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segunda-feira, 11 de abril de 2011

** Empatia no olhar

 
Empatia no olhar
O Brasil no olhar de William James 
mostra perspectiva singular sobre a 
sociedade brasileira do século 19
apresentada em desenhos, diários 
e cartas do filósofo norte-americano
(reprodução)


Empatia no olhar

11/4/2011
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – Em 1865, uma expedição liderada pelo cientista natural suíço Louis Agassiz (1807-1873), da Universidade de Harvard (Estados Unidos), percorreu o Brasil durante 15 meses, com objetivos científicos.
Entre os coletores voluntários que participaram da expedição estava um estudante de medicina de 23 anos de idade, William James (1842-1910), que mais tarde se tornaria um dos mais influentes pensadores norte-americanos, conhecido principalmente como um dos formuladores da filosofia do pragmatismo.
Organizado pela professora Maria Helena Toledo Machado, do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), o livro O Brasil no olhar de William James aborda a grande quantidade de escritos e desenhos produzidos pelo jovem James durante a expedição.
Diferentemente dos registros de viagem típicos do período, o material deixado por James revela um viajante sensível e empático, capaz de captar perspectivas singulares da natureza e da sociedade do Brasil.
O livro foi lançado no dia 7 de abril no Centro Universitário Maria Antônia da USP, durante a abertura da exposição Rastros e raças de Louis Agassiz: fotografia, corpo e ciência, que reúne uma série de fotografias obtidas durante a expedição sobre tipos raciais brasileiros.
Lançado originalmente nos Estados Unidos em edição bilíngue, em 2006, pela editora da Universidade de Harvard com o título Brazil through the eyes of William James, o livro é resultado de uma pesquisa iniciada por Machado em 2003, nas bibliotecas e arquivos de Harvard, com apoio da FAPESP na modalidade Bolsa de Pesquisa no Exterior.
A pesquisa teve continuidade em 2004 com apoio institucional do David Rockefeller Center for Latin American Studies, da Universidade de Harvard, no qual a cientista permaneceu como Brazilian Visiting Fellow, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 2006, a pesquisadora teve nova Bolsa da FAPESP em Harvard.
O livro foi acolhido com simpatia no ambiente acadêmico norte-americano, especialmente entre especialistas na obra de William James e interessados em filosofia, história das expedições científicas, ideias raciais e história das ciências.
"A documentação produzida por James durante a expedição é notavelmente original, em relação à gama de escritos de viagem do século 19. Enquanto a maior parte dos viajantes tem uma postura de distanciamento ao mesmo tempo etnocêntrica e paternalista, pressupondo uma ausência de significado social nos países exóticos, ele é extremamente empático e reflexivo", disse a autora à Agência FAPESP.
A perspectiva do jovem James também contrastava de forma impressionante com o viés expresso pela própria expedição. Agassiz, fundador do Museu de Zoologia Comparada da Universidade de Harvard, tinha a intenção de coletar espécimes de peixes e dados sobre sua distribuição geográfica em várias partes do Brasil, a fim de contestar a teoria da evolução de Charles Darwin, à qual ele se opunha frontalmente.
Durante a viagem – conhecida como Expedição Thayer, por ter sido financiada pelo magnata Nathaniel Thayer –, Agassiz se interessou também pelo estudo da população, tomando a iniciativa de documentar tipos raciais brasileiros por meio da fotografia a fim de avaliar resultados da miscigenação. O trabalho é um dos principais registros fotográficos do Brasil no século 19.
"Agassiz era um criacionista, e o enfoque científico e racial da expedição, um tanto retrógrado. Mas isso não afetou a visão de James. Altamente sensível, ele desenvolveu uma característica que defini como 'empatia' e que se manifestaria mais tarde ao longo de toda a sua obra. Ele mostrou uma grande capacidade de entender o mundo a partir da visão do outro. Em vez da abordagem paternalista, 'piedosa', comum entre os viajantes da época, ele se envolvia de fato com as pessoas e conseguia compreender as diferenças profundas dessa sociedade desconhecida", afirmou Machado.
Miscigenação
De acordo com a historiadora, as posições mostradas por James em seus registros da expedição se refletiriam ao longo de toda a vida do pensador. Mais tarde, ele lutaria contra o imperialismo, defenderia o darwinismo, iria se tornar adepto do relativismo – o que lhe renderia muitas críticas – e desenvolveria a noção de fluxo de pensamentos.
"Todas essas ideias são coerentes com sua maneira de abordar a realidade, manifesta durante passagem pelo Brasil. Em seus escritos, ele desconstrói a visão do exótico, do outro incompreensível, do estrangeiro alheio aos códigos da vida social", disse Machado.
A pesquisadora conta que pretende agora trabalhar na catalogação completa das fotos da Expedição Thayer, a fim de produzir um livro sobre toda a coleção fotográfica de Agassiz.
"A ideia é incluir todos os aspectos da expedição, mas com foco na coleção fotográfica, que é muito significativa. O problema da raça acabou se tornando a faceta mais importante da expedição e quero partir do acervo fotográfico para investigar como essa questão foi pensada por Agassiz e como ele enxergava o Brasil como o lugar ideal para estudar a suposta degeneração racial da miscigenação", disse. 
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Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

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** O despreparo dos pracinhas e do Brasil

 
O despreparo dos pracinhas e do Brasil 

JOÃO BARONE


Ao desprezar a história da FEB na Segunda Guerra, o Brasil seguirá despreparado para assumir seu lugar, seja lá qual for, onde quer que seja



Entre os conhecedores da incrível saga que foi a participação do Brasil na Segunda Guerra, existe uma história que é exemplo dos muitos paradoxos que envolvem o tema. Quando os ex-combatentes eram abordados por jornalistas ou documentaristas buscando algum fato sobre a participação do Brasil na guerra, começavam a entrevista com uma pergunta ao entrevistador: "Mas o senhor vai falar bem ou vai falar mal da FEB?". 
Acredito que a maioria dos ex-combatentes que leram a matéria da Folha sobre o despreparo dos pracinhas ("Pracinhas foram à 2ª Guerra sem preparo", Poder, 3/4) deve ter achado que ela era "uma matéria contra a FEB". 
Para o público em geral, o mesmo artigo deixou dúvidas se o esforço empreendido para essa façanha valeu ou não. Por outro lado, serviu para tirar da toca aqueles que, como eu, acreditam que esse esforço não foi em vão. 
Depois de sofrer com a guerra e de provar que o brasileiro tem fibra e coragem no campo de batalha, os ex-combatentes brasileiros, ao contrário dos ex-combatentes de outras nações, foram esquecidos e -pior- depreciados em seu próprio país. As desculpas para tal gafe são sempre as mesmas: fomos joguete nas mãos dos Estados Unidos e o brasileiro não tem memória. 
Longe de qualquer tentativa ufanista de enaltecer a participação do Brasil na Segunda Guerra, é preciso entender aquela época, avaliar o que aconteceu, como a parceria Vargas-Roosevelt, os torpedeamentos dos navios brasileiros pelos nazistas e a tentativa de incluir o Brasil no bonde da modernidade, no momento em que se desenhava a ONU e uma nova ordem mundial. 
Pano rápido. Durante seus oito anos de mandato, o ex-presidente Lula esteve por diversas vezes na Itália e não se preocupou em visitar uma única vez o solene Monumento Votivo na cidade de Pistoia, que foi erigido em honra aos 470 brasileiros que morreram em combate na guerra. Isso retrata bem o desconhecimento que o brasileiro comum tem dessa passagem importante da nossa história.
Meu pai, que foi um dos 25 mil pracinhas, pouco falava sobre seus dias no front. Os que lutaram preferiram esquecer. Nós é que não podemos nos esquecer, pois seria invalidar esse esforço. Se foram vítimas da política, dos interesses econômicos, se estavam despreparados, pouco importa. O Brasil lutou. Se foi preciso ou não, podemos discutir isso até hoje, à luz da democracia, que inclusive voltou ao Brasil depois da guerra. 
O fato é que lutamos. Muitos países que lutaram contra a tirania nazista estavam despreparados. Mas o Brasil foi lá, cruzou o Atlântico, numa verdadeira epopeia, tentando entrar a fórceps na modernidade. Só isso já seria motivo para entender o que aconteceu e validar o sacrifício de quem esteve sob fogo de metralhas e canhões nazistas. 
Voltando um pouco no tempo, o presidente americano Roosevelt prometeu à Vargas um lugar de destaque para o Brasil na ONU, o que não aconteceu. Até hoje estamos esperando uma cadeira no Conselho de Segurança, depois de mandar tropas ao Suez, ao Timor Leste e ao Haiti. Ao desprezar a história da FEB na Segunda Guerra, o Brasil vai continuar despreparado para assumir seu lugar, seja lá qual for, onde quer que seja. Viva a FEB! 

JOÃO BARONE baterista da banda "Os Paralamas do Sucesso", produziu o documentário "Um Brasileiro no Dia D" e prepara um documentário e um livro sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra.


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Fabrício Augusto Souza Gomes






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