Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

** Cinema e cultura de arquivo

 
Cinema e cultura de arquivo
O Museu Paulista (MP) da USP, mais conhecido como Museu do Ipiranga, promove o curso Cinema da Reapropriação da Cultura de Arquivo, ministrado pelo cineasta Carlos Adriano Jerônimo de Rosa. O objetivo é fornecer uma introdução a alguns fundamentos históricos, teóricos e estéticos do gênero cinematográfico que utiliza materiais de arquivo para a produção de novos filmes.
As aulas do curso acontecerão nas quintas-feiras, do dia 17 de março e até dia nove de junho. Os interessados devem se inscrever até dia 11 de março, através do envio de carta de intenção e currículo sucinto para o email acadmp@usp.br. Há 25 vagas disponpiveis e a taxa de inscrição custa R$30,00. As aulas serão ministradas no próprio Museu, que fica no Parque da Independência, s/n, Ipiranga, São Paulo.
Mais informações: (11) 2065-8075, com Stella Maniga ou Sônia Barbosa
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Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.


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** Leis empíricas nas ciências sociais

 
Leis empíricas nas ciências sociais
Acontece nesta quinta-feira (10), das 16 às 18 horas, a palestra "Descriptive-causal generalizations: 'empirical laws' in the social sciences?", que integra o projeto Summer School, realizado pelo Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, em parceria com a Associação internacional de Ciência Política (IPSA).
A palestra será ministrada pelos professores Max Bergman e Gary Goertz e acontecerá no auditório do Prédio FEA-5, localizado na Av Prof Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária, São Paulo. As inscrições para o evento devem ser feitas pelo email: seminariosusp@gmail.com
Mais informações: www.iri.usp.br
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** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de JOSÉ RAIMUNDO DA COSTA -XXX-

Carta O Berro..........................................................repassem



JOSÉ RAIMUNDO DA COSTA
Dirigente da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR).
Ex-sargento da Marinha, participou junto com Carlos Lamarca e outros da Guerrilha no Vale do Ribeira (SP).
José Raimundo era perseguido, não só por ser dirigente da VPR, como também por sua participação no movimento dos marinheiros em 1964.
Morto aos 32 anos de idade, no Rio de Janeiro, em 05 de agosto de 1971, após ter sido preso e torturado no DOI-CODI/RJ.
Respondeu a alguns processos e estava com prisão preventiva decretada pela 2ª Auditoria da 2ª Região Militar.
Seu corpo foi encontrado em terreno baldio na Rua Otacílio Nunes, em frente ao n° 80, no Bairro de Pilares (RJ). Preso em São Paulo e trazido para o Rio de
Janeiro e, embora estivesse usando o nome de Odwaldo Clóvis da Silva, o CIE informou ao DOPS/RJ que se tratava de José Raimundo da Costa. Em
documento do arquivo do DOPS/RJ, o Comissário Jayme Nascimento, do citado órgão informou que às "7:00 horas pelo telefone, o Cel. Sotero, Oficial de
Permanência do CIE, comunicou que, em uma travessa próxima à Rua Otacílio Nunes, em Pilares, havia sido morto um elemento subversivo de nome José
Raimundo da Costa, quando reagiu à prisão numa diligência efetuada por elementos pertencentes ao Serviço de Segurança do Exército."
Inês Etienne Romeu, em seu Relatório sobre sua prisão na "Casa da Morte", em Petrópolis, afirma que, em 04 de agosto de 1971, ouviu o torturadorLaurindo
informar aos torturadores, Dr. Bruno e Dr. César, que José Raimundo havia sido preso numa barreira.
Posteriormente, outro torturador, Dr. Pepe, lhe disse que José Raimundo foi morto vinte e quatro horas após sua prisão, num "teatrinho" montado numa rua do
Rio de Janeiro.
O corpo de José Raimundo entrou no IML/RJ no mesmo dia de sua morte, pela Guia n° 59, da 24ª D.P., com o nome de Odwaldo Clóvis da Silva, sendo
necropsiado pelos Drs. Hygino de Carvalho Hércules e Ivan Nogueira Bastos, que confirmam a falsa versão oficial da repressão de que foi morto em tiroteio.
Foram, ainda, encontrados laudo (Ocorrência n° 596/71) e fotos de perícia do local (ICE n° 3.916/71).
Apesar de ser identificado, José Raimundo foi enterrado como indigente no Cemitério de Ricardo Albuquerque (RJ), em 09 de setembro de 1971, na cova
23.538, quadra 16. No livro de saída de indigentes do IML, ao lado de seu nome, está manuscrita a palavra: "Subversivo".
Em 01 de outubro de 1979 seus restos mortais foram transferidos para um ossário geral e, em 1980/1981, foram levados para a vala clandestina.
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+ detalhes.
JOSÉ RAIMUNDO DA COSTA (1939-1971)

Filiação: Maria Aleixo dos Santos e Manoel Raimundo da Costa
Data e local de nascimento: 28/12/1939, Recife (PE)
Organização política ou atividade: VPR
Data e local da morte: 05/08/1971, Rio de Janeiro
O ex-sargento da Marinha José Raimundo da Costa era casado com Gisélia Morais da Costa e tinha dois filhos. Importante dirigente da Vem 1970 e 1971, conhecido como "Moisés",
participou, segundo informações dos órgãos de segurança, de várias ações armadas, inclusive
do seqüestro do cônsul japonês em São Paulo. Foi morto no Rio de Janeiro, em 05/08/1971, após ter sido preso pelo DOI-CODI/RJ.
Apesar de os organismos de segurança terem conhecimento pleno sobre sua verdadeira identidade, José Raimundo foi enterrado sob identidade
falsa no Cemitério de Ricardo Albuquerque. No livro de saída de indigentes do IML, ao lado de seu nome, está manuscrita a palavra
"subversivo". Em 01/10/1979, seus restos mortais foram transferidos para um ossuário geral e, entre 1980 e 1981, foram levados para uma
vala clandestina.
A versão oficial dos órgãos de segurança sobre a morte de José Raimundo é de que ele reagiu à prisão e foi morto por elementos da Inteligência do
Exército, no dia 05/08/1971, em uma travessa próxima à rua Otacílio Nunes, no bairro carioca de Pilares. Em documento localizado no DOPS/RJ, de
05/08/71, o comissário Jayme Nascimento registra que "às 7h - pelo telefone, o coronel Sotero, Oficial de Permanência do C.I.E, comunicou que, em
uma travessa próxima à rua Octacilio Nunes, em Pilares, havia sido morto um elemento subversivo de nome José Raimundo da Costa, quando reagiu
à prisão numa diligência efetuada por elementos pertencentes ao Serviço de Segurança do Ministério do Exército".
Entretanto, na mesma data, seu corpo deu entrada no IML/RJ, com o nome de Odwaldo Clóvis da Silva. Ou seja, apesar de já identificado
como José Raimundo, sua necropsia foi lavrada com falsa identidade pelos legistas Hygino de Carvalho Hércules e Ivan Nogueira Bastos,
que confirmaram a versão oficial de morte em tiroteio. Em laudo do Instituto Carlos Éboli , os peritos registram: "os pulsos da vítima
apresentavam hematomas em toda a sua extensão". Na foto de seu corpo, a olho nu, se pode perceber a marca evidente das algemas que
prendiam os pulsos de José Raimundo.
José Raimundo foi uma das vítimas do agente infiltrado José Anselmo dos Santos, o cabo Anselmo. Esse fato foi comprovado por documento
localizado no arquivo do DOPS/SP, onde Anselmo menciona seus encontros com José Raimundo e registra as possibilidades de contatos
com ele. Inês Etienne Romeu, no relatório que escreveu sobre o período em que esteve seqüestrada no sítio clandestino de Petrópolis (RJ),
afirma que, em 04/08/1971, ouviu o carcereiro "Laurindo" informar aos agentes policiais "Bruno" e "César" que José Raimundo havia sido
preso numa barreira. Posteriormente, outro carcereiro, "Dr. Pepe", lhe disse que José Raimundo foi morto 24 horas após sua prisão, numa
encenação montada em uma rua do Rio de Janeiro.
O relatório para votação final na CEMDP observou que, "considerando-se como provas o depoimento de Inês Etienne Romeu, as evidentes
marcas de algemas nos pulsos, as contradições entre os documentos do Instituto Carlos Éboli /RJ e do DOPS, o laudo com nome falso e o enterro
como indigente e, acima de tudo, o controle a que estava submetido José Raimundo nos contatos com o agente infiltrado José Anselmo
e a necessidade extrema de eliminá-lo para poder dirigir a VPR, fica evidenciado que a versão oficial de tiroteio divulgada pelos órgãos de
repressão serviu para encobrir o assassinato sob torturas de José Raimundo da Costa".
Lançado em 2006 e várias vezes premiado, o filme O ano em que meus pais saíram de férias, de Cao Hamburguer, evoca lembranças do
diretor em sua infância, quando seus pais, Amélia e Ernest Hamburguer, professores de Física na USP, foram presos em São Paulo como
integrantes de um grupo de arquitetos, artistas e intelectuais (entre eles Lina Bo Bardi, Augusto Boal, Flávio Império, Sérgio Ferro e outros)
que seriam presos ou perseguidos por ajudarem militantes da VPR e da ALN. A principal acusação contra os pais do cineasta foi, exatamente,
ter abrigado em sua residência José Raimundo da Costa e sua esposa, em 1970.

** [Carta O BERRO] Lançamento do livro A Coluna Prestes na XX Feira Internacional do Livro Cuba 2011

Carta O Berro..........................................................repassem

 

 

Lançamento do livro A Coluna Prestes na XX Feira Internacional do Livro Cuba 2011

Durante a XX Feira Internacional do Livro Cuba 2011, que acontecerá entre os dias 10 e 20 de fevereiro,em Havana, e, em seguida, percorrerá todas as províncias do país, a prestigiosa Casa de las Américas lançará cerca de 20 títulos, novos e reedições. Entre eles, "La columna Prestes", de autoria de Anita Prestes, que estará presente ao evento. O livro de Anita foi agraciado com o Prêmio Casa de las Américas 1990. Com 21 anos de atraso, ele agora será lançado por esta renomada instituição.


Mais informações: Cubasí.cu

sábado, 5 de fevereiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de PEDRO VENTURA FELIPE DE ARAÚJO POMAR -XXVIII-

Carta O Berro..........................................................repassem




PEDRO VENTURA FELIPE DE ARAÚJO POMAR
Dirigente do PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC do B).
Nascido a 23 de setembro de 1913, na cidade de Óbidos (Pará), Pedro Pomar foi o primeiro filho de Felipe Cossio Pomar e Rosa de Araújo Pomar.
Deputado federal por São Paulo em 1947.
Foi fuzilado aos 63 anos, em 16 de dezembro de 1976, em São Paulo, na Chacina da Lapa.
Walter Pomar organizou esta biografia:
"Seu pai, pintor e escritor peruano, foi criador do APRA (Aliança Para a Revolução Americana). A mãe, Rosa, era maranhense, tendo ido para Óbidos
quando seu pai, subtenente, foi transferido para o Batalhão de Artilharia.
Em 1918, quando Pedro tinha 5 anos, a família fez uma viagem aos Estados Unidos. Moraram em Nova Iorque. Um ano depois, o casal se separou.
Rosa encarregou-se, então, de sustentar sozinha, como costureira, os três filhos: Pedro, Roman e Eduardo.
Com 13 anos, Pedro saiu de Óbidos, sozinho, para fazer o ginásio em Belém, onde se envolveu na movimentação política dos anos 30.
Em setembro de 1932, participou ativamente da organização de um levante armado em apoio aos constitucionalistas de São Paulo. Esmagada a
revolta, passou algum tempo no Rio de Janeiro, depois retornou a Belém, onde concluiu o ginásio.
Não se sabe ao certo quando Pomar passou a integrar as fileiras do PCB, mas é certo que foi recrutado pela escritora Eneida de Moraes.
Aos 19 anos, entrou para a Faculdade de Medicina. Nessa época, também jogava futebol, profissionalmente, no Clube do Remo.
Em 5 de dezembro de 1935, casou-se com Catharina Patrocínia Torres.
Tiveram quatro filhos.
Disputou suas primeiras eleições em 30 de novembro de 1935, encabeçando a lista do Partido da Mocidade do Pará, que recebeu apenas 64 votos (o
partido mais votado recebeu 4.888 votos).
Aos 22 anos, terceiranista de medicina, Pomar foi preso pela primeira vez, em janeiro de 1936. Enquanto estava na cadeia, nasceu seu primeiro filho.
Solto em 14 de junho de 1937, foi novamente preso em 2 de setembro de 1940.
Fugiu da cadeia, em direção ao Rio de Janeiro, junto com João Amazonas e outros integrantes do Partido, no dia 5 de agosto de 1941.
Reuniu-se com a família em julho de 1942. Vivendo com dificuldades, tendo trabalhado inclusive como pintor de paredes, Pomar ajudou a formar a
Comissão Nacional de Organização Provisória, que se encarregou de reorganizar o PC em escala nacional, convocando e realizando a Conferência da
Mantiqueira, em 1943.
Depois, mudou-se para São Paulo.
Em 1945, Pomar concorreu a uma vaga de deputado federal pelo Pará. Não fez campanha, e não conseguiu eleger-se, o que não se repetiu na eleição
complementar de 1947, quando concorreu pela coligação PCB-PSP (Partido Social Progressista, de Ademar de Barros). Recebeu mais de 100 mil
votos, a maior votação da época.
Durante seu mandato parlamentar, chefiou a delegação brasileira ao Congresso Mundial da Paz, no México, em 1948; integrou também, a delegação
ao Congresso Mundial da Paz de 1949, ocorrido em Varsóvia.
Membro do Comitê Central e da Comissão Executiva do PC, foi secretário de Educação e Propaganda, encarregado de supervisionar os cerca de 25
jornais mantidos pelo partido em todo o país. Entre 1945 e 1947, foi diretor da Tribuna Popular, diário de massas do PCB. Mais tarde dirigiu a
Imprensa Popular, do Rio, e colaborou ativamente em Notícias de Hoje, de São Paulo. Foi, ainda, secretário político do Comitê Metropolitano do Rio
de Janeiro. Em 1950, concluído o mandato, passou à clandestinidade.
Nessa época, já havia entrado em conflito com a maioria da direção do PC. De segundo ou terceiro principal dirigente, começou a ser gradualmente
rebaixado.
Afastado do secretariado, depois da Executiva, foi em seguida transformado em suplente do Comitê Central e deslocado do plano nacional: enviado
para o Rio Grande do Sul, onde colaborou nas lutas operárias e populares ocorridas no Estado nos anos 1951 e 1952. Por sua experiência, foi
indicado para participar de um comitê especial organizado em São Paulo, por cima da estrutura normal do Partido, com a finalidade de dirigir o
processo de lutas grevistas e contra a carestia. Esse comitê orientou a atividades do PCB em São Paulo durante os anos 1952 e 1953.
Depois, voltou a morar no Rio de Janeiro. Foi, então, enviado à União Soviética, onde estudou por dois anos. Ao retornar, participou do Comitê
Regional Piratininga, responsável pela organização do partido na Grande São Paulo. Em 1956, Pomar integrou a delegação brasileira ao 8°
Congresso do Partido Comunista Chinês. De 1957 a 1962, participou ativamente da luta interna no PC, o que lhe valeu a paulatina destituição das
posições de direção que ainda ocupava: de dirigente regional passou a dirigente do Comitê Distrital do Tatuapé, do qual o próprio Prestes,
pessoalmente, ainda tentou destituí-lo durante as conferências preparatórias do V Congresso.
Pressionado pela direção, negou-se a voltar ao Pará e, para sobreviver, passou a fazer traduções e a dar aulas. Traduziu alguns livros de economia,
uma série de livros de psiquiatria e de outros ramos científicos, tanto do inglês e do francês, como do russo. Traduziu, também, os dois primeiros
volumes de "Ascensão e Queda do III Reich", de W. Schirer, e deu aulas de russo. A maioria das traduções saíram com nomes de outros autores.
Em 1959, participou do Congresso do PC Romeno, onde assistiu ao choque direto entre Kruschev, o PC Chinês e o Partido do Trabalho da Albânia.
No V Congresso do PC, em 1960, Pomar ainda foi mantido como membro suplente do Comitê Central. Mas a luta interna caminhava para a sua
expulsão e a criação, em fevereiro de 1962, do Partido Comunista do Brasil. Pomar, junto com Maurício Grabois, João Amazonas, Kalil Chade,
Lincoln Oest, Carlos Danielli e Ângelo Arroyo foram os principais articuladores da conferência que selou o rompimento com o setor majoritário do
PCB.
Eleito membro do Comitê Central do PC do B e redator-chefe de "A Classe Operária", Pomar dedicou-se a organizar o novo partido, tendo realizado
várias viagens ao exterior. Sabe-se que teve papel destacado na VI Conferência Nacional do PC do B, em julho de 1966. Nessa época, continuava
morando em São Paulo.
Tendo discordâncias com a linha política e com os métodos adotados pela direção, Pomar não integrava o núcleo dirigente mais restrito do PC do B.
Só após o assassinato de três membros da Comissão Executiva, em fins de 1972, Pomar incumbiu-se da direção de organização.
Após a derrota da guerrilha do Araguaia, Pomar escreveu um balanço crítico, em torno do qual conseguiu reunir a maioria da direção.
Pomar não deveria estar presente à reunião da Lapa. Mas a doença de sua mulher Catharina, desenganada pelos médicos, levou a desistir de uma
viagem à Albânia. Por uma dessas ironias, vários membros da família reuniram-se para despedir-se de Catharina – que viveria até 1986 –, sem saber
que na verdade despediam-se de Pedro.
Pomar foi executado pela repressão no dia 16 de dezembro de 1976 na fuzilaria contra a casa 767 da Pio XI. Seu corpo apresentava cerca de 50
perfurações de bala. Morreu ao lado de Ângelo Arroyo.
Foi enterrados no Cemitério Dom Bosco, em Perus, sob nome falso. Em 1980, a família conseguiu localizar e trasladar seus restos mortais para Belém
do Pará, onde estão enterrados, e, no mesmo ano, editou o livro 'Pedro Pomar' , pela Editora Brasil Debates."

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

** Cronologia de Nelson Werneck Sodré

 

Cronologia de Nelson Werneck Sodré

Fonte: ITU.COM.BR Publicado: Sábado, 22 de janeiro de 2011 por Salathiel de Souza

Saiba mais sobre a vida e a obra do historiador.
Divulgação
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Nelson Werneck Sodré faleceu em Itu, no ano de 1999
1911 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) em 27 de abril, filho de Heitor de Abreu Sodré e Amélia Werneck Sodré.
1924 – Ingressa no Colégio Militar do Rio de Janeiro.
1929 – Publica o conto "Satânia", premiado pela revista O Cruzeiro.
1930 – Ingressa na Escola Militar do Realengo.
1933 – Conclui o curso, fazendo a Declaração de Aspirantes.
1934 – É designado para servir no Regimento de Artilharia de Itu (Regimento Deodoro). Começa a colaborar com artigos para o Correio Paulistano.
1935 – Casa-se com Yolanda Frugoli Sodré, em 2 de fevereiro.
1936 – Passa a considerar-se um profissional da Imprensa, assinando críticas literárias no Correio Paulistano.
1937 – Após a decretação do Estado Novo, em 10 de novembro, é nomeado ajudante-de-ordens do general José Pessoa, designado comandante da 9ª Região Militar, no Mato Grosso.
1938 – Publicação de "História da Literatura Brasileira".
1939 – Publicação de "Panorama do Segundo Império".
1940 – Torna-se amigo pessoal de Graciliano Ramos, Jorge Amado e vários expoentes da literatura no período, já tendo ingressado no Partido Comunista do Brasil.
1941 – Publicação de "Oeste". Nasce sua filha Olga Regina Frugoli Sodré.
1942 – Publicação de "Orientações do Pensamento Brasileiro".
1943 – Publicação de "Síntese do Desenvolvimento Literário no Brasil".
1944 – Publicação de "Formação da Sociedade Brasileira".
1945 – Publicação de "O Que Se Deve Ler Para Conhecer o Brasil".
1951 – É desligado da Escola de Estado-Maior devido às posições políticas que assumiu publicamente: participar da diretoria do Clube Militar, empenhada na luta pelo monopólio estatal da pesquisa e lavra do petróleo no Brasil, e pela publicação, sob pseudônimo, de um artigo na Revista do Clube Militar, claramente identificado com as posições sustentadas à época pelo Partido Comunista Brasileiro, em que combatia a participação do Brasil na Guerra da Coréia. É transferido para o 5º Regimento de Artilharia em Cruz Alta (RS).
1954 – Estando no Rio de Janeiro (RJ), é convidado por Alberto Guerreiro Ramos a participar do Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (IBESP), que oferecia cursos de pós-graduação no auditório do Ministério da Educação e Cultura.
1955 – Reformulação do IBESP, que passa a ser chamado de Instituro Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), do qual participa desde a sua fundação, inicialmente apenas participando das reuniões, escrevendo artigos e fazendo conferências.
1956 – O ISEB passa a ocupar sede no bairro de Botafogo. Torna-se o responsável pelo Curso de Formação Histórica do Brasil.
1957 – Publicação de "As Classes Sociais no Brasil" e "O Tratado de Methuen".
1958 – Publicação de "Introdução à Revolução Brasileira".
1959 – Publicação de "Narrativas Militares".
1961 – Publicação de "A Ideolologia do Colonialismo".  Durante a crise gerada pela renúncia de Jânio Quadros, é preso por 10 dias por se se opor à tentativa do golpe que pretendia impedir a posse do vice-presidente eleito, João Goulart. Com a posse de Goulart, sob o regime parlamentarista, seu pedido de passagem à reserva foi despachado, anulado e, mais uma vez, Sodré foi classificado para servir na capital do Pará, agora numa Circunscrição Militar. É promovido ao generalato por antiguidade e pela segunda vez requer seu afastamento do serviço ativo do Exército, consumando sua saída das fileiras militares.
1962 – Publicação de "Formação Histórica do Brasil".
1963 – Publicação de "Quem Matou Kennedy".
1964 - Após a deposição do presidente Goulart pelos militares, teve seus direitos políticos cassados por dez anos. Refugiado em uma fazenda de parentes em Fernandópolis (SP), foi preso no dia 26 de maio e enviado ao Rio de Janeiro, onde ficou detido durante 57 dias.
1965 – Publicação, na Argentina, de "Evolución Social y Económica del Brasil", "Ofício de Escritor", "O Naturalismo no Brasil", "As Razões da Independência" e "A História Militar no Brasil. Várias de suas obras foram censuradas e retiradas de livrarias e distribuidoras de todo o país.
1966 – Publicação de "História da Imprensa no Brasil", obra de referência até hoje.
1967 – Publicação de "Memórias de Um Soldado".
1968 – Publicação de "Fundamentos da Economia Marxita", "Fundamentos da Estética Marxista", Fundamentos do Materialismo Histórico" e "Fundamentos do Materialismo Dialético".
1970 – Publicação de "Síntese de História da Cultura Brasileira" e "Memórias de Um Escritor".
1974 – Publicação de "Brasil: Radiografia de Um Modelo".
1976 – Publicação de "Introdução à Geografia".
1978 – Publicação de "A Verdade Sobre o ISEB", "Oscar Niemeyer" e "A Coluna Prestes".
1984 – Publicação de "Vida e Morte da Ditadura"
1985 – Publicação de "Contribuição à História do PCB", "O Tenentismo" e "História e Materialismo Histórico no Brasil".
1986 – Publicação de "História da História Nova" e "A Intentona Comunista de 1935".
1987 – Publicação de "O Governo Militar Secreto" e "Literatura e História no Brasil Contemporâneo".
1988 – Republicação de "Memórias de Um Escritor" com o título "Em Defesa da Cultura".
1989 – Publicação de "A República: Uma Revisão Histórica", "A Marcha Para o Nazismo" e do ensaio "O Populismo: a Confusão Conceitual".
1990 – Publicação de "Capitalismo e Revolução Burguesa no Brasil", "O Facismo Cotidiano" e "A Luta Pela Cultura".
1992 – Publicação de "A Ofensiva Reacionária" e "O Golpe de 64".
1994 – Publicação de "A Fúria de Calibã".
1995 – Publicação de "A Farsa do Neoliberalismo".
1998 – Publicação de "Tudo é Política: 50 Anos do Pensamento de Nelson Werneck Sodré", com textos inéditos em livro ou censurados, organizados por Ivan Alves Filho.
1999 – Falece na cidade de Itu, em 13 de janeiro.

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** Secretário da Cultura comenta obra de Werneck Sodré

Secretário da Cultura comenta obra de Werneck Sodré

Fonte: ITU.COM.BR Publicado: Quarta-feira, 19 de janeiro de 2011 por Salathiel de Souza

Jonas Soares de Souza escreve sobre "Oeste", editado em 1941

Deborah Dubner / itu.com.br
Foto
Jonas Soares de Souza comenta a obra de Werneck
Oeste, de Nelson Werneck Sodré (Livraria José Olympio Editora, 1941) é um estudo sobre a colonização pastoril do sertão de além-Paraná, produzido no início da década de 1940 por um grande conhecedor do território hoje pertencente ao estado do Mato Grosso do Sul. Aluno da Escola Militar do Rio de Janeiro, ao alcançar o oficialato Nelson Werneck Sodré serviu nas guarnições de Jundiaí e Itu entre 1934 e 1937, e são desse período suas primeiras incursões na região de Campo Grande, acompanhando tropas em movimento de exercício.  Em março de 1938 passa a servir na guarnição de Campo Grande e integra a campanha militar contra os grupos de bandoleiros que assolavam os chapadões do oeste. Depois dessa experiência, serviu novamente em Itu e em seguida na capital paulista, ali permanecendo até dezembro de 1941, ano em que foi promovido a capitão e no qual a Editora José Olympio publicou Oeste, na Coleção Documentos Brasileiros.  Ao escrever esse livro Sodré valeu-se mais de suas observações diretas e vivência militar do que da análise de dados estatísticos, documentos e bibliografia [1].
Na vasta produção do autor, Oeste não tem os mesmos nível e significação daquelas obras de "textura substantiva", embora, como salientou José Paulo Netto, no caso de Sodré "não há que opor o caráter testemunhal à substantividade". Memóriasde um soldado, por exemplo, "além de ser texto muitíssimo bem construído, dos mais belos da memorialística brasileira – é um extraordinário painel sócio-político da vida de nosso país, cobrindo todo o segundo terço deste século". Por outro lado, cabe ressaltar a autocrítica de Sodré acerca de Oeste, registrada em Memóriasde um escritor: o autor "não tinha o domínio das informações e das ciências necessárias à pintura de um quadro tão amplo".
José Paulo não vê esse gênero de discriminação como essencial para uma primeira aproximação ao conjunto da obra de Sodré. A seu juízo, essa aproximação reclama a distinção de dois momentos na evolução intelectual e na produção de Sodré, cujas fronteiras são demarcadas pela sua participação na direção do Clube Militar e o seu ingresso no Iseb na década de cinqüenta. Não se trata, alerta José Paulo, de visualizar um "corte" entre tais momentos ou de pensar a produção do primeiro momento como uma espécie de "idade da pedra" de Sodré. Mas de levar em consideração que as experiências aludidas levaram-no a uma revisão dos seus supostos teóricos e, "dada a sua conseqüência como pesquisador, a um tratamento diverso às temáticas que já antes saturavam o seu universo de problemas". Ao longo da sua produção alteraram-se os recortes analíticos e os suportes teóricos e metodológicos, mas o conjunto da sua obra desvela uma preocupação fundamental: a compreensão da particularidade histórica brasileira, como apontou José Paulo, um profundo conhecedor da trajetória intelectual de Sodré [2].
Oeste, publicado em 1941, é um dos livros do primeiro momento. O livro não teve reedição, a não ser a edição fac-símile impressa em 1990 pelo Arquivo do Estado de São Paulo, sem a reatualização crítica que mereceram as reedições de outras obras da mesma fase.
Sodré de certa forma justifica o seu estudo lembrando que a grande conquista do Oeste, feita pelos homens do planalto de Piratininga, teve dois instantes nítidos: o "ciclo das bandeiras" e o "ciclo das monções". Cumpre-nos acrescentar nesse desenvolvimento, diz Sodré, o "ciclo pastoril". Se, sobre o fenômeno bandeirante e as monções, a documentação é extensa e fecunda, sobre o desenvolvimento pastoril os dados se mostraram insuficientes para fundamentar conclusões formais. A primeira fase da expansão pastoril, que se deu em terras desbravadas pelo próprio movimento de expansão, tem cronistas e escritores de mérito. A segunda fase dessa expansão, aquela que se afirmou pela posse efetiva de terras já descobertas, percorridas e conquistadas definitivamente pelo elemento humano, é de uma pobreza de documentos e cronistas. É natural, explica Sodré, a cultura pastoril é fundamentalmente rústica e visceralmente pobre. Demasiadamente econômica em sinais visíveis, pouco deixou de si. Na colônia, o dominador teve dois motivos de rancor contra a cultura pastoril. O primeiro, porque ela não pesava no fisco. O segundo motivo não era menos forte: o vaqueiro tinha uma enraizada aversão ao domínio. Abandonou o litoral e penetrou no sertão, desceu e subiu rios e vales nessa constante fuga à autoridade, ao fisco e ao mando dos homens da coroa que, "arranhando o litoral", no dizer de frei Vicente Salvador, nele fixavam a organização do fisco e da repressão. O vaqueiro não deu de si cronistas brilhantes e nem ofereceu, com os seus próprios recursos, sinais  visíveis  de sua passagem territorial e de seu avanço econômico. A cultura canavieira, além dos sinais externos de sua existência, teve seus cronistas, que deixaram documentos, cartas e livros. A lavoura cafeeira teve a felicidade de encontrar os seus comentadores, que explicaram os seus rumos e peculiaridades. A mineração produziu poetas, narradores e historiadores. Só a cultura pastoril não teve a mesma sorte: nômade e dispersiva, sem acarretar a fixação, deixou poucos sinais exteriores e documentos. É essa fase quase desconhecida que Sodré se propõe a estudar, para entender as razões da pobreza do Oeste em seu tempo.
No final do século XVIII a grande conquista do Oeste era obra acabada em termos de extensão. As grandes rotas de penetração estavam abertas, havia núcleos de população e até centros de uma incipiente riqueza. É nesse período que se dão as primeiras penetrações de gado, graças ao capricho de uma hidrografia favorável. As nascentes dos formadores do São Francisco aproximavam-se das nascentes dos formadores do Paraná. Os campos abertos,as passagens obrigatórias e os pontos em que as vias fluviais permitiam vau eram um convite para a passagem, das terras de Minas Gerais para as terras de Goiás e Mato Grosso, dos rebanhos que marchavam continuamente.  Estava iniciada a conquista pastoril que se estenderia por quase todo o território palmilhado pelo bandeirismo e pelos homens das monções. Sodré chama a atenção para o fato de que a penetração do gado prendeu-se às regiões banhadas por águas dos formadores da bacia platina. Nas terras de domínio da floresta amazônica, em que corriam os rios que alimentavam o Amazonas, a expansão pastoril não conseguiu infiltrar-se. Entretanto, toda a bacia platina na sua parte do Oeste ficou dominada pelo regime pastoril.
Emborapobre, a cultura pastoril proporcionou ao Oeste o seu grande momento no sentido da ocupação e da dispersão humana. Os primeiros grupos humanos que ocupam a região seriam originários de Minas Gerais, de onde tinham vindo os rebanhos. Ao contrário dos mineiros, os gaúchos que chegam depois às terras do Oeste não se fazem acompanhar de grandes entradas de rebanhos. No caso dos gaúchos, foi uma marcha exclusivamente humana, em busca de posses novas, já desbravadas e com o gado em constante aumento. A cultura pastoril só permitia a formação de núcleos, centros de distribuição, entre os quais reinava o deserto como uma permanente ameaça. Se essa condensação devia processar-se de modo muito lento, inerente às peculiaridades do regime pastoril, ela tinha uma característica que devia aproveitar fundamentalmente à dispersão humana no Oeste: a continuidade. Enquanto as arrancadas  bandeirante e monçoeira eram fragmentárias e essencialmente descontínuas, plantando núcleos isolados que permaneciam incapazes de novas expansões, a arrancada pastoril apresentava uma continuidade lenta, que cobria intervalos e enchia os divórcios imensos. Pobre em sinais exteriores e em elemento humano, na continuidade da infiltração e no constante desdobramento dos rebanhos a cultura pastoril deixaria na geografia humana do Oeste um papel de relevo verdadeiramente único. No caso do Oeste, diz Sodré, a cultura pastoril desbravava e civilizava. Se o padrão civilizador era baixo e traria conseqüências desequilíbradoras mais adiante, não importa. No momento e no espaço em que se deu tal expansão, ela teve uma função de primeira ordem.
O drama da miséria começa com a Lei de terras de 1850. A posse precária de tão vastos territórios chocou-se com a lei que proibia a aquisição de terras devolutas por outro título que não fosse o de compra.  A posse efetiva exigia a habitação dos proprietários nos tratos de que se declaravam donos, sem o que os respectivos tratos não passariam de terras devolutas, de propriedade do Estado. Isso não ocorria pelo simples motivo da inaptidão fundamental do regime pastoril em concentrar, em adensar elementos humanos, de forma a confirmar a posse efetiva da terra. As posses nada valiam, nelas não havia sinais de trabalho humano, benfeitorias que agregassem valor. Aí residia uma das características fundamentais da cultura pastoril: o absoluto desvalor do solo, a desestima da terra. A segunda característica é o nomadismo que, em última análise, prendia-se ao pauperismo profundo do regime pastoril. Nomadismo e pobreza, pobreza e nomadismo. Essa massa humana abre caminhos, conquista terras, mas nada levanta sobre essas conquistas. Não há marcos que assinalem a grandeza dessa conquista, só a tradição oral, transmitida de pais para filhos.
A pequenez do ecúmeno no Oeste, ligada às características da produção dominante nessas terras, não podia deixar de ter uma profunda projeção na organização social e suas transformações. As distâncias infinitas divorciaram os homens e reduziram a possibilidade do trabalho coletivo que constrói e torna viável a mutação contínua. Pobreza, desertão, primitivismo, foram características permanentes, que não sofreram mais que um leve abalo com o advento de novos fatores.
A forma de ocupação do território permitiu a formação de grandes propriedades pobres, que impõem mais limites ao crescimento demográfico. Aos grandes senhores rurais a cultura pastoril só é compensadora porque a terra lhes ficou gratuita, pela posse fácil das heranças, não lhes interessando a fragmentação. Uma outra atividade da região, a exploração da erva mate, também era feita sob o regime da grande propriedade. Agravando o panorama de desolação, vigia o sistema de concessão de grandes tratos a organizações estrangeiras. São extensões vastíssimas, só possíveis no desertão do Oeste. Se as terras propícias ao gado, que são aquelas em que a lavoura se poderia estabelecer, ficam na posse de grandes proprietários brasileiros e estrangeiros, e se as outras terras não se prestam, por inundáveis, que resta a cultivar?,  pergunta Sodré. O fator grande propriedade e o fator geográfico ligado às condições físicas e ao meio prejudicam a marcha progressiva da grande para a pequena propriedade, do nomadismo para a fixação, da pobreza para a riqueza, da dispersividade de interesses para a sua comunidade – especificada nas organizações municipais.
Sodré faz uma rápida análise do desenvolvimento da Argentina e de sua trajetória para a superação dos entraves do predomínio do regime pastoril sobre a ação civilizadora da colonização agrícola.  Em seguida, aponta os pontos de contato com o quadro do Oeste: o choque profundo entre o regime pastoril e o regime agrícola, o antagonismo formal entre a cidade e o campo, as disparidades oriundas do caudilhismo, da ausência de princípio hierárquico, de fuga à autoridade, de dispersão. Esses são os quadros comuns que tiveram uma representação formidável na formação Argentina e que têm um papel de primeira ordem no cenário do Oeste.
ParaSodré, a luta contra o cenário apresentado pelo Oeste deveria se apoiar decisiva e formalmente no primado do regime agrícola, na positiva intervenção do Estado em favor da fragmentação da grande propriedade, no incremento do crescimento demográfico, na ampliação das vias de comunicação, na formação de autoridade forte e sólida apoiada nos grupamentos urbanos e na elaboração da organização municipal.
Quandoo número de pequenas propriedades agrícolas crescer e desdobrar-se, começando pelas beiras das estradas de ferro para depois penetrar no interior através das rodovias, o domínio pastoril terá que refluir e estabelecer-se em novos padrões. Só a agricultura liga o homem à terra, só ela pode estabelecer os vínculos formidáveis que interpõem limites à dissociação familiar, à pobreza eterna, à tristeza das moradas desconfortáveis, à miséria alimentar e ao obscurantismo.  O crescimento e o desdobramento das ferrovias, além de articular o Brasil com a Bolívia, oferecendo vias de escoamento pelo oceano da produção desses países, contribuirão para neutralizar a ação desnacionalizadora e antibrasileira do sistema fluvial cuja resultante conduz ao rio da Prata. A política ferroviária acarretará a expansão dos mercados abastecidos pelo parque industrial paulista, o desenvolvimento do mercado interno, e oferecerá a possibilidade do deslocamento das levas nômades, em busca de melhores condições de vida e de trabalho.
Sodré conclui afirmando que a marcha da agricultura, com o advento da pequena propriedade, será o avanço civilizador e nacionalizador que provocará o desaparecimento das forças contrárias que jogam no cenário do Oeste. Superadas as anomalias que se traduzem na instabilidade e na pobreza, o Oeste poderá estruturar uma fase de riqueza e de libertação.


[1]WERNECK SODRÉ, Nelson – Memóriasde um soldado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
                                                       –  Memóriasde um escritor. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970.
[2]PAULO NETTO, José – Nelson Werneck Sodré. In: WERNECK SODRÉ, Nelson – O naturalismo no Brasil. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1992.

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