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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Pesquisa em cidades do Vale do Paraíba propõe novos dados sobre a escravidão




Pesquisa em cidades do Vale do Paraíba propõe novos dados sobre a escravidão


Fonte: FAPERJ - Vinicius Zepeda

     Marc Ferrez/ Acervo IMS
        
     Escravos  trabalham na colheita do café em 
      fazenda do Vale do Paraíba do século XIX
Enquanto, nos anos de 1850, a interrupção do tráfico negreiro fazia declinar o número de escravos na maior parte do país, e, em 1871, esse número diminuía ainda mais com a promulgação da lei do Ventre Livre, na contramão dessa tendência, em algumas localidades do Vale do Paraíba, no Rio de Janeiro, a escravidão ainda se encontrava em expansão, ainda que em ritmo menos acelerado. Segundo o historiador Ricardo Henrique Salles, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), em municípios fluminenses, como Vassouras, Piraí e Bananal, no norte paulista, a atividade econômica continuava nas mãos dos grandes e mega proprietários – ou seja, aqueles que possuíam entre 50 e 99 cativos, e os que tinham acima de 100 escravos. "Estamos recuperando, digitalizando e catalogando documentos que podem jogar novas luzes sobre a história da ordem escravista na região no século XIX", afirma Salles. "Vale lembrar que, já nos anos de 1850, a região do Vale do Paraíba era a maior exportadora mundial de café, o que representava 60% das exportações do País. Daí a importância de repensarmos, com base nesses novos dados, o papel dos grandes fazendeiros junto à ordem econômica e sua articulação com a política local", complementa o pesquisador.
Ricardo Salles coordena um grupo de pesquisadores de diferentes instituições, como a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio ), Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade de São Paulo (USP), além de parcerias públicas e privadas, como o Museu de Hera e a Universidade Severino Sombra, em Vassouras, e o Arquivo Histórico Municipal de Piraí, que tem contribuído com seu acervo para ajudar na elaboração de um banco de dados digitalizado da região que abrange as cidades de Vassouras, Piraí e Bananal. O projeto conta com recursos do programa Apoio a Núcleos Emergentes de Pesquisa (Pronem), da FAPERJ. "Atualmente estamos comparando documentos de posse de terra de fazendeiros nos anos 1820 com seus inventários post-mortem de 1850 e 1860", explica Salles. Como conta o pesquisador, com os recursos da Fundação foram comprados equipamentos, como máquinas fotográficas, uma mesa para higienização de documentos, computadores e servidores para equipar os acervos, e duas mesas para digitalização de documentos.
O pesquisador chama atenção para alguns dados já encontrados. Entre 1820 e 1880, o Brasil viveu a expansão e a decadência da economia cafeeira de base escravista no Vale do Paraíba. Segundo explica o pesquisador, na década de 1840, já existia em Piraí um número significativo de proprietários com mais de duas ou três centenas de escravos, enquanto em Vassouras, município tradicionalmente conhecido como o de maior poder econômico e político da região, isso só viria a acontecer, e em menor escala, na década de 1860. "Já na década de 1820, encontramos em Piraí grandes fazendeiros, com uma exploração de café bem desenvolvida. No final da década, quando o administrador da Fazenda Nacional de Santa Cruz contesta sobre as terras que ocupavam e que pertenceriam à fazenda, eles se organizam e enviam uma petição à Assembleia Nacional para garantir seu direito à propriedade. No documento, eles descrevem quanto cada um produzia de café e quantos escravos tinha cada proprietário", explica Salles.
Divulgação/UniRio 
    
   Ricardo Salles (D), e parte da equipe responsável
            pela digitalização dos documentos
Os dados recolhidos mostram que, em Vassouras e Bananal, entre 1820 e 1880, a atividade escravista era extremamente concentrada. "Ali, grandes e mega proprietários respondiam por cerca de 70% dos escravos das duas localidades. Em Piraí, ainda estamos analisando os dados, mas tudo indica que a concentração já existia desde as décadas de 1830 e 1840, e que devemos encontrar um número expressivo de proprietários com mais de 500 escravos, o que pode nos levar a criar até uma nova categoria de qualificação para descrevê-los", explica Ricardo Salles.
Segundo o pesquisador, em Piraí, já havia tecnologias sofisticadas, como máquinas de café movidas a energia hidráulica, além de máquinas de processamento a vapor. Ele acrescenta que, na década de 1860, Vassouras contava com uma comunidade de escravos em vias de se estabilizar e se reproduzir naturalmente. Ali havia uma proporção maior de famílias com filhos escravos, o que também significava um aumento do número de crianças e equilíbrio entre homens e mulheres. "Se somarmos o número de filhos de escravos nascidos depois da lei do Ventre Livre – os chamados ingênuos – com o número de escravos em 1883 e compararmos com os dados de 1874, descontando os casos de morte e de alforria, chegamos a um equilíbrio demográfico que se mostrava propenso à estabilização", explica o historiador. Ao se comparar esses dados com aqueles que vêm sendo encontrados em Piraí, os pesquisadores acreditam que os resultados deverão ser semelhantes. "Assim, a resistência dos fazendeiros do Vale do Paraíba à abolição da escravidão, muito mais do que conservadorismo político, era uma tentativa de manter os negócios num modelo que, diferente do resto do País, ainda se encontrava com força, o que contraria o que tem sido escrito sobre a história do Vale do Paraíba até então", afirma.
Até o final do primeiro semestre de 2014, Ricardo Salles espera encerrar o projeto e apresentar todos os resultados dos estudos num livro, fruto de um seminário de apresentação de resultados com os envolvidos no projeto. "Precisamos chamar atenção para a riqueza histórica da região, as grandes fazendas que ainda existem ali, os diversos monumentos históricos e descobrir o passado de uma região rica em cultura, mas ainda muito pouco conhecida, sobretudo quando se trata das manifestações afro-brasileiras. Estamos trabalhando com informações quantitativamente importantes para conhecer melhor nossa própria identidade. Em Vassouras, estamos delimitando o perfil de cerca de 28 mil escravos, de outros 10 mil em Bananal, e de cerca de 30 mil em Piraí", destaca Salles. "Além de servir de material para futuras pesquisas, nosso banco de dados pode ainda orientar os governos com informações que contribuam para incentivar ainda mais o potencial do turismo histórico local, ainda pouco explorado", conclui.


© FAPERJ – Todas as matérias poderão ser reproduzidas, desde que citada a fonte.

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    Exumação de Jango e a verdadeira história do Brasil, por Carlos Tautz

    Exumação de Jango e a verdadeira história do Brasil, por Carlos Tautz



    Começa nesta quarta a exumação, no Rio Grande do Sul, do corpo do ex-presidente João Goulart. Seus restos mortais serão levados de São Borja a Brasília, onde uma equipe internacional de peritos investigará se de fato Jango morreu de "doença", como diz o atestado feito na Argentina, onde o ex-presidente brasileiro se encontrava, ou se foi envenenado pela Operação Condor quando se preparava para retornar ao Brasil em 1976.
    Se se consumassem, a volta de Jango e o exercício dos seus direitos políticos retomados dariam um xeque-mate na ditadura empresarial-militar que o depôs em 1 de abril de 64 e nove dias depois o cassou por 10 anos.
    Ao se abrir o caixão pela primeira vez (a urna chegou lacrada, sem que a própria família pudesse ver Goulart), dúvidas cruciais poderão ser sanadas. Há de fato um corpo dentro da urna funerária? É o de Jango? Ele foi assassinado pela Condor, uma rede de repressão política que os governos do Cone Sul montaram com apoio dos EUA?

    João Goulart (Jango), ex-presidente do Brasil

    Porém, por mais importantes que sejam as respostas a estas perguntas, elas ainda estão longe de esgotar as questões levantadas pela morte de Goulart. À Justiça cabe autorizar o interrogatório no presídio de segurança máxima em Charqueadas (RS), onde se encontra há mais de 10 anos, de Mário Neira Barreiro, do ex-agente secreto uruguaio que diz ter informações sobre a morte de Jango.
    O Judiciário também precisaria inquirir, nos EUA, o ex-Secretário de Estado Henry Kissinger e os agentes da CIA Frederick Latrash e Michael Townley, que alimentaram a caça articulada aos opositores políticos na América do Sul. E à Dilma cabe solicitar aos Estados Unidos os documentos secretos daquele país que ajudem a explicar a morte de Goulart.
    Movimentos do mesmo naipe fez o juíz espanhol Garzón, que mandou prender o ex-ditador chileno Pinochet pelas mortes de cidadãos espanhóis após o golpe que assassinou Allende no Chile. O general desfrutava na Inglaterra das benesses proporcionadas pela corrupção que engordou toda a alta cúpula militar das ditaduras da região.
    E, para realmente seja consequente uma ampla revisão da historiografia e da Lei que Anistiou os torturadores do Estado, deve-se exumar também o corpo de outro presidente, Juscelino, que em agosto daquele fatídico 1976 faleceu em um mal esclarecido acidente automobilístico.
    Urge, portanto, caminhar a passos largos para desmentir a história oficial de que o golpe foi dado por militares com apoio civil; que começou naquele 64; e que foi tramado por nacionalistas.
    Documentação farta prova que empresas participaram da concepção do golpe e do financiamento à tortura e que golpistas se articulavam desde 54; pesquisas de opinião agora reveladas indicam apoio popular a Jango superior a 60%; e documentos desclassificados como secretos nos EUA mostram que Lyndon Johnson e seus maiores grupos econômicos foram tão protagonistas dessa história quanto Castelo Branco e a Fiesp.

    Carlos Tautz, jornalista, é coordenador do Instituto Mais democracia – Transparência e controle cidadão de governos e empresas.

    Fabrício Augusto Souza Gomes
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