| Dirigente do PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB). 
 
 Era filho de        Benedito Ribeiro e Maria Natalícia de Souza Ribeiro. Nasceu em Teófilo        Otoni, no dia 24 de setembro de 1924 numa família grande: Wanda, Walmira,        Analice, Geraldo,Valdir e Conceição eram seus irmãos.
 
 
 Desaparecido        desde 1974.
 
 
 Fez o curso primário numa escola pública de Teófilo        Otoni e o ginásio em Conceição do Mato Dentro. Resolveu ser oficial do        Exército, entrando para o Curso Preparatório de Cadetes da Academia        Militar das Agulhas Negras. Pessoas que com ele conviveram e que o        conheceram de perto descrevem-no como encantador, inteligente, excelente        amigo, fiel companheiro e muito bom pai.
 
 
 Sua família morava em        Governador Valadares, quando Walter saiu de casa em busca de formação        profissional. Casou-se com Adalcy Byrro Ribeiro, filha de uma família de        comerciantes em Governador Valadares e com ela teve três filhos: Marcos,        Marina e Marcelo.
 
 
 Foi reformado como oficial do Exército pela Lei        n° 1.507-A, de 28 de janeiro de 1950, por incompatibilidade com o        oficialato. Foi considerado como "incompatibilidade" o fato de Walter        haver assinado documento pela paz mundial, contra o uso de armas atômicas        e o envio de tropas brasileiras para a guerra da Coréia.
 
 
 Walter        desapareceu no dia 3 de abril de 1974, em São Paulo. Quando desapareceu, a        primeira reação de D. Adalcy foi pensar em acidente; em seguida chegou à        conclusão de que seu seqüestro e desaparecimento poderia ter sido mais uma        arbitrariedade da polícia política implacável e violenta. A peregrinação        da família começou, então, na tentativa de encontrar o esposo e pai.        Marina, sua filha, procurou pelo pai, colocando anúncios nos jornais.        Foram feitos contatos com a Ordem dos Advogados do Brasil e Conferência        Nacional dos Bispos do Brasil que, através de D. Paulo Evaristo Arns,        conseguiu uma audiência de dez famílias de presos políticos com o General        Golbery do Couto e Silva. O General Golbery prometeu a Adalcy e aos outros        familiares que, no prazo máximo de um mês, daria uma resposta sobre o        paradeiro de Walter, o que não aconteceu no tal prazo, nem nunca. A única        reação do governo viria um pouco depois, de forma fulminante, quando, em        fevereiro de 1975, o Ministro da Justiça, Armando Falcão divulgou nota        sobre os presos políticos, em que acusava Walter de subversivo e indigno        para o oficialato, dizendo haver contra ele um mandado de prisão expedido        pela 2ª Auditoria da 2ª Circunscrição da Justiça Militar em 1970, e que        ele se encontrava foragido.
 
 
 Indignada com a nota do Ministro,        Aldacy manifestou-se protestando, veementemente, contra as calúnias e        apresentando fatos documentais que desmentiam o Ministro, uma vez que        havia sido expedida pela 2ª Auditoria do Exército de São Paulo certidão        negativa que atestava a boa conduta de seu marido. Assim ela se        manifestou:
 
 
 "A nota é caluniosa também quando diz que meu marido        foi expulso do Exército como indigno. Não existe, até agora, que seja do        meu conhecimento e dos meus filhos, nenhuma expulsão e sim reforma pela        lei n° 1507-A, de 28 de janeiro de 1950, por incompatibilidade para o        oficialato... A reforma de um oficial por incompatibilidade não significa        indignidade, conforme declarou o Ministro Falcão. Nossa dor já era        demasiadamente grande pelo dramático desaparecimento do chefe da nossa        família para suportar ainda o peso da difamação que o ministro nos impôs        através de toda a imprensa nacional."
 
 
 Para a família de Walter, seu        desaparecimento, além de revolta e angústia, significou grandes privações        inclusive financeiras, uma vez que não podia, ao menos, receber o soldo a        que tinha direito, pois não possuía atestado de óbito.
 
 
 Anos após        seu desaparecimento, a família de Walter continuou sua busca através de        advogados e da Comissão de Justiça e Paz da CNBB.
 
 
 De acordo com        declarações do ex-sargento Marival Dias Chaves do Canto à revista "Veja"        de 18 de novembro de 1992, Walter de Souza Ribeiro foi capturado pelo        DOI/CODI em São Paulo e levado para o Rio de Janeiro, onde foi assassinado        e esquartejado, sendo as partes de seu corpo enterradas em lugares        diferentes, para não ser identificado. Essa prática monstruosa foi muito        utilizada pela polícia política, naquela época, contra militantes        políticos.
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 + detalhes
 
 Walter de Souza Ribeiro era mineiro de Teófilo Otoni e        começou seus estudos numa escola pública daquela cidade. Fez o ginasial em         Conceição do Mato Dentro e ingressou no Curso Preparatório de Cadetes        da Academia Militar das Agulhas Negras, tornando-se 2º tenente em 1950. Sua família morava em Governador Valadares (MG) quando        saiu de casa em busca de formação profissional. Casou-se com Adalcy Byrro Ribeiro, com quem teve três filhos: Marcos, Marina e        Marcelo. Foi reformado como oficial do Exército, em 1951, por ter        assinado um manifesto contra o uso de armas atômicas e contra o envio de        tropas brasileiras para a Guerra da Coréia. A exclusão utilizou        como motivo "incompatibilidade" para o oficialato. Em 1959 mudou-se        para Brasília, ainda em construção, trabalhando como funcionário        da Novacap até abril de 1964, quando foi demitido por força do primeiro        Ato Institucional. Documentos dos órgãos de segurança o citam        como integrante do Comitê Central do PCB e registra uma viagem que        teria feito a Cuba em 1963, além de ter sido responsável por        cursos de formação política no partido. 
 Após o seu desaparecimento, a família conseguiu        colocar anúncios nos jornais denunciando o fato e participou do encontro        dos familiares com o general Golbery. Na resposta do governo, divulgada        somente em fevereiro de 1975, a desastrada nota do ministro da Justiça   Armando Falcão acusou Walter de ser subversivo, de ser        indigno para o oficialato e que havia contra ele mandado de prisão        expedido  desde 1970, estando foragido. Indignada com a nota do Ministro, Aldacy protestou contra as        calúnias, apresentando documentos que desmentiam o ministro. Havia  sido expedida pela 2ª Auditoria do Exército de São Paulo certidão        negativa que atestava boa conduta de seu marido. Em seu protesto  Aldacy escreveu: "A        nota é caluniosa também quando diz que meu marido foi expulso do Exército        como indigno. Não existe, até agora, que seja  do meu conhecimento e dos meus filhos,        nenhuma expulsão e sim reforma pela lei n. 1507-A, de 28 de janeiro de        1950, por incompatibilidade para o oficialato... A        reforma de um oficial por incompatibilidade não significa indignidade,        conforme declarou o  ministro Falcão. Nossa dor já era        demasiadamente grande pelo dramático desaparecimento do chefe da nossa        família para suportar  ainda o peso da difamação que o ministro        nos impôs através de toda a imprensa nacional". Para a família de Walter, seu desaparecimento, além de        revolta e angústia, significou grandes privações inclusive financeiras,        uma vez que viúva e filhos não podiam sequer receber o soldo a que        tinham direito, uma vez que não existia atestado de óbito. O jornalista Elio Gaspari colhe vários depoimentos, em A        Ditadura Derrotada, examinando a possibilidade de existir algum agente        infiltrado no PCB naquele período como explicação para os cinco        desaparecimentos ocorridos no início do governo Geisel. Ouviu do dirigente         Givaldo Siqueira que ele estava desconfiado da possibilidade        de Walter de Souza Ribeiro estar "campanado". Segue a reconstrução de  Gaspari: 
 "No dia 3 de abril, Ribeiro saiu de uma reunião numa casa em        cuja vizinhança havia pessoas consertando a fiação de postes. Foi a um   'ponto' conversar com Luís Inácio Maranhão. Ex-deputado        estadual no Rio Grande do Norte, defensor da anticandidatura de Ulysses         Guimarães à Presidência da República e amigo do cardeal        Eugênio Sales, Maranhão era uma espécie de chanceler do Partidão.  Encarregava-se dos contatos com parlamentares e com a        Igreja. Também iria a esse encontro João Massena Mello, ex-deputado  estadual carioca e veterano agitador sindical do PCB. Pagara        três anos de cadeia e estava em liberdade fazia pouco mais de um ano.  Sumiram todos.(...) Em 1992 um ex-sargento do Exército, Marival Chaves Dias do        Canto, narrou ao repórter Expedito Filho, da revista Veja, uma parte de         seus sete anos de serviço na máquina de repressão militar em        São Paulo. Segundo ele, Luís Maranhão e João Massena acabaram num  cárcere montado numa fazenda da estrada da Granja 20, em        Itapevi. Liquidaram-nos com injeções de uma droga destinada a matar  cavalos e jogaram seus corpos num rio. Walter de Souza        Ribeiro, David Capistrano e José Roman foram levados para a casa que o CIE         mantinha em Petrópolis.Esquartejaram-nos". |