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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Produção literária brasileira no século 19 circulava pelo mundo

 



Trocas recíprocas de livros e
 impressos entre Brasil, França, 
Portugal e Inglaterra na época
 contrariam o paradigma do 
atraso e dependência cultural 
do país, aponta estudo realizado 
por pesquisadores dos quatro 
 países
 

Produção literária brasileira no século 19 circulava pelo mundo

19/09/2012
Por Elton Alisson
Fonte:Agência FAPESP – Já no início do século 19 um leitor no Rio de Janeiro podia encomendar um livro recém-lançado em Paris, na França, e recebê-lo em 28 dias, que era o tempo que a obra necessitava para ser transportada por navio até o Brasil e que equivale, aproximadamente, ao mesmo prazo que empresas de comércio eletrônico estrangeiras, como a norte americana Amazon, levam para entregar uma obra hoje no país quando não encomendada pelo sistema de correio expresso.
Na mesma época, obras de autores brasileiros, como Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), foram traduzidas para o francês, o italiano, o latim e o russo, a exemplo do que ocorre atualmente com os livros mais lidos no mundo, que são lançados quase que simultaneamente em diferentes idiomas.
Como os exemplos demonstram, a globalização da cultura não é um processo que se iniciou no século 20, com o advento das tecnologias de informação e comunicação. Mas remonta ao início do século 16 – quando espanhóis e portugueses começaram a viajar pelo globo – e se intensificou no século 19, quando os livros e impressos começaram a circular pelo mundo, criando uma forma especial de conexão entre as pessoas em diferentes partes do planeta, tal como a internet faz hoje.
De modo a estudar o fenômeno sob uma perspectiva transnacional, pesquisadores do Brasil, Portugal, França e Inglaterra iniciaram um Projeto Temático, com apoio da FAPESP, com o objetivo de conhecer melhor os impressos e as ideias que circulavam entre os quatro países entre 1789 a 1914.
No período, que ficou conhecido como o "longo século 19", houve uma notável ampliação do público leitor e mudanças tecnológicas, como a ampliação da rede ferroviária europeia e o desenvolvimento dos navios a vapor, que facilitaram a divulgação e a circulação dos impressos pelas diferentes partes do globo.
Nessa época, quando os países começaram a se definir como nações que queriam se separar uma das outras, ao mesmo tempo em que o processo de integração ganhava força, livros brasileiros foram traduzidos para o francês e publicados na forma de folhetim em jornais em Paris e obras de autores franceses também fizeram o percurso inverso.
"A tradução de livros na forma de folhetim fazia com que pessoas, em diferentes lugares do mundo, ficassem conectadas, porque liam mais ou menos ao mesmo tempo a mesma história nos jornais", disse Marcia Azevedo de Abreu, professora do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenadora do projeto, à Agência FAPESP.
"Um capítulo de um livro recém-publicado na França era mandado por navio e traduzido no Brasil. Às vezes, o autor adoecia, por exemplo, e a tradução não podia sair aqui", contou a pesquisadora.
Neste período também foram lançados livros e manifestos por intelectuais brasileiros, que estudaram em universidades de Portugal e da França e se tornaram membros de importantes instituições acadêmicas estrangeiras, como o Instituto Histórico de Paris.
Durante a permanência na França, por exemplo, os brasileiros conheceram e estabeleceram relações com os intelectuais nativos, que lhes ajudaram a lançar publicações como a revista Niterói.
Na revista, que circulou primeiramente em Paris e que para ser lida no Brasil era preciso importá-la, foi publicado pelo poeta brasileiro Gonçalves de Magalhães (1811-1882) o primeiro Manifesto Romântico Brasileiro.
Já a primeira tradução para o francês de O Guarani, de José de Alencar (1829-1877), foi publicada também em folhetim no século 19, sob o título Les filles du Soleil (As filhas do Sol), em um jornal lançado na França por um grupo de brasileiros para divulgar o Brasil no país europeu.
"Algumas obras de grandes autores brasileiros também foram impressas primeiramente na França por Louis Auguste Garnier, que foi o maior editor brasileiro do século 19, porque era mais caro importar papel branco do que impresso no Brasil nesta época", disse Abreu.
"Além disso, era mais chique para os leitores brasileiros comprar um livro impresso na França, e as próprias editoras exploravam isso na publicidade, destacando que a obra havia acabado de chegar de Paris ou escrevendo na primeira página da obra que ela foi impressa na França", destacou a pesquisadora.
Por outro lado, de acordo com Abreu, assim que terminou a proibição de se imprimir publicações no Brasil, que vigorou até 1808, alguns livreiros, como o francês Paul Martin, começaram a publicar livros no Brasil e exportá-los para Portugal, onde Martin estava instalado, e que desempenhou um importante papel no processo de integração literária entre os países por meio das traduções.
Como a grande referência no século 19, a França traduzia na época obras de todo o planeta para o francês, que era a língua que o mundo inteiro lia e partir da qual os países faziam as traduções para seus idiomas oficiais.
Ao perceber que uma determinada obra lançada na França fez sucesso, os portugueses logo tratavam de traduzi-la para a língua portuguesa e a enviavam para o Brasil, possibilitando que não só as elites, que liam francês, pudessem ter acesso à obra.
"O Brasil era a filial de muitos livreiros de Portugal, que eram muito ativos e traduziam muito rapidamente livros e impressos e enviavam para cá", disse Abreu.
"Mas não eram só os brasileiros que esperavam o que os estrangeiros mandavam para cá. Os estrangeiros também esperavam o que o Brasil mandava para o exterior", ressaltou a pesquisadora.
Falso atraso e dependência cultural
Na avaliação da pesquisadora, as constatações feitas no primeiro ano do projeto de pesquisa contrariam o paradigma de que o Brasil esteve sempre atrasado culturalmente em relação aos outros países, e mais recebeu do que exerceu influência cultural.
"A gente aprende que a França influencia culturalmente Portugal, que por sua vez influencia o Brasil, e que a influência cultural se esgota aqui. Mas temos observado que também há livros e impressos que saíram do Brasil e foram para estes países e que as trocas entre eles eram desiguais, mas recíprocas", disse Abreu.
A primeira história da literatura brasileira, por exemplo, foi escrita pelo francês Ferdinand Denis (1798-1890), que publicou em 1826 um livro na França intitulado O resumo da história literária do Brasil.
Já uma das mais importantes obras de Victor Hugo (1802-1885), o romance Les Misérables, foi publicado no Brasil antes mesmo de ser lançado na França, graças a um contrato de exclusividade com o editor do autor francês, conforme uma notícia publicada no Jornal do Commercio no Brasil em 10 de março de 1862 e confirmada pelos pesquisadores, alardeando que o mundo inteiro deveria estar com ciúmes do país pelo feito.
"Nós vimos que essas conexões entre o Brasil e outros países já existiam muito antes e que não havia a ideia de atraso, de dependência e de influência cultural, que não estão bem colocadas", disse Abreu.
"Não que o Brasil fosse o centro do universo no século 19. Mas não era tão ruim como estamos acostumados a pensar, e o país estava sincronizado com outros no tempo, do ponto de vista da leitura", afirmou a pesquisadora.
De acordo com Abreu, um dos fatores que contribuem para essa falsa percepção do atraso cultural do Brasil em relação ao mundo é que se costuma pensar que economia e cultura são indissociáveis.
Como o país não era economicamente desenvolvido no século 19, se pressupunha que sua cultura também era atrasada e fortemente dependente e influenciada por outros países.
"Uma das conclusões preliminares importantes deste projeto de pesquisa é que a economia e a cultura não são tão casadas assim. No mesmo país em que havia escravos e era economicamente dependente, circulavam livros que eram lidos ao mesmo tempo aqui e em Paris", disse Abreu.
Continuidade da pesquisa
Os pesquisadores estão buscando identificar quais os editores que atuavam transnacionalmente e quantos e quais autores brasileiros tiveram obras traduzidas no século 19.
A pesquisa está sendo realizada em bibliotecas, além de em arquivos dos editores, comerciais e de polícia do Brasil e dos três outros países participantes do projeto, em que é possível analisar, por exemplo, os contratos comerciais de livreiros realizados com brasileiros e quais editores se instalaram no país.
De acordo com Abreu, o projeto deve ganhar maior impulso agora, após a realização da Escola São Paulo de Estudos Avançados sobre a Globalização da Cultura no século 19, que ocorreu no final de agosto no IEL e Universidade de São Paulo (USP), com apoio da FAPESP.
O evento reuniu professores e estudantes de pós-graduação de diversos países, que poderão se integrar no projeto.
"Nós estamos em fase de prospecção e estabelecimento de parcerias com pesquisadores da França, Portugal e Inglaterra, sendo que alguns já se conheciam e trabalharam juntos e outros não. E a Escola possibilitou trazer todos esses pesquisadores para passar uma semana juntos e ouvir as sugestões dos alunos, para afinar as referências", disse Abreu.

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    quinta-feira, 13 de setembro de 2012

    Grande imprensa apoiou golpe militar e a ditadura até 1968




    Grande imprensa apoiou golpe militar e a ditadura até 1968

    Jornais analisados não viam
    legitimidade nas reivindicações
    de movimentos de rua
    A grande imprensa, em geral, valoriza a sua posição de crítica e resistência no período da ditadura militar no Brasil. Colocam-se como porta-vozes da democracia e defensores dos interesses populares nesse momento histórico. Entretanto, uma pesquisa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP verificou que o papel dos dois maiores jornais no início do regime militar foi complexo, com apoio ao golpe, à ditadura e de condenação do trabalhismo e de movimentos sociais.
    O estudo do professor de história Eduardo Zayat Chammas analisou editoriais dos veículos Correio da Manhã e Jornal do Brasil entre 1964, ano do golpe, e 1968, ano de implantação do Ato Institucional 5 (AI-5). Os dois jornais, nesse tipo de texto que expõe a opinião do veículo, mostraram-se a favor da queda de João Goulart do poder. O primeiro, inclusive, publicou editoriais na capa pedindo a saída do presidente e se declarou "herdeiro dos ideais democráticos da revolução de 1964", segundo Chammas.
    Durante a ditadura, os dois jornais trouxeram algumas ressalvas em alguns momentos pontuais. Por exemplo, depois da passeata dos 100 mil em protesto contra os militares, em junho de 1968, o Jornal do Brasil questiona alguns pontos do regime. O Correio da Manhã questionou, nos primeiros quatro anos, as medidas que apresentassem alguma restrição à liberdade de imprensa.
    O professor aponta que os dois jornais tinham um alvo de críticas em comum: os trabalhistas. "Eram contra o projeto social desenvolvimentista que possibilitava mudança nas estruturas sociais, na estrutura de poder", explica. "Só era legítimo o poder que vinha das instituições formais da democracia liberal, como o poder legislativo ou a própria imprensa, considerada a porta-voz da opinião pública. Os movimentos das ruas não tinham voz para esses jornais". Um exemplo disso é que ambos foram a favor do Estatuto da Terra, que nega uma reforma agrária voltada ao povo e traz grandes empresas capitalistas para o campo.
    O movimento estudantil, apesar de criticar os militares, foi bem noticiado até 1968 pelo Correio da Manhã, pois, segundo o pesquisador, "este jornal dialogava um pouco mais com as classes médias, de onde vinham esses estudantes". Entretanto, naquele ano, as tensões políticas eram maiores, e as ações dos militares mais cerceadoras ao movimento. Os estudantes estavam tomando posições mais radicais e apresentando um discurso mais parecido com o da esquerda clássica. Sendo assim, o veículo retirou o apoio ao movimento.

    Editoriais do Correio da Manhã no dia do golpe e no seguinte
    traziam, respectivamente, as manchetes Basta! e Fora!,
    referindo-se a João Goulart
    Atos institucionais
     
    No estudo, intitulado A ditadura militar e a grande imprensa: os editoriais do Jornal do Brasil e do Correio da Manhã entre 1964 e 1968, a postura dos jornais sobre os atos institucionais, (AI) que eram uma série de decretos que o governo militar anunciava, com novas normas a serem cumpridas, teve importância. Até o quarto AI, o Jornal do Brasil não contestou nenhum deles. O Correio da Manhã, por sua vez, fez críticas leves às medidas, nesses atos, que iam contra as liberdades individuais, principalmente de expressão.
    Com o AI-5, que diminuiu muito as liberdades dos cidadãos, implantou a censura a toda forma de manifestação contra o governo e aumentou muito mais o controle do estado sobre a imprensa, a postura dos jornais mudou. "Os dois veículos dialogavam com a classes média e a burguesia, que foram mais afetadas depois do AI-5", esclarece Chammas.
    Veículos
    A escolha do Jornal do Brasil e do Correio da Manhã aconteceu por diversos motivos. O estudo, que foi orientado pelo professor Marcos Francisco Napolitano de Eugênio, optou por jornais com a sede no Rio de Janeiro, já que "a cidade havia deixado de ser capital havia poucos anos e ainda era palco da cena política no país", segundo Chammas.
    Além disso, diferentemente de jornais mais populares, os escolhidos dialogavam com o público que tinha mais influência na política do País, classes mais altas. Eles também não eram vinculados a um partido específico. Outros fatores determinantes são que eram os dois jornais com maior tiragem no país e tinham circulação nacional.
    Imagens: Wikimedia / Cedidas pelo pesquisador
    Mais informações: email educhammas@hotmail.com,  com Eduardo Zayat Chammas

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      Escravos do nazismo no Brasil (IstoÉ 2234)



      Historiador descobre escola nazista onde órfãos brasileiros foram submetidos a trabalhos forçados entre 1930 e 1940. Sobrevivente relata como era o dia a dia no lugar

      Natália Martino (Isto É )
      chamada.jpg
      HISTÓRIA
      A rotina diária era marcada pelo trabalho forçado no
      campo (acima). A suástica estava presente no time de futebol
      04.jpg
      Aos 10 anos de idade, no distante 1933, os dias do menino Aloysio Silva eram divididos entre a escola e as brincadeiras no Educandário Romão de Mattos Duarte, um orfanato do Rio de Janeiro. Até que dois homens apareceram por lá, jogando balas para o alto. Enquanto as crianças corriam para pegá-las, um dizia para o outro: "Bota esse menino para cá, bota aquele para lá." Silva ficou no grupo dos mais ágeis, o que selou sua transferência para a Fazenda Santa Albertina, no interior de São Paulo, hoje município de Campina do Monte Alegre. Os dois homens eram Osvaldo Rocha Miranda, membro de uma das famílias mais poderosas do País, e seu motorista, André. Eles selecionaram 50 crianças órfãs, sendo 48 delas negras ou pardas, para mantê-las em regime de escravidão, sob a égide do ideário nazista. Os Rocha Miranda eram donos de bancos, empresas de transporte, hotéis de luxo e propriedades rurais. Alem de ricos, faziam parte do ultraconservador movimento integralista brasileiro e mantinham relações estreitas com os nazistas, como o ministro da Economia de Guerra de Hitler, Alfried Krupp, que chegou a comprar uma fazenda do clã na década de 1940.
      A fazenda onde foi criado o centro de trabalhos forçados para os 50 órfãos no interior paulista era de propriedade dos Rocha Miranda. "Quando chegamos, um paraibano ruim já estava esperando a gente", diz Silva, hoje um senhor de 89 anos. "Nossa vontade era só fugir, mas esse paraibano tinha dois cachorros ensinados. Era só ele apontar que eles vinham nos cercar." O desejo de fuga era mais do que justificável. As crianças trabalhavam por cerca de dez horas diárias. Quando desagradavam aos tutores, eram submetidas a agressão física, prisão e jejum. "Hora de folga, que a gente poderia brincar, a gente ficava tudo sentadinho ali, sem sair porque senão o tutor já vinha com o cachorro", lembra Silva, testemunha de uma história que só veio à tona há 14 anos, quando uma das sedes das fazendas dos Rocha Miranda ia ser reformada e foram encontrados tijolos com a suástica – símbolo nazista.
      01.jpg
      MEMÓRIA
      Aos 89 anos, Aloysio Silva sobreviveu ao centro nazista
      Mas os órfãos escravos não viviam na ilegalidade – o centro dos Rocha Miranda recebia a supervisão da Delegacia Regional de Ensino de Itapetininga, órgão em consonância com o ideário da elite dominante do País, que defendia, entre outras coisas, uma política eugenista. O eugenismo, parte fundamental da ideologia nazista, usava a genética para justificar a suposta superioridade da raça branca e dava o aval para uma redução de direitos políticos e jurídicos às raças consideradas inferiores, como os negros. Até a Constituição da República de 1934, elaborada durante o governo de Getúlio Vargas (1882-1954), dizia que era função do Estado "estimular a educação eugênica". Em 1933, quando Aloysio Silva chegou ao local, a fazenda era uma base da Ação Integralista Brasileira (AIB) e o nazismo também era propagado abertamente. Os tijolos da fazenda vizinha, a Cruzeiro do Sul, que à época era também da família Rocha Miranda, ainda guardam a suástica nazista. Trata-se, segundo o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat), da única obra que atesta a experiência nazista no Estado de São Paulo e, por isso, já foram iniciados os estudos para o tombamento do local.
      O sofrimento de parte desses órfãos terminou com a Segunda Guerra Mundial, em 1945. Alguns deles morreram durante o período de trabalhos forçados, outros foram enviados à guerra, alguns fugiram. Décadas depois, Aloysio Silva rompeu o silêncio e deu seu depoimento ao pesquisador Sidney Aguilar Filho, na tese de doutorado "Educação, autoritarismo e eugenia: exploração do trabalho e violência à infância desamparada no Brasil", defendida na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Tudo isso foi parte de uma política de Estado e estava tão embasado no imaginário cultural da época que as pessoas achavam normal", afirma o historiador. Silva ainda mora em Campina do Monte Alegre, município que ostenta o nome da família Rocha Miranda na placa de uma das suas principais ruas e da sua maior escola. Aguilar Filho conta que, durante a pesquisa, encontrou três órfãos da Fazenda Santa Albertina – também moradores em Campina de Monte Alegre, mas dois deles morreram durante a execução da tese. O único que contou sua história foi Silva. Que passou a vida tentando esquecer. "Não tenho nenhuma memória de coisa boa daquele lugar", diz.
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      ACHADO
      Sidney Aguilar Filho fez a descoberta a partir do tijolo da fazenda com a suástica (acima)

      03.jpg
      "Tudo isso foi parte de uma política de Estado e estava tão embasado
      no imaginário cultural da época que as pessoas achavam normal"

      Sidney Aguilar Filho, historiador
      Fotos: Divulgação; Antoninho Perri/ASCOM/Unicamp






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        terça-feira, 11 de setembro de 2012

        PÓS GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA

        PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA BRASILEIRA INSCRIÇÕES ABERTAS
                          As inscrições da Turma de Pós-Graduação em Arqueologia Brasileira (2012) foram prorrogadas até o dia 30 de setembro e você não pode ficar de fora! Confira aqui as informações gerais do curso e o que é necessário para a realização de sua matricula!
                          Maiores informações no nosso site www.arqueologia-iab.com.br
                           
        PÚBLICO ALVO
        Graduados em áreas diversas das Ciências Humanas e outras áreas afins, com perfil e interesse pela qualificação profissional em arqueologia, preservação patrimonial e memória.
        Ao final do curso, o aluno deverá dominar as principais questões que envolvem as problemáticas relacionadas aos estudos arqueológicos no Brasil, acentuando, assim, sua qualificação quanto à inserção no mercado de trabalho, bem como sua qualificação para a continuidade de suas pesquisas em outros espaços. Prevê-se também seu desenvolvimento acadêmico em cursos de Stricto senso.
        ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO:Arqueologia Brasileira, História e Educação Patrimonial.
        Atenciosamente
        Grazy Francys
        21 2759-5661



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          sexta-feira, 31 de agosto de 2012

          Semana de História Política: Nazismo, II Guerra e Holocausto


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          Paulo Debom

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            quarta-feira, 29 de agosto de 2012

            Revista Histórica - Edição 55


             
            Informamos a publicação da 55ª edição da revista Histórica – publicação on-line do Arquivo Público do Estado de São Paulo.
            Acesse
            http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/
            Submissão de artigos para a próxima edição:
            Edição 56 – Outubro
            Tema: Educação e Saberes
            Prazo de envio: 10 de setembro
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              terça-feira, 28 de agosto de 2012

              CPDOC, Cineclube FGV


              Cineclube FGV apresenta Diário de uma busca, de Flavia Castro. Dia 30 de agosto de 2012.



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                sexta-feira, 24 de agosto de 2012

                A história da bebida durante a colonização do Brasil

                 A história da bebida durante a colonização do Brasil


                Fonte: FAPERJ - Danielle Kiffer

                          
                    Rituais indígenas regados a bebidas:
                    tema pouco estudado em pesquisas
                 


                No período pré-colonial, a bebida era mais um entre tantos aspectos que faziam parte do abismo cultural que separava os índios dos europeus que pisavam em terras brasileiras. "As festas nativas, repletas de embriaguez, eram um espaço fundamental para a expressão das visões de mundo indígenas e para a realização de eventos importantes, como celebração de casamentos ou vitórias de combates. Tais práticas contrastavam completamente da forma como os europeus acreditavam ser o correto relacionamento com o álcool e com autocontrole. Eram dois mundos etílicos completamente diferentes, com lógicas mentais e práticas sociais desenvolvidas ao longo de milênios", conta o pesquisador João Azevedo Fernandes, autor de Selvagens Bebedeiras: álcool, embriaguez e contatos culturais no Brasil Colonial (séculos XVI-XVII). O livro faz parte de uma série que vem sendo lançada pelo grupo de historiadores do grupo Companhia das Índias – Núcleo de História Ibérica e Colonial na Época Moderna, como resultado de pesquisas coordenadas pelo historiador Ronaldo Vainfas e desenvolvidas com o apoio do edital Pronex, da FAPERJ. "O livro mostra o papel das bebidas nas sociedades indígenas, e busca elucidar como essas práticas influenciaram os primeiros séculos da colonização no Brasil", conta Fernandes.
                Mas por que pesquisar sobre um assunto tão curioso? A resposta de João Fernandes é simples: "Tem muito a ver com a minha dissertação de mestrado sobre mulheres indígenas e seu papel durante o processo de colonização no Brasil. Percebi que a fabricação e o consumo das bebidas era sumamente importante na sociedade tupinambá, e traduzia uma série de aspectos culturais das sociedades indígenas. E também vi que é esse um assunto muito pouco estudado no país."
                No livro, o pesquisador compara o significado da bebida para as populações européias e para os indígenas brasileiros, mostrando a distância entre ambos. Em 1751, por exemplo, o inglês William Hogarth fazia clara distinção entre o "bom álcool", representado pela cerveja, consumida pelos ingleses há séculos e considerada como tornando as pessoas saudáveis, amistosas, felizes e produtivas, e a "catástrofe provocada pela popularidade das bebidas destiladas, no caso o gim, de péssima qualidade, entre as massas urbanas".
                No Brasil colonial, a cerveja era feita, basicamente, da fermentação da mandioca e do milho, principalmente entre os tupinambá. O modo de fermentação, entretanto, era um tanto peculiar: cabia às mulheres da tribo mascar as raízes, que eram cuspidas em uma vasilha. A massa mascada era mais tarde colocada para ferver com água e a mistura era guardada em outras vasilhas, enterradas para a fermentação.
                Segundo João Fernandes, a relação das mulheres com a fermentação e a produção da bebida não era apenas um privilégio, mas também uma relação com sua sexualidade e seu papel na gestação. Conforme explica, entre esses indígenas, o cauim podia ser comparado ao sêmem. "Para os tupi araweté, o sêmen dos homens 'fermenta' na barriga das mulheres, produzindo as crianças. Isso mostra a grande importância que a bebida fermentada tinha em sua estrutura sociológica. A fermentação era vista como uma operação mágica, capaz de transformar alimentos em substâncias que alteravam a consciência humana."
                O fato de serem as mulheres as responsáveis por essa tarefa especial lhes conferia uma aura de respeito: afinal, tratava-se de uma função importante, pois as bebidas eram parte essencial dos rituais, desde casamentos a funerais. "O cauim era, por exemplo, fundamental nas cerimônias matrimoniais, que, para os homens era considerado como uma modificação de status, que os transformava em adultos completos." Segundo o pesquisador, a bebida alcoólica também tinha um papel privilegiado, sendo oferecida até ao inimigo aprisionado, que mais tarde seria morto e devorado pela tribo, numa prática de canibalismo ritual.
                Mas festas regadas a bebida alcoólica dos nativos acabaram sendo um obstáculo ao domínio do colonizador. "Durante e após as cauinagens, os europeus percebiam que seus mecanismos de controle iam sendo desafiados pelos índios que, quando embriagados, pareciam, aos olhos dos europeus, possuídos por alguma espécie de força demoníaca, originada das jarras e cuias onde as bebidas espumavam", conta o pesquisador. Como forma de dominação, os colonos europeus dirigiram primeiramente seus esforços em eliminar essas festas. "E também se utilizaram das próprias festas, valendo-se da bebedeira dos índios, para instigá-los uns contra os outros. Infiltrados entre os índios e bebendo com eles, os portugueses os incitavam a guerrear contra seus inimigos tradicionais."
                Junto com as ações dos missionários, que lutavam contras as cauinagens, pretendendo tornar o índio civilizado, a introdução de outras bebidas, como a cachaça, por exemplo, foi, pouco a pouco, enfraquecendo os antigos rituais indígenas. "O fim dessa história todos já conhecemos bem: os índios tiveram suas tradições, e com elas suas bebidas, atacadas e praticamente deixadas de lado. Com tudo isso, eles foram finalmente lançados ao mundo moderno, não como homens civilizados, mas como ícones de uma diferença extrema, distantes de sua realidade e símbolo da vida a que foram submetidos", finaliza o pesquisador.







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