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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de IARA IAVELBERG -XX-

Carta O Berro..........................................................repassem

IARA IAVELBERG
Militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8)

Nasceu em 07 de maio de 1944, na cidade de São Paulo, filha de David Iavelberg e Eva Iavelberg. Psicóloga e professora universitária.

Foi morta no dia 20 de agosto de 1971, aos 27 anos, em circunstâncias ainda não esclarecidas.
Da militância ao amor clandestino

Iara Iavelberg, psicóloga e professora da USP, participou de quatro organizações clandestinas de combate à ditadura militar: Polop, VAR-Palmares, VPR e MR-8. Panfletava em porta de fábrica e pichava muros. Nas reuniões clandestinas, ajudava na cozinha.

Iara e o ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, que desertara em 24 de janeiro de 1969 levando armas do quartel em que servia, se conheceram na VPR e se transferiram juntos para o MR-8. Além das dificuldades óbvias de dois clandestinos se encontrarem, o namoro foi tumultuado pelo ciúme dele dos ex-namorados dela e pelo sentimento de culpa de estar traindo a mulher, Maria Pavan, que mandara com os filhos pequenos para Cuba.

Escondida num apartamento na Praia de Pituba, em Salvador, Iara foi vista com dois revólveres por um menino, que avisou à mãe, trazendo de volta a polícia, que já terminara a batida no prédio, em 23 de agosto de 1971. Aos 27 anos, Iara suicidou-se, segundo a versão do Exército, ou foi assassinada, a tiros de metralhadora, pelo sargento do Corpo de Fuzileiros Navais Rubem Otero, já falecido. O laudo do Instituto Médico-Legal da Bahia desapareceu e a família foi proibida pelo Exército de abrir o caixão.

Iara se casara aos 16 anos com Samuel Haberkorn, de 25 anos. Cinco anos depois, continuava virgem. A decepção de descobrir que Samuel tinha outra mulher a fez livrar-se da rígida educação moralista. Entre seus ex-namorados estão o hoje presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), e o economista Luciano Coutinho.

Sua vida está contada no livro "Iara", de Judith Patarra, lançado em 1992, e, em parte, no filme "Lamarca", de Sérgio Rezende, que estreou em 1993.

Corpo de guerrilheira segue para exames após exumação Família de companheira de Lamarca quer provar que Iara não cometeu suicídio

Jornal do Brasil 23/09/03

Há duas versões sobre a morte de Iara. Uma delas diz que teria sido morta após rápido tiroteio com policiais do DOI/CODI-RJ, deslocados a Salvador para prendê-la. Consta que Iara teria se refugiado no banheiro de uma casa vizinha à sua, na tentativa de escapar à perseguição dos policiais, ocasião em que teria sido localizada, tendo se matado com um tiro na cabeça. Esta é a versão oficial, conforme nota divulgada na época pelos órgãos de segurança.

A outra versão é colocada por alguns de seus companheiros, baseados nos testemunhos de populares que assistiram à prisão e/ou morte de Iara. Segundo o apurado, Iara teria sido presa, e levada para a sede do DOPS local. Vários presos que se encontravam naquele estabelecimento no mesmo período, ouviram os gritos de uma mulher sendo torturada, identificando tais gritos como sendo de Iara.

O Relatório do Ministério da Marinha diz que ela foi "morta em Salvador/BA, em ação de segurança", o relatório do Ministério da Aeronáutica "suicidou-se em Salvador/BA, em 06 de agosto de 1971, no interior de uma residência, quando esta foi cercada pela polícia".

A certidão de óbito dá sua morte, em 20 de agosto de 1971, tendo sido firmada pelo Dr. Charles Pittex e informando que Iara foi sepultada por sua família no Cemitério Israelense de São Paulo.

Jornal "O Golbo " 05/05/02

Corpo de mulher de Lamarca vai ser exumado

Evandro Éboli

BRASÍLIA. A família de Iara Iavelberg, última companheira do guerrilheiro Carlos Lamarca, obteve uma histórica vitória. Desde 1998, briga na Justiça para que o corpo de Iara seja exumado, e que um exame pericial determine as reais causas de sua morte. Na semana passada, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a exumação.

O motivo da ação é religioso. Iara está enterrada na ala dos suicidas no Cemitério Israelita de São Paulo, perto de um muro, de costas para a área central e longe do túmulo do pai, Davi Iavelberg. Ela morreu em Salvador, durante uma ação do Exército, em 20 de agosto de 1971. O relatório oficial da Operação Pajussara diz que Iara suicidou-se após o cerco dos policiais.

A família contesta a versão. O suicídio é considerado um dos mais graves crimes pela lei judaica. O judaísmo prega que ninguém tem o direito de se matar. Por isso, a cova de Iara fica isolada das demais, numa ala destinada aos suicidas. Se provarem que ela foi assassinada, os Iavelberg conseguirão levá-la para perto do túmulo do pai.

— O suicídio é considerado uma desonra pelas leis judaicas — diz Henry Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista.

Exumação já havia sido tentada em 1996

Pela primeira vez em processos movidos por parentes de vítimas da repressão, o motivo da ação não é pedido de indenização nem de pensão. A família Iavelberg já tentou na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, do Ministério da Justiça, a indenização a que dizia fazer jus. Mas o pedido foi negado por falta de provas da participação dos militares em sua morte.

Em setembro de 1996, antes de entrarem com a ação, Samuel, Raul e Rosa Iavelberg, irmãos de Iara, pediram à Sociedade Chevra Kadisha, que controla o cemitério, a exumação do corpo, com base na publicação de versões de que Iara poderia ter sido assassinada pela ditadura militar. O pedido foi negado. Os judeus só permitem a exumação em casos de transferência dos restos mortais para Israel, para enterro próximo a parentes ou se a sepultura for profanada.

Iara integrou a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e, depois, o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). O relatório oficial da operação do Exército afirma que "a fim de evitar sua prisão e sofrendo ação de gases lacrimogêneos, Iara suicidou-se".

O corpo de Iara foi entregue embalsamado pelos militares aos parentes um mês depois de sua morte, num caixão lacrado. Os militares proibiram que ele fosse aberto.


SÃO PAULO - Foi exumado, em São Paulo, o corpo da companheira do guerrilheiro Carlos Lamarca, Iara Iavelberg, e levado para a Faculdade de Medicina da USP, onde será periciado. Ela morreu em 20 de agosto de 1971, durante a invasão de seu apartamento, em Salvador, cercado por forças da repressão.

A versão do regime militar é a de que ela teria cometido suicídio. Irmão da guerrilheira, Samuel Iavelberg afirma que a família pediu a exumação para tentar provar, numa perícia, que ela teria sido assassinada pela polícia. Disse que a família não pretende pedir indenização ao Estado caso essa versão seja comprovada.

Além disso, diz Samuel, a família quer mudar a forma como o corpo foi enterrado, caso seja confirmado o crime.

Seguindo a tradição judaica, por ter supostamente cometido o suicídio, a guerrilheira foi sepultada ''com desonras'', em solo não-consagrado e ''de costas'' para o restante do Cemitério Israelita do Butantã, ou seja, com os pés - em vez da cabeça - próximos à lápide.

A exumação foi determinada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, dia 4 de novembro do ano passado, a partir de recurso impetrado pela família, após a Sociedade Cemitério Israelita de São Paulo conseguir, em primeira instância, impedir que o corpo fosse desenterrado para exames.

Segundo Abrão Bernardo, assessor da instituição judaica, exumá-la é contra aquela religião por representar ''uma violação do corpo, que é sagrado''.

Semana passada, porém, o juiz Alexandre Alves Lazzarini, da 16ª Vara Cível de São Paulo, determinou a imediata exumação. Como informara o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), advogado da família, o Instituto Médico Legal marcara para ontem a data da exumação.

Ao meio-dia, entretanto, o mesmo juiz determinou a suspensão do procedimento, ao aceitar a argumentação dos advogados do cemitério.

- Não fomos notificados e não tivemos condição de nos preparar - disse Bernardo.

Greenhalgh recorreu ao juiz e conseguiu fechar um acordo com a necrópole para a exumação prosseguir.

Abrão Bernardo afirma que a entidade aceitou a versão oficial de suicídio porque ''o óbito veio dessa forma''.

Samuel garante que a Sociedade Cemitério Israelita é uma ''entidade ultraconservadora e com tendências direitistas''.

- No fundo, é uma questão política. Eles não querem que se afronte a versão militar - afirmou.

Bernardo, no entanto, afirma que não teriam ''como agir de forma diferente naquela época''.

Um mistério de 32 anos

A psicóloga Iara Iavelberg, mulher de Carlos Lamarca (do MR-8), morreu em 20 de agosto de 1971, aos 27 anos, num apartamento em Salvador (BA). A versão oficial é que, quando a polícia invadiu o apartamento, ela estaria armada e que, para não ser presa, teria se suicidado com um tiro. Lamarca foi morto pouco depois, em 17 de setembro, na Bahia.

Segundo o jornalista Elio Gaspari relata no livro A Ditadura Escancarada, o corpo de Iara ficou numa gaveta do necrotério de Salvador por mais de um mês, para atrair Lamarca. Depois, foi levado para São Paulo, num caixão lacrado. A família não pôde abri-lo.

Em 9 de julho de 1996, irmãos de Iara pediram a exumação do corpo à Federação Israelita de São Paulo. O pedido foi negado. No mês seguinte, o médico Lamartine Lima disse ter ouvido do militar Rubem Otero a confissão de que ele teria matado Iara. Suspeita-se que Iara tenha resistido à prisão e foi atingida por uma rajada de metralhadora. Três tiros teriam atingido a cabeça e o tórax.

Iara Iavelberg é exumada, 32 anos depois

O Globo 23/09/03

Soraya Aggege

SÃO PAULO. 32 anos depois de sua morte, e após uma longa batalha judicial de sua família contra a sociedade Chevra Kadisha, responsável pelo Cemitério Israelita de Butantã, em São Paulo. Peritos da Universidade de São Paulo (USP) vão tentar apurar se Iara se matou ou se foi assassinada por órgãos de repressão do regime militar.

A exumação ficou suspensa por sete horas ontem porque a sociedade judaica recorreu à Justiça para suspender a medida, sem sucesso. A família de Iara só recorreu à Justiça para garantir a exumação depois que a sociedade se recusou a desenterrar o corpo dizendo que isso é proibido pela religião judaica.

Segundo as tradições judaicas ortodoxas, o corpo estava sepultado na ala dos suicidas (junto ao muro, de costas para os outros túmulos) e Iara foi enterrada sem que seu corpo fosse lavado e envolto em lençol.

Família de militante não quer indenização do Estado

A família de Iara não quer indenização do Estado e diz que a Chevra Kadisha tem uma orientação de direita.

— Eles sempre acharam que não era bom lutar contra a ditadura. E alegam preceitos religiosos para barrar a apuração da história. Há 13 anos tentamos exumar o corpo e eles nos impedem. Há uma divisão de opiniões na comunidade judaica, mas esse grupo é afinado com a direita — disse o jornalista Samuel Iavelberg, irmão de Iara.

O advogado da sociedade, Márcio Pollet, afirmou que a entidade não fora informada com antecedência sobre a decisão da Justiça. Além disso, ele alegou que esta semana é sagrada para os judeus e que, por isso, seria difícil encontrar um rabino para acompanhar a exumação:

— Não temos nada contra a produção de provas. Só queremos o cumprimento mínimo da tradição judaica. Os jornalistas não podem fazer festa em solo sagrado.

Segundo o advogado da família de Iara, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), a sociedade judaica queria que a exumação só fosse concluída em 8 de outubro, após o ano novo judaico:

— Se chove, acaba a possibilidade de fazer a análise. E eles também não queriam que a família de Iara acompanhasse a exumação.

Uma morte misteriosa

Última companheira do guerrilheiro Carlos Lamarca, a psicóloga Iara Iavelberg tinha 28 anos e estava grávida quando morreu, em agosto de 1971, em Salvador. O laudo do IML sumiu e a família foi proibida pelo Exército de abrir o caixão. Há duas versões sobre sua morte. Oficialmente, ela teria se matado com uma bala no peito após tiroteio com policiais do DOI/Codi. No entanto, há depoimentos dizendo que Iara foi morta, a tiros de metralhadora, pelo sargento do Corpo de Fuzileiros Navais Rubem Otero, já falecido.

Folha de São Paulo 23/09/03

Corpo da mulher de Lamarca é exumado

Família pretende provar que Iara Iavelberg não se suicidou, contrariando versão dada pelo governo

DA REPORTAGEM LOCAL

Foi exumado ontem em São Paulo o corpo da mulher do guerrilheiro Carlos Lamarca, Iara Iavelberg, que morreu em 20 de agosto de 1971, após a polícia invadir o apartamento em que ela morava, em Salvador (BA).

A versão do regime militar para a morte de Iara é a de que ela teria cometido suicídio. O irmão da guerrilheira, Samuel Iavelberg, afirma que a família pediu a exumação para tentar provar, após perícia, que ela, na verdade, teria sido morta pela polícia. Ele disse que a família não pretende pedir indenização ao Estado caso essa versão seja comprovada.

Além disso, diz Samuel, a família quer, caso seja provado que Iara não cometeu suicídio, mudar a forma como ela está enterrada.

Seguindo a tradição judaica, por ter supostamente se suicidado, a guerrilheira foi sepultada "com desonras", em terreno não-consagrado e "de costas" para o restante do Cemitério Israelita do Butantã -ou seja, com os pés, em vez da cabeça, próximos à lápide.

A exumação foi determinada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo no dia 4 de novembro de 2002, a partir de recurso da família, após a Sociedade Cemitério Israelita de São Paulo conseguir, em primeira instância, impedir que o corpo fosse desenterrado para a perícia.

Segundo Abrão Bernardo, assessor da presidência da entidade, exumá-la vai contra a religião judaica, por ser, ele diz, "uma violação do corpo, que é sagrado".

Paralisação

O juiz Alexandre Alves Lazzarini, da 16ª Vara Cível de São Paulo, cumprindo a decisão do Tribunal de Justiça, determinou que a exumação fosse realizada. Segundo o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), advogado da família no processo, o IML (Instituto Médico Legal) marcou para ontem a data da exumação.

Ao meio-dia de ontem, porém, o juiz mandou suspender o procedimento, aceitando argumentação dos advogados do cemitério. "Não fomos notificados e não tivemos condição de nos preparar", disse Bernardo.

Segundo Greenhalgh e Samuel, também teria sido argumentado incorretamente que se tratava de um feriado religioso para os judeus, o que impossibilitaria trabalhos no cemitério.

Greenhalgh recorreu ao juiz e conseguiu um acordo com a Sociedade Cemitério Israelita para que a exumação prosseguisse sem a presença da imprensa, o que, ainda segundo Greenhalgh, teria sido exigido porque representaria uma "profanação do túmulo".

O irmão de Iara conta que a família briga na Justiça, em outros processos, há 13 anos para conseguir exumar o seu corpo. Segundo ele, o enterro foi uma "operação militar", em que o caixão chegou lacrado ao cemitério, e que não foi permitido que as cerimônias tradicionais, como a lavagem do corpo, fossem realizadas.

Abrão Bernardo afirma que a entidade aceitou a versão oficial de suicídio porque "o óbito veio dessa forma".

Samuel diz que a Sociedade Cemitério Israelita é uma "entidade ultraconservadora e com tendências direitistas". "É uma questão política, no fundo. Eles não querem que se afronte a versão militar", afirmou.

"Não tínhamos como agir de forma diferente naquela época", disse Bernardo sobre as declarações de Samuel, negando qualquer motivação política.

Após ser exumado, o corpo foi levado para a faculdade de medicina da USP, onde será analisado.

(RAFAEL CARIELLO)

Psicóloga morreu em 1971 cercada pela polícia na BA





quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

** Informativo do Arquivo Público do Estado de São Paulo - janeiro

Siga o Arquivo Público no Twitter: www.twitter.com/ArquivoPublico
Visite o site do jornal "Última Hora": www.arquivoestado.sp.gov.br/uhdigital
Saiba mais sobre a emissão de certidões: www.arquivoestado.sp.gov.br/difusao/memorial

** 70 anos da Força Aérea Brasileira

 
No ano de 2011 a Força Aérea Brasileira lembra a sua trajetória. São 70 anos de grandes feitos e de muitos heróis, famosos e anônimos. A aviação brasileira nasceu e se consolidou sob as asas da FAB.


Acompanhe esta história.

Anos 40: a decolagem


Já havia algum tempo em que se discutia a criação de um ministério específico para o setor de aviação. As discussões no Brasil começaram no final da década de 20 e ganharam força a partir de 1935, com o lançamento de uma campanha para a criação do Ministério do Ar, sob a influência de países como a França.

Para o primeiro Ministro da Aeronáutica, Joaquim Pedro Salgado Filho, os desafios eram muitos. Faltavam aeronaves, pilotos, estrutura. "Era imprescindível despertar o interesse da juventude para a carreira de aviador", dizia.

Naquele momento, com a criação do novo órgão, Salgado Filho assumiu o comando da Aeronáutica brasileira – a aviação civil, a infraestrutura, a indústria nacional do setor e as escolas de formação de mão-de-obra – e do seu braço-armado, a Força Aérea Brasileira (FAB), criada com o novo ministério a partir das aviações da Marinha e do Exército.

Nesse contexto, a Segunda Guerra trouxe ao país um grande incentivo para organizar a sua aviação, sobretudo depois de iniciada a batalha do Atlântico Sul. Com o afundamento de navios brasileiros, a aviação militar teve de assumir o patrulhamento do litoral e, mais tarde, acabou enviada à Itália, para combater com os aliados.

Romper barreiras e vencer desafios: a missão da FAB nos anos 50


Desafio é a palavra que melhor define a década de 50. Desde a criação de uma "fábrica de cérebros" para a indústria aeronáutica até a construção de aeroportos no interior da Amazônia, a Força Aérea Brasileira começou a consolidar os seus objetivos de produzir tecnologia nacional e de integrar o território brasileiro.

Em 1953, na pacata cidade de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, o Centro Técnico de Aeronáutica abrigou dois institutos científicos, tecnicamente autônomos, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) - para o ensino superior - e o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento (IPD) - voltado para pesquisa e desenvolvimento na área de aviação militar.

A nova tecnologia chegava também na área operacional. Os jatos Gloster Meteor mudaram a história da aviação militar e da aviação civil brasileiras. A FAB adquire os F-8 e entra na "Era das Turbinas".

Em 1956, a FAB começou a atuar na construção de aeródromos em meio à imensidão da floresta amazônica com a criação da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA). O objetivo era integrar a Amazônia Brasileira ao resto do país.

A década de 50 também marca a criação do Esquadrão de Demonstração Aérea, conhecido como Esquadrilha da Fumaça.

Década de realização de sonhos na indústria aeronáutica brasileira
 


Encurtar distâncias, vencer barreiras, transpor limites. Do planejamento dos anos 50 a ação na década de 60. O Brasil avança no ramo da ciência e tecnologia com o avião Bandeirante e o início do Programa Espacial, projetos que saíram do papel dentro do Centro de Tecnologia de Aeronáutica (CTA).

O avião Bandeirante surgiu a partir do projeto IPD-6504, uma referência ao ano (65), número do projeto (04) e ao Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), do CTA. O protótipo daria origem ao futuro EMB 110 Bandeirante que, em 1968, decolou pela primeira vez, em um voo que durou, aproximadamente, 50 minutos. O projeto bem-sucedido deu origem à Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), destinada à fabricação seriada do Bandeirante.

Na mesma década, o CTA formou o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE). Os pesquisadores brasileiros militares e civis do Ministério da Aeronáutica participaram de pesquisas internacionais nas áreas de astronomia, geodésica, geomagnetismo e meteorologia. O SONDA I foi considerado a grande escola do Programa Espacial Brasileiro.

Mudanças no conceito de defesa aérea
 


Os anos 70 marcam o início de uma nova fase para a Força Aérea Brasileira (FAB). Até a década de 60, o Brasil ainda baseava seus conceitos de defesa aérea nos conhecimentos adquiridos na Segunda Guerra. O mundo era outro, a guerra fria estava no auge e a aviação tornava-se cada vez mais rápida, letal e tecnológica. Era preciso antecipar (ter meios para detectar possíveis ameaças) e agir (atingir rapidamente os objetivos). Chegava a vez dos supersônicos.

O Ministério da Aeronáutica concluiu uma série de estudos e, em 1969, concebeu o Sistema Integrado de Controle do Espaço Aéreo, um projeto ambicioso e estratégico que previa a utilização conjunta de equipamentos de detecção, de telecomunicações e de apoio para as atividades de defesa aérea e de controle de tráfego aéreo. Dois anos antes, a FAB já havia criado o Comando Aéreo de Defesa Aérea (COMDA), embrião do atual Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA).

Ao mesmo tempo em que a estrutura de detecção nascia, com uma complexa de rede de radares e equipamentos espalhados pelo país, o Ministério da Aeronáutica buscava no mercado internacional o que havia de melhor em modernos caças supersônicos. Em 1972, entra em operação a primeira unidade aérea de interceptação da FAB, o atual Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), equipado com caças F-103 Mirage III. Na mesma década, chegaram ao Brasil os caças F-5 e, sob licença, a EMBRAER passou a produzir o primeiro jato fabricado no país, o AT-26 Xavante.

Novidades na indústria aeronáutica e no programa aeroespacial brasileiro


A indústria aeronáutica brasileira apresentou grande expansão na década de 80. A EMBRAER alcançou sucesso com projetos como o Brasília, o T-27 Tucano e o AMX. A cidade de Alcântara, no Maranhão, foi a escolhida para a construção da principal base da então Missão Espacial Brasileira (MECB), no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).  

O AMX foi projetado como substituto ao Xavante para missões de ataque e se destaca pelo raio de alcance, robustez e confiabilidade nos sistemas eletrônicos. Daí vem o apelido de "o avião computador". O T-27 Tucano, além de cumprir o papel de treinador, também pode voar missões de treinamento armado, apoio aéreo, ataque ao solo e defesa do espaço aéreo. O projeto de substituição do Bandeirante deu origem ao Brasília. Na FAB, o avião foi designado de C-97. As primeiras unidades passaram a ser operadas pelo 6º Esquadrão de Transporte Aéreo.

A cidade de Alcântara, no Maranhão, não foi escolhida por acaso para ser a sede do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). A localidade se destaca por possibilitar lançamentos de foguetes com menor consumo de combustível ou com maior capacidade de carga. Houve um grande investimento em infraestrutura e tecnologia que possibilitou o lançamento de quinze foguetes SBAT-70 e 2 SBAT-152 na Operação Pioneira.

SIVAM: os olhos vigilantes da Amazônia



Uma imensidão verde impenetrável aos olhos dos viajantes e dos aviadores que percorriam as poucas rotas dos 62% de florestas do território nacional. Até a década de 1990, esta era a visão da Amazônia brasileira. A região era desprotegida e alvo de atividades ilícitas, como rotas clandestinas, tráfico de drogas, biopirataria, para citar as mais recorrentes em um território de baixa densidade demográfica e fronteiras despovoadas. A integração da Amazônia, que parecia um objetivo distante, foi possível com o Sistema de Vigilância da Amazônia (SIVAM).

Pode-se dividir a Amazônia em antes e depois do SIVAM. O sistema de radares e satélites permitiu que a região fosse conhecida e possibilitou que o espaço aéreo da região voltasse ao controle do país. Imaginar o espaço aéreo na época era visualizar um grande vazio com algumas ilhas na região de selva, já que os radares ficavam restritos às capitais. O Brasil estava integrado por três Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA) nas Regiões Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Sul, e experimentava uma lacuna em mais da metade de seu território.

O SIVAM é uma complexa rede de radares, satélites e equipamentos de vigilância, controle e comunicação espalhados por nove Estados – Roraima, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Maranhão e Tocantins. O projeto exigiu investimentos da ordem de 1,4 bilhões de dólares, necessários para a criação de uma rede de equipamentos em uma região de 5,2 milhões de quilômetros quadrados.

Tempos de tecnologia e inovação sem esquecer o lado humano

A tecnologia veio para ficar nos anos 2000. O que parecia roteiro de filme virou realidade. A Força Aérea Brasileira investe em projetos de aviões supersônicos, veículos aéreos não-tripulados e foguetes movidos a combustível líquido. O Brasil se consolida como referência na aviação mundial, investindo no reaparelhamento da frota de aeronaves militares e como uma das lideranças do projeto de criação do espaço aéreo contínuo (CNS-ATM), gerenciado com o apoio de satélites.

Entre as novas aeronaves, estão o A-29 Super Tucano e o Projeto F-X2, os aviões de patrulha P-3AM, os de transporte C-99 e C-105 Amazonas, os helicópteros AH-2 Sabre, H-60 BlackHawk e EC-725. Além disso, a FAB investe na modernização dos F-5 E e dos bombardeiros A-1.

Na área aeroespacial, os Centros de Lançamento de Alcântara e de Barreira do Inferno são considerados referência para o voo de foguetes e para rastrear equipamentos do mundo inteiro que passam pelo espaço brasileiro. Os lançamentos de foguetes VSB-30 são realizados desde 2004. Dois anos depois, o país assiste à chegada a Estação Internacional (ISS) do primeiro astronauta brasileiro, o então Tenente-Coronel-Aviador Marcos Cesar Pontes.

As operações de resgate e ajuda humanitária da FAB ultrapassaram as fronteiras nacionais. Missões aconteceram no Brasil, no Líbano, no Haiti, no Chile e em diversos países. No Brasil, marcaram a história as operações de resgate do voo AF447, da Air France, no meio do Oceano Atlântico, e do voo 1907, da Gol, na Amazônia.






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Fernanda das Graças Corrêa
Doutoranda/ Programa de Pós Graduação de Ciência Política/ Estudos Estratégicos
Universidade Federal Fluminense
E-mail (1): fernanda.das.gracas@hotmail.com
E-mail (2): fernanda.das.gracas@bol.com.br
Site: www.fernandadasgracascorrea.blogspot.com





"A Ciência está sempre errada; nunca resolve um problema sem que seja criado outro" (Bernard Shaw).
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Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.


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** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Heleny Telles Ferreira Guariba -XVIII-

Carta O Berro..........................................................repassem



Heleni Telles Ferreira Guariba

 


Militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR).

Nasceu em 13 de março de 1941 em Bebedouro, Estado de São Paulo, filha de Isaac Ferreira Caetano e Pascoalina Alves Ferreira.


Desaparecida desde 1971 aos 30 anos.


Professora universitária e diretora do "Grupo de Teatro da Cidade", de Santo André, São Paulo.


Presa no Rio de Janeiro no dia 12 de julho de 1971, juntamente com Paulo de Tarso Celestino da Silva (desaparecido), por agentes do DOI-CODl/RJ.


Inês Etienne Romeu, em seu relatório sobre a "Casa da Morte", em Petropólis, denuncia que Heleny esteve naquele aparelho clandestino da repressão no mês de julho de 1971, tendo sido torturada por três dias, inclusive com choques elétricos na vagina.


O Relatório do Ministério da Aeronáutica diz que Heleny foi "presa em 20 de outubro de 1970, em Poços de Caldas/MG, sendo libertada em 01 de abril de 1971..." Já o Relatório do Ministério do Exército afirma que "foi presa em 24 de abril de 1970 durante a Operação Bandeirantes e libertada a 1° de abril de 1971."


De Ulisses Telles Guariba Netto:


"Casei-me com Heleny Ferreira Teles Guariba em 1962 e nos separaramos judicialmente em fins de 1969. Estudamos na Faculdade de Filosofia da USP-Departamento de Filosofia. Foi um longo namoro. Ambos militávamos na VPR. No final de 1969, após separar-me de Heleny, retirei-me do movimento.


Depois de separar-me vim morar na Rua Maria Antônia. Heleny foi morar nas Perdizes. Tínhamos, então, dois filhos, Francisco e João Vicente, que continuaram morando com a mãe. Eu sempre visitava meus filhos, semanalmente, mantendo, assim, também contatos com Heleny. No início de fevereiro de 1970, em um sábado à noite, Heleny me procurou para dizer que Olavo, seu namorado, tinha sido preso e me pedia auxílio, uma vez que meu pai era general reformado. Eleni pediu também que eu falasse com o Capitão Maurício da OBAN, uma vez que esse oficial havia, anos atrás, namorado com minha irmã, ainda mantendo relações de amizade comigo. Quando procurei Maurício, este confirmou que Olavo realmente estava preso e que era membro da VPR.


Meu pai foi à OBAN pedir que, ao menos, Olavo não fosse torturado, mostrando-se interessado na própria pessoa de Olavo. Com a prisão de Olavo, Heleny deixou a residência das Perdizes, deixando os filhos comigo. Nessa mesma época, mudei-me para a Rua José Antônio Coelho, na Vila Mariana, em São Paulo, em um anexo da casa de meus pais. No início de março daquele mesmo ano o pai de Olavo me procurou, desesperado e contou-me que os órgãos de segurança ameaçavam prendê-lo, bem como a sua esposa e os filhos, pois queriam que eles prestassem informações a respeito do paradeiro de Eleni.


Ela, por sua vez, estava escondida em Serra Negra. O pai de Olavo, contou-me também que, não resistindo às pressões, havia contado onde estava Eleni e que ela havia sido presa, naquele dia, no final da tarde. Diante disso eu e meu pai fomos à OBAN. Fomos, também, procurar o Capitão Maurício, que nessa época prestava serviços ao DOPS. Procuramos, também, delegados do DOPS e todos diziam que não podiam prestar informações a respeito de Heleny. Três dias após, eu e meu pai fomos ao DOPS, à noite, para encontrar Heleny, no Gabinete de Romeu Tuma, então um dos delegados do DOPS. Ela então contou que havia sido torturada pelo Capitão Albernaz. Tinha marcas roxas nas mãos e nos braços, provocadas por choques elétricos. Albernaz havia tido contato conosco antes de torturar Heleny. Fôra, em tal conversa, extremamente simpático. Heleny contou também que estava no início do período menstrual e que, com as torturas, havia tido uma hemorragia, que havia assustado os torturadores, que a haviam retirado da OBAN e enviado ao Hospital Militar, onde ficou 48 horas, tendo naquele dia, sido encaminhada para o DOPS.


Foi solta em fins de abril de 1971, por decisão da própria Justiça Militar.


Ao ser libertada, desejava viajar para o exterior. Ela tinha também a intenção de ajudar familiares de perseguidos e mortos. Ficou uns tempos na casa da mãe e na casa de amigos, enquanto se preparava para a tal viagem. Por volta do dia 25 de julho, recebi um telefonema em casa informando-me que Heleny havia sido presa no Rio de Janeiro.


Meu pai foi para Brasília, bem como ao Comando do I Exército, no Rio de Janeiro, procurando autoridades e amigos. Todas as informações foram no sentido de que Heleny não havia sido presa e que, provavelmente havia embarcado para o exterior..."

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+ Informações sobre a vida de Heleny Ferreira Telles Guariba.
Quando o golpe de 1964 instaurou a ditadura militar no Brasil, mulheres e homens amargaram nas prisões de delegacias e aparelhos clandestinos de repressão, sofrendo as mais desumanas torturas físicas e psicológicas. Com o poder nas mãos dos militares, muitas destas pessoas foram exiladas e deixaram o país. Outras ficaram, para lutar das mais variadas formas para reconquistar a liberdade e a democracia do Brasil. O ideal era o mesmo, mas as formas de luta variavam: alguns decidiram pegar em armas, através das guerrilhas, outros escolheram a arte. Dentre aqueles que optaram por este instrumento está a diretora teatral Heleny Guariba, que junto com outros nomes desconhecidos pela maioria dos brasileiros, contribuiu para semear o ideal de liberdade e de justiça em um período crítico da história nacional.
Heleny Ferreira Telles Guariba nasceu em Bebedouro, interior de São Paulo, em 1941 e se criou numa família essencialmente feminina. Orfã de pai, aos 2 anos de idade, foi criada pela mãe, pela avó e por uma tia. Filha única e centro das atenções de sua família, a pequena Heleny encantava a todos com seu jeito gentil e falante. Ainda adolescente, começou a dar aulas para crianças e jovens na Escola Dominical da Igreja Metodista Central , em São Paulo, cidade para onde sua família seguiu depois da morte de seu pai. Nesta escola, desenvolveu uma de suas características mais marcantes: saber ensinar e ouvir com interesse e respeito a consideração do outro.
Estudos no exterior
Em 1965, um ano depois de se formar na Faculdade de Filosofia da USP, Heleny parte para a Europa para estudar teatro, política e artes. Na Alemanha, frequentou o teatro do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, o Berlinder Ensemble. Já na França, a diretora fez seu doutorado, além de estágios em diversos teatros do país, como o Theatre de la Cité, de Roger Planchon, também discípulo do teatro idealizado por Brecht.
Na volta ao Brasil, Heleny queria colocar em prárica tudo aquilo que tinha aprendido, visto e sentido na sua temporada no exterior. Para colocar seus ideais revolucionários de transformação política e de resgate da liberdade de expressão em prática, ela usou o teatro como instrumento. Passou a dar aulas na Escola de Artes Dramáticas da USP, onde seu objetivo de popularizá-lo ganhou força entre seus alunos. Assim como Brecht, Heleny queria fazer um teatro operário, que pudesse agir como ferramenta de conscientização política. Assim, foi em Santo André, no ABC paulista, que ela encontrou o campo favorável para isso. Na década de 60, a instalação de diversas fábricas faziam com que a cidade tivesse uma forte concentração de trabalhadoras e trabalhadores, além de uma grande representatividade estudantil, o que tornava o contexto perfeito para o trabalho de Heleny.
Foi então que em 1968, a diretora fundou o grupo Teatro da Cidade, formado em sua grande maioria por operários. A primeira montagem do grupo, Jorge Dandin, o Marido Traído, do dramaturgo francês Moliére, foi vista por mais de 7 mil pessoas. Em 1969, o grupo montou A Ópera dos Três Vintens, de Bertolt Brecht, um dos autores preferidos de Heleny, por causa de sua intensa veia social.
O grupo tinha a alma de Helleny, que através de seu teatro popular buscava a intensificação do envolvimento político dos trabalhadores no contexto social pelo qual o Brasil passava. Mas sua história com o teatro ultrapassou as fronteiras de Santo André. Além das aulas na EAD, Heleny trabalhou com Augusto Boal, dando aulas no seminário de dramaturgia do Teatro de Arena, criado pelo diretor, A diretora também escreveu diversos artigos, publicados em jornais dos anos 60.
Censura dos militares cala a voz de Heleny
Tanto envolvimento político provocou a ira dos militares da ditadura que não toleravam nenhuma iniciativa de transformação no pensamento dos brasileiros. Em março de 1971, Heleny foi presa pelo Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social), sendo torturada por dois meses. Foi solta, mas detida novamente em julho do mesmo ano e enviada ao Destacamento de Operações de Informações, no Rio de Janeiro. Testemunhas afirmam que ela sofreu torturas por três dias e que foi assassinada na ''casa da morte'', em Petrópolis, um dos aparelhos clandestinos de repressão da ditadura. Depois disso, Heleny ingressou na extensa lista dos desaparecidos políticos da ditadura militar. A artista deixou dois filhos: João Vicente e Francisco.
Todos que conviveram com ela têm como lembrança a imagem de uma pessoa companheira e sempre pronta para enfrentar situações difíceis. ''De jeito alegre e cativante, pequena, arisca e bonita - beleza que a gente percebe que vem de dentro pra fora, enraizada no espírito ágil que lhe conservava, no corpo, o jeito de menina'', disse Frei Betto sobre Heleny. Uma brava guerreira, que apesar de permanecer no quase anonimato para a grande maioria dos brasileiros deixou sua marca na história recente do Brasil, como um exemplo de fibra, coragem e perseverança. Heleny provou que não importa de que maneira, o importante é lutar por mudanças.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

** "Sinto-me mais em casa na América Latina", diz Hobsbawm (Folha de S.Paulo, 25/01/2011)

 
"Sinto-me mais em casa na América Latina", diz Hobsbawm

Aos 93, historiador, que publica novo livro, vê região como a única em que se faz política na linguagem do século 20 e elogia Lula

TRISTRAM HUNT
DO "GUARDIAN", EM LONDRES

Hampstead Heath, em Londres, orgulha-se do seu papel na história do marxismo. Era lá que, aos domingos, Karl Marx subia o Parliament Hill com sua família. Nos dias de semana, Marx se juntava a Friedrich Engels para caminhar pelo parque. A ambição marxista permanece viva na casa de Eric Hobsbawm, numa rua lateral que sai do parque. Na última vez em que o entrevistei, em 2002, ele enfrentava outro ataque da mídia pela ligação com o Partido Comunista.

As coisas mudaram: a crise global transformou os termos da discussão, e a crítica marxista da instabilidade do capitalismo ressurgiu. Parecia não haver momento melhor para Hobsbawm reunir seus ensaios mais famosos sobre Marx em um volume, com material sobre o marxismo visto à luz do crash.

 
"Guardian" - Há no âmago desse livro um senso de algo que provou seu valor? De que, mesmo que as propostas de Marx possam não mais ser relevantes, ele fez as perguntas certas sobre o capitalismo?

Eric Hobsbawm -
Com certeza. A redescoberta de Marx está acontecendo porque ele previu muito mais sobre o mundo moderno do que qualquer outra pessoa em 1848. É isso, acredito, o que atrai a atenção de vários observadores novos -atenção essa que, paradoxalmente, surge antes entre empresários e comentaristas de negócios, não entre a esquerda.

O sr. tem a impressão de que o que pessoas como George Soros apreciam em parte em Marx é o modo brilhante com que ele descreve a energia e o potencial do capitalismo?

Acho que é o fato de ele ter previsto a globalização que os impressionou. Mas acredito que os mais inteligentes também enxergaram uma teoria que previa o risco de crises. A teoria oficial do período, fim dos anos 90, descartava essa possibilidade.

E o sr. acha que o interesse renovado por Marx também foi beneficiado pelo fim dos Estados marxistas-leninistas?

Com a queda da União Soviética, os capitalistas deixaram de sentir medo, e desse modo tanto eles quanto nós pudemos analisar o problema de maneira muito mais equilibrada. Mas foi mais a instabilidade da economia globalizada neoliberal que, creio, começou a ficar tão evidente no fim do século.

O sr. não está surpreso com o fato de a esquerda marxista e a social-democrata não terem explorado politicamente a crise dos últimos anos?

Sim, é claro. Na realidade, uma das coisas que procuro mostrar no livro é que a crise do marxismo não é só do seu braço revolucionário, mas também do seu ramal social-democrata. O reformismo social-democrático era, essencialmente, a classe trabalhadora pressionando seus Estados-nações. Com a globalização, a capacidade dos Estados de reagir a essa pressão se reduziu concretamente. Assim, a esquerda recuou.

O sr. acha que o problema da esquerda está em parte no fim da classe trabalhadora consciente e identificável?

Historicamente falando, isso é verdade. O que ainda é possível é que a classe trabalhadora forme o esqueleto de movimentos mais amplos de transformação social. Um bom exemplo é o Brasil, que tem um caso clássico de partido trabalhista nos moldes do fim do século 19 -baseado numa aliança de sindicatos, trabalhadores, pobres em geral, intelectuais e tipos diversos de esquerda- que gerou uma coalizão governista notável. E não se pode dizer que não seja bem-sucedida, após oito anos de governo e um presidente em final de mandato [a entrevista foi feita no final de 2010] com 80% de aprovação. Ideologicamente, hoje me sinto mais em casa na América Latina. É o único lugar no mundo em que as pessoas fazem política e falam dela na velha linguagem -a dos séculos 19 e 20, de socialismo, comunismo e marxismo.

O título de seu novo livro é "How to Change the World". No final, o sr. escreve: "A substituição do capitalismo ainda me parece possível". A esperança continua forte?

Não existe esperança reduzida hoje. O que digo agora é que os problemas do século 21 exigem soluções com as quais nem o mercado puro nem a democracia liberal pura conseguem lidar adequadamente. É preciso calcular uma combinação diferente. Que nome será dado a isso não sei. Mas é bem capaz de não ser mais capitalismo, não no sentido em que o conhecemos aqui e nos EUA.

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Fabrício Augusto Souza Gomes






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Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.


                                                                                                    Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
 
Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

** [Carta O BERRO] Especial: 120 anos de Antônio Gramsci

Carta O Berro..........................................................repassem
(clique nos itens abaixo para ler todos os textos)

Camaradas
Vejam o especial da Maurício Grabois em homenagem aos 120 anos de Antônio Gramsci.
Um abraço
Augusto Buonicore

Especial: 120 anos de Antônio Gramsci

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Eudaldo Gomes da Silva -XVII-

Carta O Berro..........................................................repassem




Eudaldo Gomes da Silva

 


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Militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR).
Nascido a 1 de outubro de 1947, no Estado da Bahia, filho de João Gomes da Silva e Izaura Gomes da Silva.
Estudante de Agronomia da Universidade Federal da Bahia, membro do Diretório Central dos Estudantes, durante o ano de 1968, e presidente do Diretório Acadêmico de sua Faculdade.
Banido do Brasil, em 15 de junho de 1970, por ocasião do seqüestro do embaixador da Alemanha, Von Holleben, com mais 39 presos políticos.
Retornando ao Brasil clandestinamente, foi morto no dia 7 de janeiro de 1973 juntamente com Pauline Reichstul, Evaldo Luís Ferreira de Souza, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva e Soledad Barret Viedma em uma chácara no loteamento de São Bento, no município de Paulista, em Pernambuco. O caso é conhecido como Massacre da Chácara São Bento.
Os torturadores e assassinos crivaram de balas os cadáveres dos seis combatentes, jogaram várias granadas na casa da referida chácara, com o objetivo de aparentar um violento tiroteio, dizendo que lá se realizava um suposto congresso da VPR. Na versão oficial, constava que José Manoel da Silva teria sido preso e conduzido os policiais até o local onde se realizava o congresso, sendo morto pelos próprios companheiros durante a invasão. No tiroteio travado, teria conseguido escapar Evaldo Luís Ferreira de Souza que, no dia seguinte, foi localizado no município de Olinda, numa localidade chamada "Chã de Mirueira" - Jatobá, e ao resistir à prisão, teria sido morto. Segundo ainda a nota, só Jarbas Pereira Marques teria morrido no local, sendo que os outros morreram, em conseqüência dos ferimentos recebidos.
Na realidade, todos foram presos pela equipe do delegado Sérgio Fleury, que os torturou até a morte, na própria chácara.
As prisões e conseqüentes assassinatos foram fruto do trabalho do informante infiltrado na VPR, ex-cabo Anselmo e, para encobrir sua ação, bem como possibilitar que ele pudesse levar à morte outros combatentes, a nota oficial falava da traição de José Manoel que teria possibilitado a localização e aniquilamento dos demais, dando ainda a notícia de que um outro "terrorista", não identificado, teria conseguido fugir na hora da invasão. Esse fato foi noticiado exatamente para tentar dar cobertura à continuação do trabalho de infiltração do assassino ex-cabo Anselmo.
O Relatório do Ministério da Aeronáutica diz que "faleceu em 8 de janeiro de 1973, em Recife/PE, ao reagir a ordem de prisão, travando intenso tiroteio com agentes dos órgãos de segurança, vindo a falecer em conseqüência dos ferimentos. Mesma circunstância da morte de Pauline Philipe Reischstul." Já o Relatório do Ministério da Marinha afirma que "foi morto em Paulista/PE, em 8 de janeiro de 1973 ao reagir a tiros à voz de prisão dada pelos agentes de segurança. Do intenso tiroteio resultaram vários feridos."

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