Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Revista Histórica - Edição 55


 
Informamos a publicação da 55ª edição da revista Histórica – publicação on-line do Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Acesse
http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/
Submissão de artigos para a próxima edição:
Edição 56 – Outubro
Tema: Educação e Saberes
Prazo de envio: 10 de setembro
=

__._,_.___

Atividade nos últimos dias:
        **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                        Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
     
    Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

    __,_._,___

    terça-feira, 28 de agosto de 2012

    CPDOC, Cineclube FGV


    Cineclube FGV apresenta Diário de uma busca, de Flavia Castro. Dia 30 de agosto de 2012.



    __._,_.___

    Atividade nos últimos dias:
          **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                          Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
       
      Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

      __,_._,___

      sexta-feira, 24 de agosto de 2012

      A história da bebida durante a colonização do Brasil

       A história da bebida durante a colonização do Brasil


      Fonte: FAPERJ - Danielle Kiffer

                
          Rituais indígenas regados a bebidas:
          tema pouco estudado em pesquisas
       


      No período pré-colonial, a bebida era mais um entre tantos aspectos que faziam parte do abismo cultural que separava os índios dos europeus que pisavam em terras brasileiras. "As festas nativas, repletas de embriaguez, eram um espaço fundamental para a expressão das visões de mundo indígenas e para a realização de eventos importantes, como celebração de casamentos ou vitórias de combates. Tais práticas contrastavam completamente da forma como os europeus acreditavam ser o correto relacionamento com o álcool e com autocontrole. Eram dois mundos etílicos completamente diferentes, com lógicas mentais e práticas sociais desenvolvidas ao longo de milênios", conta o pesquisador João Azevedo Fernandes, autor de Selvagens Bebedeiras: álcool, embriaguez e contatos culturais no Brasil Colonial (séculos XVI-XVII). O livro faz parte de uma série que vem sendo lançada pelo grupo de historiadores do grupo Companhia das Índias – Núcleo de História Ibérica e Colonial na Época Moderna, como resultado de pesquisas coordenadas pelo historiador Ronaldo Vainfas e desenvolvidas com o apoio do edital Pronex, da FAPERJ. "O livro mostra o papel das bebidas nas sociedades indígenas, e busca elucidar como essas práticas influenciaram os primeiros séculos da colonização no Brasil", conta Fernandes.
      Mas por que pesquisar sobre um assunto tão curioso? A resposta de João Fernandes é simples: "Tem muito a ver com a minha dissertação de mestrado sobre mulheres indígenas e seu papel durante o processo de colonização no Brasil. Percebi que a fabricação e o consumo das bebidas era sumamente importante na sociedade tupinambá, e traduzia uma série de aspectos culturais das sociedades indígenas. E também vi que é esse um assunto muito pouco estudado no país."
      No livro, o pesquisador compara o significado da bebida para as populações européias e para os indígenas brasileiros, mostrando a distância entre ambos. Em 1751, por exemplo, o inglês William Hogarth fazia clara distinção entre o "bom álcool", representado pela cerveja, consumida pelos ingleses há séculos e considerada como tornando as pessoas saudáveis, amistosas, felizes e produtivas, e a "catástrofe provocada pela popularidade das bebidas destiladas, no caso o gim, de péssima qualidade, entre as massas urbanas".
      No Brasil colonial, a cerveja era feita, basicamente, da fermentação da mandioca e do milho, principalmente entre os tupinambá. O modo de fermentação, entretanto, era um tanto peculiar: cabia às mulheres da tribo mascar as raízes, que eram cuspidas em uma vasilha. A massa mascada era mais tarde colocada para ferver com água e a mistura era guardada em outras vasilhas, enterradas para a fermentação.
      Segundo João Fernandes, a relação das mulheres com a fermentação e a produção da bebida não era apenas um privilégio, mas também uma relação com sua sexualidade e seu papel na gestação. Conforme explica, entre esses indígenas, o cauim podia ser comparado ao sêmem. "Para os tupi araweté, o sêmen dos homens 'fermenta' na barriga das mulheres, produzindo as crianças. Isso mostra a grande importância que a bebida fermentada tinha em sua estrutura sociológica. A fermentação era vista como uma operação mágica, capaz de transformar alimentos em substâncias que alteravam a consciência humana."
      O fato de serem as mulheres as responsáveis por essa tarefa especial lhes conferia uma aura de respeito: afinal, tratava-se de uma função importante, pois as bebidas eram parte essencial dos rituais, desde casamentos a funerais. "O cauim era, por exemplo, fundamental nas cerimônias matrimoniais, que, para os homens era considerado como uma modificação de status, que os transformava em adultos completos." Segundo o pesquisador, a bebida alcoólica também tinha um papel privilegiado, sendo oferecida até ao inimigo aprisionado, que mais tarde seria morto e devorado pela tribo, numa prática de canibalismo ritual.
      Mas festas regadas a bebida alcoólica dos nativos acabaram sendo um obstáculo ao domínio do colonizador. "Durante e após as cauinagens, os europeus percebiam que seus mecanismos de controle iam sendo desafiados pelos índios que, quando embriagados, pareciam, aos olhos dos europeus, possuídos por alguma espécie de força demoníaca, originada das jarras e cuias onde as bebidas espumavam", conta o pesquisador. Como forma de dominação, os colonos europeus dirigiram primeiramente seus esforços em eliminar essas festas. "E também se utilizaram das próprias festas, valendo-se da bebedeira dos índios, para instigá-los uns contra os outros. Infiltrados entre os índios e bebendo com eles, os portugueses os incitavam a guerrear contra seus inimigos tradicionais."
      Junto com as ações dos missionários, que lutavam contras as cauinagens, pretendendo tornar o índio civilizado, a introdução de outras bebidas, como a cachaça, por exemplo, foi, pouco a pouco, enfraquecendo os antigos rituais indígenas. "O fim dessa história todos já conhecemos bem: os índios tiveram suas tradições, e com elas suas bebidas, atacadas e praticamente deixadas de lado. Com tudo isso, eles foram finalmente lançados ao mundo moderno, não como homens civilizados, mas como ícones de uma diferença extrema, distantes de sua realidade e símbolo da vida a que foram submetidos", finaliza o pesquisador.







      © FAPERJ – Todas as matérias poderão ser reproduzidas, desde que citada a fonte.



      __._,_.___

      Atividade nos últimos dias:
            **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                            Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
         
        Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

        terça-feira, 21 de agosto de 2012

        Lançada 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil


        4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil

        Lançada 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil 

        Na tarde desta segunda-feira (20), durante o lançamento da 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB), o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, declarou que a competição favorece o processo de aprendizagem e o trabalho coletivo entre os estudantes.
        A cerimônia aconteceu na Sala de Atos do Ministério da Educação (MEC). "Eles estarão mergulhados na história do País, debatendo, criticando e construindo. Tenho certeza de que esse período ficará marcado na memória deles", disse o ministro. Na ocasião, Mercadante destacou o esforço do MEC em estimular a realização de olimpíadas estudantis em todo País e compatibilizar um calendário único para a toda a rede de ensino, de maneira a estimular a participação da comunidade escolar, programando as unidades com antecedência para evitar a concorrência entre as diferentes olimpíadas existentes.
        Ao todo, 13 olimpíadas acontecem no País a cada ano, nas mais diversas modalidades: matemática, língua portuguesa, física, história e entre outras. Mercadante ainda referiu-se ao lançamento da Olimpíada Internacional do Conhecimento, prevista para acontecer em 2016, juntamente com os jogos olímpicos. E reforçou a presença de lideranças nas cerimônias de premiação das olimpíadas como forma de chamar a atenção da opinião pública para esse tipo de evento.
        A presença do Mercadante na cerimônia de abertura da 4ª ONHB foi destacada pelo diretor do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, Marcelo Firer. Para ele, a participação do ministro é resultado do crescimento e do prestígio conquistado pela Olimpíada ao longo desses quatro anos de realização. "É o reconhecimento e a valorização do engajamento de alunos e professores na competição", disse.
        Olimpíada - Organizada pelo Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, a competição contará com a participação de mais de 50 mil estudantes de todos os estados brasileiros. Ao todo serão cinco fases online e uma presencial, disputadas por equipes formadas por três estudantes (a partir do 8º ano do Ensino Fundamental) e um professor de história.
        A primeira fase online começou ontem (20), e encerra no sábado (25), às 23h59 (horário de Brasília). Nessa primeira semana, os participantes deverão responder a 10 questões de múltipla escolha, incluindo uma tarefa. Passam para a fase seguinte, cerca de 90% dos participantes inscritos.


        Mais informações na página http://www.museudeciencias.com.br/4-olimpiada/.

        (Assessoria de Imprensa da ONHB)


        __._,_.___
        Atividade nos últimos dias:
            **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                            Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
         
        Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

        domingo, 19 de agosto de 2012

        VII Semana de História Política: Moda, Imagem & Poder

        INSCRIÇÕES PRORROGADAS ATÉ 10/09!









        --
        __._,_.___
        Atividade nos últimos dias:
            **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                            Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
         
        Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

        PPGAS UFRJ - convida: Palestra do professor João Pacheco de Oliveira (23/8 às 9h30)


         


        Prezados Colegas.
        Por favor, divulguem nas suas listas.
        Sidnei Peres.

        O programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Museu Nacional, UFRJ, convida:
        Palestra do Professor João Pacheco de Oliveira

        "Meio século de história Ticuna: etnografia do regime tutelar e do protagonismo indígena"
        Sala Roberto Cardoso de Oliveira
        Quinta-feira, 23 de agosto às 9h30.


        __._,_.___
        Atividade nos últimos dias:
              **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                              Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
           
          Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

          __,_._,___

          Periódicos nacionais disponíveis para consulta na internet


           
          Olá colegas,
          Gostaria de divulgar o site 
           http://memoria.bn.br/hdb/periodicos.aspx,
           lançado recentemente pela Biblioteca Nacional. (abre melhor com Google Chrome ou Firefox)
          Ali estão disponíveis para consulta coleções completas de periódicos extintos - incluindo importantes títulos, como Correio da Manhã, A Noite, Gazeta de Notícias, Diário de Notícias, Revista Brasileira, Revista da Semana, etc.
          Dá para pesquisar por assunto em cada um deles. Páginas podem ser salvas em JPG - evitando que sejam feitos pedidos de reprodução à BN.
          Isso tem sido uma ferramenta de pesquisa e tanto!
          Grande abraço e boa pesquisa,
          Bruno Brasil
          Coordenadoria de Publicações Seriadas da FBN
          __._,_.___
          Atividade nos últimos dias:
                **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                                Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
             
            Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

            O Continente Africano na História Política



            --

            __._,_.___
            Atividade nos últimos dias:
                **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                                Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
             
            Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

            quarta-feira, 8 de agosto de 2012

            Messianismo, milenarismo e profecia no mundo ibérico nos séculos XV-XVIII


            Messianismo, milenarismo e profecia no mundo ibérico nos séculos XV-XVIII

            08/08/2012
            Fonte: Agência FAPESP – O colóquio internacional "Messianismo, milenarismo e profecia no mundo ibérico nos séculos XV-XVIII" será realizado de 22 a 24 de agosto em São Paulo.
            O encontro é realizado pelo Departamento de História da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com a Cátedra Jaime Cortesão da Universidade de São Paulo e com o Laboratório de Estudos Sacralidades, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
            O colóquio tem, entre outros objetivos, o de debater diversos aspectos acerca da história dos movimentos messiânicos e milenaristas, bem como suas implicações políticas e sociais no mundo ibérico.
            O evento faz partes das atividades do projeto "As interpretações e leituras das profecias dos cinco reinos no século XVII", que investiga as relações entre os movimento proféticos da América e da Europa e é financiado pela FAPESP.
            O encontro será realizado na biblioteca da Casa de Portugal, localizada na Av. da Liberdade, nº 602, em São Paulo.
            __._,_.___
            Atividade nos últimos dias:
                  **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                                  Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
               
              Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

              __,_._,___

              quarta-feira, 1 de agosto de 2012

              Documento da SBPC pedirá ao governo federal proteção aos saberes tradicionais

              Documento da SBPC pedirá ao governo federal proteção aos saberes tradicionais

              Fonte:(Agência Gestão CT&I de Notícias com informações da Agência Brasil)

              Foto: Antonio Cruz/AbrFoto: Antonio Cruz/AbrO governo federal receberá da comunidade científica um documento reivindicando proteção aos saberes tradicionais. A ação foi confirmada pela presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, na sexta-feira (27), durante o encerramento da 64ª Reunião Anual da entidade.

              "Tenho insistido na proteção dos saberes tradicionais. Na eventualidade de gerar um produto, uma inovação, deve haver um retorno para aquele que tem o saber. O conhecimento foi conservado por comunidades e hoje ainda não existe uma proteção clara", afirmou.

              O encontro da maior entidade representante da comunidade científica, realizado em São Luis (MA), contou com a participação popular. De acordo com a presidente, a reunião anual de 2012 foi uma das que mais teve debate. "Houve uma participação significativa da comunidade. Muitas vezes temos uma grande palestra e a plateia parece morta. Este ano, tivemos um envolvimento muito forte do público."

              Um dos temas com maior destaque na reunião foi o conflito entre a comunidade quilombola e a instalação do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Segundo a organização do evento, 25 mil pessoas de 700 cidades de todos os Estados circularam diariamente pelo evento. Cerca de 190 trabalhos foram apresentados por estudantes do ensino médio ou profissionalizante.

              As duas próximas reuniões da SBPC já estão marcadas. Em 2013, o encontro acontecerá na segunda quinzena de julho no Recife (PE).  Em 2014, a reunião será na cidade de Rio Branco (AC).

              (Agência Gestão CT&I de Notícias com informações da Agência Brasil)

              A história social das ciências, populações locais e saberes ganha destaque no último dia da 64ª Reunião Anual da SBPC

              A história social das ciências, populações locais e saberes ganha destaque no último dia da 64ª Reunião Anual da SBPC
              Fonte: (Clarissa Vasconcellos - Jornal da Ciência)
              O processo de extração do coco babaçu, o início da assistência social no País e registros sobre expedições científicas na Amazônia foram alguns dos temas expostos.
                  Uma mesa variada, com diferentes pontos de vista em relação à história social das ciências, foi um dos destaques do último dia da 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que terminou na última sexta-feira (27), em São Luís. A atividade contou com Cynthia Carvalho Martins, do Grupo de Estudos Socioeconômicos da Amazônia (Gesea/Universidade Estadual do Maranhão); Luiz Otavio Ferreira, pesquisador da Fiocruz; e Heloisa Maria Bertol Domingues, do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast).
                  Cynthia abriu a discussão com uma palestra sobre tecnologias, saberes tradicionais e extrativismo e lembra que, "desde o início da modernidade, o debate da relação entre tecnologia e modos de vida esteve presente", incluindo até a presença da Igreja Católica, que questionava se os avanços e o progresso poderiam "degenerar o espírito".
                  Hoje, lembra a pesquisadora, não se discute mais se a tecnologia é positiva e negativa, e sim "se é socialmente apropriada, no sentido de que todos os grupos sociais têm que ter acesso a ela, como forma de se inserir no progresso". Ela também questiona a "homogenização" desse progresso, "como se todos os povos tivessem que passar pelos mesmos estágios", ignorando suas formas de evolução técnica. "É um tipo de visão que aparece para justificar políticas de governo desenvolvimentistas, de ter um único tipo de tecnologia associado a um discurso", completa.        Máquinas ineficazes - Cynthia opina que também deveria estar em debate a questão de se considerar a tecnologia "uma ciência humana". Centrada no extrativismo do coco babaçu, sua reflexão lembra que até o século passado "predominava a ideia de que práticas de povos tradicionais eram vistas como atrasadas" e que nos anos 1980 e 1990 grupos passam a acionar "a identidade como fator de pertencimento, afirmando saberes tecnológicos locais", reivindicando modos de vidas diferenciados.   
                  As quebradeiras de coco babaçu se inserem nesse contexto e a pesquisadora dá como exemplo a utilização do machado para extrair o coco, assim como o conhecimento para se fazer uma rede de pescador, ambas "técnicas inseridas em modos de vida". O machado é um exemplo relevante, já que, para os que estão de fora da realidade das quebradeiras, representa "algo ultrapassado".
                  Porém, as máquinas inventadas até o momento não substituem a técnica tradicional do machado com a mesma qualidade. "O próprio óleo do babaçu, por exemplo, sai 'rancento' das máquinas, não serve para o consumo familiar. Atendem mais a interesses industriais que aos das quebradeiras, não são totalmente eficazes", pontua Cynthia, lembrando que o machado também tem uma importância simbólica para rituais culturais e religiosos do grupo.
              História da saúde - Por sua vez, Luiz Otavio Ferreira, pesquisador da Fiocruz e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), se focou na história da assistência social no Brasil, fazendo um recorde de 1889 a 1930. O período é histórico nesse campo, pois foi quando houve "uma transformação no modelo da organização da assistência no geral". Ele ressalta que o chamado bem estar social no País "é localizado na segunda metade do século XX, quando se consolidam as políticas públicas de assistência", e que o recorte escolhido representa "uma importante transição, um período preparatório".
                  Ferreira chama a atenção para a distinção entre filantropia - palavra hoje considerada até pejorativa no meio do serviço social, conforme lembra o pesquisador - e caridade. A primeira "diz respeito a valores e práticas do século XVIII, na Europa, na esteira do iluminismo e das revoluções liberais burguesas". Por outro lado, na época, a caridade estava mais associada a valores e práticas vinculadas à religião católica.
                 Ele lembra que foram esses cristãos que propiciaram a "construção de um aparato de assistência", "cuja imagem mais concreta é representada pelas Santas Casas da Misericórdia", originárias no mundo ibérico. Essas casas priorizavam o atendimento a crianças abandonadas, órfãos, viúvas, leprosos, entre outros excluídos. A partir de 1850, o Estado Imperial do Brasil começa a intervir e assume o papel de intervir nesse mundo, ainda com o auxílio das irmandades.
                  A laicização da assistência ocorre de vez no fim do século XIX, numa fase "denominada filantrópica", onde o Governo passa a atuar de fato sobre hospitais, asilos, cemitérios (que são deslocados das igrejas para as periferias das cidades), dando o primeiro passo para o que Foucault chama de "medicalização". Essa mudança determina a lógica médico científica, com a presença do Estado, mas também a organização da assistência pelos médicos. Porém, os assistidos priorizados continuam os mesmos, incluindo aí os fragilizados economicamente pelas mudanças na sociedade. Nessa época começam a se firmar também as especialidades médicas principais, como ginecologia, psiquiatria e pediatria, e a medicina passa por um processo de reconhecimento e legitimidade frente a outras práticas e valores relacionados à cura.
              Química e Amazônia - A mesa redonda foi fechada pela apresentação de Heloisa Maria Bertol Domingues, do Mast, que analisou 'A Química, os Produtos Naturais e o Uso dos Saberes da Amazônia', abordando o tema desde evidências do século XVIII. Apesar de não ter formação em química, Heloisa, que é historiadora, afirma que se trata de "uma ciência onipotente", presente "em todos os nossos usos."
                  Ela destaca também o papel da botânica na época, quando pesquisadores como Alexander von Humboldt se aventuraram pela América do Sul. Heloisa lembra o exemplo concreto da borracha, levada para a Europa em 1735 e "transformada em objeto de pesquisa na Academia de Ciências de Paris" e de intenso estudo em seguida.
                  "Isso se dá no contexto da colonização da terra, das expedições científicas e da intensificação de pesquisas em botânica, zoologia, mineralogia, geologia e etnografia", detalha. Uma época em que a riqueza natural era considerada "infinita" e quando os produtos naturais analisados eram coletados e separados de seu uso local, criando outro entendimento.
                  No início do século XX, a ideia de riqueza infinita começa a ser questionada. Ao mesmo tempo, a preocupação se volta para o conhecimento que pudesse ser útil para a diversificação da agricultura, "quando se dá a maior relação entre a química e a botânica", afirma. "A botânica classificava e química analisava e decompunha [o produto] em substâncias mais simples, definindo seu valor", conta.
                  As práticas também acabavam envolvendo as relações diplomáticas, pois, da mesma forma que o Brasil era um manancial para pesquisadores, o País também recebia produtos exóticos de fora, como manga, cravo da índia, canela, pinheiros e chás, que passam a fazer parte do comércio do País, conforme lembra Heloísa. Daqui, saíam fibras têxteis, fumos, tintas de plantas, madeiras, guaraná, óleos, resinas, mates, gomas e outros. Ela lembra que o cacau, explorado na Bahia, saiu da Amazônia para ser plantado no estado.
                  Um dado curioso é que na época a química adaptava nomes populares das substâncias encontradas ao batizá-las com o nome científico, oferecendo "um reconhecimento relativo" aos donos dos saberes. "O interesse das expedições, que tinham também caráter econômico e político além do científico, recaía sobre as plantas exóticas. Os produtos de uso local são considerados de segundo plano, conhecidos como drogas do sertão", detalha. Essas "drogas" incluem ervas, medicamentos, cestarias e utensílios locais.
                  O fim do século XIX e início do século XX ficaram marcados pelo surgimento de cursos acadêmicos sobre agricultura, pelo surgimento dos primeiros adubos (entre eles, o guano, oriundo do conhecimento tradicional peruano) e o nascimento de grandes empresas químicas na Europa e da indústria farmacêutica na Alemanha. Ela lembra também a chegada de Paul Le Cointe a Belém, instalando a primeira escola química da região.

              (Clarissa Vasconcellos - Jornal da Ciência)

              Arquivo do blog

              Seguidores do Grupo de Estudos da História do Brasil - GEHB.