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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Grande imprensa apoiou golpe militar e a ditadura até 1968




Grande imprensa apoiou golpe militar e a ditadura até 1968

Jornais analisados não viam
legitimidade nas reivindicações
de movimentos de rua
A grande imprensa, em geral, valoriza a sua posição de crítica e resistência no período da ditadura militar no Brasil. Colocam-se como porta-vozes da democracia e defensores dos interesses populares nesse momento histórico. Entretanto, uma pesquisa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP verificou que o papel dos dois maiores jornais no início do regime militar foi complexo, com apoio ao golpe, à ditadura e de condenação do trabalhismo e de movimentos sociais.
O estudo do professor de história Eduardo Zayat Chammas analisou editoriais dos veículos Correio da Manhã e Jornal do Brasil entre 1964, ano do golpe, e 1968, ano de implantação do Ato Institucional 5 (AI-5). Os dois jornais, nesse tipo de texto que expõe a opinião do veículo, mostraram-se a favor da queda de João Goulart do poder. O primeiro, inclusive, publicou editoriais na capa pedindo a saída do presidente e se declarou "herdeiro dos ideais democráticos da revolução de 1964", segundo Chammas.
Durante a ditadura, os dois jornais trouxeram algumas ressalvas em alguns momentos pontuais. Por exemplo, depois da passeata dos 100 mil em protesto contra os militares, em junho de 1968, o Jornal do Brasil questiona alguns pontos do regime. O Correio da Manhã questionou, nos primeiros quatro anos, as medidas que apresentassem alguma restrição à liberdade de imprensa.
O professor aponta que os dois jornais tinham um alvo de críticas em comum: os trabalhistas. "Eram contra o projeto social desenvolvimentista que possibilitava mudança nas estruturas sociais, na estrutura de poder", explica. "Só era legítimo o poder que vinha das instituições formais da democracia liberal, como o poder legislativo ou a própria imprensa, considerada a porta-voz da opinião pública. Os movimentos das ruas não tinham voz para esses jornais". Um exemplo disso é que ambos foram a favor do Estatuto da Terra, que nega uma reforma agrária voltada ao povo e traz grandes empresas capitalistas para o campo.
O movimento estudantil, apesar de criticar os militares, foi bem noticiado até 1968 pelo Correio da Manhã, pois, segundo o pesquisador, "este jornal dialogava um pouco mais com as classes médias, de onde vinham esses estudantes". Entretanto, naquele ano, as tensões políticas eram maiores, e as ações dos militares mais cerceadoras ao movimento. Os estudantes estavam tomando posições mais radicais e apresentando um discurso mais parecido com o da esquerda clássica. Sendo assim, o veículo retirou o apoio ao movimento.

Editoriais do Correio da Manhã no dia do golpe e no seguinte
traziam, respectivamente, as manchetes Basta! e Fora!,
referindo-se a João Goulart
Atos institucionais
 
No estudo, intitulado A ditadura militar e a grande imprensa: os editoriais do Jornal do Brasil e do Correio da Manhã entre 1964 e 1968, a postura dos jornais sobre os atos institucionais, (AI) que eram uma série de decretos que o governo militar anunciava, com novas normas a serem cumpridas, teve importância. Até o quarto AI, o Jornal do Brasil não contestou nenhum deles. O Correio da Manhã, por sua vez, fez críticas leves às medidas, nesses atos, que iam contra as liberdades individuais, principalmente de expressão.
Com o AI-5, que diminuiu muito as liberdades dos cidadãos, implantou a censura a toda forma de manifestação contra o governo e aumentou muito mais o controle do estado sobre a imprensa, a postura dos jornais mudou. "Os dois veículos dialogavam com a classes média e a burguesia, que foram mais afetadas depois do AI-5", esclarece Chammas.
Veículos
A escolha do Jornal do Brasil e do Correio da Manhã aconteceu por diversos motivos. O estudo, que foi orientado pelo professor Marcos Francisco Napolitano de Eugênio, optou por jornais com a sede no Rio de Janeiro, já que "a cidade havia deixado de ser capital havia poucos anos e ainda era palco da cena política no país", segundo Chammas.
Além disso, diferentemente de jornais mais populares, os escolhidos dialogavam com o público que tinha mais influência na política do País, classes mais altas. Eles também não eram vinculados a um partido específico. Outros fatores determinantes são que eram os dois jornais com maior tiragem no país e tinham circulação nacional.
Imagens: Wikimedia / Cedidas pelo pesquisador
Mais informações: email educhammas@hotmail.com,  com Eduardo Zayat Chammas

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    Escravos do nazismo no Brasil (IstoÉ 2234)



    Historiador descobre escola nazista onde órfãos brasileiros foram submetidos a trabalhos forçados entre 1930 e 1940. Sobrevivente relata como era o dia a dia no lugar

    Natália Martino (Isto É )
    chamada.jpg
    HISTÓRIA
    A rotina diária era marcada pelo trabalho forçado no
    campo (acima). A suástica estava presente no time de futebol
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    Aos 10 anos de idade, no distante 1933, os dias do menino Aloysio Silva eram divididos entre a escola e as brincadeiras no Educandário Romão de Mattos Duarte, um orfanato do Rio de Janeiro. Até que dois homens apareceram por lá, jogando balas para o alto. Enquanto as crianças corriam para pegá-las, um dizia para o outro: "Bota esse menino para cá, bota aquele para lá." Silva ficou no grupo dos mais ágeis, o que selou sua transferência para a Fazenda Santa Albertina, no interior de São Paulo, hoje município de Campina do Monte Alegre. Os dois homens eram Osvaldo Rocha Miranda, membro de uma das famílias mais poderosas do País, e seu motorista, André. Eles selecionaram 50 crianças órfãs, sendo 48 delas negras ou pardas, para mantê-las em regime de escravidão, sob a égide do ideário nazista. Os Rocha Miranda eram donos de bancos, empresas de transporte, hotéis de luxo e propriedades rurais. Alem de ricos, faziam parte do ultraconservador movimento integralista brasileiro e mantinham relações estreitas com os nazistas, como o ministro da Economia de Guerra de Hitler, Alfried Krupp, que chegou a comprar uma fazenda do clã na década de 1940.
    A fazenda onde foi criado o centro de trabalhos forçados para os 50 órfãos no interior paulista era de propriedade dos Rocha Miranda. "Quando chegamos, um paraibano ruim já estava esperando a gente", diz Silva, hoje um senhor de 89 anos. "Nossa vontade era só fugir, mas esse paraibano tinha dois cachorros ensinados. Era só ele apontar que eles vinham nos cercar." O desejo de fuga era mais do que justificável. As crianças trabalhavam por cerca de dez horas diárias. Quando desagradavam aos tutores, eram submetidas a agressão física, prisão e jejum. "Hora de folga, que a gente poderia brincar, a gente ficava tudo sentadinho ali, sem sair porque senão o tutor já vinha com o cachorro", lembra Silva, testemunha de uma história que só veio à tona há 14 anos, quando uma das sedes das fazendas dos Rocha Miranda ia ser reformada e foram encontrados tijolos com a suástica – símbolo nazista.
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    MEMÓRIA
    Aos 89 anos, Aloysio Silva sobreviveu ao centro nazista
    Mas os órfãos escravos não viviam na ilegalidade – o centro dos Rocha Miranda recebia a supervisão da Delegacia Regional de Ensino de Itapetininga, órgão em consonância com o ideário da elite dominante do País, que defendia, entre outras coisas, uma política eugenista. O eugenismo, parte fundamental da ideologia nazista, usava a genética para justificar a suposta superioridade da raça branca e dava o aval para uma redução de direitos políticos e jurídicos às raças consideradas inferiores, como os negros. Até a Constituição da República de 1934, elaborada durante o governo de Getúlio Vargas (1882-1954), dizia que era função do Estado "estimular a educação eugênica". Em 1933, quando Aloysio Silva chegou ao local, a fazenda era uma base da Ação Integralista Brasileira (AIB) e o nazismo também era propagado abertamente. Os tijolos da fazenda vizinha, a Cruzeiro do Sul, que à época era também da família Rocha Miranda, ainda guardam a suástica nazista. Trata-se, segundo o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat), da única obra que atesta a experiência nazista no Estado de São Paulo e, por isso, já foram iniciados os estudos para o tombamento do local.
    O sofrimento de parte desses órfãos terminou com a Segunda Guerra Mundial, em 1945. Alguns deles morreram durante o período de trabalhos forçados, outros foram enviados à guerra, alguns fugiram. Décadas depois, Aloysio Silva rompeu o silêncio e deu seu depoimento ao pesquisador Sidney Aguilar Filho, na tese de doutorado "Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil", defendida na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Tudo isso foi parte de uma política de Estado e estava tão embasado no imaginário cultural da época que as pessoas achavam normal", afirma o historiador. Silva ainda mora em Campina do Monte Alegre, município que ostenta o nome da família Rocha Miranda na placa de uma das suas principais ruas e da sua maior escola. Aguilar Filho conta que, durante a pesquisa, encontrou três órfãos da Fazenda Santa Albertina – também moradores em Campina de Monte Alegre, mas dois deles morreram durante a execução da tese. O único que contou sua história foi Silva. Que passou a vida tentando esquecer. "Não tenho nenhuma memória de coisa boa daquele lugar", diz.
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    ACHADO
    Sidney Aguilar Filho fez a descoberta a partir do tijolo da fazenda com a suástica (acima)

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    "Tudo isso foi parte de uma política de Estado e estava tão embasado
    no imaginário cultural da época que as pessoas achavam normal"

    Sidney Aguilar Filho, historiador
    Fotos: Divulgação; Antoninho Perri/ASCOM/Unicamp






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