda nos anos de 1980, pela própria Leonilde, junto à Comissão Camponesa da Verdade.
“O medo por parte dos militares da criação de um foco de resistência por meio da guerrilha rural levou à repressão direta de trabalhadores rurais em zonas de disputa por terra”, contou a pesquisadora.  “O confronto não era só com o tradicional latifundiário e, sim, com os interesses da especulação imobiliária, do turismo, dos usineiros e até de famílias de políticos: todos se beneficiaram, e muito, da omissão do estado. A ditadura trouxe muitas cicatrizes para o pessoal do campo”, acrescentou Leonilde, salientando que a repressão no campo começou logo que o golpe militar foi instituído, já no dia 1º de abril de 1964.“Entram na casa, chutam a porta, reviram armários, perguntam onde estão armas, espetam o colchão com baioneta. Era essa a rotina dos militares junto aos camponeses. E se houvesse a desconfiança de que havia lideranças, esses trabalhadores eram torturados na frente dos filhos. Foi uma brutalidade enorme e que só conseguimos descobrir por meio dos depoimentos”, relembrou a professora, durante sua exposição no seminário. 
Abriram o seminário, Leonilde Medeiros da UFRRJ, a presidente da
CEV-Rio, Rosa Cardoso, Dulce Pandolfi e Ângela Moreira, ambas do
CPDOC, e Jean Sales Rodrigues, do IFCS/UFRJ
 (Foto: Divulgação/AN)      
Especializado na História do Tempo Presente, onde a História Oral tem sua grande força, o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV) também vem contribuindo para a reconstrução da memória do período militar. Por meio do projeto “Arqueologia da reconciliação: formulação, aplicação e recepção de políticas públicas relativas à violação de direitos humanos durante a ditadura militar”, as pesquisadoras Ângela Moreira e Dulce Pandolfi  estão coletando depoimentos de personagens, cujas histórias de vida e lutas, ligam-se à temática dos direitos humanos, para a constituição de um arquivo oral. “O nosso foco, de um lado, foi entrevistar agentes que estavam vinculados diretamente à elaboração de uma legislação ligada aos direitos humanos, como ex-secretários da pasta, e, de outro, representantes de movimentos e organizações da sociedade civil, vítimas ou familiares de desaparecidos políticos”, explica Dulce.
O roteiro das entrevistas teve como base a discussão de alguns marcos legais criados a partir de 1979, como a Lei de Anistia, a Lei dos Mortos e Desaparecidos, os Planos Nacionais de Direitos Humanos e as Comissões da Verdade. Até o momento, 16 pessoas já foram ouvidas, somando quase 100 horas de gravações. Entre os entrevistados, estão Cecília Coimbra, Victória Grabois, Maria Amélia Telles, Ana Miller, Suzana Lisboa e Milton Leon Duarte. “O debate sobre o que é a reconciliação foi bastante estimulado. Reconciliar o que, como e quando? Suzana Lisboa começa bem o seu depoimento com a afirmação de que ‘reconciliação, só com Justiça’”, relembrou Dulce. Segundo as pesquisadoras, os depoimentos se ligam entre si na percepção da morosidade para a construção dos pilares dos direitos humanos no País.
“O preço alto que se paga para ter justiça é recorrente nos depoimentos. Embora o Estado tenha criado comissões, coube à sociedade civil arrombar a porta para se chegar aonde chegou”, afirmaram as pesquisadoras do CPDOC.
O aparelho de repressão do Estado e o perfil de suas vítimas é o objeto de estudo do grupo integrado pelo pesquisador do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ), Jean Sales Rodrigues. Por meio da pesquisa “O testemunho como janela: o perfil dos atingidos e a estrutura repressiva do estado ditatorial no Rio de Janeiro a partir de testemunhos dados à comissão de reparação do Estado do Rio de Janeiro”, os pesquisadores descobriram que as mulheres foram as mais violentadas pela repressão. “Proporcionalmente, a tortura parece ter sido mais intensa com as mulheres”, contou Rodrigues.
Pesquisadores do IFCS/UFRJ analisaram mais de mil processos
de pedidos de reparação de militantes políticos (Foto: Acervo/AN)

Outra descoberta dos pesquisadores se relaciona à intensidade das ações de resistência ao regime e, consequentemente, ao aumento das prisões de militantes políticos e pessoas contrárias à ditadura nos anos de 1970. “Os dados reforçam, novamente, a tese de que não vivemos a chamada ‘Ditabranda’ e que a década de 70 não é um período de vazio na militância”, observa o pesquisador.


Por meio da análise de 1.129 processos de pedidos de reparação, encaminhados à comissão a partir de 2010, e que contam com pareceres já finalizados, o grupo de pesquisa do IFCS/UFRJ identificou também que a participação dos movimentos sindical, operário e camponês na militância contra o regime foi equivalente à atuação do movimento estudantil, da luta armada institucionalizada e do movimento religioso. “A luta dos trabalhadores contra o regime também foi intensa e os dados compilados revelam isso”, salientou Rodrigues.



Na quarta-feira, segundo dia de seminário, as discussões se concentraram na amplificação do entendimento do que foi a Ditadura Militar e dos temas que se tornaram permanentes ao regime, como os preconceitos com a questão da homossexualidade, do negro e da favela. Algumas das oito pesquisas apresentadas no segundo dia também são apoiadas pela FAPERJ, por meio de editais específicos. “Durante o período militar, os preconceitos se tornaram mais visíveis e foram demostradas de forma mais violenta, tanto que, passada a ditadura, há a permanência dessa tradição”, resume Rosa Cardoso.


Entre os projetos que têm essas temáticas como foco, destacam-se os do doutorando em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP), Renan Quinalha, ­– “Ditadura e Homossexualidade no Estado do Rio de Janeiro”–; da professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos Constitucionais do Departamento de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Thula Pires, – “Colorindo memórias e redefinindo olhares: Ditadura Militar e Racismo no Rio de Janeiro” –; e do professor do Instituto Nacional de Educação dos Surdos e doutorando no Programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Marco Pestana, com a arquiteta e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História pela UFF, Juliana Oakim – “A  ditadura nas favelas do Rio de Janeiro”.


Para a presidente da CEV-Rio, Rosa Cardoso, essas pesquisas trazem para o País um novo olhar sobre o que foi a Ditadura Militar. E, especialmente, a visão de que a luta contra o regime de exceção englobou diversas camadas da população. “Sempre se falou da Ditadura como um confronto da população acuada pelo medo e pela censura, e de uma luta armada. Mas os relatórios da Comissão da Verdade mostram que a insurgência contra o regime foi muito mais ampla e acaba com a falsa ideia de que tivemos uma ‘Ditabranda’ no Brasil. A luta contra A Ditadura foi muito mais abrangente e atingiu muito mais cidadãos”, avaliou Rosa.

       Presidente da CEV-Rio, Rosa Cardoso antecipou
que o relatório final da comissão será apresentado 
em dezembro (Foto: Divulgação/AN)         
À luz do que já está sendo pleiteado pela Comissão Nacional da Verdade, a comissão estadual luta para que seja criado um órgão de segmento, depois do encerramento oficial das atividades, previsto para o dia 13 de novembro. A divulgação do relatório final está prevista para dezembro. “A intenção é que essas pesquisas não se encerrem. Há muitas questões ainda a serem reveladas e descobertas. Estamos no meio do processo de ‘Justiça de Transição’, que entre os pilares está o direito à memória”, acrescentou Rosa. 
Para presidente da CEV-Rio, o principal ponto a ainda se avançar é a judicialização das responsabilidades e autorias de crimes contra os direitos humanos, revelados pelas comissões da verdade. “Nosso processo de ‘Justiça de Transição’ não está esgotado. Ele está em pleno curso”, afirmou.
Acerco da CNV já está disponível ao público no Arquivo Nacional
Desde julho, o Arquivo Nacional ganhou a guarda permanente do acervo documental e de multimídia resultante das atividades da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que investigou, entre maio de 2012 e dezembro de 2014, as violações de direitos humanos cometidas durante a Ditadura Militar. O acervo reúne documentos, testemunhos de vítimas e familiares, depoimentos de agentes da repressão política, 47 mil fotografias, vídeos de audiências públicas, diligências e depoimentos, laudos periciais, croquis e plantas de instalações militares, livros, entre outros. Também há documentos de comissões da verdade estaduais, municipais e setoriais, arquivos de familiares de vítimas da repressão e documentos oriundos da cooperação com governos de países como Argentina, Alemanha, Chile, Estados Unidos e Uruguai.
Segundo o Arquivo Nacional, a instituição já iniciou as atividades de tratamento técnico do primeiro lote de documentos, recebido em 14 de julho. A partir da semana que vem será, gradualmente, disponibilizado o acesso à consulta dos documentos do acervo da CNV, no Sistema de informações do Arquivo Nacional – SIAN: http://www.an.gov.br/sian. Durante o processamento técnico, em fase de realização pelo Arquivo Nacional, o público poderá acessar parte significa do acervo produzido pela CNV no www.cnv.gov.br.
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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Correio IMS (Site de Correspondências do Instituto Moreira Salles) torna disponível cem cartas de 85 personalidades.


 Correio IMS (Site de Correspondências do Instituto Moreira Salles) torna disponível cem cartas de 85 personalidades.
   http://www.correioims.com.br/

Não se nega que correspondência postal virou coisa do passado, mas muitas das cartas que uma vez chegaram a mãos trêmulas, descontroladas pelos sentimentos mais diversos, atraem leitores de todo o mundo graças a edições em livros ou, modernamente, em diferentes mídias. Seja pelo vigor de uma emoção expressa em palavras comuns, seja pelo valor literário ou por seu conteúdo histórico, as cartas ajudam a compor a identidade de um povo e podem se revelar notáveis se escritas por um humilde soldado ou por um alto pensador.
No Brasil, ganharam também forma de crônica (Paulo Mendes Campos produziu várias) ou letra de música, como fizeram Noel Rosa e Chico Buarque. De uma maneira ou de outra, conservam o caráter de intimidade que o ato da publicação não destrói nem mesmo na carta aberta, de modo geral portadora de uma voz pessoal eloquente.
Por serem íntimas, costumam surpreender quando vêm a público, e, por exibir traços insuspeitados de seus autores, não podem ser sonegadas à história de um país. Sem divulgá-las, como saberíamos facilmente que o sóbrio jurista Rui Barbosa escreveu cartas tão apaixonadas à sua querida Maria Augusta? Que não bastou a Lucio Costa o talento de arquiteto, e ele também brilhou em extraordinárias descrições epistolares de cidades europeias? Que o pai de Nelson Freire, farmacêutico, se preocupou em registrar para a posteridade o momento em que mudou a vida da família para acompanhar o filho, ainda menino e já pianista? Que Tom Jobim tremeu nas bases diante da vaia de Sabiá e precisou do ombro de Chico Buarque? Que d. Amélia de Leuchtenberg, madrasta de d. Pedro II, foi capaz de expressar genuíno sentimento materno? Que amizade, para Otto Lara Resende, era assunto seriíssimo, tão sério que, com frequência, se converteu em tema de carta, reflexões e até mesmo de ciúmes?
Guardião de milhares de cartas em seu acervo de Literatura, o Instituto Moreira Salles não podia se furtar a percorrer a história cultural do país por meio das correspondências, pinçadas não só de seu acervo como de outros, disponibilizadas neste Correio IMS.
Nossa intenção é tornar a leitura acessível. Para tanto: a) indicamos sempre a fonte de publicação no rodapé; b) atualizamos a ortografia; c) assinalamos com nota do site (N.S.:) as intervenções no documento feitas pela edição do correio IMS e mantivemos as notas da edição-base indicando-as como nota da edição (N.E.:) ou nota do autor (N.A.:); d) adotamos colchetes nos cabeçalhos das cartas para indicar que um local ou data não constam do documento original e, como resultado de pesquisa, foram atribuídos por nós.
http://www.correioims.com.br/ - Elvia Bezerra / Coordenadora de Literatura do Instituto Moreira Salles
          
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sábado, 8 de agosto de 2015

MEC vai investir em projeto de resgate e registro da história do Brasil

FONTE: Por Mariana Tokarnia Edição: Jorge Wamburg Fonte: Agência Brasil

O Ministério da Educação (MEC) vai financiar pelo menos 20 biografias de pessoas e grupos que influenciaram a história do Brasil e pesquisas sobre conflitos sociais. Em conjunto com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a pasta lançou hoje (29) dois editais que destinarão até R$ 300 mil por projeto, que poderão ser usados nas escolas.

Os editais são voltados para pesquisadores e grupos de pesquisa de instituições de educação superior e institutos de pesquisa brasileiros, públicos e particulares, que tenham mestrado ou doutorado recomendados pela Capes. As inscrições poderão ser feitas até o dia 28 de outubro.
"Essa é uma iniciativa que a Capes adota: induzir programas de pós-graduação a fazer pesquisas em áreas de ponta. Essas pesquisas já cobriram muitas áreas, áreas científicas, tecnológicas, de inovação, e continuarão cobrindo. Mas é importante que cubram também áreas que tem a ver com o desenvolvimento do Brasil", disse o ministro da Educação, Renato Janine.
Segundo o ministro, os editais destinarão às pesquisas um total de R$ 5 milhões, que começarão a ser pagos no ano que vem. "Vivemos um momento difícil da economia brasileira, momento que temos que fazer o máximo com recursos que se tornaram menores do que desejávamos. Neste momento estamos dando um sinal, pela Capes e pelo MEC, de que é possível fazer propostas boas", acrescentou.
O edital sobre biografias é voltado para pesquisas sobre pessoas ou grupos que tenham influenciado a história do Brasil republicano, a partir de 1889. Já o edital sobre conflitos históricos vai incentivar a produção de livros que enfoquem revoltas, rebeliões populares, lutas armadas, manifestações populares, entre outros conflitos, também a partir de 1889.
As pesquisas serão publicadas em livros, que poderão ser usados nas escolas.
"Os nossos livros para o ensino fundamental e médio têm que estar sempre alinhados com o que houver de melhor de pesquisa nas áreas. Estão se estamos fazendo história do Brasil, tudo que se descobre de história do Brasil agora tem que entrar no que uma criança um adolescente venha a saber", disse Janine.
Os editais estão disponíveis na página da Capes.

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