Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Revista de História - USP




Revista de História

Foi lançado do mais um volume da Revista de História do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

O número 169 (referente ao 2º semestre de 2013) traz o Dossiê Dinâmica Institucional nas Américas: questões historiográficas (1640-1840), organizado pelos professores Luiz Geraldo Silva e Marco Antônio Silveira – que responderam a uma chamada de dossiês divulgada em nosso site; traz ainda artigos e resenhas de fluxo.
O novo número, assim como as edições anteriores, podem ser conferidas no site.




__._,_.___

Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                    Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
 
Visite o Blog do nosso Grupo:
http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Revista Histórica Online do Arquivo Público do Estado de São Paulo - "Arquivos do Judiciário: Crime e Família"

 
Prezados Leitores:

A Revista Histórica Online, publicada pelo Arquivo Público do Estado de São Paulo, chega à sua 60º edição com o tema "Arquivos do Judiciário: Crime e Família". Neste número, a Histórica traz os seguintes artigos:

- O quanto valia, afinal? O problema dos preços nos inventários post-mortem do século XIX, do historiador Fernando Costa, sobre a leitura crítica de inventários no século retrasado;

- Vigilância eclesiástica e disciplinamento social: limites e especificidades das prerrogativas da justiça diocesana no século XVII, da historiadora Patrícia Ferreira dos Santos, sobre a coexistência da justiça do rei de Portugal e a da Igreja Católica, durante o Brasil Colônia;

- Queixas de crimes sexuais e formação de famílias: interesses particulares e interesses do Estado entre as décadas de 1890 e 1970, do psicólogo Rafael de Tilio, sobre os reflexos do Código Penal de 1940 no tratamento de crimes como o estupro e a sedução pela Justiça brasileira;

- Marginalização, delinqüência e criminalidade infantil na cidade de São Paulo no início do século XX, do historiador Robson Roberto da Silva, sobre a questão do menor marginalizado, nas primeiras décadas do século XX.


Na seção Imagens de uma época, a Revista destaca fotos de 34 Grupos Escolares construídos na Primeira República: edificações feitas no estilo neoclássico vigente na época, e que funcionam até hoje.
Para a próxima edição, a Revista Histórica procura estudos sobre a escravidão enquanto objeto histórico, e sobre os documentos e marcas que a complexa teia de relações sociais e econômica da escravidão deixou na sociedade brasileira. Os artigos podem ser enviados até a segunda quinzena de fevereiro de 2014 para histórica@arquivoestado.sp.gov.br .

Boa Leitura!
Centro de Difusão e Apoio à Pesquisa
Arquivo Público do Estado de São Paulo
=

__._,_.___

Atividade nos últimos dias:
        **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                        Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
     
    Visite o Blog do nosso Grupo:
    http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

    -->

    quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

    Enigmas da música brasileira são resgatados em Munique

    Enigmas da música brasileira são resgatados em Munique
    Tauana Boemer, do Serviço de Comunicação Social da Prefeitura USP do Campus de Ribeirão Preto imprensa.rp@usp.br

    Estudiosos descobriram canções populares brasileiras publicadas na Alemanha
    Em pesquisa realizada recentemente em Munique, na Alemanha, pesquisadores da USP de Ribeirão Preto conseguiram resgatar parte importante da história da música brasileira. Sob coordenação do professor Rubens Russomanno Ricciardi, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, estudiosos descobriram canções populares brasileiras publicadas no Anexo Musical ao livro Viagem no Brasil dos naturalistas bávaros Martius (botânico) & Spix (zoólogo). O trabalho foi realizado pelo compositor Theodor Lachner (1795-1877), então pianista da ópera de Munique.
    O Anexo Musical (com um lundu, canções populares brasileiras e melodias indígenas) foi impresso na casa editorial Falter und Sohn, em Munique, em 1826. Até hoje, o compositor que elaborou as partituras das canções populares brasileiras, a editora e o ano de impressão eram totalmente desconhecidos, pois não constavam dos documentos relacionados a Martius e Spix.
    Segundo Ricciardi, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Ciências da Performance em Música (NAP-CIPEM) da FFCLRP, embora Spix também tivesse boa formação musical, as fontes musicais ou letras de músicas só constam das anotações manuscritas de Martius, cujas fontes primárias são completas em relação às melodias indígenas (colhidas diretamente em tribos indígenas de Minas Gerais à Amazônia, entre 1817 e 1820) e divergem em alguns aspectos da revisão elaborada por Lachner, em 1826. No entanto, no caso das canções populares, Martius só anotou as letras, cabendo a Theodor Lachner todo o arranjo ou composição musical.
    Os pesquisadores da USP, que contaram com o apoio da professora Dorothea Hofmann, da Escola Superior de Música e Teatro de Munique, festejam a descoberta "da essencial participação de Theodor Lachner no processo editorial do Anexo Musical". Ricciardi explica que isso foi possível pela comparação dos trabalhos análogos de Lachner, realizados em Munique naqueles anos, como suas edições de outras partituras para canto e piano.
    A pesquisa destacou ainda o papel de Martius — um músico amador respeitado em seu tempo. Ele mantinha relação próxima não só com os compositores da família Lachner, mas também com Mendelssohn e Liszt, além de grandes nomes da literatura de seu tempo, alemães e brasileiros. Teve como interlocutores, Goethe (com quem discutiu sobre o Anexo Musical da Viagem no Brasil ao longo do processo editorial, entre 1824 e 1825), Gonçalves Dias (questões literárias e semânticas da língua portuguesa) e Manuel de Araújo Portoalegre (sobre a formação de uma identidade cultural brasileira).
    Pesquisa virará livro-CDA exemplo das publicações das pesquisas de Martius e Spix no século 19, o NAP-CIPEM lançará agora um livro-CD com todos os resultados da pesquisa em Munique, incluindo gravações e edição crítica integral das partituras musicais do Anexo Musical.
    As descobertas dos pesquisadores da USP foram anunciadas durante a exposição/concerto Múltiplos Sentidos em Martius & Spix – Música e Biologia. O evento foi realizado dia 21 de novembro, na Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP, numa parceria dos departamentos de Música e Biologia da FFCLRP-USP.
    Mais informações: (16) 36023169 e 36020102


    Atividade nos últimos dias:

          **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                          Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
       
      Visite o Blog do nosso Grupo:
      http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

      segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

      Convite - Lançamento de "Sinfonia em prosa: diálogos da História com a Música"



                     Adalberto Paranhos

      Professor do Instituto de Ciências Sociais 

      dos Programas de Pós-graduação em História e em Ciências Sociais

      e do Curso de Música

      Universidade Federal de Uberlândia

      Pesquisador do CNPq
      Editor de ArtCultura: Revista de História, Cultura e Arte






      __._,_.___


      Atividade nos últimos dias:
            **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                            Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
         
        Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com
        -->

        SciELO Brasil lança blog de Ciências Humanas


        Objetivo do site é disseminar na internet resultados de pesquisas publicadas nos periódicos da biblioteca eletrônica de acesso aberto
         

        SciELO Brasil lança blog de Ciências Humanas

        09/12/2013
        Por Elton Alisson
        Fonte: Agência FAPESP – Os pesquisadores e editores de revistas de Ciências Humanas no Brasil têm agora um espaço na internet para divulgar notícias, press releases, entrevistas, resumos e comentários sobre artigos publicados em periódicos científicos da área, indexados na SciELO Brasil. Trata-se do Blog SciELO em Perspectiva – Humanas.
        Criado por iniciativa da Rede SciELO – Scientific Eletronic Library Online –, o blog foi lançado durante a conferência de comemoração dos 15 anos do programa, criado pela FAPESP e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme).
        O objetivo do blog é disseminar os resultados de pesquisas publicadas nos periódicos da coleção da SciELO Brasil na internet, incluindo redes sociais, ressaltam os idealizadores.
        “A ideia é que ele seja um espaço não só para dar visibilidade às produções e periódicos em Ciências Humanas indexados na coleção da SciELO Brasil, mas também compartilhar nossos trabalhos e possibilitar uma interação maior dos pesquisadores da área”, disse Teresa Cristina Rego, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e representante titular dos editores da área de Ciências Humanas do comitê consultivo da SciELO, durante a apresentação do blog.
        De acordo com Teresa, a ideia de desenvolver o blog surgiu em um encontro realizado em junho, em São Paulo, com o intuito de estabelecer uma rede mais interativa entre os editores de publicações na área de Humanidades, indexadas na base da SciELO Brasil.
        A partir de então, foi feita uma consulta aos editores que integram a Rede SciELO na área de Humanas sobre o que achavam da ideia, em qual idioma o blog deveria ser escrito e quais as seções o blog deveria ter, entre outras questões.
        Com base nos resultados da consulta, ele foi lançado em português e hospedado no SciELO em Perspectiva. “Fizemos a primeira solicitação de materiais aos editores de Humanas e obtivemos um retorno de 44 mensagens, que alimentaram a primeira versão do blog”, contou Teresa.
        Submissão de contribuições
        Os materiais submetidos à publicação são avaliados por um comitê editorial. Composto inicialmente por sete integrantes – dentre eles Teresa –, o comitê editorial do blog deverá ser progressivamente ampliado, reunindo mais editores de periódicos de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e Linguística, Letras e Artes da coleção SciELO Brasil.
        “O blog representa um esforço incremental ao realizado por muitas revistas científicas da área de Ciências Humanas no Brasil, que já possuem perfis no Facebook e Twitter, além de websites bastante dinâmicos”, disse Antônio Carlos Moraes Lessa, editor da Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI), publicada pelo Instituto Brasileiro de Relações Internacionais e indexada na base da SciELO Brasil, durante o evento.
        “Ele deverá colocar a produção das revistas científicas da área de Humanas no país em perspectiva, incrementando o trabalho de divulgação na internet que algumas delas já fazem individualmente com grande competência”, afirmou Lessa.
        O blog está aberto à colaboração de autores, editores e equipe editorial dos periódico da SciELO Brasil.

        As sugestões devem ser encaminhadas para o e-mail blog.humanas@scielo.org
        Atividade nos últimos dias:
               **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.



                                                                                                               Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
            
          Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

          sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

          Humanidades em Diálogo



          Humanidades em Diálogo

          A revista Humanidades em Diálogo, iniciativa de alunos dos cursos de Direito, Administração, Filosofia, Ciências Sociais e História da USP, chega a sua quinta edição.
          Na publicação, há dois dossiês, sobre Políticas Públicas e Movimentos Sociais e Economia e Desenvolvimento e duas seções que já são clássicas: Academia e Critica de Arte. Além disto, há a entrevista com o professor titular de Ética e Filosofia Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Milton Meira do Nascimento.
          A revista está disponível em seu blog, que pode ser acessado no link. O edital com mais informações para quem deseja enviar artigos para a próxima edição, lançada em 2014, pode ser encontrado clicando neste link.
          O evento de lançamento será feito no primeiro dia da XV Festa do Livro da USP.
          Mais informações: site http://humanidadesemdialogo.wordpress.com/

          __._,_.___

          Atividade nos últimos dias:
                **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                                Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
             
            Visite o Blog do nosso Grupo:
            http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

            Problemas sobre o Positivismo, na revista História Viva n. 121





             
            Alguns problemas na matéria "O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim", publicada na revista História Viva n. 121, de novembro de 2013



            Aproveitando a efeméride do aniversário da Proclamação da República, a revista História Viva, em seu número 121, de novembro de 2013, publicou um dossiê temático sobre a República no Brasil. Com vários artigos, o dossiê termina com uma matéria intitulada "O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim" (p. 42-44), em que uma jornalista aborda tanto a doutrina positivista quanto a contribuição específica dos positivistas brasileiros para a Proclamação da República[1].
            De modo geral, a matéria apresenta um tom interessado, apresentando detalhes importantes e interessantes: o fato de que o Positivismo é ao mesmo tempo uma filosofia, uma proposta política e uma religião; a ação de Benjamin Constant no movimento que resultou no 15 de novembro de 1889 etc.
            Entretanto, a matéria apresenta – sempre a título de "criticidade"! – uma série de erros e problemas, muitos dos quais simplesmente consistem em repetir preconceitos e lugares-comuns acadêmicos: assim, é necessário convir que, no final das contas, a proposta da revista História Viva de apresentar o Positivismo fracassou.
            Vejamos alguns dos problemas e preconceitos identificados[2].

            1)   A fórmula sagrada máxima do Positivismo tem uma redação diferente da apresentada como título da matéria: é "O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim". Augusto Comte foi muito claro a respeito da alteração dessa fórmula, entre a versão primitiva (que intitula a matéria) e a segunda e final; em vez de tratar-se de uma enumeração de elementos e características, a fórmula final apresenta um ordenamento lógico, social e moral, indicando que o progresso resulta da união do amor com a ordem, além de dever ser almejado pela união do amor com a ordem.
            (Além disso, deve-se ter em mente que a "ordem" não se confunde com o status quo, nem com uma sociedade estática, avessa ao progresso: a ordem são as condições fundamentais da vida social – o que inclui, por exemplo, o bem-estar dos indivíduos e as liberdades de pensamento e de expressão, elementos que usualmente são apresentados como do "progresso".)

            2)   A jornalista afirma que a lei dos três estados considera a passagem do estado teológico para o positivo: entretanto, também afirma que o estado teológico é "controlado pelo catolicismo" e que o estado positivo é "[controlado] pela ciência" (p. 43).
            Há pelo menos três erros nessa afirmação. Em primeiro lugar, o que significa a palavra "controlado", conforme usada na frase, não está claro. Controlar é mandar, manter o controle, exercer a autoridade: ora, isso não faz sentido algum para a filosofia da história e para a filosofia política de Augusto Comte: seja porque o catolicismo não exerce nenhum poder de mando sobre as etapas específicas anteriores da teologia, seja porque ele não é a mais importante: bem ao contrário, o catolicismo é a etapa intermediária final da teologia.
            Assim, em segundo lugar, a fase teológica mais importante é o politeísmo (seja em sua vertente conservadora – representada pelas teocracias –, seja em sua vertente progressista – representada pelos regimes militares da Antigüidade). Além disso, o catolicismo foi importante não devido à sua doutrina, mas devido à ação social, intelectual e política do clero católico durante a Idade Média (ou seja, entre os séculos V e XIV).
            Em terceiro lugar, a fase final não é "controlada" (o que quer que isso queira dizer) pela "ciência", mas, sim, pela positividade. A positividade é o espírito relativo, simpático, útil; ou melhor, é o estado mental e social caracterizado pelos sete atributos da palavra "positivo": real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. Também é necessário notar que, enquanto a ciência, ou melhor, as ciências – no plural – são sempre analíticas, a positividade apresenta um caráter sintético.

            3)    A matéria repete chavões e lugares-comuns e é extremamente  fantasiosa, como na definição de "ditadura republicana": "[...] o francês [i. e., Augusto Comte] idealizou um programa político com um regime de Estado forte e antiliberal (com a submissão dos direitos individuais ao bem público): uma ditadura republicana" (p. 43).
            Essa definição assustadora talvez provenha de livros de popularização do conhecimento (como o recém-publicado 1889), mas o fato é que essa suposta definição da "ditadura republicana" simplesmente não corresponde às idéias de Comte, nem na letra, nem no espírito.
            Para Comte qualquer governo é "ditadura", especialmente em épocas de transição social, política e moral, como ele considerava que vive o Ocidente desde o século XV e especialmente após a Revolução Francesa. Se todo governo é ditadura, pode haver ditaduras progressistas e reacionárias, liberais e liberticidas. Além disso, a "ditadura republicana" em particular foi proposta por A. Comte como um regime de transição entre a época de crise e a "era normal"; esse regime, assim como a "era normal", caracterizar-se-iam pelas mais completas e amplas liberdades sociais e políticas (ou seja, pelas "liberdades individuais", que, de acordo com o infeliz relato da jornalista, seriam negados): o que ocorre, e como política e socialmente se sabe, as "liberdades individuais" são altamente deletérias se não houver uma preocupação social com o bem-estar da sociedade: é justamente a união das liberdades públicas com o bem-estar coletivo que caracteriza (por exemplo) os regimes do Estado de Bem-Estar Social.
            Além disso, deve-se notar que o conceito de "ditadura republicana" pura e simplesmente é desconhecido no Brasil. Tanto pesquisadores ditos "profissionais" quanto o senso comum assumem a palavra "ditadura" no sentido adotado a partir da prática comunista de Lênin, que corporificou a "ditadura do proletariado" de Marx; com isso, ignoram o "contexto lingüístico" em que viveu e elaborou Augusto Comte, ou seja, que no século XIX Augusto Comte adotou nesse caso o hábito lingüístico da época, em que "ditadura" não tinha sentido negativo e que não era antiliberal.
            Nesse sentido, a matéria não esclarece nada e aprofunda vários mitos. A observação de que a ditadura republicana é "antiliberal", para fazer algum sentido e não ser injusta, tem que ser entendida estritamente do ponto de vista da história das idéias, significando que a ditadura republicana não se filia ao liberalismo, especialmente no liberalismo laissez-faire – ou seja, no mesmíssimo sentido em que o Estado de Bem-Estar Social também não se filia ao liberalismo. Ora, usar a palavra "antiliberal" e não esclarecer que se trata estritamente de afastamento do liberalismo é querer dar a entender que se trata de um regime autoritário.
            Da mesma forma, a expressão "Estado forte" também sugere autoritarismo: mas nem na obra de Augusto Comte, nem nos opúsculos dos positivistas brasileiros (como nos de Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes) há qualquer referência seja a um "Estado forte" seja, principalmente, a qualquer defesa do que chamaríamos atualmente de "autoritarismo". Aliás, é digno de nota que a idéia da ditadura republicana como autoritária foi difundida no Brasil por pesquisadores explicitamente liberais (e católicos) que, ao mesmo tempo em que denunciavam o suposto autoritarismo da proposta, defendiam o regime militar iniciado em 1964 e suas variadas truculências.
            Sem dúvida que a revista tem pouco espaço para apresentar suas idéias, o que talvez justificasse essa gigantesca "imprecisão conceitual". Infelizmente, essa limitação de espaço não pode justificar nem uma imprecisão tão grande nem a manutenção de um mito. Nesse sentido, a reprodução dos mitos na matéria, especialmente sem atribuir os mitos a alguém em particular, equivale a assumir os valores e as perspectivas do mito - como se sabe, isso é que os pesquisadores de comunicação chamam de "enquadramento".
            A imprecisão e os erros assumem maiores perspectivas quando se considera que há explicações detalhadas, a partir de perspectivas variadas, a respeito da idéia de "ditadura republicana": de Gustavo Biscaia de Lacerda, "O momento comtiano" (tese de doutorado em Sociologia Política, UFSC, 2010, especialmente a seção 7.1: http://www.tede.ufsc.br/teses/PSOP0369-T.pdf) e "Teoria Política positivista: pensando com Augusto Comte" (Poiesis editora, 2013: http://www.poiesiseditora.com.br/publicacoes/teoria-política-positivista-pensando-augusto-comte); de Arthur Lacerda, "A república positivista. Teoria e ação no pensamento de Augusto Comte" (Juruá, 2003, 3ª ed.).

            4)   Na p. 44 a matéria cita um famoso pesquisador, de acordo com quem os positivistas eram "sectários e fundamentalistas": o problema é que nem o pesquisador entrevistado nem a jornalista que escreveu a matéria apresentam os motivos para caracterizar os positivistas como "sectários e fundamentalistas".
            Sectário e fundamentalista é uma pessoa que pensa apenas em termos do próprio grupo e de maneira irracional e absoluta no que se refere às próprias crenças, desrespeitando e desconsiderando sem mais as idéias e as propostas de outros indivíduos e grupos – o que não era o caso dos positivistas.
            Em primeiro lugar, eles eram coerentes com a idéia de "ditadura republicana", ou seja, respeitavam escrupulosamente as liberdades públicas, não negando o direito de expressão a ninguém – ou seja, não impedindo a manifestação de interlocutores, ao mesmo tempo que se opondo às medidas governamentais tendentes a impedir as manifestações de idéias.
            Em segundo lugar, o pesquisador citado sugere que o sinal de que os positivistas eram "sectários e fundamentalistas" eram as expulsões do grêmio positivista: ora, esse comentário foi extremamente especioso, pois descontextualizado e injusto. Os membros expulsos eram donos de escravos que não aceitavam o programa abolicionista, bem como aqueles supostos positivistas que queriam manter cargos públicos ao mesmo tempo em que faziam propaganda da doutrina (ou seja, eram indivíduos que se valiam do cargo para pregação, desrespeitando a separação entre Igreja e Estado): em outras palavras, eram indivíduos cujos comportamentos públicos e privados eram moralmente condenáveis, por serem degradantes e/ou hipócritas.
            (Convém notar que, a esse respeito, os positivistas eram muito mais corretos, coerentes e orientados para o bem público que a maior parte das associações religiosas e políticas dos dias correntes: se isso é "fanatismo e sectarismo", a conclusão é que a nossa própria época é lamentavelmente merecedora de muita, muita reprovação.)



            [1] Pode-se consultar a revista História Viva neste endereço: http://www2.uol.com.br/historiaviva/. Aí é possível encontrar disponíveis diversas matérias, embora a que seja objeto de nossa crítica não esteja aberta ao público em geral.
            [2] Os pontos abaixo baseiam-se em uma série de quatro mensagens eletrônicas trocadas com o editor da revista, sr. Dirley Fernandes, em 3 e 4 de dezembro de 2013 (sendo duas de nossas autoria e duas dele).
            Embora os argumentos apresentados pelo sr. Dirley em defesa da matéria não nos tenham convencido, é necessário reconhecer a educação e a rapidez com que nos respondeu – características infelizmente incomuns no mercado editorial brasileiro –, bem como a atenção em responder de maneira clara e direta às nossas observações.
            Por fim: acrescentamos alguns pontos e editamos diversos trechos das mensagens originais, de modo a evitar passagens mais duras e/ou que citavam nominalmente pessoas.


            --
            Postado por Blogger no Filosofia Social e Positivismo em 12/06/2013 09:30:00 AM



            __._,_.___

            Atividade nos últimos dias:
                  **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                                  Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
               
              Visite o Blog do nosso Grupo:
              http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

              __,_._,___
              -->

              Arquivo do blog

              Seguidores do Grupo de Estudos da História do Brasil - GEHB.