Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

domingo, 16 de janeiro de 2011

** Chamada de Trabalhos Ano VI_Nº 1

 
Prezados,


A Revista Eletrônica Cadernos de História (UFOP) lança a chamada de trabalhos para a edição ano VI, nº 1, com seção temática de artigos sobre História do Esporte no Brasil, e seção livre para resenhas, transcrições comentadas, entrevistas e traduções. A partir desse número contaremos com uma nova seção de tema livre dedicada exclusivamente a artigos escritos por graduandos (ver detalhes no anexo ou na página da Revista). O prazo para envio de trabalhos se encerra no dia 14 de Março de 2011. Segue em anexo o cartaz com o texto de apresentação do número.
Cordialmente,


Os editores.





Conselho Editorial
Revista Eletrônica Cadernos de História:
publicação do corpo discente do departamento de história da UFOP

www.ichs.ufop.br/cadernosdehistoria
Rua do Seminário, s/n - Centro
Mariana - MG
35420-000

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Anexo(s) de =?iso-8859-1?Q?Cadernos_de_Hist=F3ria?=

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Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.


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sábado, 15 de janeiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Aurora Maria Nascimento Furtado -VIII-

Carta O Berro..........................................................repassem

 

Aurora Maria Nascimento Furtado

(São Paulo, 13 de junho de 1946Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1972) foi uma militante da Ação Libertadora Nacional. Foi morta pelo regime militar no brasil.

Biografia

Era filha de Mauro Albuquerque Furtado e Maria Lady Nascimento Furtado e foi morta aos 26 anos de idade, no Rio de Janeiro.
Estudante de psicologia na universidade de São Paulo, era a responsável pela imprensa da união nacional dos estudantes de são Paulo, com ativa militância no movimento estudantil dos anos 1967/68.
Foi presa em 9 de novembro de 1972, na Parada de lucas, no Rio de Janeiro, em batida policial realizada por uma patrulha do 2º setor de vigilância norte, após rápido tiroteio ,em que morreu um policial.
Após correr alguns metros e se esconder em vários lugares, Aurora foi aprisionada ,viva, dentro de um ônibus onde havia se refugiado antes.
Foi torturada desde o momento de sua prisão, inclusive na presença de vários populares que se aglomeravam ao redor da cena. Aurora foi conduzida para invernada de olaria. Lá foi torturada nas mãos dos policiais do DOI/CODI e integrantes do famigerado "esquadrão da morte".
Aurora viveu os mais terríveis momentos nas mãos daqueles carrascos, que além dos já tradicionais pau-de-arara, sessão de choques elétricos, somados a espancamentos, afogamentos, queimaduras, aplicaram-lhe a "coroa de cristo", ou "torniquete", que é uma fita de aço, que vai gradativamente sendo apertada, esmagando aos poucos o crânio.
No dia 10 de novembro, Aurora morreu em conseqüencia dessas torturas. Seu corpo chegou ao IML/RJ como 'desconhecida' pela guia nº 43 da 26ª D.P.
Após prendê-la e torturá-la, jogaram seu corpo crivado de balas na esquina das ruas Adriano com Magalhães Couto, no bairro do méier(RJ). A versão oficial divulgada pelos órgãos de segurança era de que a morte de Aurora seria conseqüencia de uma tentativa de fuga, quando era transportada na rádio-patrulha que a prendera. Ao tentar fugir, teria sido baleada e morta.
A necrópsia, feita no IML, em 10 de novembro, foi firmada pelos drs. Elias Freitas e Salim Raphael Balassiano e confirma falsa versão da repressão de morte em tiroteio e assinala "ferimentos penetrantes na cabeça" que dada como a causa mortis. fotos de perícia de local(nº 6507/72) mostram claramente profunda marcas de tortura no corpo de Aurora: percebe-se o aprofundamento do crânio e escoriações nos olhos, no nariz e boca, que não são relatadas na necrópsia. Havia próximo ao corpo um VW DH-4734, marcados de tiros, o que completava a encenação.
Em 11 de novembro de 1972, Aurora foi reconhecida no IML/RJ, por seu pai, Mauro Albuquerque Furtado, sendo transladada para São Paulo. O corpo de Aurora foi entregue á família de caixão lacrado, com ordens expressas para que não fosse aberto. Tal ordem não foi acatada pela família que, com auxilio de seus advogados conseguiu novo exame no IML. O corpo de Aurora, além dos inúmeros sinais das torturas sofridas (queimaduras, cortes profundos, hematomas generalizados) apresentava um afundamento no crânio de cerca de 2 cm, proveniente do uso da "coroa de cristo", e causador de sua morte.
Aurora Maria Nascimento Furtado (1946-1972),  estudava Psicologia na USP e militava na UNE (União Nacional dos Estudantes) e na ALN (Ação Libertadora Nacional).

Conforme o livro,"Direito à Memória e à Verdade", "Aurora foi submetida a pau de arara, choques elétricos, espancamentos, afogamentos e queimaduras, além da "coroa de Cristo", fita de aço que vai sendo apertada aos poucos e esmaga o crânio.

Morreu no dia seguinte".

Seu corpo, porém, foi encontrado no subúrbio do Rio crivado de balas.

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de José Carlos da Matta Machado -VII-

Carta O Berro..........................................................repassem

José Carlos da Matta Machado



José Carlos Novais da Matta Machado

Dirigente da AÇÃO POPULAR MARXISTA-LENINISTA (APML).
Nasceu a 20 de março de 1946 na cidade do Rio de Janeiro, filho de Yedda Novais da Matta Machado e de Edgard Godói da Matta Machado.
Texto escrito por Bernardo, irmão de José Carlos, em outubro de 1993, por ocasião dos 20 anos da morte de José Carlos:
"José Carlos freqüentou o curso primário no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, o ginasial no Colégio Estadual de Minas Gerais, onde fez o curso clássico. Durante a adolescência, fundou, junto com amigos do bairro Funcionários, o Youth Clube, grupo de jovens unidos pela convivência em festas, atividades esportivas, namoros e conversas animadas.
Em 1964, entrou para o curso de Direito da UFMG, tendo obtido a primeira colocação no vestibular. Em 1966, concluiu o serviço militar obrigatório no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR), sendo sua patente de oficial posteriormente cassada pelo Exército.
Na Faculdade, foi um dos fundadores do Grupo de Alunos da Turma de 1964 (GAT-64) que exerceu muita influência política entre os estudantes. Sua liderança foi-se consolidando até o ponto de seus colegas brincarem dizendo que José Carlos não era mais o 'filho do professor Edgard', mas o professor é que se tornara 'pai do Zé'. Em 1967, foi eleito presidente do Centro Acadêmico Afonso Pena (CAAP) e vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Nessa época, já integrava os quadros da Ação Popular.
Em outubro de 1968, durante a realização do XXX Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), José Carlos foi preso e condenado a oito meses de reclusão nas celas do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), de Belo Horizonte.
Solto, no segundo semestre de 1969, continua na luta, porém clandestinamente. Em 1970 casou-se com sua companheira de AP, Maria Madalena Prata Soares, e morou, por mais de um ano, numa favela de Fortaleza (CE), exercendo o ofício de comerciário.
Gilberto Prata Soares, seu cunhado e ex-membro da AP, preso em fevereiro de 1973, concordou em colaborar com o CIEx na identificação dos militantes da AP. A partir de março de 73, com a ajuda do informante, os seus passos e de Madalena foram minuciosamente rastreados pelos órgãos de repressão. Em conseqüência, militantes e simpatizantes começaram a cair como num jogo de dominó.
Pressentindo que o cerco se fechava, advogados do escritório de Joaquim Martins da Silva (companheiro de José Carlos na Faculdade de Direito), em São Paulo, fizeram contato com a família. José Carlos e Madalena já haviam confiado aos avós a guarda do filho Dorival, nascido em Goiânia, no dia 19 de fevereiro de 1972.
No dia 18 de outubro, atendendo ao apelo vindo de São Paulo, dois cunhados e um amigo da família foram encarregados de buscar José Carlos e conduzi-lo à fazenda de um tio, no interior de Minas Gerais. Madalena se encontraria com eles num sítio próximo a Belo Horizonte. No dia 19 de outubro, em São Paulo, para onde José Carlos tinha ido com o principal objetivo de providenciar cobertura jurídica para os companheiros presos, encontraram-se no escritório de Joaquim Martins da Silva. Ali combinaram novo encontro em um posto de gasolina na saída da cidade. Não percorreram mais do que alguns quilômetros e foram presos por elementos à paisana fortemente armados. Algemados e encapuzados, foram conduzidos provavelmente para o DOI-CODI/SP, onde foram submetidos a interrogatórios durante três dias. No dia 21 foram transferidos, à exceção do José Carlos, para o 12° Regimento de lnfantaria, em Belo Horizonte, onde permaneceram incomunicáveis. Na noite de 22, Madalena e seu filho Eduardo (do primeiro casamento) foram presos no sítio onde se encontravam. Nesse mesmo dia, Gildo Macedo e sua esposa foram presos em Salvador pela Polícia Federal. No dia 31, quarta-feira pela manhã, os representantes da família foram soltos. Na noite do mesmo dia 31, os meios de comunicação transmitiram nota oficial informando sobre a morte de José Carlos e Gildo Macedo Lacerda num tiroteio em Recife. A nota dizia que ambos confessaram, durante interrogatórios, que teriam no dia 28 um encontro com 'um subversivo de codinome Antônio'. Levados para o local, o referido 'Antônio' pressentiu alguma anormalidade e abriu fogo contra seus companheiros.
A morte dos dois militantes estava repercutindo nacional e internacionalmente (New York Times de 13 de novembro, Le Monde do dia 14 de novembro e Avvenire D'all Italia e Dal Mondo de 15 de novembro). No dia 7, a denúncia do Prof. Edgard ao Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana foi lida na Câmara e no Senado pelos líderes da oposição, Deputado Aldo Fagundes e Senador Nelson Carneiro. A repercussão, somada ao esforço dos advogados de Recife, Oswaldo Lima Filho e Mércia Albuquerque, resultou na autorização para a exumação e o traslado do corpo para Belo Horizonte. A condição imposta pelo coronel Cúrcio Neto, comandante militar da 7ª Região, foi a de que não houvesse publicidade. Até mesmo o aviso fúnebre foi proibido.
A Dra. Mércia acompanhou a exumação, realizada no dia 10 de novembro. José Carlos, assim como Gildo, foram enterrados como indigentes num caixão de madeira sem tampa e com fundo de taliscas.
No dia 15 de novembro, após ordens e contra-ordens, o corpo de José Carlos foi finalmente liberado e chegou a Belo Horizonte às 13:15 h, em caixão lacrado. Às 14:30 h foi sepultado no cemitério Parque da Colina.
Embora, já no dia 9 de novembro de 73 tenha sido protocolada uma representação junto à Procuradoria Geral da Justiça Militar requerendo a instauração de um Inquérito Policial Militar, até hoje não foram tomadas providências para apurar os fatos que cercaram a morte de José Carlos. Não se sabe qual a autoridade responsável por sua prisão em São Paulo, nem se conhecem as circunstâncias de sua transferência para Recife.
Sua morte, na madrugada do dia 28, foi testemunhada pela estudante Fernanda Gomes de Matos e Melânia Almeida Carvalho, que estavam presas no DOI-CODI do Recife. Fernanda reconheceu, imediatamente, quando Mata Machado chegou no dia 27 de outubro de 1973, escoltado por agentes, com uma venda nos olhos.
Após várias horas de agonia, pedindo ajuda, porque estava perdendo muito sangue, a voz grave de Mata Machado silenciou."
O nome de José Carlos Matta Machado foi dado a uma rua em Belo Horizonte no lugar de sua antiga denominação que era Dan Mitrione, torturador que veio dos Estados Unidos para o Brasil com o objetivo de ensinar "Métodos Modernos de lnterrogatório" aos policiais e militares. Suas cobaias eram mendigos recolhidos nas ruas e seu alvo eram os presos políticos.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Alexandre Vannucchi Leme -VI-


Carta O Berro..........................................................repassem
 Assassinato de Alexandre Vannucchi Leme Gerou protestos da sociedade


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Revista da Adusp nº34, maio de 2005
Por Marina Gonzalez


Em 1973, Alexandre Vannucchi Leme tinha 22 anos e cursava o quarto ano de Geologia na USP. Era um ótimo aluno, foi o primeiro colocado no vestibular, participava do movimento estudantil e militava no grupo clandestino Ação Libertadora Nacional (ALN). Na manhã de 16 de março, foi preso por agentes do II Exército, pertencentes ao Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Até hoje não se sabe ao certo como e onde Alexandre foi capturado, mas o fato é que sobreviveu por pouco mais de 24 horas nas mãos dos torturadores do DOI-Codi.
A confirmação de sua morte veio somente uma semana depois, com a publicação de um comunicado policial. A versão oficial sustentava que Alexandre morrera a caminho do hospital, depois de ser atropelado por um caminhão. Ele teria sido conduzido pelos órgãos de segurança até o bairro do Brás, para mostrar onde tinha um "ponto" com um companheiro de grupo, e teria tentado fugir.
Note-se que a mesma explicação já havia sido usada para justificar o assassinato de Antonio Benetazzo, preso em 28 de outubro de 1972 e morto dois dias depois. No final da década de 1960, Benetazzo era estudante de Arquitetura, presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Filosofia e professor em cursos pré-universitários. Diferentemente de Alexandre, abandonou a USP para se dedicar à luta armada contra o regime militar, e desde 1969 vivia na clandestinidade.

A morte de Alexandre, apelidado "Minhoca" pelos colegas, teve repercussão imediata. Outros estudantes também haviam sido presos e era preciso tomar alguma atitude. O Conselho de Centros Acadêmicos declarou luto na USP e os alunos pressionaram por uma intervenção do então reitor Miguel Reale que, num ofício à Secretaria de Segurança Pública do Estado, solicitou informações sobre a morte de Alexandre "aos órgãos competentes". A resposta, porém, conteria as mesmas informações já divulgadas pelos jornais.
Também partiu dos estudantes a idéia de convidar dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo, para realizar uma missa em memória do colega assassinado. A celebração na Sé, marcada para o dia 30 de março, transformou-se na primeira grande manifestação pública de oposição à Ditadura desde as manifestações de 1968.
Centenas de pessoas que estiveram na missa foram levadas ao DOPS, a maioria libertada em seguida. Panfletos assinados pelo fictício "Movimento dos Estudantes Democráticos", provavelmente obra da repressão política, condenavam o suposto exagero das manifestações, pois o pesar pela perda de Alexandre estaria "se transformando numa crítica acintosa e ilegal ao governo", "o 'Minhoca' (…) por suas ligações com bandos subversivos armados teve um triste fim".
Partiu dos estudantes a idéia de convidar dom Paulo Arns para celebrar missa na Sé em memória de Alexandre, em 30 de março de 1973, primeiro grande ato de oposição à Ditadura desde 1968
Até a Divisão de Segurança e Informações (DSI) do Ministério de Minas e Energia, sediada na então Guanabara, via nas repercussões do caso o "recrudescimento de atividades esquerdistas" e a "profundidade do trabalho comunista no meio universitário" do Estado de São Paulo. O Informe 30/008, de 10 de maio de 1973, afirma que esse problema espalha-se não só na capital mas em diversas cidades do interior, e que o clero associou-se às manifestações. De fato, não faltam panfletos de centros acadêmicos do interior e relatos de agentes sobre missas em cidades como Sorocaba (onde moravam os pais de Alexandre), Botucatu, São Joaquim da Barra e Ribeirão Preto, em homenagem ao jovem assassinado.
O jornalista Caio Túlio Costa, au tor do livro Cale-se (São Paulo, ed. A Giraffa, 2003), que relata as atividades do movimento estudantil na USP no período compreendido entre a morte de Alexandre e o show de Gilberto Gil na Escola Politécnica em maio de 1973, lembra que o momento da prisão do estudante permanece desconhecido porque não houve testemunhas. As dúvidas sobre as circunstâncias de sua morte são ainda maiores porque não se tem acesso aos arquivos do DOI-Codi, órgão em cujas dependências ele teria sido assassinado: "Faltam-nos os documentos do DOI-Codi e também de outros órgãos como o SNI (Serviço Nacional de Informações) e o Cenimar (Centro de Informações da Marinha)."
Costa acredita tratar-se de relatórios e fotografias que poderiam ajudar a elucidar o caso. A documentação encontrada até o momento no acervo do DOPS em poder do Arquivo do Estado refere-se a episódios posteriores à morte de Alexandre, como a ida de José de Oliveira Leme ao DOPS, em busca de notícias do filho, o atestado de óbito, os relatos de missas e os impressos produzidos pelos centros acadêmicos da USP com a finalidade de denunciar o crime praticado pela repressão política.
Contudo, os papéis do DOPS ainda podem conter surpresas. Em 2004, o jornalista Mário Magalhães localizou ali laudos, do Instituto Médico-Legal e da Divisão de Identificação Civil e Criminal da Polícia, que confirmaram de modo irrefutável que outro militante da ALN, Virgílio Gomes da Silva, o "Jonas", foi assassinado sob tortura em 1969.
Alexandre Vannucchi Leme foi enterrado como indigente. Os restos mortais foram entregues à família em 1983, dez anos após o seu assassinato.
Em 1976, os estudantes da USP criaram, em assembléia, o Diretório Central dos Estudantes-Livre Alexandre Vannucchi Leme.
"Subversivo tenta fugir mas morre atropelado"
Assim o jornal O Globo deu título à notícia da morte de Alexandre Vannucchi Leme, dias após o ocorrido. "Os órgãos de segurança revelaram que o terrorista Alexandre Vannucchi Leme, conhecido como 'Minhoca', morreu atropelado por um caminhão quando tentava fugir ao ser levado por agentes a um encontro com outro terrorista, no cruzamento das ruas Bresser e Celso Garcia".
Nada menos do que três pessoas teriam testemunhado o atropelamento, segundo o jornal: "Três testemunhas contaram que presenciaram o acidente em que morreu o motorista". Uma delas, "Alcino Nogueira de Souza, empregado de balcão da Confeitaria Santa Cruz (…), chegou a servir uma cerveja ao terrorista. Viu quando ele olhou para um lado e para o outro, atravessou correndo a rua e foi colhido pelo caminhão".
O excesso de nomes e detalhes (inclusive a chapa do suposto caminhão atropelador) é pouco usual em casos de acidentes de trânsito, fazendo supor que a matéria de O Globo foi preparada em estreita colaboração com os órgãos de segurança. O texto afirma também que "com base em informações" de Minhoca foi possível "identificar" outros integrantes da ALN, o que é outra operação típica da repressão: sugerir que a pessoa assassinada delatou companheiros.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

** NOTICIAS ANPUH PR - JANEIRO 2011 n 2

 
Veja no site da Anpuh PR http://www.pr.anpuh.org/

Iphan oferece bolsa de pesquisa na área de Patrimônio Ferroviário
Universidade de Columbia oferece bolsa para pesquisador visitante
Chamada de Artigos - Revista NUPEM - Fecilcam

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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

** Universidade de Columbia oferece bolsa para pesquisador visitante

 

Universidade de Columbia oferece bolsa para pesquisador visitante

Fonte: A TARDE On Line
A Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e a Comissão para o Intercâmbio Educacional entre os Estados Unidos da América e o Brasil (Fulbright) oferecem a bolsa Dra. Ruth Cardoso para professores brasileiros com interesse em exercer atividades de docência e pesquisa na instituição norte-americana.


Até a próxima segunda-feira, 17, podem se candidatar pesquisadores brasileiros com comprovada experiência nas Ciências Humanas e Sociais, com ênfase em História do Brasil, Antropologia, Ciência Política e Sociologia. De acordo com as exigências do edital (acesse aqui), o candidato também deve ter concluído o doutorado antes de 2007, não pode possuir nacionalidade norte-americana, deve ter 10 anos de experiência profissional e acadêmica qualificadas na área, além de estar credenciado como docente e orientador em programa de pós-graduação reconhecido pela Capes.


O pesquisador selecionado terá direito a bolsa mensal de US$ 5.000, por até nove meses, auxílio-instalação de US$ 2.000, seguro-saúde e passagem aérea de ida e volta.

O programa tem o objetivo de destacar no meio universitário e de pesquisa dos EUA a atuação de cientistas brasileiros em instituições do país nas áreas de Ciências Humanas e Sociais.


Mais informações no site da Fulbright (acesse aqui).



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** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Isis Dias de Oliveira -V-


Carta O Berro..........................................................repassem


Isis Dias de Oliveira (1941-1972)
isis.jpg
Direito à verdade e à memória: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. 2007

Dados pessoais

Número do processo 104/96
Filiação Felícia Mardini de Oliveira e Edmundo Dias de Oliveira
Data e Local de nascimento 29/08/1941, São Paulo (SP)
Organização política ou atividade ALN
Datal e local do desaparecimento 30/01/1972, no Rio de Janeiro
Data da publicação no DOU Lei nº 9.140/95 — 04/12/95
Militantes [Ísis Dias de Oliveira e Paulo César Botelho Massa] da ALN que residiam na mesma casa no Rio de Janeiro, Ísis e Paulo César foram presos no dia 30/01/1972, pelo DOI-CODI/RJ.
Seus nomes integram a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95.
Ísis nasceu e cresceu em São Paulo, iniciando os estudos no Grupo Estadual Pereira Barreto. Fez o ginasial no Colégio Estadual Presidente Roosevelt e o curso clássico no Colégio Santa Marcelina. Estudou piano e fez curso de pintura e escultura na Fundação Álvares Penteado. Falava inglês, que estudou na União Cultural Brasil-Estados Unidos, dominando também o francês e o espanhol. Trabalhou como secretária bilíngüe na Swift. Em 1965, iniciou o curso de Ciências Sociais na USP e passou a morar no CRUSP — o conjunto residencial da Universidade. Trabalhou no Cursinho do Grêmio da Faculdade de Filosofia e se casou, em 1967, com José Luiz Del Royo, também integrante da ALN na fase de sua fundação, e que foi eleito em 2006 senador na Itália. Isis freqüentou o curso de Ciências Sociais até o 3º ano e, segundo informações dos órgãos de segurança, esteve em Cuba participando de treinamento de guerrilha em 1969. Já separada de Del Royo, retornou clandestinamente ao Brasil e se estabeleceu no Rio de Janeiro a partir de meados de 1970.
No dia 4 de fevereiro, Aurora Maria Nascimento Furtado, colega da USP e militante da ALN, que também seria morta sob torturas dez meses depois telefonou a Edmundo, pai de Ísis, avisando da prisão da amiga. "Ela corre perigo, tratem de localizá-la", disse-lhes. E foi o que tentaram com persistência: impetraram cinco habeas-corpus através da advogada Eny Raimundo Moreira, todos negados. Foram a todas as unidades do Exército, Marinha e Aeronáutica do Rio de Janeiro e São Paulo onde imaginassem poder ter notícias de Ísis. Vasculharam os arquivos dos cemitérios do Rio de Janeiro, Caxias, Nilópolis, São João de Meriti, Nova Iguaçu, São Gonçalo. Sem falar das muitas cartas escritas com a letra miúda da mãe ao presidente da República, às autoridades civis e religiosas. Dezenas de pastas guardam os documentos da família na busca por Ísis. Trechos do depoimento de Felícia, que com mais de 90 anos ainda espera alguma notícia sobre o que aconteceu com a filha, retrata a luta dos familiares:
(…) Nós chegamos à triste conclusão que todas essas séries de desinformações serviam a um objetivo específico, que era de confundir-nos e fazer-nos reaver, a cada sinal, uma esperança. Cartas: foram escritas muitas. Eu as escrevia, com sacrifício, para poupar meu marido que havia sofrido um grave enfarte do miocárdio. Com o passar do tempo, fui vendo que os destinatários eram os mesmos, a quem as outras famílias de desaparecidos escreviam: Presidente da República, Ministros das três armas, Comandante do I e do II Exércitos, OAB, OEA, ONU, Anistia Internacional, Arcebispos do Rio de Janeiro e de São Paulo. Foram tantas as cartas e inúteis que não gosto de lembrar. Só não esquecerei uma em especial, pelo trabalho e pela satisfação que me deu.
Nós, familiares dos presos políticos desaparecidos, pedíamos informações ao Governo, sobre o destino dos nossos parentes. Quando o Ministro da Justiça, através do líder José Bonifácio, vem de público enumerar uma série de delitos praticados por eles. Eu não me conformei com aquelas informações. Achei que era o fim de tudo. Nós queríamos saber o paradeiro deles e não o que eles haviam praticado. Escrevi uma carta de contestação. Mas, como publicar minha carta? A censura não respeitava nem o malote dos deputados. Não tive dúvidas. Fui pelo caminho mais longo, mas o que me pareceu seguro. Viajei 20 horas até Brasília para entregar minha carta ao deputado Lisâneas Maciel. O deputado Lysâneas não se encontrava em Brasília, entreguei então a minha carta em mãos do deputado Fernando Lira. Mais 20 horas de volta. No meio do caminho, em uma parada de ônibus, comprei um jornal 'O Estado de São Paulo'. Lá estava a minha carta publicada. Valeu-me uma grande satisfação no momento. Mas foi só. Porque até hoje estou esperando saber o que eles fizeram com minha filha Ísis (…).
Oficiosamente, Felícia e Edmundo souberam que Ísis esteve nos DOI-CODI do Rio de Janeiro e de São Paulo, que em março esteve hospitalizada com uma crise renal, que passou pela base aérea de Cumbica, pelo Cenimar e pelo Campo dos Afonsos. No dia 13/4/1972, a assistente social Maria do Carmo de Oliveira, lotada no Hospital da Marinha, no Rio, informou-lhe que Ísis estava presa na Ilha das Flores. Felícia estava acompanhada de Sônia, sua sobrinha. No dia seguinte, Maria do Carmo, Felícia e Sônia foram intimadas a comparecer ao I Exército, onde um coronel as recebeu com a notícia de que tudo não passava de um lamentável engano.
Em matéria do jornal Folha de S. Paulo, em 28/1/1979, um general de destacada posição dentro dos órgãos de repressão confirmou a morte de Ísis e Paulo César, dentre outros 10 desaparecidos. No Arquivo do DOPS/PR, em uma gaveta com a identificação: "falecidos" foi encontrada a ficha de Ísis. A única prova concreta obtida em todos esses anos de busca foi dada pelo ex-médico Amílcar Lobo, que servia ao DOI-CODI/RJ e que reconheceu a foto de Ísis dentre os presos que lá atendeu, sem precisar a data, numa entrevista publicada pela IstoÉ de 8/4/1987. Os órgãos de segurança do regime militar acusavam a ambos de participação em ações armadas, inclusive do assalto à Casa de Saúde Dr. Eiras, já mencionado na apresentação do caso anterior, que resultou na morte de três vigilantes de segurança.

** Falece historiadora Katia Mattoso

 


É com pesar que noticiamos o falecimento de Kátia Mattoso.
Anpuh-PR
11/01/2011 às 14:52
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Autoridades lamentam morte de Kátia Mattoso

A TARDE On Line
Autoridades lamentaram a morte da historiadora e cientista política Kátia Mattoso, 78 anos, que aconteceu na manhã desta terça-feira, 11, em Paris, França. Em nota, o governador do Estado da Bahia, Jaques Wagner, declarou: ?Foi com pesar que tomamos conhecimento da morte de Kátia Mattoso. Dona de uma percepção privilegiada do processo histórico, vinculando habilmente o regional e o conjuntural, a historiadora soube, como poucos, investigar e compreender as origens da Bahia que somos hoje. Seu legado será duradouro?.
Já o diretor da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro de Araújo, amigo e orientando da professora Kátia Mattoso, lamentou o falecimento da intelectual, que para ele foi a grande formadora de pesquisadores e de professores de história na Bahia.
Kátia era especialista em história social da escravidão no Brasil, Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia e Professora Emérita aposentada da Universidade de Paris V ? Sorbonne. Autora, entre outras obras, de Ser Escravo no Brasil (1982) e Bahia Século XIX ? Uma Província no Império (1992).
Segundo familiares, o corpo de Kátia Mattoso será enterrado na Grécia, país em que ela nasceu. 






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** Revista EM DEBATE - Chamada de artigos

 

EM DEBATE N. 5: PRAZO PARA SUBMISSÕES

Por decisão dos editores, apenas trabalhos submetidos até 1º/02/2011 serão enviados para avaliação e, caso aprovados, serão publicados no número 5. Após esta data os trabalhos com parecer pela publicação aguardarão a edição de n.6 da revista, com publicação prevista para setembro de 2011.



No 4 (2010)

2º semestre 2010


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** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de João Leonardo da Silva Rocha (1939 - 1975) - IV-

Carta O Berro..........................................................repassem

 



João Leonardo da Silva Rocha (1939 – 1975)

João Leonardo da Silva Rocha era filho de Maria Nathália da Silva Rocha e Mário Rocha. Nasceu a 04 de agosto de 1939, na cidade de Salvador, Bahia. Perteceu à organização política denominada Movimento de Libertação Popular (Molipo), da qual foi dirigente, e seu nome integra hoje a lista de desaparecidos políticos brasileiro anexa à lei nº 9.140/95 que reconhece como mortas pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas no período de 02 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979.



Na foto, 13 dos 15 presos políticos libertados em troca do embaixador americano Charles Elbrick, que foi solto em 07/09/1969. João Leonardo é o primeiro abaixado, de branco, escondendo as algemas com o casaco.

João Leonardo fez o curso primário em Amargosa, Bahia, onde morava com seus pais. Estudou o primeiro ano do curso secundário no Colégio dos Irmãos Maristas, em Salvador, ingressando, a 29/02/1952, no Seminário Católico de Aracaju, onde permaneceu até 1957. Em 1959, aprovado em concurso público, tornou-se funcionário do Banco do Brasil em Alagoinhas (BA), cidade em que seus pais passaram a residir. Naquele mesmo ano começou ensinar Português e Latim no Colégio Santíssimo Sacramento e Escola Normal e Ginásio de Alagoinhas.

No início de 1962, João Leonardo da Silva Rocha muda-se para São Paulo, ainda como funcionário do Banco do Brasil, onde também passou a ensinar Latim e Português em colégios da região do ABC paulista. Era considerado excelente poeta e contista. Ingressou, logo depois, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da USP, época em que passou participar da militância política. Foi diretor da Casa do Estudante, localizada na Av. São João, que abrigava alunos de sua Faculdade. Vem de uma testemunha inesperada – o filósofo e articulista Olavo de Carvalho – o depoimento de que, nessa época da Casa do Estudante, João Leonardo realizou excelentes duetos musicais com Arno Pires, que foi morto em fevereiro de 1972 e também pertencia ao Molipo.

João Leonardo cursava o último ano de Direito e já integrava a ALN (Agrupamento Comunista de São Paulo) quando foi preso pelo DOPS, no final de janeiro de 1969, no fluxo de prisões de militantes da VPR que mantinham contato com a organização de Marighella. O mesmo Olavo de Carvalho já escreveu mencionando as brutais torturas a que foi submetido o seu amigo daquela época. Os órgãos de segurança acusavam João Leonardo de participar do Grupo Tático Armado dessa organização guerrilheira, tendo participado a 10/08/1968 do rumoroso assalto a um trem pagador na Ferrovia Santos/Jundiaí, bem como de outras operações armadas. Foi, inclusive, indiciado no inquérito policial que apurou a execução do oficial do Exército norte-americano Charles Chandler, a 12/10/1968, embora não seja apontado como participante direto do comando que realizou a ação.

Em setembro de 1969, com o seqüestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, João Leonardo foi um dos 15 presos políticos libertados e enviados ao México, oficialmente banidos do País. Transferiu-se para Cuba e recebeu treinamento militar naquele País, onde se alinhou com o grupo dissidente da ALN que gerou o Molipo. Retornou ao Brasil em 1971, se estabelecendo numa pequena localidade rural de Pernambuco, São Vicente, que era Distrito de Itapetim, sertão do Pajeú, quase divisa com a Paraíba. Raspou totalmente a cabeça e era conhecido como Zé Careca. Tornou-se lavrador, tendo adquirido um pequeno sítio onde trabalhava. Gostava muito de caçar e era exímio atirador. Era muito querido na região e, como tinha habilidades artesanais, fazia brinquedos com que presenteava as crianças.


Chegada dos ex-presos políticos ao México, em 1969. No detalhe, Flávio Tavares (carregando objetos), o grande Gregório Bezerra (cabelos brancos), e  - segurando uma caixa - , João Leonardo da Silva Rocha

Foi um dos poucos sobreviventes entre os militantes que tentaram construir bases rurais do Molipo, entre 1971 e 1972, tanto no Oeste da Bahia quanto no Norte de Goiás, território atual do Tocantins. Quando pressentiu que podia ser identificado na região de São Vicente, mudou-se para o interior da Bahia, onde terminaria sendo localizado e morto em junho de 1975, ano em que o Molipo e ALN já não existiam mais e João Leonardo buscava sobreviver e trabalhar. Num choque com agentes policiais que, ainda hoje, é recoberto por densa camada de mistério e informações desencontradas, foi executado por agentes da Polícia Militar da Bahia em Palmas de Monte Alto, município entre Malhada e Guanambi, no Sertão Baiano, margem direita do Rio São Francisco, divisa entre Bahia e Minas.

Seu caso foi o último episódio a confirmar a existência de uma verdadeira sentença de pena de morte extra-judicial, decretada pelos órgãos de segurança para todos os banidos que retornassem ao Brasil com a intenção de retomar a luta contra a Regime. (Texto do livro "Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos a Partir de 1964").


O Molipo

O
Movimento de Libertação Popular (Molipo) foi um dos grupos que deflagraram a guerrilha urbana no Brasil entre 1968 e 1973. Surgiu em 1971 como uma dissidência da Ação Libertadora Nacional (ALN) que, por sua vez, teve origem no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e era comandada por Carlos Marighella, antigo dirigente do Partidão. Dissidência armada do PCB, a ALN surgiu em 1967.

O Molipo tinha contingente reduzido e, segundo o livro Brasil Nunca Mais, "foi extinto com a execução sumária ou sob torturas da maioria dos seus membros, entre os quais se destacaram líderes estudantis paulistas como Antônio Benetazzo, José Roberto Arantes de
  Almeida e Jeová Assis Gomes". José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil do Governo Lula e ex-presidente do PT foi um dos seus integrantes.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História do Padre Henrique - III-

Carta O Berro..........................................................repassem


Os pernambucanos trucidados pela ditadura militar de 1964 -


Padre Henrique

Responsável pelo setor da Arquidiocese de Olinda e Recife que prestava assistência à juventude, o padre Henrique mantinha encontros inclusive com estudantes cassados e, em várias ocasiões, recebeu ligações telefônicas com ameaças de morte. A maioria delas partidas da organização denominada Comando de Caça aos Comunistas (CCC). O padre não se curvou às ameaças e pagou um alto preço por isso.
O padre Henrique foi seqüestrado na noite de 26 de maio, no bairro de Parnamirim,  depois de participar de uma reunião com um grupo de jovens católicos. De acordo com uma testemunha, ele acabava de sair do local do encontro, quando foi abordado por três homens armados que o levaram em um veículo de marca Rural, de cor verde e branca. Às 10 horas do dia seguinte, o corpo seria encontrado num matagal da Cidade Universitária.
À época, o governo ainda não havia instituído formalmente a censura à imprensa, mas, mesmo assim, os jornais foram proibidos de noticiar o assassinato do padre. A notícia só foi dada pelo Boletim Arquidiocesano (um informativo mimeografado da Igreja) e lida pelos padres de todas as paróquias recifenses. Mesmo sem notícias na imprensa, cerca de 20 mil pessoas acompanharam o enterro, numa caminhada entre igreja do Espinheiro e o cemitério da Várzea.

"Sei quem matou meu filho e nada posso fazer"
O assassinato do padre Henrique não funcionou para calar Dom Hélder Câmara, que continuou denunciando as injustiças sociais e lutando por liberdade, mas destruiu praticamente toda a família do sacerdote. Em depoimento ao extinto semanário recifense Jornal da Cidade, a 24/07/1981,dona Isaíras Pereira da Silva, mãe do padre, narraria o que se seguiu ao crime:

"Depois de assassinarem meu filho, começaram as perseguições. Um dia depois do enterro, o meu marido foi preso e, sob ameaça de tortura, foi obrigado a relatar nomes de pessoas que vinham aqui em casa e que eram amigas de Antônio Henrique.

Adolfo, meu segundo filho, que na época havia sido aprovado no concurso de oficial da Polícia Militar, passou a exercer dentro da PM funções de servente, sendo depois transferido para a Polícia Rodoviária, coisa que não tinha nada a ver com o concurso a que foi submetido. Fizeram o possível para sujar o seu nome, até que o ex-agente Wilson Maciel o envolveu com uns roubos de imagens sacras. Passou 11 meses preso e foi absolvido por falta de provas.
 

  Antonio Henrique Pereira Neto nasceu no Recife, a 28 de outubro de 1940, filho de José Henrique Pereira da Silva Neto e Isaíras Pereira da Silva. Era sociólogo e professor. No depoimento a seguir, prestado ao Grupo Tortura Nunca Mais, que organizou o Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos na Ditadura Militar de 1964,Dona Isaíras fala um pouco do filho:
"Padre Henrique era o meu filho primogênito, muito alegre e brincalhão. Escolheu sua missão de sacerdote aos 16 anos e tomou várias iniciativas na profissão escolhida: não cobrava para fazer batizados, celebrar casamentos, porque, dizia ele, "a palavra de Deus não tem preço".

Tinha muitos amigos, era professor de três colégios e com o salário ajudava as pessoas realmente carentes. Não gostava de conflitos, nem de ver pessoas sofrendo. Por isso, quando balearam, por questões políticas, o estudante Cândido Pinto, Henrique procurou os grupos de estudantes que planejavam violências e sugeriu-lhes que pedissem ajuda aos governantes. Começaram daí os telefonemas ameaçadores que se identificavam como CCC (Comando de Caça aos Comunistas); mas Henrique dizia que aquilo não passava de piadas, porque "se eles tocassem num fio de cabelo de um padre, o mundo os derrubaria".

E as ameaças foram aumentando (...), até metralharam a sala onde ele trabalhava no Giriquiti, gritando, segundo testemunhas, "Viva o CCC!"

Mas Henrique não temia (...) até que no dia 26 de maio de 1969, após uma reunião com famílias amigas, quando Henrique voltava para seu lar, uma rural verde e branca com policiais armados levaram-no do Parnamirim até a Cidade Universitária e depois de várias horas de torturas (das 10 às 4 da madrugada), segundo um morador de um barraco de tábuas, mandaram ele se ajoelhar e dispararam, à queima-roupa, três tiros na cabeça do padre indefeso. Para que não fosse identificado, tiraram-lhe os documentos e iam enterrá-lo como "cadáver desconhecido". Porém, um rapaz desconhecido passou e disse: "Não é um desconhecido. É o padre Henrique".

Prenderam o rapaz, mas muita gente que havia escutado o comentário espalhou a notícia e não dava mais para esconder.

Padre Henrique, depois de passar pelo IML, foi levado para a Igreja do Espinheiro, onde foi velado por milhares de pessoas. No dia seguinte, foi levado em passeata até o Cemitério da Várzea, onde, no percurso, muitas pessoas foram presas como comunistas.

Ao chegarmos em casa, após o sepultamento, levaram preso o meu marido José Henrique, para que ele identificasse num álbum de fotografias os comunistas que freqüentavam a nossa casa (...) e, como ele dizia que não sabia, foi também torturado e, às 11 da noite, quando chegou em casa, estava vomitando sangue e não conseguiu recuperar-se: depois de várias hemorragias, também faleceu.

E eu, continuei perseguida (...) até que, com a prescrição do crime, cessaram as ameaças".


Os supostos matadores e mandantes

Sob o título Sepultamento do Insepulto, o Blog Metropolitano – O Lado Positivo da Notícia, do jornalista Ernesto Neves e dos empresários
Pouco tempo depois, um outro roubo de objetos sacros ocorrido em Natal foi motivo para que o meu filho ficasse mais um tempo preso. No terceiro, o da imagem do Carmo em 1979, Wilson Maciel tenta culpá-lo e, como não consegue, o ameaçou de morte. Por conta disso, teve que viver foragido com a mulher e filhos.
Justo Henrique, um outro filho, foi preso três vezes como subversivo, porque na época era seminarista e isso tinha muito a ver com o irmão. Tanto fizeram que atualmente ele vive no exterior e, por medida de segurança, não mantemos nenhuma comunicação.
Existe um quarto filho que usa nome falso por ter fugido da prisão. Sofreu torturas e, para castigá-lo, eles disseram que meu filho andava espalhando por aí que ia se vingar.
Meu marido, com os aperreios, morreu com uma úlcera gástrica. E eu, eu sou o palhaço da história. Sei quem matou meu filho e nada posso fazer."


Uma versão na imprensa

Em 1975, o Jornal da Cidade, veículo recifense da chamada imprensa alternativa, reconstituiu o episódio assim:

"A corda aperta-lhe o pescoço e o homem dobra as pernas, semi-asfixiado e cai de joelhos. Uma pancada de faca ou canivete no rosto e o sangue escorre, grosso, molhando o dorso nu e as calças.

Os vultos, ao seu redor, começam a se tornar ainda mais difusos e ele sente um impacto na face e, certamente, não sente o segundo, à queima-roupa, pouco acima da orelha. Dois tiros de mestre, convergindo para um só ponto do cérebro. O homem estende-se em meio à pequena clareira aberta no matagal e, nos últimos estertores da morte, agarra, com a mão direita, crispada, um tufo de capim.

Passava da primeira hora da madrugada de 27 de maio de 1969 e não era chegada, ainda, a terceira hora. Os olhos do homem estavam abertos, como abertos e cheio de espanto estavam os olhos do vigia Sérgio Miranda da Silva, quando o encontrou, estirado no chão, às seis e meia da manhã.

Antes das dez, o corpo estava identificado: era do padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, 28 anos de idade, visto com vida, pela última vez, por uma testemunha, quando era obrigado a entrar numa rural verde e branca.

No final da tarde, a igreja do Espinheiro, no Recife, estava abarrotada de gente para assistir à missa de corpo presente, celebrada por 40 sacerdotes. Durante toda a noite houve vigília e, no dia seguinte, a pé, por mais de 15 quilômetros, uma multidão de 20 mil pessoas acompanhava o enterro até um cemitério próximo à Cidade Universitária, a mesma região onde aconteceu o crime."

Silêncio no cemitério
Em 1989, numa entrevista para a emissora de televisão estatal de Pernambuco, Dom Hélder Câmara revelaria que, além de assassinar o Padre Henrique, a ditadura militar também proibiu toda e qualquer manifestação de protesto contra aquela violência:
- Quando nós chegávamos ao cemitério, eu recebi um aviso de que, se no cemitério houvesse a menor palavra contra os militares, a palavra de ordem era reagir de vez. Aí, quando terminou o enterro, eu disse: meus irmãos, tudo o que nós poderíamos fazer aqui na terra pelo nosso irmão Padre Henrique, nós já fizemos. Vamos rezar mais um Pai Nosso e, depois, vamos fazer uma experiência que nunca foi feita aqui em nossa terra: vamos oferecer a homenagem do silêncio, vamos sair do cemitério sem uma palavra, silêncio profundo!... Nunca eu ouvi um silêncio tão impressionante. Era um silêncio que gritava.


O Padre Henrique por Dona Isaíras

Fábio Lira e Nellyann Carneiro, veiculou o seguinte texto sobre os autores do assassinato do Padre Henrique:

"O Padre Henrique Pereira da Silva, trucidado em novembro de 1969 e cujo cadáver foi abandonado no Campus da UFPE, nunca teve os seus assassinos revelados e ninguém foi responsabilizado pelo ato. Apesar de seu cadáver ter sido sepultado, por conta disso, simbolicamente, continuava insepulto. Ontem, durante as discussões sobre o Centenário de Nascimento de Dom Hélder Câmara, o editor do Blog Metropolitano, jornalista Ernesto Neves, narrou as informações de domínio da imprensa nacional e que, até hoje, nunca foram esclarecidas.

Logo após a morte do então secretário do Arcebispo de Olinda e Recife, que trabalhava na recuperação de dependentes químicos, surgiu a informação que sua morte significava a morte simbólica de Dom Hélder, uma forma de fazê-lo recuar das denúncias que fazia nos principais fóruns de todo o mundo. A informação dava conta de que a decisão de executar o Padre Henrique nasceu no DOI/CODI e concretizada pelo DOPS da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco, que tinha como coordenador o delegado Moacir Salles, sobrinho de Apolônio Salles, fundador da Chesf.

A ordem foi dada aos policiais Rivel Rocha, Henrique Pereira Silva, conhecido por X9, e Rogério Matos do Nascimento, que serviu como isca para atrair o Padre Henrique, o fazendo entrar numa rural verde e branca e só reaparecendo morto no Campus da UFPE. Nenhum dos supostos matadores ou mandantes sofreu qualquer punição. A poetisa Isaíras Pereira da Silva, mãe do sacerdote morto, faleceu sem ver a punição dos culpados. O crime prescreveu e os criminosos se beneficiaram pela omissão da polícia e da justiça. A revelação dos supostos responsável pelo menos sepulta o cadáver do insepulto Padre Henrique".
 
Auxiliar direto de Dom Hélder Câmara – que, à época os militares rotulavam de arcebispo vermelho –, o padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto foi torturado até a morte, no Recife, entre a noite e a madrugada de 26 e 27 de maio de 1969. O crime, nunca esclarecido até a prescrição do processo aberto para apurar os fatos, teve o objetivo claramente político de tentar barrar, através da violência física, o arcebispo nas suas ações e pregações em defesa da liberdade.

A macabra lógica dos torturadores era esta: se a eliminação do próprio Dom Hélder não era recomendável porque repercutiria internacionalmente, deixando o governo brasileiro em situação delicada, o caminho era o assassinato de um auxiliar direto da Arquidiocese. Desta forma, deduziam eles, o arcebispo recuaria e o crime não teria grande repercussão porque a vítima, digamos assim, era "menos importante".

 

Peritos da Secretaria de Segurançaexaminam o veículo que teria  sido
usado pelos assassinos.
De processo controverso e volumoso (dezenas de volumes com milhares de páginas), o caso do assassinato do Padre Henrique foi arquivado e reaberto inúmeras vezes, sem que nada ficasse esclarecido até a prescrição do crime. Um único suspeito foi apontado, o estudante Rogério Matos do Nascimento (que, inclusive, esteve preso), mas as autoridades não chegaram a conclusão nenhuma. Foi mais um bárbaro crime impune.

No Departamento de Ordem Pública e Social (DOPS) de Pernambuco não há nenhum registro sobre o Padre Henrique, antes da sua morte. Os arquivos começam com o laudo técnico do Instituto de Polícia Técnica do Estado sobre o seu assassinato.

 

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