Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

** Casas importadoras ajudaram a transformar a cidade de Santos

 
Casas importadoras ajudaram a transformar a cidade de Santos

No final do século XIX, importador foi figura importante na cidade de Santos

A cidade de Santos ao final do século XIX não foi somente um intermediário do comércio do café com o mundo, mas também recebeu uma figura histórica muito importante: o importador. Em sua pesquisa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, a pesquisadora e professora Carina Marcondes Ferreira Pedro mostra que as casas importadoras tiveram papel fundamental na cidade.
Os importadores recebiam produtos vindos da Europa e vendiam para comerciantes, que os revendiam para outras cidades do estado, como São Paulo, ou mesmo em Santos. Segundo a pesquisadora, o contexto do período foi propício para essa atividade, pois o estado de São Paulo se sustentava com a produção de café. No entanto, a sua indústria era insipiente e, conforme cresciam as cidades enriquecidas com o café, mais produtos eram importados da Europa.
Nesse processo, as casas importadoras colaboraram na transformação de Santos. "Eles (os importadores) intervieram muito na cidade, na organização das ruas. Por atuarem em Santos, acabavam tendo grande influência", comenta Carina.
A pesquisadora aponta que uma das intervenções deles veio pela exigência de investimentos no porto. Em 1892, é inaugurado o primeiro trecho do porto de Santos; antes havia pontes de madeira onde atracavam os barcos e navios, e depois elas foram trocadas por um acostamento linear em amurada. As pontes de madeira tinham o empecilho de impedirem a entrada de embarcações maiores.
Antes do porto, os importadores colaboraram para a instalação de bondes ao longo da década de 1870. Eles reivindicaram na Câmara Municipal a iluminação pública da cidade e também agiam localmente nas ruas e quarteirões onde ficavam seus escritórios, como ao alargar as ruas para melhorar a passagem dos transportes. Carina explica que as mudanças visavam o próprio benefício deles, mas acabava também atingindo a população: "Era uma atividade (dos importadores) que precisava das melhorias para se realizar".
Além disso, por precisarem trabalhar com o porto, eles impulsionaram o desenvolvimento de Santos para o litoral. "A cidade de Santos antes era mais localizada no centro antigo, em Valongo. Depois de 1905, o perfil da região muda, expandindo a cidade para o litoral, com mais pessoas morando perto da praia", conta.
Perfil dos importadores
Na pesquisa, a professora detalhou quem era os donos das casas importadoras, as atividades que exerciam e os produtos que importavam. Ela constatou que quase todos os importadores no período estudado (de 1870 a 1900) eram estrangeiros, de diferentes países da Europa, como Inglaterra, França e Alemanha. "Por virem de fora e trabalharem aqui, eles conheciam profundamente a economia europeia e local. Os brasileiros não tinham condições de fazer isso porque não possuíam contatos suficientes lá fora", observa Carina.
Os importadores traziam de tudo do velho continente: de produtos alimentícios, como bebidas alcoólicas, bacalhau e presuntos, até materiais de construção, matéria prima como carvão, ou mesmo móveis. As embarcações que os traziam faziam uma rota longa, passando por vários portos europeus, o que acabava diversificando os produtos trazidos.
A pesquisadora enfatiza que quando eles chegavam no porto nem tudo era levado para a cidade de São Paulo ou outras cidades do estado; uma parte ficava em Santos. "Na cidade, ficava muitos produtos alimentícios, como vinhos", exemplifica Carina. Ela notou esse comércio interno a partir de anúncios de jornais da época, como o Diário de Santos.
A pesquisa é fruto da dissertação de mestrado de Carina pelo Departamento de História da FFLCH, sob orientação da professora Heloisa Barbuy. Além de jornais, a pesquisadora consultou almanaques antigos e obras de propagandas feitas por editoras comerciais da época. Dado o papel dos importadores e a quantidade de produtos que chegavam no país pelo porto, a pesquisadora destaca o papel desempenhado pela própria cidade de Santos. "Santos, portanto, não foi somente um porto de passagem ou somente um porto do café", conclui.
Mais informações: carinamfpedro@usp.br ou carinamfpedro@yahoo.com.br
  
__._,_.___
Atividade nos últimos dias:
        **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.


                                                                                                        Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
     
    Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

    ** Filme revela porões da tortura no país

     

    Filme revela porões da tortura no país

    Em documentário de 1971, ativistas nacionais mostram como era a repressão na ditadura
    (Trechos de "Brazil: a report on torture":  http://www.youtube.com/watch?v=ukKtMCLkc7Y )
    Evandro Éboli
    Quarenta anos depois, contundentes imagens de como se dava a tortura aplicada pela ditadura e desconhecidas no Brasil chegam timidamente ao país. No documentário "Brazil, a report on torture" ("Brasil, o relato de uma tortura"), parte do grupo de 70 ativistas da luta armada que foram trocados pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, em 1971, relata e encena práticas como pau de arara, choque elétrico, espancamento e afogamento.
    O objetivo era denunciar no exterior o que ocorria nos porões da ditadura brasileira.
    O filme foi realizado em 1971, em Santiago, no Chile, para onde os brasileiros foram banidos. O documentário foi uma iniciativa dos cineastas americanos Haskel Wexler e Saul Landau, que estavam no Chile para produzir material sobre o presidente Salvador Allende e souberam da presença dos brasileiros.
    Quase todos os guerrilheiros que deram depoimentos não assistiram ao filme até hoje. Dois deles se suicidaram alguns anos depois: Frei Tito e Maria Auxiliadora Lara Barcelos, uma das mais próximas amigas da presidente eleita, Dilma Rousseff, no período da Var-Palmares, no início da década de 70.
    Nas imagens, os ativistas simulam vários tipos de tortura, como uma pessoa tendo seu corpo esticado, com pés e mãos amarrados entre dois carros. Simulam a "mesa de operação": sem roupa, ou só de cueca, o torturado deita na mesa, tem os braços e pernas amarrados nas extremidades e sofre pressão na espinha. Uma barra de ferro, no alto, tem um barbante amarrado aos testículos. A pessoa era obrigada a ficar por duas ou três horas na posição, suportando o peso do corpo com as mãos e braços.
    O GLOBO enviou cópia a alguns dos protagonistas, que somente agora tiveram acesso ao documentário e relembraram o depoimento.
    Jean Marc Van der Weid, hoje diretor de uma ONG de agricultura alternativa, defendeu a luta armada no filme como única maneira de o povo chegar ao poder no Brasil ditatorial:
    — Nunca tinha visto. Era um filme de denúncia contra a ditadura e produto de um momento inteiramente diferente de hoje. Não me lembrava nem do que falei. A ideia da luta armada era generalizada em quase todas as organizações de esquerda — disse Jean Marc, que era presidente da UNE quando foi preso e atuou na Ação Popular (AP). 

    OBS: Brazil, a Report on Torture é um documentário que foi produzido em 1971 com a colaboração do cineasta norte-americano Haskell Wexler, contando com depoimentos de brasileiros torturados e que se exilaram no Chile. O filme foi rodado com a colaboração de Saul Landau e Haskell Wexler.

    --

    ____________________________

    Fabrício Augusto Souza Gomes





    __._,_.___
    Atividade nos últimos dias:
          **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.


                                                                                                          Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
       
      Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

      Arquivo do blog

      Seguidores do Grupo de Estudos da História do Brasil - GEHB.