Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Luís Eurico Tejera Lisboa -X-

Carta O Berro..........................................................repassem





Luís Eurico Tejera Lisboa

 


Militante da AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL (ALN).

Nasceu em Porto União (SC), filho de Eurico Siqueira Lisbôa e Clélia Tejera Lisbôa, o mais velho dentre sete irmãos.


Cedo iniciou sua militância política na Juventude Estudantil Católica. Integrando-se ao PCB, alternava suas atividades entre Santa Maria, onde residia na JUC, e Porto Alegre. Pertenceu à Direção Estadual do PCB até o do VI Congresso, quando passou a integrar a Dissidência/RS.


Estudava, então, no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, centro da efervescência do movimento estudantil secundarista.


No Júlio de Castilhos, haviam fechado o Grêmio Estudantil, em meio à intensa agitação provocada pela tentativa da direção de cobrar uma taxa e, ao mesmo tempo, a proibição do uso de mini-saias e cabelos compridos. O Grêmio foi instalado em uma barraca, em frente à escola, concentrando os alunos em assembléias permanentes e de onde saiam freqüentes passeatas que se uniam aos universitários nos protestos contra o acordo MEC-USAID, pelo ensino gratuito, reunindo as forças que protestavam contra a ditadura militar. Luiz Eurico e os integrantes do Grêmio fechado acabaram sendo expulsos do Colégio.


Passou a ser membro da Diretoria da União Gaúcha dos Estudantes Secundários.


Ao mesmo tempo, a radicalização da ditadura passou a exigir novos posicionamentos. Luiz Eurico questiona a Dissidência para a concretização de ações armadas, ligando-se à VAR-PALMARES. Permanece na VAR como membro de sua Direção Regional até a realização do Congresso da Organização, em 1969, quando integra a ALN.


Nesse período, foi preso algumas vezes durante manifestações estudantis. Ao tentar, junto aos alunos do Júlio de Castilhos, como membro da UGES, a reabertura do Grêmio fechado, foi mais uma vez preso e indiciado em IPM.


Já casado, trabalhando como escriturário no Serviço Nacional de Indústrias – SENAI – parecia ter encontrado seu caminho. Fora, inclusive, absolvido por unanimidade no IPM, comparecendo à Auditoria Militar no dia do julgamento.


No final de outubro de 1969, foi surpreendido por uma notícia de jornal com sua condenação a seis meses de prisão no referido processo, após grosseira falsificação dos prazos de recurso. Não lhe restou outra alternativa: passou à clandestinidade.


Esteve algum tempo em Cuba, retornando ao País em 1971, estabelecendo-se em Porto Alegre, na tentativa de reorganizar a ALN no Estado.


Foi preso em circunstâncias desconhecidas em São Paulo, na primeira semana de setembro de 1972 e desaparecido desde então.


Somente em junho de 1979, a Comissão de Familiares do CBA, consegue reunir pistas para a elucidação dos desaparecimentos, localizando Luiz Eurico enterrado, sob o nome de Nelson Bueno, no Cemitério Dom Bosco, em Perus. Ao mesmo tempo em que a ditadura pretendia sepultar a luta pelos desaparecidos entregando aos familiares um atestado de morte presumida através da Anistia, apresentava-se à Nação um atestado de óbito de um dos desaparecidos, cuja prisão e assassinato tinham ocultado.


A versão oficial para sua morte era de suicídio e, para corroborá-la, foi inclusive montado Inquérito na 5ª DP de São Paulo, sob o número 582/72.


A farsa do suicídio é desmascarada pelos depoimentos contraditórios das testemunhas arroladas, bem como pela própria conclusão do inquérito: Luiz Eurico, deitado na cama do quarto da pensão em que morava, teria disparado alguns tiros a esmo antes de embrulhar uma de suas armas (as fotos mostram um revólver em cada mão) na colcha que o cobria e disparar um tiro em sua própria cabeça, no dia 3 de setembro de 1972. Pelo quarto havia marcas de disparos diversos, inclusive em direção ao próprio Luís Eurico.


Em processo aberto na 1ª Vara de Registros Públicos de São Paulo, em 25 de outubro de 1979, foi solicitada a reconstituição da identidade e retificação do registro de óbito, que recebeu o n° 1288/79.


Apesar do pedido inicial ter sido deferido em 7 de novembro de 1980, o inquérito policial de Luís Eurico foi reaberto por ordem do Juiz da 1ª Vara, pois o corpo exumado da sepultura de Nelson Bueno não correspondia ao laudo descrito no processo – os ossos apresentavam fraturas indiscriminadas e não os orifícios correspondentes ao tiro no crânio com que, na versão policial, Luís Eurico teria se suicidado.


O inquérito foi encaminhado pelo Procurador-Geral da Justiqa da 2ª Vara Auxiliar do Júri de São Paulo, e enviada pelo Procurador Dr. Rubens Marchi, para o Departamento de Investigações Criminais – DEIC.


A pedido do Delegado Francisco Baltazar Martins, encarregado das investigações, foram realizadas novas exumações no Cemitério Dom Bosco, em Perus, até ser encontrado um corpo que correspondia às características da morte de Luís Eurico.


Durante a nova fase de investigações, são evidentes as manobras realizadas junto aos moradores da pensão onde Luís Eurico teria sido encontrado morto, chegando até algumas delas a mudar, por completo, o depoimento feito em 1972. Tais fatos não foram, entretanto, suficientes para processar a União pelo assassinato de Luís Eurico e, por falta de provas, o inquérito foi novamente arquivado, ratificada a conclusão de suicídio e entregues seus ossos, que foram trasladados do Cemitério Dom Bosco, em Perus, São Paulo, para Porto Alegre, em 2 de setembro de 1982, 10° ano de seu assassinato.


Em 1994 foi lançado o livro "Condições Ideais para o Amor" da Editora Tchê e Instituto Estadual do Livro, com poesias e cartas de Luis Eurico Tejera Lisboa e depoimentos de pessoas que o conheceram.


No livro está publicada uma carta de sua mãe, Clélia Tejera Lisbôa, escrita quando soube da descoberta do corpo de seu filho:


"Faz hoje vinte dias que fiquei sabendo dos acontecimentos relacionados com a morte de meu filho Luiz Eurico Tejera Lisbôa, desaparecido na primeira semana de setembro de 1972 e localizado, há mais ou menos dois meses, no cemitério de Perus, Estado de São Paulo, sob o falso nome de Nelson Bueno.


Por estar em Salvador da Bahia, acompanhando uma fiilha que fora hospitalizada, meus familiares não quiseram comunicar-me logo o que ocorria em relação a Luiz Eurico. Só tomei conhecimento dos fatos após meu retorno a Porto Alegre.


Antes de mais nada, quero deixar bem claro que a versão suicídio, dada por ocasião de seu assassinato, jamais será aceita por mim ou por qualquer pessoa que o tenha conhecido de perto. Quanto às tentativas de enlamear seu nome, são torpes e nojentas demais para que me digne a discuti-las. Partindo de quem partiram, nem sequer me causam surpresa. Os amigos de meu filho, os que de um ou outro modo conviveram com ele, sabem que Luiz Eurico era um jovem idealista e estudioso. Seu único vício era a leitura, numa preocupação constante com o momento político-econômico deste país, indo à raiz dos fatos e buscando entender suas causas.


Releio neste momento a Declaração apresentada no 1° Encontro Estadual de Grêmios Estudantis, realizado de 21 a 23 de junho de 1968, cuja redaçäo esteve a seu cargo. Escrevendo, e lendo alguns trechos em voz alta para que eu pudesse acompanhar seu pensamento, dizia ele a certa altura:


'A juventude já não aceita refugiar-se no intelectualismo oco de outros tempos, mas também recusa-se a compactuar, por assentimento ou omissão, com uma ordem social que desumaniza o indivíduo e destina à fome e à mais completa ignorância quase dois terços da humanidade.


A cultura deve extravasar os círculos limitados do deleite ou realização pessoal para assumir o papel de agente dinâmico na transformação da sociedade.


Este mundo de guerras, de sobressaltos e insegurança, do lucro como motor de desenvolvimento, dos grandes monopólios subordinando aos interesses de uma minoria todos os aspectos da vida social, este mundo dividido em explorados e exploradores, em que a fome elimina anualmente milhares de vezes mais vidas humanas do que a criminosa guerra do Vietnã, este mundo perdeu sua razão de ser, quando se consomem milhões de dólares para matar a outro homem, quando os orçamentos militares são constantemente aumentados em detrimento de necessidades vitais, quando a separação entre humildes e poderosos atinge as proporções de um verdadeiro cataclisma, quando as mais ponderadas manifestações de alerta são silenciadas a bala, quando o descontentamento se torna universal e o indivíduo desfalece nas tramas de forças materiais que ele não dirige e muitas vezes não compreende'.


Este era o terrorista Luiz Eurico Tejera Lisbôa. Seu dizer era claro, firme e coerente com seu modo de pensar e agir. Seus aterrorizados assassinos, com a cabeça vazia de idéias, souberam apenas empunhar uma arma. Qualquer pessoa com inteligência mediana percebe logo que, tanto ele como vários de seus companheiros também assassinados, constituíam realmente um perigo em potencial. Eram inteligentes, estudiosos, sabiam pensar por si mesmos. Haverá razão mais forte para exterminá-los?


Faz hoje vinte dias que venho tentando desviar meu pensamento dessa realidade brutal. Meus olhos estão cansados de chorar. Mas não se enganem. Não choro de pena do meu filho que, onde quer que esteja, deve estar muito bem. É apenas de saudade. Creio numa outra vida. A morte rápida de torturadores me dá a maior certeza disso. Ninguém devendo tanto pode escapar assim ligeirinho se não for pagar em outro lugar.


Os Torturadores Pagarão


Pelas noites de vigília que passei chorando a ausência de meu filho e a incerteza de seu destino;


Pelos dias, horas e minutos que vivi, numa quase obsessão, esperando que alguém chegasse, de repente, ao meu apartamento, para me dizer onde e como ele estava;


Pelos sete anos que passei sem poder me concentrar em nada, porque em minha mente só cabia sua imagem;


Pelo medo, que tantas vezes me assaltou, de tê-lo de volta inútil e deformado pelas torturas;


Pela miséria mais horrível que eu vi neste Brasil de norte a sul;


Pela vergonhosa impunidade dos torturadores e assassinos;


Pela saudade mais cruel que me acompanhou ao longo destes sete anos e que agora há de prolongar-se até o fim dos meus dias;


Por toda a transformação que meu filho tanto desejou ver neste país faminto e esquecido;


Tenho a mais profunda convicção de que uma força, bem maior que a capacidade de matar de seus assassinos, há de dar o merecido castigo aos que planejaram e determinaram, aos que, por aceite ou omissão, participaram e aos que executaram todo esse horror que está aí, presente, nas faces e nos olhos de mães, esposas, filhos e irmãos daqueles que foram estupidamente torturados e assassinados e dos que ainda sofrem as prisões!


Se Ele Voltasse...


Não choro de pena de meu filho. E, se fosse possível voltar de onde ele está, eu lhe pediria para continuar pensando e agindo como sempre pensou e agiu. Ainda que isso importasse em ser novamente assassinado. Pois prefiro vê-lo morto, uma e mil vezes, a tê-lo por longos anos a meu lado numa inconsciência inútil, estúpida e criminosa! Luiz Eurico Tejera Lisbôa, seu espírito há de pairar sobre os justos movimentos reivindicatórios deste país, dando força, lucidez e coragem a seus participantes ! Luiz Eurico Tejera Lisbôa, onde quer que esteja há de estar pedindo justiça e liberdade para este povo humilde e esquecido que ele tanto amou!


Porto Alegre,10 de setembro de 1979."


Luís Eurico viveu intensamente a sua época e absorveu os ideais de justiça e liberdade. Sua poesia assim se revela e aproxima-se com sensibilidade à resistência do povo vietnamita em Balada da Ham-li:




"Na pequenina aldeia


de Luang-Dinh


um menino


de pele amarela


e olhos rasgados


está


silencioso


deitado no chão


seu nome


Ham-li


as mãos


as pequeninas mãos


de Ham-li


estão crespadas


retorcidas


por uma grande dor


os pequeninos braços


fortes de Ham-Li


- menino camponês


estão descarnados


e já se decompõem.


Os pequeninos pés


andarilhos de Ham-Li


- menino soldado -


encolhidos


assemelham-se a uma


terrível garra


A pequenina face


de pele macia


onde brilhavam


os negros olhos rasgados


o menino Ham-Li


escondeu-a no ventre aberto


para que o mundo


não visse tanto horror.


Mas ao pequenino coração


do menino Ham-Li


o Napalm


não poderá jamais atingir!


Entre os escombros


da pequenina aldeia


de Luang-Dinh


um menino


de pele amarela


e olhos rasgados


está


silencioso


deitado no chão.


O pequenino coração


do menino Ham-Li


pulsa


inalterado


sobre todo o Vietnã."




Reportagem


Jornal A Noticia/Joinville 30/06/03


"Um guerreiro da pena e da espada"


Há os guerreiros da pena


Há os guerreiros da espada


Há homens que dão um braço


pelo fragor da batalha.


Eu sou poeta da Revolução


A minha pena é uma espada.


E o meu canto se eu cantoé um canto de guerra".(Poema É Hora, de Luiz Eurico Tejera Lisbôa, 1967)


"Inquieto e firme, esse era o poeta nascido em Porto União"


Luis Fernando Assunção


"Por quê? Por quê?" Era o que se perguntava o moleque gorducho depois de ver o oldsmobile preto do pai quase ser atingido por uma pedra arremessada com raiva por um menino humilhado de uma vila pobre de Caxias do Sul. Foi o primeiro e o mais marcante contato de Luiz Eurico Tejera Lisbôa com as diferenças sociais, com a pobreza, com a má distribuição de renda. Talvez tenha sido a pedra a catapulta para esse jovem de classe média, nascido em Santa Catarina e crescido no Rio Grande do Sul, largar a vida previsível de uma família classe média pela militância nas ruas e guetos em busca de liberdade.


Luiz Eurico, o Ico, filho de Eurico de Siqueira Lisbôa e Clelia Tejera Lisbôa, nasceu em 19 de janeiro de 1948 em Porto União, Santa Catarina. Pai nascido pobre, mãe dona de casa, foi o primogênito de sete irmãos. "Era verão de 57, Luiz Eurico já tinha quase nove anos e muita estrada por Santa Catarina: Porto União, Caçador, Tubarão, Itajaí e Florianópolis. Em Caxias, a família de classe média se instalou em uma casa confortável, de vasto pátio", escreveu a irmã Noeli, no livro "Condições Ideais para o Amor", em homenagem ao irmão.


Foi quando a família mudou-se para a Capital, Porto Alegre, que Ico entrou definitivamente nas causas comunitárias e políticas. Ainda com uma ingenuidade respaldada por púberes 15 anos, Luiz Eurico elaborou um manifesto contra a ditadura que começava. Acabou acuado por um professor que o ameaçou prendê-lo caso repetisse o gesto. A militância começou a trazer problemas também em casa. Foi expulso pelo pai. Mudou-se para Santa Maria, onde ingressou na Faculdade de Economia.


Em meados de 1967, retornou a Porto Alegre depois da separação dos pais. Fez parte da direção da União Gaúcha de Estudantes Secundários (Uges) e começou a atuar no movimento estudantil, quando se envolveu na reabertura do grêmio do Colégio Júlio de Castilhos. Acabou preso e indiciado em inquérito policial militar. Poeta, Luiz Euricio nunca deixou de lado a ternura em seus escritos e em suas relações pessoais. Conheceu Suzana, a companheira ideal. Juntos, até o fim de sua curta existência, intercalaram momentos de paixão avassaladora com tenacidade na resistência contra a repressão.


Em 1969, Luiz Eurico integrou a direção estadual do Partido Comunista Brasileiro e idealizou o primeiro movimento gaúcho para enfrentar a onda de violência gerada pelo regime: o 21 de Abril e o Exército de Brancaleone. Com o aumento da repressão ao movimento estudantil e operário, como opção de enfrentamento ao regime, a luta armada começava a tomar força entre os jovens. Ele ingressou então na Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) e depois na Ação Libertadora Nacional (ALN), comandada por Carlos Lamarca.


Mudou-se para São Paulo, já casado com Suzana. Ele 21 anos, ela 18. Como a maioria dos jovens envolvidos na militância da época, começaram a viver na clandestinidade. Mandou escassos bilhetes para a família, por mensageiros desconhecidos. Não revelou seu paradeiro. Em 1971, decidiu retornar a Porto Alegre na tentativa de reorganizar a ALN no Estado. Permaneceu clandestino no Rio Grande do Sul até setembro de 1972, quando viajou para São Paulo, onde desapareceu.


Luiz Eurico era sério, quase tímido. Vez por outra, abria um sorriso irônico, meio de lado. Incisivo nos gestos, decidido nos atos. Seu universo foi amplo demais para a vida familiar. Perambulava pela casa com o mapa do Vietnã, estudando a guerra, os movimentos dos vietcongs. "Fazia isso com a mesma fraternidade, a mesma proximidade e o mesmo interesse de quem discute aspectos importantes da vida nacional, ou mesmo a movimentação dos militantes na luta contra a ditadura", escreve a irmã Noeli. E por quê, tudo isso? Luiz Eurico sempre procurou o homem do povo. Queria saber, tinha essa vontade, explícita no poema "Procuro o homem do povo": "Procuro o homem do povo/para ultrapassar a frieza/do vocabulário político/e ver na "massa oprimida"/nas "contradições sociais"/na "luta de classes"/Nas "análises da realidade"/o homem do povo.


"NomeLuis Eurico Tejera Lisbôa


Desaparecido entre 1972 e 1979


Corpo encontrado na vala de Perus, em 1979. Enterrado em Porto Alegre.


Nascimento1948, em Porto União, Santa Catarina


Profissão Estudante


Militância Vanguarda Armada Revolucionária Palmares(VAR/Palmares)


"Renascendo o Ico a cada dia de minha vida"


Porto Alegre - Ela foi até o fim na sua luta. Não parou nem depois de encontrar o corpo do marido soterrado em uma vala comum no cemitério de Perus, em São Paulo. Continuou em busca da verdade, desvanecendo mentiras, humilhando assassinos. Suzana Keniger Lisbôa, 52 anos, funcionária pública, não vai esquecer jamais daquele jovem decidido, sensível e espirituoso. "O amor de Ico era um privilégio. Tinha a doçura de um anjo e a força de um guerreiro", lembra Suzana. "Ele sempre esteve envolvido na luta por justiça e igualdade. Era um vanguardista", garante ela, hoje integrante da comissão de familiares de desaparecidos e mortos políticos.


A família Lisbôa sofreu com o desaparecimento de Luiz Eurico. Passou anos à espera do filho, irmão e marido, que talvez pudesse entrar em casa um dia e dizer que estava escondido pela sobrevivência. O irmão Nei, caçula da família, relembra de momentos que passou perto do irmão, em especial a "pós-graduação na arte de fazer pandorgas" que aprendeu com ele em um encontro clandestino na praia do Pinhal, em 1972. "Nas pandorgas colávamos, em papel de seda, a alça de mira, símbolo da ALN. Algumas vezes atingiam o infinito azul do céu, noutras se despedaçavam entre os fios de luz", conta.


Nei foi muito influenciado pelos ideais revolucionários do irmão. Certo dia, ainda moleque, disse ao irmão que gostaria de ser guerrilheiro, como ele. "O Ico disse então que ele não revelasse esse desejo a ninguém", conta Suzana. Na escola, o pequeno Nei foi indagado pela professora sobre o que pretendia ser quando crescesse. Não contou, apesar da insistência da professora. "Ele lembrou do pedido do Ico e guardou segredo", recorda Suzana. "Todos acabaram vivenciando as experiências do Ico em casa".


Restou para a família uma lembrança forte de Luiz Eurico, que não se apagou com as tentativas sistemáticas de deturpação de sua imagem. "O general Leônidas Pires disse: 'nós também tivemos os nossos mortos'. Vossos, general? E em nome de que Esbórnia se inscreveria o epitáfio nesse par de lápides?", ironiza Nei, hoje cantor e compositor em Porto Alegre. Pela influência do irmão, fez composições em sua homenagem, sempre destacando a luta por justiça. "Luiz Eurico era meu irmão, onze anos mais velho, e com ele aprendi desde o berço a soletrar justiça, liberdade, humanidade", orgulha-se.


Em carta logo depois de saber da morte do filho, Clelia Tejera Lisbôa mostrou consciência e segurança ao escrever sobre o filho. "...Quando a separação entre humildes e poderosos atinge proporções de um verdadeiro cataclisma, quando as mais ponderadas manifestações de alerta são silenciadas a bala, quando o descontentamento se torna universal e o indivíduo desfalece nas tramas das forças materiais que ele não dirige e muitas vezes não compreende. (...) Este era o 'terrorista' Luiz Eurico. Seu dizer era claro, firme e coerente com seu modo de pensar e agir. Seus aterrorizados assassinos, com a cabeça vazia de idéias, souberam apenas empunhar uma arma. Ele e seus amigos constituíam realmente um perigo em potencial: eram inteligentes, estudiosos, sabiam pensar por si mesmo. Haveria razão mais forte para exterminá-los?" (LFA)

domingo, 16 de janeiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Joaquim Alencar de Seixas -IX-

Carta O Berro..........................................................repassem


Joaquim Alencar de Seixas

 
Dirigente do MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO TIRADENTES (MRT).

Nasceu em Bragança, Estado do Pará, em 02 de janeiro de 1922, filho de Estolano Pimentel Seixas e Maria Pordeus Alencar Seixas. Operário, pai de 4 filhos, tornou-se militante político aos 19 anos de idade.

Foi assassinado em 17 de abril de 1971.

Trabalhou como mecânico de aviões em várias empresas, entre as quais Varig, Aerovias e Panair. Perdeu o emprego várias vezes por questões políticas. Na Varig apresentou denúncia contra a empresa, mostrando a ligação que havia entre ela, o Governo Vargas e o Governo Nazista da Alemanha. Os proprietários da empresa eram de origem alemã e estariam colaborando com o governo alemão. Por esta razão perdeu o emprego.

Em 1964 trabalhava na Petrobrás, como encarregado do setor de manutenção e militava no movimento sindical petroleiro, quando foi dado o Golpe de Estado. Ele e vários líderes do movimento sindical simularam um acidente para poderem passar pelo cerco armado pelo Exército, que já havia tomado a Refinaria Duque de Caxias, no Rio. Usando tanques de guerra, carros de combates e muitos soldados armados, as forças militares prendiam as lideranças operárias. Para furar o cerco, o setor de segurança da Refinaria acionou o alarme contra acidentes e as ambulâncias passaram com os líderes cobertos com lençóis sujos de sangue (na verdade, era tinta vermelha).

Durante vários meses, Seixas e seus companheiros sindicalistas tiveram suas casas vigiadas por policiais e ficaram escondidos até que a perseguição diminuísse. Quando voltaram para o trabalho foram demitidos sem direito algum. Seus nomes passaram a fazer parte de listas, que não lhes permitiam encontrar emprego. Por essa razão os perseguidos tentaram conseguir saídas para o problema. Muitos se mudaram para outros Estados, na tentativa de furar a perseguição. Seixas e família foram para o Rio Grande do Sul.

Seixas trabalhou como marceneiro durante dois anos, montou postos de gasolina, construindo toda a parte de tanques e tubulações de combustíveis, até 1967, quando foi contratado como encarregado do setor de mecânica, pela Pepsi-Cola de Porto Alegre.

Sem abandonar sua atuação política, participou do movimento de resistência à ditadura militar, no Rio Grande do Sul. Escapou várias vezes de ser preso e viu vários de seus companheiros caírem nas mãos da repressão política. Um deles foi o ex-sargento do Exército, Manoel Raimundo Soares, morto após 3 meses de torturas no DOPS gaúcho.

Por não conseguir emprego, quando foi demitido da Pepsi-Cola, Seixas e sua família se mudaram novamente para o Rio de Janeiro. Até conseguir colocação, teve que trabalhar como motorista de táxi. Seu último emprego foi na Coca-Cola de Niterói, como chefe do setor de mecânica e manutenção.

Mudou-se para São Paulo, onde participou do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), tornando-se um de seus dirigentes. Seixas foi preso junto com seu filho Ivan, na Rua Vergueiro, altura do n° 9000, no dia 16 de abril de 1971. Do local da prisão, ambos foram levados para a 37ª Delegacia de Polícia, que fica na mesma rua Vergueiro, na altura do nº 6000, onde foram espancados no pátio do estacionamento, enquanto os policiais trocavam os carros usados para o esquema de prisão.

De 1á foram levados para o DOI/CODI, que a esta época ainda se chamava Operação Bandeirantes-OBAN. No pátio de manobras da OBAN, pai e filho foram espancados de forma tão violenta, que a algema que prendia o pulso de um ao outro rompeu-se.

Dessa sessão de espancamento, ambos foram levados para a sala de interrogatórios, onde passaram a ser torturados um defronte ao outro. Nesse mesmo dia, sua casa foi saqueada e toda sua família presa.

No dia seguinte, 17 de abril de 1971, os jornais paulistas publicavam uma nota oficial dos órgãos de segurança, que dava conta da morte de Joaquim Alencar de Seixas em tiroteio. Em realidade, Seixas estava morto só oficialmente, pois nesta mesma hora se desenrolavam torturas horríveis, o que pôde ser testemunhado por seu fllho Ivan, sua esposa Fanny, e suas duas filhas, Ieda e Iara, presas na noite anterior.

Por volta das 19 horas deste dia, Seixas foi finalmente morto. Sua esposa, Fanny, ouvindo que seu marido acabara de morrer, pôs-se nas pontas dos pés e viu os policiais estacionarem uma perua C-14 no pátio de manobras, forrar seu porta-malas com jornais, e colocarem um corpo que reconheceu ser o de seu marido. Não bastasse o seu reconhecimento, ouviu um policial perguntar a outro: "De quem é este presunto?" e como resposta, a afirmação: "Este era o Roque" (nome usado por Seixas).

No processo a que responderia se estivesse vivo, consta uma fotografia de seu cadáver com os sinais dos sofrimentos passados, e um tiro na altura do coração, que indicaria a causa-mortis.

Os assassinos de Joaquim Alencar de Seixas foram identificados por seus familiares e companheiros como sendo o então major Carlos Alberto Brilhante Ustra, o capitão Dalmo Lúcio Muniz Cirillo, o delegado Davi Araújo dos Santos, o investigador de polícia Pedro Mira Granziere e vários outros, identificáveis somente por apelidos.

Assinam o laudo de necrópsia os médicos legistas Pérsio José B. Carneiro e Paulo Augusto Queiroz da Rocha, que confirmam a falsa versão oficial da repressão de que Joaquim foi morto em tiroteio e omitem as torturas. Vários presos políticos declararam em Auditorias Militares, à época, as torturas e assassinato de Joaquim na OBAN.

** Chamada de Trabalhos Ano VI_Nº 1

 
Prezados,


A Revista Eletrônica Cadernos de História (UFOP) lança a chamada de trabalhos para a edição ano VI, nº 1, com seção temática de artigos sobre História do Esporte no Brasil, e seção livre para resenhas, transcrições comentadas, entrevistas e traduções. A partir desse número contaremos com uma nova seção de tema livre dedicada exclusivamente a artigos escritos por graduandos (ver detalhes no anexo ou na página da Revista). O prazo para envio de trabalhos se encerra no dia 14 de Março de 2011. Segue em anexo o cartaz com o texto de apresentação do número.
Cordialmente,


Os editores.





Conselho Editorial
Revista Eletrônica Cadernos de História:
publicação do corpo discente do departamento de história da UFOP

www.ichs.ufop.br/cadernosdehistoria
Rua do Seminário, s/n - Centro
Mariana - MG
35420-000

__._,_.___
Anexo(s) de =?iso-8859-1?Q?Cadernos_de_Hist=F3ria?=

1 de 1 arquivo(s)
Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.


                                                                                                    Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
 
Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

sábado, 15 de janeiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Aurora Maria Nascimento Furtado -VIII-

Carta O Berro..........................................................repassem

 

Aurora Maria Nascimento Furtado

(São Paulo, 13 de junho de 1946Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1972) foi uma militante da Ação Libertadora Nacional. Foi morta pelo regime militar no brasil.

Biografia

Era filha de Mauro Albuquerque Furtado e Maria Lady Nascimento Furtado e foi morta aos 26 anos de idade, no Rio de Janeiro.
Estudante de psicologia na universidade de São Paulo, era a responsável pela imprensa da união nacional dos estudantes de são Paulo, com ativa militância no movimento estudantil dos anos 1967/68.
Foi presa em 9 de novembro de 1972, na Parada de lucas, no Rio de Janeiro, em batida policial realizada por uma patrulha do 2º setor de vigilância norte, após rápido tiroteio ,em que morreu um policial.
Após correr alguns metros e se esconder em vários lugares, Aurora foi aprisionada ,viva, dentro de um ônibus onde havia se refugiado antes.
Foi torturada desde o momento de sua prisão, inclusive na presença de vários populares que se aglomeravam ao redor da cena. Aurora foi conduzida para invernada de olaria. Lá foi torturada nas mãos dos policiais do DOI/CODI e integrantes do famigerado "esquadrão da morte".
Aurora viveu os mais terríveis momentos nas mãos daqueles carrascos, que além dos já tradicionais pau-de-arara, sessão de choques elétricos, somados a espancamentos, afogamentos, queimaduras, aplicaram-lhe a "coroa de cristo", ou "torniquete", que é uma fita de aço, que vai gradativamente sendo apertada, esmagando aos poucos o crânio.
No dia 10 de novembro, Aurora morreu em conseqüencia dessas torturas. Seu corpo chegou ao IML/RJ como 'desconhecida' pela guia nº 43 da 26ª D.P.
Após prendê-la e torturá-la, jogaram seu corpo crivado de balas na esquina das ruas Adriano com Magalhães Couto, no bairro do méier(RJ). A versão oficial divulgada pelos órgãos de segurança era de que a morte de Aurora seria conseqüencia de uma tentativa de fuga, quando era transportada na rádio-patrulha que a prendera. Ao tentar fugir, teria sido baleada e morta.
A necrópsia, feita no IML, em 10 de novembro, foi firmada pelos drs. Elias Freitas e Salim Raphael Balassiano e confirma falsa versão da repressão de morte em tiroteio e assinala "ferimentos penetrantes na cabeça" que dada como a causa mortis. fotos de perícia de local(nº 6507/72) mostram claramente profunda marcas de tortura no corpo de Aurora: percebe-se o aprofundamento do crânio e escoriações nos olhos, no nariz e boca, que não são relatadas na necrópsia. Havia próximo ao corpo um VW DH-4734, marcados de tiros, o que completava a encenação.
Em 11 de novembro de 1972, Aurora foi reconhecida no IML/RJ, por seu pai, Mauro Albuquerque Furtado, sendo transladada para São Paulo. O corpo de Aurora foi entregue á família de caixão lacrado, com ordens expressas para que não fosse aberto. Tal ordem não foi acatada pela família que, com auxilio de seus advogados conseguiu novo exame no IML. O corpo de Aurora, além dos inúmeros sinais das torturas sofridas (queimaduras, cortes profundos, hematomas generalizados) apresentava um afundamento no crânio de cerca de 2 cm, proveniente do uso da "coroa de cristo", e causador de sua morte.
Aurora Maria Nascimento Furtado (1946-1972),  estudava Psicologia na USP e militava na UNE (União Nacional dos Estudantes) e na ALN (Ação Libertadora Nacional).

Conforme o livro,"Direito à Memória e à Verdade", "Aurora foi submetida a pau de arara, choques elétricos, espancamentos, afogamentos e queimaduras, além da "coroa de Cristo", fita de aço que vai sendo apertada aos poucos e esmaga o crânio.

Morreu no dia seguinte".

Seu corpo, porém, foi encontrado no subúrbio do Rio crivado de balas.

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de José Carlos da Matta Machado -VII-

Carta O Berro..........................................................repassem

José Carlos da Matta Machado



José Carlos Novais da Matta Machado

Dirigente da AÇÃO POPULAR MARXISTA-LENINISTA (APML).
Nasceu a 20 de março de 1946 na cidade do Rio de Janeiro, filho de Yedda Novais da Matta Machado e de Edgard Godói da Matta Machado.
Texto escrito por Bernardo, irmão de José Carlos, em outubro de 1993, por ocasião dos 20 anos da morte de José Carlos:
"José Carlos freqüentou o curso primário no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, o ginasial no Colégio Estadual de Minas Gerais, onde fez o curso clássico. Durante a adolescência, fundou, junto com amigos do bairro Funcionários, o Youth Clube, grupo de jovens unidos pela convivência em festas, atividades esportivas, namoros e conversas animadas.
Em 1964, entrou para o curso de Direito da UFMG, tendo obtido a primeira colocação no vestibular. Em 1966, concluiu o serviço militar obrigatório no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), sendo sua patente de oficial posteriormente cassada pelo Exército.
Na Faculdade, foi um dos fundadores do Grupo de Alunos da Turma de 1964 (GAT-64) que exerceu muita influência política entre os estudantes. Sua liderança foi-se consolidando até o ponto de seus colegas brincarem dizendo que José Carlos não era mais o 'filho do professor Edgard', mas o professor é que se tornara 'pai do Zé'. Em 1967, foi eleito presidente do Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP) e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Nessa época, já integrava os quadros da Ação Popular.
Em outubro de 1968, durante a realização do XXX Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), José Carlos foi preso e condenado a oito meses de reclusão nas celas do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), de Belo Horizonte.
Solto, no segundo semestre de 1969, continua na luta, porém clandestinamente. Em 1970 casou-se com sua companheira de AP, Maria Madalena Prata Soares, e morou, por mais de um ano, numa favela de Fortaleza (CE), exercendo o ofício de comerciário.
Gilberto Prata Soares, seu cunhado e ex-membro da AP, preso em fevereiro de 1973, concordou em colaborar com o CIEx na identificação dos militantes da AP. A partir de março de 73, com a ajuda do informante, os seus passos e de Madalena foram minuciosamente rastreados pelos órgãos de repressão. Em conseqüência, militantes e simpatizantes começaram a cair como num jogo de dominó.
Pressentindo que o cerco se fechava, advogados do escritório de Joaquim Martins da Silva (companheiro de José Carlos na Faculdade de Direito), em São Paulo, fizeram contato com a família. José Carlos e Madalena já haviam confiado aos avós a guarda do filho Dorival, nascido em Goiânia, no dia 19 de fevereiro de 1972.
No dia 18 de outubro, atendendo ao apelo vindo de São Paulo, dois cunhados e um amigo da família foram encarregados de buscar José Carlos e conduzi-lo à fazenda de um tio, no interior de Minas Gerais. Madalena se encontraria com eles num sítio próximo a Belo Horizonte. No dia 19 de outubro, em São Paulo, para onde José Carlos tinha ido com o principal objetivo de providenciar cobertura jurídica para os companheiros presos, encontraram-se no escritório de Joaquim Martins da Silva. Ali combinaram novo encontro em um posto de gasolina na saída da cidade. Não percorreram mais do que alguns quilômetros e foram presos por elementos à paisana fortemente armados. Algemados e encapuzados, foram conduzidos provavelmente para o DOI-CODI/SP, onde foram submetidos a interrogatórios durante três dias. No dia 21 foram transferidos, à exceção do José Carlos, para o 12° Regimento de lnfantaria, em Belo Horizonte, onde permaneceram incomunicáveis. Na noite de 22, Madalena e seu filho Eduardo (do primeiro casamento) foram presos no sítio onde se encontravam. Nesse mesmo dia, Gildo Macedo e sua esposa foram presos em Salvador pela Polícia Federal. No dia 31, quarta-feira pela manhã, os representantes da família foram soltos. Na noite do mesmo dia 31, os meios de comunicação transmitiram nota oficial informando sobre a morte de José Carlos e Gildo Macedo Lacerda num tiroteio em Recife. A nota dizia que ambos confessaram, durante interrogatórios, que teriam no dia 28 um encontro com 'um subversivo de codinome Antônio'. Levados para o local, o referido 'Antônio' pressentiu alguma anormalidade e abriu fogo contra seus companheiros.
A morte dos dois militantes estava repercutindo nacional e internacionalmente (New York Times de 13 de novembro, Le Monde do dia 14 de novembro e Avvenire D'all Italia e Dal Mondo de 15 de novembro). No dia 7, a denúncia do Prof. Edgard ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana foi lida na Câmara e no Senado pelos líderes da oposição, Deputado Aldo Fagundes e Senador Nelson Carneiro. A repercussão, somada ao esforço dos advogados de Recife, Oswaldo Lima Filho e Mércia Albuquerque, resultou na autorização para a exumação e o traslado do corpo para Belo Horizonte. A condição imposta pelo coronel Cúrcio Neto, comandante militar da 7ª Região, foi a de que não houvesse publicidade. Até mesmo o aviso fúnebre foi proibido.
A Dra. Mércia acompanhou a exumação, realizada no dia 10 de novembro. José Carlos, assim como Gildo, foram enterrados como indigentes num caixão de madeira sem tampa e com fundo de taliscas.
No dia 15 de novembro, após ordens e contra-ordens, o corpo de José Carlos foi finalmente liberado e chegou a Belo Horizonte às 13:15 h, em caixão lacrado. Às 14:30 h foi sepultado no cemitério Parque da Colina.
Embora, já no dia 9 de novembro de 73 tenha sido protocolada uma representação junto à Procuradoria Geral da Justiça Militar requerendo a instauração de um Inquérito Policial Militar, até hoje não foram tomadas providências para apurar os fatos que cercaram a morte de José Carlos. Não se sabe qual a autoridade responsável por sua prisão em São Paulo, nem se conhecem as circunstâncias de sua transferência para Recife.
Sua morte, na madrugada do dia 28, foi testemunhada pela estudante Fernanda Gomes de Matos e Melânia Almeida Carvalho, que estavam presas no DOI-CODI do Recife. Fernanda reconheceu, imediatamente, quando Mata Machado chegou no dia 27 de outubro de 1973, escoltado por agentes, com uma venda nos olhos.
Após várias horas de agonia, pedindo ajuda, porque estava perdendo muito sangue, a voz grave de Mata Machado silenciou."
O nome de José Carlos Matta Machado foi dado a uma rua em Belo Horizonte no lugar de sua antiga denominação que era Dan Mitrione, torturador que veio dos Estados Unidos para o Brasil com o objetivo de ensinar "Métodos Modernos de lnterrogatório" aos policiais e militares. Suas cobaias eram mendigos recolhidos nas ruas e seu alvo eram os presos políticos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Alexandre Vannucchi Leme -VI-


Carta O Berro..........................................................repassem
 Assassinato de Alexandre Vannucchi Leme Gerou protestos da sociedade


lemeav-portrait.jpg
Revista da Adusp nº34, maio de 2005
Por Marina Gonzalez


Em 1973, Alexandre Vannucchi Leme tinha 22 anos e cursava o quarto ano de Geologia na USP. Era um ótimo aluno, foi o primeiro colocado no vestibular, participava do movimento estudantil e militava no grupo clandestino Ação Libertadora Nacional (ALN). Na manhã de 16 de março, foi preso por agentes do II Exército, pertencentes ao Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Até hoje não se sabe ao certo como e onde Alexandre foi capturado, mas o fato é que sobreviveu por pouco mais de 24 horas nas mãos dos torturadores do DOI-Codi.
A confirmação de sua morte veio somente uma semana depois, com a publicação de um comunicado policial. A versão oficial sustentava que Alexandre morrera a caminho do hospital, depois de ser atropelado por um caminhão. Ele teria sido conduzido pelos órgãos de segurança até o bairro do Brás, para mostrar onde tinha um "ponto" com um companheiro de grupo, e teria tentado fugir.
Note-se que a mesma explicação já havia sido usada para justificar o assassinato de Antonio Benetazzo, preso em 28 de outubro de 1972 e morto dois dias depois. No final da década de 1960, Benetazzo era estudante de Arquitetura, presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia e professor em cursos pré-universitários. Diferentemente de Alexandre, abandonou a USP para se dedicar à luta armada contra o regime militar, e desde 1969 vivia na clandestinidade.

A morte de Alexandre, apelidado "Minhoca" pelos colegas, teve repercussão imediata. Outros estudantes também haviam sido presos e era preciso tomar alguma atitude. O Conselho de Centros Acadêmicos declarou luto na USP e os alunos pressionaram por uma intervenção do então reitor Miguel Reale que, num ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado, solicitou informações sobre a morte de Alexandre "aos órgãos competentes". A resposta, porém, conteria as mesmas informações já divulgadas pelos jornais.
Também partiu dos estudantes a idéia de convidar dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo, para realizar uma missa em memória do colega assassinado. A celebração na Sé, marcada para o dia 30 de março, transformou-se na primeira grande manifestação pública de oposição à Ditadura desde as manifestações de 1968.
Centenas de pessoas que estiveram na missa foram levadas ao DOPS, a maioria libertada em seguida. Panfletos assinados pelo fictício "Movimento dos Estudantes Democráticos", provavelmente obra da repressão política, condenavam o suposto exagero das manifestações, pois o pesar pela perda de Alexandre estaria "se transformando numa crítica acintosa e ilegal ao governo", "o 'Minhoca' (…) por suas ligações com bandos subversivos armados teve um triste fim".
Partiu dos estudantes a idéia de convidar dom Paulo Arns para celebrar missa na Sé em memória de Alexandre, em 30 de março de 1973, primeiro grande ato de oposição à Ditadura desde 1968
Até a Divisão de Segurança e Informações (DSI) do Ministério de Minas e Energia, sediada na então Guanabara, via nas repercussões do caso o "recrudescimento de atividades esquerdistas" e a "profundidade do trabalho comunista no meio universitário" do Estado de São Paulo. O Informe 30/008, de 10 de maio de 1973, afirma que esse problema espalha-se não só na capital mas em diversas cidades do interior, e que o clero associou-se às manifestações. De fato, não faltam panfletos de centros acadêmicos do interior e relatos de agentes sobre missas em cidades como Sorocaba (onde moravam os pais de Alexandre), Botucatu, São Joaquim da Barra e Ribeirão Preto, em homenagem ao jovem assassinado.
O jornalista Caio Túlio Costa, au tor do livro Cale-se (São Paulo, ed. A Giraffa, 2003), que relata as atividades do movimento estudantil na USP no período compreendido entre a morte de Alexandre e o show de Gilberto Gil na Escola Politécnica em maio de 1973, lembra que o momento da prisão do estudante permanece desconhecido porque não houve testemunhas. As dúvidas sobre as circunstâncias de sua morte são ainda maiores porque não se tem acesso aos arquivos do DOI-Codi, órgão em cujas dependências ele teria sido assassinado: "Faltam-nos os documentos do DOI-Codi e também de outros órgãos como o SNI (Serviço Nacional de Informações) e o Cenimar (Centro de Informações da Marinha)."
Costa acredita tratar-se de relatórios e fotografias que poderiam ajudar a elucidar o caso. A documentação encontrada até o momento no acervo do DOPS em poder do Arquivo do Estado refere-se a episódios posteriores à morte de Alexandre, como a ida de José de Oliveira Leme ao DOPS, em busca de notícias do filho, o atestado de óbito, os relatos de missas e os impressos produzidos pelos centros acadêmicos da USP com a finalidade de denunciar o crime praticado pela repressão política.
Contudo, os papéis do DOPS ainda podem conter surpresas. Em 2004, o jornalista Mário Magalhães localizou ali laudos, do Instituto Médico-Legal e da Divisão de Identificação Civil e Criminal da Polícia, que confirmaram de modo irrefutável que outro militante da ALN, Virgílio Gomes da Silva, o "Jonas", foi assassinado sob tortura em 1969.
Alexandre Vannucchi Leme foi enterrado como indigente. Os restos mortais foram entregues à família em 1983, dez anos após o seu assassinato.
Em 1976, os estudantes da USP criaram, em assembléia, o Diretório Central dos Estudantes-Livre Alexandre Vannucchi Leme.
"Subversivo tenta fugir mas morre atropelado"
Assim o jornal O Globo deu título à notícia da morte de Alexandre Vannucchi Leme, dias após o ocorrido. "Os órgãos de segurança revelaram que o terrorista Alexandre Vannucchi Leme, conhecido como 'Minhoca', morreu atropelado por um caminhão quando tentava fugir ao ser levado por agentes a um encontro com outro terrorista, no cruzamento das ruas Bresser e Celso Garcia".
Nada menos do que três pessoas teriam testemunhado o atropelamento, segundo o jornal: "Três testemunhas contaram que presenciaram o acidente em que morreu o motorista". Uma delas, "Alcino Nogueira de Souza, empregado de balcão da Confeitaria Santa Cruz (…), chegou a servir uma cerveja ao terrorista. Viu quando ele olhou para um lado e para o outro, atravessou correndo a rua e foi colhido pelo caminhão".
O excesso de nomes e detalhes (inclusive a chapa do suposto caminhão atropelador) é pouco usual em casos de acidentes de trânsito, fazendo supor que a matéria de O Globo foi preparada em estreita colaboração com os órgãos de segurança. O texto afirma também que "com base em informações" de Minhoca foi possível "identificar" outros integrantes da ALN, o que é outra operação típica da repressão: sugerir que a pessoa assassinada delatou companheiros.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

** NOTICIAS ANPUH PR - JANEIRO 2011 n 2

 
Veja no site da Anpuh PR http://www.pr.anpuh.org/

Iphan oferece bolsa de pesquisa na área de Patrimônio Ferroviário
Universidade de Columbia oferece bolsa para pesquisador visitante
Chamada de Artigos - Revista NUPEM - Fecilcam

__._,_.___
Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.


                                                                                                    Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
 
Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

__,_._,___

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

** Universidade de Columbia oferece bolsa para pesquisador visitante

 

Universidade de Columbia oferece bolsa para pesquisador visitante

Fonte: A TARDE On Line
A Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e a Comissão para o Intercâmbio Educacional entre os Estados Unidos da América e o Brasil (Fulbright) oferecem a bolsa Dra. Ruth Cardoso para professores brasileiros com interesse em exercer atividades de docência e pesquisa na instituição norte-americana.


Até a próxima segunda-feira, 17, podem se candidatar pesquisadores brasileiros com comprovada experiência nas Ciências Humanas e Sociais, com ênfase em História do Brasil, Antropologia, Ciência Política e Sociologia. De acordo com as exigências do edital (acesse aqui), o candidato também deve ter concluído o doutorado antes de 2007, não pode possuir nacionalidade norte-americana, deve ter 10 anos de experiência profissional e acadêmica qualificadas na área, além de estar credenciado como docente e orientador em programa de pós-graduação reconhecido pela Capes.


O pesquisador selecionado terá direito a bolsa mensal de US$ 5.000, por até nove meses, auxílio-instalação de US$ 2.000, seguro-saúde e passagem aérea de ida e volta.

O programa tem o objetivo de destacar no meio universitário e de pesquisa dos EUA a atuação de cientistas brasileiros em instituições do país nas áreas de Ciências Humanas e Sociais.


Mais informações no site da Fulbright (acesse aqui).



Conheça nosso perfil no Faceboock
__._,_.___
Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.


                                                                                                    Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
 
Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Isis Dias de Oliveira -V-


Carta O Berro..........................................................repassem


Isis Dias de Oliveira (1941-1972)
isis.jpg
Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. 2007

Dados pessoais

Número do processo 104/96
Filiação Felícia Mardini de Oliveira e Edmundo Dias de Oliveira
Data e Local de nascimento 29/08/1941, São Paulo (SP)
Organização política ou atividade ALN
Datal e local do desaparecimento 30/01/1972, no Rio de Janeiro
Data da publicação no DOU Lei nº 9.140/95 — 04/12/95
Militantes [Ísis Dias de Oliveira e Paulo César Botelho Massa] da ALN que residiam na mesma casa no Rio de Janeiro, Ísis e Paulo César foram presos no dia 30/01/1972, pelo DOI-CODI/RJ.
Seus nomes integram a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.
Ísis nasceu e cresceu em São Paulo, iniciando os estudos no Grupo Estadual Pereira Barreto. Fez o ginasial no Colégio Estadual Presidente Roosevelt e o curso clássico no Colégio Santa Marcelina. Estudou piano e fez curso de pintura e escultura na Fundação Álvares Penteado. Falava inglês, que estudou na União Cultural Brasil-Estados Unidos, dominando também o francês e o espanhol. Trabalhou como secretária bilíngüe na Swift. Em 1965, iniciou o curso de Ciências Sociais na USP e passou a morar no CRUSP — o conjunto residencial da Universidade. Trabalhou no Cursinho do Grêmio da Faculdade de Filosofia e se casou, em 1967, com José Luiz Del Royo, também integrante da ALN na fase de sua fundação, e que foi eleito em 2006 senador na Itália. Isis freqüentou o curso de Ciências Sociais até o 3º ano e, segundo informações dos órgãos de segurança, esteve em Cuba participando de treinamento de guerrilha em 1969. Já separada de Del Royo, retornou clandestinamente ao Brasil e se estabeleceu no Rio de Janeiro a partir de meados de 1970.
No dia 4 de fevereiro, Aurora Maria Nascimento Furtado, colega da USP e militante da ALN, que também seria morta sob torturas dez meses depois telefonou a Edmundo, pai de Ísis, avisando da prisão da amiga. "Ela corre perigo, tratem de localizá-la", disse-lhes. E foi o que tentaram com persistência: impetraram cinco habeas-corpus através da advogada Eny Raimundo Moreira, todos negados. Foram a todas as unidades do Exército, Marinha e Aeronáutica do Rio de Janeiro e São Paulo onde imaginassem poder ter notícias de Ísis. Vasculharam os arquivos dos cemitérios do Rio de Janeiro, Caxias, Nilópolis, São João de Meriti, Nova Iguaçu, São Gonçalo. Sem falar das muitas cartas escritas com a letra miúda da mãe ao presidente da República, às autoridades civis e religiosas. Dezenas de pastas guardam os documentos da família na busca por Ísis. Trechos do depoimento de Felícia, que com mais de 90 anos ainda espera alguma notícia sobre o que aconteceu com a filha, retrata a luta dos familiares:
(…) Nós chegamos à triste conclusão que todas essas séries de desinformações serviam a um objetivo específico, que era de confundir-nos e fazer-nos reaver, a cada sinal, uma esperança. Cartas: foram escritas muitas. Eu as escrevia, com sacrifício, para poupar meu marido que havia sofrido um grave enfarte do miocárdio. Com o passar do tempo, fui vendo que os destinatários eram os mesmos, a quem as outras famílias de desaparecidos escreviam: Presidente da República, Ministros das três armas, Comandante do I e do II Exércitos, OAB, OEA, ONU, Anistia Internacional, Arcebispos do Rio de Janeiro e de São Paulo. Foram tantas as cartas e inúteis que não gosto de lembrar. Só não esquecerei uma em especial, pelo trabalho e pela satisfação que me deu.
Nós, familiares dos presos políticos desaparecidos, pedíamos informações ao Governo, sobre o destino dos nossos parentes. Quando o Ministro da Justiça, através do líder José Bonifácio, vem de público enumerar uma série de delitos praticados por eles. Eu não me conformei com aquelas informações. Achei que era o fim de tudo. Nós queríamos saber o paradeiro deles e não o que eles haviam praticado. Escrevi uma carta de contestação. Mas, como publicar minha carta? A censura não respeitava nem o malote dos deputados. Não tive dúvidas. Fui pelo caminho mais longo, mas o que me pareceu seguro. Viajei 20 horas até Brasília para entregar minha carta ao deputado Lisâneas Maciel. O deputado Lysâneas não se encontrava em Brasília, entreguei então a minha carta em mãos do deputado Fernando Lira. Mais 20 horas de volta. No meio do caminho, em uma parada de ônibus, comprei um jornal 'O Estado de São Paulo'. Lá estava a minha carta publicada. Valeu-me uma grande satisfação no momento. Mas foi só. Porque até hoje estou esperando saber o que eles fizeram com minha filha Ísis (…).
Oficiosamente, Felícia e Edmundo souberam que Ísis esteve nos DOI-CODI do Rio de Janeiro e de São Paulo, que em março esteve hospitalizada com uma crise renal, que passou pela base aérea de Cumbica, pelo Cenimar e pelo Campo dos Afonsos. No dia 13/4/1972, a assistente social Maria do Carmo de Oliveira, lotada no Hospital da Marinha, no Rio, informou-lhe que Ísis estava presa na Ilha das Flores. Felícia estava acompanhada de Sônia, sua sobrinha. No dia seguinte, Maria do Carmo, Felícia e Sônia foram intimadas a comparecer ao I Exército, onde um coronel as recebeu com a notícia de que tudo não passava de um lamentável engano.
Em matéria do jornal Folha de S. Paulo, em 28/1/1979, um general de destacada posição dentro dos órgãos de repressão confirmou a morte de Ísis e Paulo César, dentre outros 10 desaparecidos. No Arquivo do DOPS/PR, em uma gaveta com a identificação: "falecidos" foi encontrada a ficha de Ísis. A única prova concreta obtida em todos esses anos de busca foi dada pelo ex-médico Amílcar Lobo, que servia ao DOI-CODI/RJ e que reconheceu a foto de Ísis dentre os presos que lá atendeu, sem precisar a data, numa entrevista publicada pela IstoÉ de 8/4/1987. Os órgãos de segurança do regime militar acusavam a ambos de participação em ações armadas, inclusive do assalto à Casa de Saúde Dr. Eiras, já mencionado na apresentação do caso anterior, que resultou na morte de três vigilantes de segurança.

** Falece historiadora Katia Mattoso

 


É com pesar que noticiamos o falecimento de Kátia Mattoso.
Anpuh-PR
11/01/2011 às 14:52
  | COMENTÁRIO (0)

Autoridades lamentam morte de Kátia Mattoso

A TARDE On Line
Autoridades lamentaram a morte da historiadora e cientista política Kátia Mattoso, 78 anos, que aconteceu na manhã desta terça-feira, 11, em Paris, França. Em nota, o governador do Estado da Bahia, Jaques Wagner, declarou: ?Foi com pesar que tomamos conhecimento da morte de Kátia Mattoso. Dona de uma percepção privilegiada do processo histórico, vinculando habilmente o regional e o conjuntural, a historiadora soube, como poucos, investigar e compreender as origens da Bahia que somos hoje. Seu legado será duradouro?.
Já o diretor da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro de Araújo, amigo e orientando da professora Kátia Mattoso, lamentou o falecimento da intelectual, que para ele foi a grande formadora de pesquisadores e de professores de história na Bahia.
Kátia era especialista em história social da escravidão no Brasil, Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia e Professora Emérita aposentada da Universidade de Paris V ? Sorbonne. Autora, entre outras obras, de Ser Escravo no Brasil (1982) e Bahia Século XIX ? Uma Província no Império (1992).
Segundo familiares, o corpo de Kátia Mattoso será enterrado na Grécia, país em que ela nasceu. 






__._,_.___
Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                    Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
 
Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

Arquivo do blog

Seguidores do Grupo de Estudos da História do Brasil - GEHB.