Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

domingo, 26 de dezembro de 2010

** Um homem (e um país) em formação

 

Um homem (e um país) em formação

Fonte: Jornal Diário do Nordeste
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Retrato a óleo de Capistrano de Abreu exposta no Instituto do Ceará. O cearense encontrou na pesquisa historiográfica seu ofício, ao qual se dedicou por mais de 40 anos
FOTO: MIGUEL PORTELA
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Ainda jovem, o cearense Capistrano de Abreu encontrou na História sua profissão, militância e sina. Dentre os historiadores da "Geração de 1870", lançou-se sobre ele as expectativas de se ver escrita uma nova história do Brasil
26/12/2010 
Em "Descobrimentos de Capistrano", o historiador carioca Daniel Mesquita se debruça sobre o pensamento do célebre Capistrano de Abreu, cearense que inaugurou métodos inovadores para a historiografia e as interpretações da construção do País
O menino que aprendeu cantigas africanas com os escravos do sítio Columijuba, em Maranguape, ambientou-se nos costumes próprios da Casa Grande, estimulados pelo avô, Honório de Abreu. A míope e desasseada criança não tinha más notas na escola, mas não se interessava de todo pelo estudo regular. Era um leitor compulsivo, mas de outros livros. Segundo Rodolfo Teófilo, que com ele estudou no Colégio Ateneu Cearense, o menino carregava os livros aonde fosse, mesmo nas recreações promovidas mensalmente pela escola no Morro do Coroatá.

No Seminário Episcopal de Fortaleza, a instituição chegou a aconselhar o pai do garoto a levá-lo de volta para o sítio e lá dar conta de consertar sua preguiça e vadiação. Por não se enquadrar ao ensino formal, não conseguiu ser aceito na faculdade de Direito, decidindo se mudar para o Rio de Janeiro. E finalmente lá, o garoto leitor que se tornou homem feito, encontrou-se com a História e se deixou encontrar por ela, sendo mais tarde reconhecido por sua generosa contribuição ao estudo do tempo passado e ao registro da nacionalidade brasileira: o desajeitado e cegueta cearense Capistrano de Abreu.

De posse de todos os livros que quisesse, tendo passado em um concurso público para trabalhar na Biblioteca Nacional, Capistrano abraçou um tal desejo: escrever a História do Brasil, superando os muros do tradicional historiador Adolfo de Varnhagen, à época, o mais conhecido e respeitado estudioso do tema.

Colônia
Mas se Capistrano tinha mesmo essa ânsia por abarcar uma totalidade da história brasileira, porque acabou escrevendo uma história modesta, resumida em "Capítulos de História Colonial"? A ousada pergunta compõe o conjunto de questionamentos propostos pela pesquisa de doutorado do historiador Daniel Mesquita, da PUC-Rio, autor da obra "Descobrimentos de Capistrano: a História do Brasil ´a grandes traços e largas malhas´", lançado este mês pela editora Apicuri. No livro, o autor explora um Brasil e um Capistrano em latência. Objeto e pesquisador em constante transformação. Daniel contextualiza um Capistrano de Abreu testemunha de eventos cruciais para a formação nacional como a proclamação da República e a abolição da escravidão, um pesquisador que contribuiu ativamente não apenas para o registro desse País em transformação, mas para a constituição de um novo campo de saber.

Para tanto, o autor carioca faz uso de densa documentação, analisando não apenas as obras de Capistrano, mas teóricos, biógrafos e cartas enviadas pelo cearense a contemporâneos. A partir do material reunido, Daniel divide o livro em duas etapas: a elaboração de uma noção de Brasil e brasilidade por Capistrano e a formação do historiador e da historiografia como ciência.

Encontrados no Instituto Histórico e Arqueológico do Ceará, "recortes de jornais colados em papéis de punho do historiador cearense", como o próprio Daniel descreve, deram-lhe a oportunidade de perceber Capistrano dialogando consigo mesmo. É nesse sentido que o pesquisador carioca inova: por buscar a essência de um Capistrano em formação, que substituía palavras nos originais dos próprios livros, evocando significados mais aproximados do que realmente procurava dizer. Trocara, por exemplo, "unidade brasileira" por "nacionalidade brasileira", ressaltando sua intenção de traduzir o que chamou de "história íntima".

Em resumo, o pesquisador carioca declara que as ambições de Capistrano se confundem com as de todo um povo, que mesmo sem perceber ou declarar, também ansiava pelo registro de sua trajetória, pela identificação dos personagens anônimos que o precedera. "O desejo de decifrar o sentido da experiência vivida pelos homens e de oferecer à nação uma narrativa de sua gênese, dá-nos testemunho daquilo que Capistrano considerava como o sentido de realização de sua própria vida", afirma Daniel.

História do Brasil
Descobrimentos de Capistrano Daniel Mesquita
Apicuri
2010
263 páginas
R$ 48



MAYARA DE ARAÚJO
ESPECIAL PARA O CADERNO 3
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** Rev. Bras. Hist. vol.30 no.59 São Paulo jun. 2010

 
Sumário
Rev. Bras. Hist. vol.30 no.59 São Paulo jun. 2010
Apresentação





Dossiê: História e historiadores



· Capistrano de Abreu, viajante
Gontijo, Rebeca





· Fazer história, escrever a história: sobre as figurações do historiador no Brasil oitocentista
Oliveira, Maria da Glória de





· O ofício do historiador e os índios: sobre uma querela no Império
Moreira, Vânia





· A institucionalização dos estudos Africanos nos Estados Unidos: advento, consolidação e transformações
Ferreira, Roquinaldo





· A teoria da história como hermenêutica da historiografia: uma interpretação de Do Império à República, de Sérgio Buarque de Holanda
Assis, Arthur





· História do Brasil para o "belo sexo": apropriações do olhar estrangeiro para leitoras do século XIX
Jinzenji, M�?nica Yumi; Galvão, Ana Maria de Oliveira




Artigos



· Um rei indesejado: notas sobre a trajetória política de D. Ant�?nio, Prior do Crato
Hermann, Jacqueline





· Novos elementos para a história do Banco do Brasil (1808-1829): crónica de um fracasso anunciado
Cardoso, José Luís





· A floresta mercantil: exploração madeireira na capitania de Ilhéus no século XVIII
Dias, Marcelo Henrique





· Subsistemas de comércio costeiros e internalização de interesses na dissolução do Império Colonial português (Santos, 1788-1822)
Moura, Denise Aparecida Soares de





· Modernizando a repressão: a Usaid e a polícia brasileira
Motta, Rodrigo Patto Sá




Resenhas



· The case for books: past, present and future
Araújo, André de Melo





· A experiência do tempo: conceitos e narrativas na formação nacional brasileira (1813-1845)
Caldas, Pedro Spinola Pereira





· Os índios na história do Brasil
Garcia, Elisa Fr�?hauf


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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

** Catálogo de jornais agora pode ser consultado pela internet

 
 Catálogo de jornais agora pode ser consultado pela internet


 
Já está disponível em nosso site o catálogo de jornais do Arquivo
Público do Estado, que possui uma das maiores hemerotecas de São
Paulo. Este novo instrumento de pesquisa facilita o acesso ao acervo
de jornais, pois permite que os pesquisadores conheçam, pela internet,
todos os títulos disponíveis para consulta. Até então, os consulentes
utilizavam apenas o catálogo impresso no salão de atendimento da
instituição.

Ao todo, 1.368 títulos foram catalogados pelo Núcleo de
Hemeroteca e Biblioteca do Arquivo Público. A busca pode ser feita por
título, região de SP (capital, bairros ou interior), Cidade, Estado ou
País. Uma das novidades deste catálogo é a “consulta detalhada†,
que informa quais datas do jornal desejado podem ser consultadas e
quais não constam no acervo. Este recurso já está disponível para
quase todos os títulos catalogados. Outra facilidade é que o
pesquisador pode consultar os títulos já digitalizados diretamente do
próprio catálogo.

A consulta aos jornais no original ou em microfilme é feita no
próprio Arquivo Público, localizado na Av. Cruzeiro do Sul, 1.777 â€"
Próximo a Estação Tietê do Metrô, São Paulo/SP. O atendimento ao
público acontece de terça a sábado, das 9h às 17h, sendo 16h o
horário-limite para solicitação de materiais

Acesse o catálogo pelo site:
http://www.arquivoestado.sp.gov.br/a_catalogojornais.php

Siga o Arquivo Público do Estado no Twitter:
www.twitter.com/ArquivoPublico[1]

Links:
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[1] http://www.twitter.com/ArquivoPublico
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C L A R I N D O
AMIGOS DO PATRIMÔNIO CULTURAL
amigosdopatrimonio@gmail.com
www.amigosdopatrimoniocultural.blogspot.com
(21)  9765-6038 ou 2656-9810










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    quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

    ** Curso de História Militar - Congresso Internacional de História Militar

     
    Curso de História Militar à distância : http://portal2.unisul.br/content/paginacursosvirtual/historiamilitar/index.cfm

    Congresso Internacional de História Militar: Rio 2011 http://www.cihm2011.com.br/

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      ** Simpósio Nacional de História - Inscrições em ST e Minicursos.

       
      XXVI SIMPÓSIO NACIONAL HISTÓRIA - ANPUH 50 anos

      De 17 a 22 de julho de 2011 na Universidade de São Paulo (USP)

      Inscrições Abertas para participação em Mini Cursos e Simpósios Temáticos.

      01 de janeiro a 21 de março de 2011
      Inscrições de trabalhos nos Simpósios Temáticos

      01 de janeiro a 30 de junho
      Inscrições nos Minicursos





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        ** NOTICIAS ANPUH-PR

         
        Veja em Noticias ANPUH/PR  http://www.pr.anpuh.org/:
        Catálogo de Jornais do Arquivo Público de São Paulo on line Novo número da Revista de História Regional Novo número dos Cadernos do Tempo Presente Lançamento: "Cem anos de Pentecostes no Brasil Capítulos de história do pentecostalismo no Brasil" é uma coletânea organizada por Alfredo dos Santos Oliva, professor adjunto da UEL, e Antonio Paulo Benatte, professor adjunto da UEPG. Nova Revista: Expedições: Teoria da História e Historiografia Concurso para a área de História na Universidade Federal do Ceará....prazo de inscrições prorrogados.


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          segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

          ** Casas importadoras ajudaram a transformar a cidade de Santos

           
          Casas importadoras ajudaram a transformar a cidade de Santos

          No final do século XIX, importador foi figura importante na cidade de Santos

          A cidade de Santos ao final do século XIX não foi somente um intermediário do comércio do café com o mundo, mas também recebeu uma figura histórica muito importante: o importador. Em sua pesquisa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, a pesquisadora e professora Carina Marcondes Ferreira Pedro mostra que as casas importadoras tiveram papel fundamental na cidade.
          Os importadores recebiam produtos vindos da Europa e vendiam para comerciantes, que os revendiam para outras cidades do estado, como São Paulo, ou mesmo em Santos. Segundo a pesquisadora, o contexto do período foi propício para essa atividade, pois o estado de São Paulo se sustentava com a produção de café. No entanto, a sua indústria era insipiente e, conforme cresciam as cidades enriquecidas com o café, mais produtos eram importados da Europa.
          Nesse processo, as casas importadoras colaboraram na transformação de Santos. "Eles (os importadores) intervieram muito na cidade, na organização das ruas. Por atuarem em Santos, acabavam tendo grande influência", comenta Carina.
          A pesquisadora aponta que uma das intervenções deles veio pela exigência de investimentos no porto. Em 1892, é inaugurado o primeiro trecho do porto de Santos; antes havia pontes de madeira onde atracavam os barcos e navios, e depois elas foram trocadas por um acostamento linear em amurada. As pontes de madeira tinham o empecilho de impedirem a entrada de embarcações maiores.
          Antes do porto, os importadores colaboraram para a instalação de bondes ao longo da década de 1870. Eles reivindicaram na Câmara Municipal a iluminação pública da cidade e também agiam localmente nas ruas e quarteirões onde ficavam seus escritórios, como ao alargar as ruas para melhorar a passagem dos transportes. Carina explica que as mudanças visavam o próprio benefício deles, mas acabava também atingindo a população: "Era uma atividade (dos importadores) que precisava das melhorias para se realizar".
          Além disso, por precisarem trabalhar com o porto, eles impulsionaram o desenvolvimento de Santos para o litoral. "A cidade de Santos antes era mais localizada no centro antigo, em Valongo. Depois de 1905, o perfil da região muda, expandindo a cidade para o litoral, com mais pessoas morando perto da praia", conta.
          Perfil dos importadores
          Na pesquisa, a professora detalhou quem era os donos das casas importadoras, as atividades que exerciam e os produtos que importavam. Ela constatou que quase todos os importadores no período estudado (de 1870 a 1900) eram estrangeiros, de diferentes países da Europa, como Inglaterra, França e Alemanha. "Por virem de fora e trabalharem aqui, eles conheciam profundamente a economia europeia e local. Os brasileiros não tinham condições de fazer isso porque não possuíam contatos suficientes lá fora", observa Carina.
          Os importadores traziam de tudo do velho continente: de produtos alimentícios, como bebidas alcoólicas, bacalhau e presuntos, até materiais de construção, matéria prima como carvão, ou mesmo móveis. As embarcações que os traziam faziam uma rota longa, passando por vários portos europeus, o que acabava diversificando os produtos trazidos.
          A pesquisadora enfatiza que quando eles chegavam no porto nem tudo era levado para a cidade de São Paulo ou outras cidades do estado; uma parte ficava em Santos. "Na cidade, ficava muitos produtos alimentícios, como vinhos", exemplifica Carina. Ela notou esse comércio interno a partir de anúncios de jornais da época, como o Diário de Santos.
          A pesquisa é fruto da dissertação de mestrado de Carina pelo Departamento de História da FFLCH, sob orientação da professora Heloisa Barbuy. Além de jornais, a pesquisadora consultou almanaques antigos e obras de propagandas feitas por editoras comerciais da época. Dado o papel dos importadores e a quantidade de produtos que chegavam no país pelo porto, a pesquisadora destaca o papel desempenhado pela própria cidade de Santos. "Santos, portanto, não foi somente um porto de passagem ou somente um porto do café", conclui.
          Mais informações: carinamfpedro@usp.br ou carinamfpedro@yahoo.com.br
            
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            ** Filme revela porões da tortura no país

             

            Filme revela porões da tortura no país

            Em documentário de 1971, ativistas nacionais mostram como era a repressão na ditadura
            (Trechos de "Brazil: a report on torture":  http://www.youtube.com/watch?v=ukKtMCLkc7Y )
            Evandro Éboli
            Quarenta anos depois, contundentes imagens de como se dava a tortura aplicada pela ditadura e desconhecidas no Brasil chegam timidamente ao país. No documentário "Brazil, a report on torture" ("Brasil, o relato de uma tortura"), parte do grupo de 70 ativistas da luta armada que foram trocados pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher, em 1971, relata e encena práticas como pau de arara, choque elétrico, espancamento e afogamento.
            O objetivo era denunciar no exterior o que ocorria nos porões da ditadura brasileira.
            O filme foi realizado em 1971, em Santiago, no Chile, para onde os brasileiros foram banidos. O documentário foi uma iniciativa dos cineastas americanos Haskel Wexler e Saul Landau, que estavam no Chile para produzir material sobre o presidente Salvador Allende e souberam da presença dos brasileiros.
            Quase todos os guerrilheiros que deram depoimentos não assistiram ao filme até hoje. Dois deles se suicidaram alguns anos depois: Frei Tito e Maria Auxiliadora Lara Barcelos, uma das mais próximas amigas da presidente eleita, Dilma Rousseff, no período da Var-Palmares, no início da década de 70.
            Nas imagens, os ativistas simulam vários tipos de tortura, como uma pessoa tendo seu corpo esticado, com pés e mãos amarrados entre dois carros. Simulam a "mesa de operação": sem roupa, ou só de cueca, o torturado deita na mesa, tem os braços e pernas amarrados nas extremidades e sofre pressão na espinha. Uma barra de ferro, no alto, tem um barbante amarrado aos testículos. A pessoa era obrigada a ficar por duas ou três horas na posição, suportando o peso do corpo com as mãos e braços.
            O GLOBO enviou cópia a alguns dos protagonistas, que somente agora tiveram acesso ao documentário e relembraram o depoimento.
            Jean Marc Van der Weid, hoje diretor de uma ONG de agricultura alternativa, defendeu a luta armada no filme como única maneira de o povo chegar ao poder no Brasil ditatorial:
            — Nunca tinha visto. Era um filme de denúncia contra a ditadura e produto de um momento inteiramente diferente de hoje. Não me lembrava nem do que falei. A ideia da luta armada era generalizada em quase todas as organizações de esquerda — disse Jean Marc, que era presidente da UNE quando foi preso e atuou na Ação Popular (AP). 

            OBS: Brazil, a Report on Torture é um documentário que foi produzido em 1971 com a colaboração do cineasta norte-americano Haskell Wexler, contando com depoimentos de brasileiros torturados e que se exilaram no Chile. O filme foi rodado com a colaboração de Saul Landau e Haskell Wexler.

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            Fabrício Augusto Souza Gomes





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              sábado, 18 de dezembro de 2010

              ** ARMANDA ÁLVARO ALBERTO

               

              Uma vida dedicada à educação






              "Mate com angu" é uma expressão famosa na Baixada. Batiza estabelecimentos comerciais e até mesmo um cineclube. Mas sua origem está em 1921, ano de inauguração da Escola Proletária de Meriti (que ficava em Duque de Caxias), uma das primeiras no Brasil a servir merenda. A ideia foi de sua fundadora, Armanda Álvaro Alberto, que lutou pela democratização do ensino e criou um colégio gratuito e aberto à comunidade, numa época em que a população da região, em sua maioria analfabeta, era devastada pela malária.
              A expressão foi cunhada pelo delegado Filinto Müller, que perseguiu Armanda durante a ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas, como conta a escritora Dalva Lazaroni no livro "Mate com angu, a história de Armanda Álvaro Alberto", lançado pela editora Europa (R$ 49,90), na Biblioteca Leonel Brizola no último dia 7.
              — A pressão contra a escola era tão grande que ela teve que mudar o nome da unidade da Escola Regional de Meriti. Achavam que a palavra "proletária" era vinculada ao comunismo — explica Dalva, que foi aluna de Armanda.
              A escritora explica que a expressão "mate com angu" tinha um tom pejorativo:
              — Mas, com o tempo, caiu no gosto da população. Armanda era acusada de subversiva e de fazer da escola um grande restaurante, mas argumentava: "Dá para aprender com fome? E com fome dá para viver?"
              A trajetória de Dona Armandinha, como era chamada por seus alunos, é contada ao longo de 590 páginas. A obra é resultado de 20 anos de pesquisas sobre cerca de seis mil documentos. Nas pesquisas, Dalva conseguiu a ilustração de um projeto de construção da segunda sede da escola, asssinado por Lúcio Costa em 1928. Além disso, o livro traz fotografias da família de Armanda: a mãe, Maria Teixeira da Mota e Silva; o pai, o cientista Álvaro Alberto da Silva, um dos precursores do estudo da pólvora no país; e o único irmão de Armanda, o oficial da Marinha Álvaro Alberto Motta da Silva, pioneiro no estudo da energia atômica, e que dá nome à usina nuclear de Angra dos Reis.



              RESUMO DE MATÉRIA DO CADERNO ELA- O GLOBO- P.3 DE 18/12/2010

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                ** ARTIGO - 110 anos de Gilberto Freyre. A contribuição de Freyre para a historiografia brasileira

                 

                110 anos de Gilberto Freyre.
                A contribuição de Freyre para a historiografia brasileira

                Jocemar Paulo de Lima*
                Daniel Luciano Gevehr**



                INTRODUÇÃO – Ao completar 110 anos do nascimento de Gilberto Freyre, pretende-se através deste artigo analisar este intelectual do inicio do século passado como um estudioso adiante de seu tempo. Suas teorias, suas abordagens foram bastante reconhecidas em vários países, levando o mesmo a receber diversas vezes o prémio de Honóris Causa em várias universidades europeias e norte-americana. Assim como as relações raciais, a visão positiva do autor sobre a colonização foi interpretada por seus críticos como um esvaziamento do conflito entre colonizador e colonizado. Outros autores, como Sergio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, obra contemporânea à de Freyre, viram na colonização portuguesa seu aspecto violento e predatório. Sendo este, o grande diferencial da ótica sobre as relações servis do Brasil Colônia e Império.
                O pernambucano Gilberto Freyre retratou em Casa-grande & senzala as relações sociais e o cenário do Brasil colonial a partir de sua terra natal, sob a influência da antropologia cultural norte-americana, sua formação acadêmica. Estudou as características socioculturais dos povos formadores da sociedade brasileira sob a ótica do relativismo, valorizando a mestiçagem, antes, depreciada e a contribuição do negro, antes ignorada. Através da exteriorização da intimidade da sociedade colonial, revelou o contexto em que foram criados os antagonismos que compõem a ordem social no Brasil de hoje.

                METODOLOGIA – Esta pesquisa está centrada na biografia e nas analises histórica, sociológicas e antropológicas que Gilberto Freyre realizou em suas principais obras: Casa-Grande e Senzala, 1933 e Sobrados e Mucambos em 1936. Se Casa-Grande e Senzala, tem como fio condutor o encontro entre culturas na origem da nação, a partir das características gerais da colonização portuguesa e da formação da família brasileira, realçando as influências culturais e o problema da miscigenação, em Sobrados e Mucambos, a narrativa gilbertiana se concentra na decadência do patriarcado rural. Destacamos ainda, nesse segundo volume que Gilberto Freyre focaliza o crescimento do pólo urbano brasileiro, pontuando-o com antíteses culturais, o viés sempre presente em todas as suas descrições da formação da nossa sociedade. De impacto forte nesse outro Brasil do século XIX, o processo modernizador descrito por Freyre é apresentado nas mudanças dos hábitos de vestir, de leitura, de consumo, Assim como em Casa-Grande e Senzala o patriarcalismo é chave explicativa da natureza da nossa formação social, da sua estruturação e mudanças, tal noção também é estratégica em Sobrados e Mucambos. No primeiro livro, a família é a unidade básica da sociologia freyriana, já que as instituições e o Estado português se encontravam distante da empresa colonial
                brasileira. Gilberto Freyre, como se sabe, torna esse conceito fundamento da sua explicação de questões tanto sociais como psicológicas que segregam, aproximam e tornam íntima a vida do homem brasileiro.
                Em Casa-Grande e Senzala, o autor mostra que o sistema das casas-grandes e senzalas acomodava relações sociais; em Sobrados e Mucambos, ele exibe com clareza as alterações das mesmas casas-grandes que se urbanizam em sobrados com requintes arquitetônicos europeus e passam a expressar novas relações de distanciamento entre ricos e pobres, brancos e gente de cor, casas-grandes e casas pequenas, conferindo grande importância à condição dos homens dentro de seu ambiente de moradia.
                RESULTADOS – Parte dos resultados desta pesquisa sobre a contribuição de Gilberto Freyre para a construção da pesquisa histórica do Brasil e as semelhanças entre a Nova História associada aos Annales e a história social, psico-história ou antropologia histórica de Gilberto Freyre; semelhanças que vão desde um interesse pela cultura material (alimentação, vestimenta e habitação) até um interesse pelas mentalidades e pela história da infância, temas que marcaram a publicação de Casa-grande & senzala. Estas semelhanças de abordagem foram reconhecidas tanto por Febvre como por Braudel quando descobriram a obra de Freyre no fim dos anos 30. Podemos destacar nesta breve pesquisa biográfica que Freyre aprendera seu estilo interdisciplinar na Universidade Columbia, um centro do movimento americano da 'nova história' no início do século.
                DISCUSSÕES E CONCLUSÕES – Contudo, pretendemos através deste artigo, destacar a grande contribuição de Freyre para a historiografia brasileira. O motivo desta pesquisa deu-se através da comemoração dos 110 anos do nascimento de Gilberto Freyre. Entendemos que já houve a superação da teoria da modernização da formação social brasileira, que fazia de Gilberto Freyre um teórico da "democracia racial", por ele descrever aquele processo de superação da condição do negro em mestiço embranquecido, inserindo-o na estrutura social. A nova valorização do pensamento gilbertiano, intrinsecamente relacionado com o realce conferido ao compartilhamento dos valores burgueses, vem trazendo uma nova apreciação da sua trilogia, dedicada ao estudo sobre a decadência do patriarcado rural e o desenvolvimento do urbano no Brasil. Se lermos Gilberto Freyre de Casa-Grande e Senzala e também de Sobrados e Mucambos, veremos que se trata de dois textos encadeados, mas bastante diferenciados: o primeiro, focalizando a miscigenação e sua relação com o processo de democratização social e o segundo, voltado para o tema da modernização social do Brasil.
                Graças á mudanças do olhar marxista, Gilberto Freyre estudioso da Antropologia histórica, está sendo aproximado à história das mentalidades. Esta justamente veio situar-se no ponto de junção entre o indivíduo e o coletivo, o longo tempo e o cotidiano, o inconsciente e o intencional, o estrutural e o conjuntural, o marginal e o geral.
                Contudo, este ensaio é uma tentativa de investigar um paralelo que não recebeu a merecida atenção, o paralelo entre a chamada "nova história" pregada e praticada na França a partir da década de 60 e a história que Gilberto Freyre escreveu a partir da década de 30.

                *Graduando em História pelas Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT
                **Professor do curso de História das Faculdades Integradas de Taquara - FACCAT. Doutor em História pela Universidade do Vale dos Sinos - UNISINOS.
                REFERÊNCIAS
                CARDOSO Ayres, M. Bandeira. Carlos Leão e Gilberto Freyre. Rio de Janeiro: Record, 2002, 892 p.
                Estudos Sociedade e Agricultura, 18, abril, 2002: 191-196.
                FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mucambos. Rio de Janeiro. Editora Record. 9ª edição. 1996.
                ___________ Ordem e progresso: processo de desintegração das sociedades patriarcal e semipatriarcal no Brasil sob o regime de trabalho livre, aspectos de um quase meio século de transição do trabalho escravo para o trabalho livre e da monarquia para a república. Lisboa: Livros do Brasil, s.d. 2v.
                ____________ CASA-GRANDE & senzala: formação da família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Lisboa: Livros do Brasil, [1957].
                ____________ Brasis, Brasil e Brasília: sugestões em torno de problemas brasileiros de unidade e diversidade e das relações de alguns deles com problemas gerais de pluralismo étnico e cultural. Lisboa: Livros do Brasil, 1960.
                HOLLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

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