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domingo, 13 de fevereiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Wálter de Souza Ribeiro -XXXII-

Carta O Berro..........................................................repassem



Wálter de Souza Ribeiro

 
Dirigente do PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB).


Era filho de Benedito Ribeiro e Maria Natalícia de Souza Ribeiro. Nasceu em Teófilo Otoni, no dia 24 de setembro de 1924 numa família grande: Wanda, Walmira, Analice, Geraldo,Valdir e Conceição eram seus irmãos.


Desaparecido desde 1974.


Fez o curso primário numa escola pública de Teófilo Otoni e o ginásio em Conceição do Mato Dentro. Resolveu ser oficial do Exército, entrando para o Curso Preparatório de Cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras. Pessoas que com ele conviveram e que o conheceram de perto descrevem-no como encantador, inteligente, excelente amigo, fiel companheiro e muito bom pai.


Sua família morava em Governador Valadares, quando Walter saiu de casa em busca de formação profissional. Casou-se com Adalcy Byrro Ribeiro, filha de uma família de comerciantes em Governador Valadares e com ela teve três filhos: Marcos, Marina e Marcelo.


Foi reformado como oficial do Exército pela Lei n° 1.507-A, de 28 de janeiro de 1950, por incompatibilidade com o oficialato. Foi considerado como "incompatibilidade" o fato de Walter haver assinado documento pela paz mundial, contra o uso de armas atômicas e o envio de tropas brasileiras para a guerra da Coréia.


Walter desapareceu no dia 3 de abril de 1974, em São Paulo. Quando desapareceu, a primeira reação de D. Adalcy foi pensar em acidente; em seguida chegou à conclusão de que seu seqüestro e desaparecimento poderia ter sido mais uma arbitrariedade da polícia política implacável e violenta. A peregrinação da família começou, então, na tentativa de encontrar o esposo e pai. Marina, sua filha, procurou pelo pai, colocando anúncios nos jornais. Foram feitos contatos com a Ordem dos Advogados do Brasil e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que, através de D. Paulo Evaristo Arns, conseguiu uma audiência de dez famílias de presos políticos com o General Golbery do Couto e Silva. O General Golbery prometeu a Adalcy e aos outros familiares que, no prazo máximo de um mês, daria uma resposta sobre o paradeiro de Walter, o que não aconteceu no tal prazo, nem nunca. A única reação do governo viria um pouco depois, de forma fulminante, quando, em fevereiro de 1975, o Ministro da Justiça, Armando Falcão divulgou nota sobre os presos políticos, em que acusava Walter de subversivo e indigno para o oficialato, dizendo haver contra ele um mandado de prisão expedido pela 2ª Auditoria da 2ª Circunscrição da Justiça Militar em 1970, e que ele se encontrava foragido.


Indignada com a nota do Ministro, Aldacy manifestou-se protestando, veementemente, contra as calúnias e apresentando fatos documentais que desmentiam o Ministro, uma vez que havia sido expedida pela 2ª Auditoria do Exército de São Paulo certidão negativa que atestava a boa conduta de seu marido. Assim ela se manifestou:


"A nota é caluniosa também quando diz que meu marido foi expulso do Exército como indigno. Não existe, até agora, que seja do meu conhecimento e dos meus filhos, nenhuma expulsão e sim reforma pela lei n° 1507-A, de 28 de janeiro de 1950, por incompatibilidade para o oficialato... A reforma de um oficial por incompatibilidade não significa indignidade, conforme declarou o Ministro Falcão. Nossa dor já era demasiadamente grande pelo dramático desaparecimento do chefe da nossa família para suportar ainda o peso da difamação que o ministro nos impôs através de toda a imprensa nacional."


Para a família de Walter, seu desaparecimento, além de revolta e angústia, significou grandes privações inclusive financeiras, uma vez que não podia, ao menos, receber o soldo a que tinha direito, pois não possuía atestado de óbito.


Anos após seu desaparecimento, a família de Walter continuou sua busca através de advogados e da Comissão de Justiça e Paz da CNBB.


De acordo com declarações do ex-sargento Marival Dias Chaves do Canto à revista "Veja" de 18 de novembro de 1992, Walter de Souza Ribeiro foi capturado pelo DOI/CODI em São Paulo e levado para o Rio de Janeiro, onde foi assassinado e esquartejado, sendo as partes de seu corpo enterradas em lugares diferentes, para não ser identificado. Essa prática monstruosa foi muito utilizada pela polícia política, naquela época, contra militantes políticos.
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+ detalhes
Walter de Souza Ribeiro era mineiro de Teófilo Otoni e começou seus estudos numa escola pública daquela cidade. Fez o ginasial em
Conceição
do Mato Dentro e ingressou no Curso Preparatório de Cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras, tornando-se 2º tenente em
1950. Sua família morava em Governador Valadares (MG) quando saiu de casa em busca de formação profissional. Casou-se com Adalcy
Byrro Ribeiro, com quem teve três filhos: Marcos, Marina e Marcelo.
Foi reformado como oficial do Exército, em 1951, por ter assinado um manifesto contra o uso de armas atômicas e contra o envio de tropas
brasileiras para a Guerra da Coréia. A exclusão utilizou como motivo "incompatibilidade" para o oficialato. Em 1959 mudou-se para
Brasília, ainda em construção, trabalhando como funcionário da Novacap até abril de 1964, quando foi demitido por força do primeiro Ato
Institucional. Documentos dos órgãos de segurança o citam como integrante do Comitê Central do PCB e registra uma viagem que teria
feito a Cuba em 1963, além de ter sido responsável por cursos de formação política no partido.

Após o seu desaparecimento, a família conseguiu colocar anúncios nos jornais denunciando o fato e participou do encontro dos familiares
com o general Golbery. Na resposta do governo, divulgada somente em fevereiro de 1975, a desastrada nota do ministro da Justiça
Armando Falcão acusou Walter de ser subversivo, de ser indigno para o oficialato e que havia contra ele mandado de prisão expedido
desde 1970, estando foragido.
Indignada com a nota do Ministro, Aldacy protestou contra as calúnias, apresentando documentos que desmentiam o ministro. Havia sido
expedida pela 2ª Auditoria do Exército de São Paulo certidão negativa que atestava boa conduta de seu marido. Em seu protesto Aldacy
escreveu: "A nota é caluniosa também quando diz que meu marido foi expulso do Exército como indigno. Não existe, até agora, que seja
do meu conhecimento e dos meus filhos, nenhuma expulsão e sim reforma pela lei n. 1507-A, de 28 de janeiro de 1950, por
incompatibilidade para o oficialato... A reforma de um oficial por incompatibilidade não significa indignidade, conforme declarou o
ministro Falcão. Nossa dor já era demasiadamente grande pelo dramático desaparecimento do chefe da nossa família para suportar
ainda o peso da difamação que o ministro nos impôs através de toda a imprensa nacional".
Para a família de Walter, seu desaparecimento, além de revolta e angústia, significou grandes privações inclusive financeiras, uma vez que
viúva e filhos não podiam sequer receber o soldo a que tinham direito, uma vez que não existia atestado de óbito.
O jornalista Elio Gaspari colhe vários depoimentos, em A Ditadura Derrotada, examinando a possibilidade de existir algum agente infiltrado
no PCB naquele período como explicação para os cinco desaparecimentos ocorridos no início do governo Geisel. Ouviu do dirigente
Givaldo Siqueira que ele estava desconfiado da possibilidade de Walter de Souza Ribeiro estar "campanado". Segue a reconstrução de
Gaspari:

"No dia 3 de abril, Ribeiro saiu de uma reunião numa casa em cuja vizinhança havia pessoas consertando a fiação de postes. Foi a um
'ponto' conversar com Luís Inácio Maranhão. Ex-deputado estadual no Rio Grande do Norte, defensor da anticandidatura de Ulysses
Guimarães à Presidência da República e amigo do cardeal Eugênio Sales, Maranhão era uma espécie de chanceler do Partidão.
Encarregava-se dos contatos com parlamentares e com a Igreja. Também iria a esse encontro João Massena Mello, ex-deputado
estadual carioca e veterano agitador sindical do PCB. Pagara três anos de cadeia e estava em liberdade fazia pouco mais de um ano.
Sumiram todos.(...)
Em 1992 um ex-sargento do Exército, Marival Chaves Dias do Canto, narrou ao repórter Expedito Filho, da revista Veja, uma parte de
seus sete anos de serviço na máquina de repressão militar em São Paulo. Segundo ele, Luís Maranhão e João Massena acabaram num
cárcere montado numa fazenda da estrada da Granja 20, em Itapevi. Liquidaram-nos com injeções de uma droga destinada a matar
cavalos e jogaram seus corpos num rio. Walter de Souza Ribeiro, David Capistrano e José Roman foram levados para a casa que o CIE
mantinha em Petrópolis.
Esquartejaram-nos".

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