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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Biografia do Padre Antonil.

  19/07/2012
Antônio Vieira: jesuíta, escritor e diplomata
Biografia e reunião de textos mostram a personalidade e a genialidade do jesuíta, suas lutas e as inverdades sobre ele

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O padre jesuíta Antônio Vieira foi, acima de tudo, um dos maiores letrados da língua portuguesa. Escrevia e falava com clareza e desenvoltura. Tinha uma vasta cultura, como poucos em sua época. Discorria pela literatura, história, filosofia e teologia, e desenvolveu, ainda mais, os estudos aplicados nos colégios dos jesuítas. Seus sermões eram acompanhados por pessoas de diferentes classes sociais e atiçavam a imaginação, já que usava os mais diversos recursos de linguagem. O jesuíta apoiava seus sermões em textos ou passagens bíblicas, mas sempre com um estilo claro, forte e unificado. Seu objetivo era induzir os ouvintes a uma reflexão que os orientasse a tomar atitudes contra as mazelas do mundo, que necessitavam da ação humana para serem corrigidas.
Por ter um texto tão primoroso, sobretudo os sermões, cuja primeira publicação foi preparada cuidadosamente pelo próprio Vieira na Bahia, na última fase da vida, Fernando Pessoa o chamou de "Imperador da língua portuguesa". Vieira era um escritor barroco, mestre nas palavras ao estilo cultista e na construção de ideias à moda conceptista. Ele usou a força das metáforas e contrastes na construção dos argumentos. Dizia que as palavras de um sermão deveriam ser tão claras e altas como as estrelas. Tão claras que qualquer um as entendesse e tão altas que dessem o que pensar aos mais versados. Uma lição de método.
Mas só se conhece Vieira, lendo Vieira. Esse homem de personalidade forte e poderosa e intelecto excepcional, que inspirou tantos outros conhecedores da língua portuguesa, é retratado em dois livros, lançados no final do ano passado pela editora Companhia das Letras: a biografia Antônio Vieira, escrita pelo historiador Ronaldo Vainfas (foto), e uma coletânea de sermões e textos do missionário intitulada Essencial Padre Antônio Vieira, organizada por Alfredo Bosi.
Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e mudou-se com toda a família para Salvador aos 6 anos. Foi educado em colégio jesuíta e aos 15 anos, entrou para o noviciado da Companhia de Jesus. Ficou conhecido por suas pregações. Acompanhou as invasões holandesas e a tomada de Pernambuco e pregou em favor da resistência. Quando voltou a Portugal, foi conselheiro do rei, lutou contra a Inquisição e defendeu o direito dos judeus e cristãos-novos. De volta ao Brasil, enfrentou colonos. Depois de outras missões em países da Europa, Pe. Vieira voltou a Salvador, onde morreu aos 89 anos, trabalhando na organização de seus textos proféticos e sermões.
O padre português teve uma forte ligação com o Brasil. De acordo com o historiador Ronaldo Vainfas, ele foi um dos protagonistas mais destacados da história do país. Dirigiu as missões no Maranhão (1653-1661), enfrentou os colonos que escravizavam os índios e organizou a cultura e espiritualidade jesuítica na região. O Brasil viu nesse homem qualidades exemplares, como o  desinteresse pessoal, trato humano dos humildes e oprimidos — em especial os índios, os cristãos-novos e os escravos negros — e a integridade e honestidade nos negócios públicos. Lições para o Brasil de hoje.
"Sua luta contra os colonos foi tamanha que ele acabou expulso, com os demais jesuítas. Mas a obra jesuítica já estava então enraizada e seguiria seu rumo até o meado do século seguinte", conta o historiador Ronaldo Vainfas.
Vieira também teve um papel diplomático e político e se envolveu em intrigas palacianas quando voltou a Lisboa, em 1641, num relevante momento da história portuguesa: Portugal recuperava o trono, com D. João IV, depois de 60 anos de domínio espanhol. Nesse momento, o jesuíta se tornou um importante conselheiro do rei, que não era reconhecido nem pela Coroa espanhola nem pela Igreja, segundo a biografia. Após a morte de D. João IV, ele se manteve afastado do reinado e só voltou à cena, também como conselheiro de Estado, quando D. Pedro, filho mais novo do rei, é aclamado ao trono.
Uma de suas maiores batalhas foi lutar contra a Inquisição a favor dos cristãos-novos portugueses. Segundo a biografia, mesmo depois de processado pelo Santo Ofício, Vieira prosseguiu com a luta e, nos anos 1670, conseguiu fazer com que o Papa assinasse a suspensão da Inquisição portuguesa por alguns anos.
O historiador descreve o jesuíta como uma figura enigmática e contraditória nas histórias de Brasil e Portugal, isso porque, no campo da política, Vieira era um tanto impulsivo e, às vezes, mudava radicalmente de opinião devido a uma situação.
"Ele chegou a sugerir a abdicação do rei D. João IV em favor do filho D.Teodósio, que casaria com uma princesa de França, tudo para conseguir o apoio francês na guerra de restauração contra a Espanha. Logo ele, Vieira, que se esmerou em legitimar D. João IV como o rei esperado pelos portugueses, o rei profetizado pelo sapateiro Bandarra (Gonçalo Annes Bandarra, sapateiro e profeta português e autor de Trovas messiânicas) em suas trovas. Mas tanto essa como outras gestões foram assumidas por força das circunstâncias e com a anuência do rei", completa Vainfas.
Muitos mitos e inverdades surgiram em torno da figura de Vieira. Segundo a biografia de Vainfas, a maior de todas essas falsas histórias sobre o jesuíta foi a proposta de "entrega do Brasil" aos holandeses, em 1648, no parecer conhecido como "Papel Forte". Na época Vieira foi acusado de estar "vendido" aos holandeses, ao lado do embaixador Francisco de Souza Coutinho. Na verdade, Vieira propôs a entrega das capitanias açucareiras aos holandeses, porque, tendo acompanhado as negociações em Haia, estava convencido de que os holandeses declarariam guerra a Portugal, bloqueando o Tejo, caso a Coroa não reprimisse a revolta pernambucana.
"Vieira considerava impossível combater em duas frentes: a dos espanhóis na guerra de restauração peninsular e a dos holandeses no mar. Por isso, ele propôs a entrega de Pernambuco. A história demonstrou que Vieira estava errado, superestimando a força dos holandeses e subestimando a capacidade dos insurretos. Mas tudo o que ele fez neste assunto foi tentar preservar a soberania de Portugal e o reinado de D. João IV", conta o historiador.
Este texto não mostra, nem de longe, a figura excepcional de Vieira. O jesuíta é um dos nomes de maior projeção na literatura mundial. E a extensão de sua obra só pode ser conhecida através de seus textos. Seus sermões devem ser leitura indispensável a todos os que querem conhecer a arte de bem argumentar.




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