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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

** O Escravismo Colonial: Obra-prima de Jacob Gorender ganha 5ª edição após 26 anos

Fonte: publicado em 20/10/2011 Por Comunicação Editora EFPA

Relançada pela Editora Fundação Perseu Abramo, a polêmica tese “Escravismo colonial” reinterpreta o legado de Gilberto Freyre, renova o marxismo brasileiro e consolida-se como a mais notável contribuição contemporânea acerca deste período histórico.

Reconhecido como um dos registros mais notáveis da historiografia recente do Brasil, O escravismo colonial, de Jacob Gorender, ganha 5ª edição pela Editora Fundação Perseu Abramo (EFPA). Publicado anteriormente entre o final da década de 1970 e a primeira metade dos anos 1980, o livro – na época, considerado polêmico por contestar as teses defendidas por pensadores devotos de Gilberto Freyre – debate a concepção histórica sobre o modelo de escravismo implantado no país e propõe a inserção do fenômeno entre as possíveis considerações sobre a formação do modelo de socioeconomia brasileira. O lançamento ocorre no mês de novembro.
Passados 26 anos desde a sua última edição, “O escravismo colonial” afirma-se como a mais sólida análise contemporânea acerca da argumentação gilbertiana sobre o sistema escravocrata implantado no Brasil colonial e suas consequências que perpassam a ascensão do capitalismo, em meados do século XIX, até os dias de hoje.
Gorender reinterpreta os clássicos modelos derivados de Freyre e desconsidera a suposta existência de um regime feudal brasileiro, subsistente ou paralelo ao sistema escravista. Sua tese de escravismo colonial suscita outra via para o entendimento da formação econômica do país, ao admitir o fenômeno como o grande responsável pelo fortalecimento da unidade lusitana na América Latina, em contraponto à fragmentação observada no território hispânico.
O autor convida o leitor a refletir sobre a estrutura e o sistema de produção escravista vigente no Brasil e afirma que este foi um método novo, temporal e específico deste espaço geográfico, objetivado pela produção mercantil para atender principalmente a demanda europeia. Portanto, esta forma peculiar de regime é diferente dos moldes do escravismo clássico, feudalismo e, ainda, do capitalismo, colocando o país numa situação de exceção em relação às culturas ocidentais durante todo este período histórico.
Sendo Gorender marxista desde a adolescência, “O escravismo colonial” dá novo fôlego para o marxismo brasileiro, ao acrescentar novas categorias de análise nos mesmos modos de produção. A obra reforça o conceito de materialismo histórico, pois, incrementa variações à fórmula de Karl Marx e o torna mais aplicável como ferramenta de estudo de sistemas econômicos que destoem dos europeus.
Jacob Gorender: intelectualidade excepcional
Nascido em Salvador, em 1923, Jacob Gorender é considerado hoje um dos mais importantes historiadores brasileiros. Filho de um judeu ucraniano socialista, frequentou a Faculdade de Direito de Salvador, onde militou na União de Estudantes da Bahia, durante o início de 1940.
Muito jovem, lutou na 2ª Guerra Mundial pela Força Expedicionária Brasileira. Foi membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB) – ao lado de personagens importantes, como Carlos Marighella – e trabalhou como jornalista nos principais veículos de esquerda daquele período. Em 1968, com o início dos anos de chumbo da ditadura militar, Gorender aproxima-se da militância armada e participa da fundação do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR).
Em janeiro de 1970, foi preso em São Paulo. Seguiram-se dois longos e traumatizantes anos de constantes torturas, mas também foi nesse período de Gorender teve forças para iniciar esta que atualmente é considerada a tese mais revolucionária sobre a formação socioeconômica brasileira, desde “Casa Grande & Senzala”. “O escravismo colonial” era publicado em 1978 pela editora Ática, com inesperado sucesso.
O preconceito contra seu autodidatismo intelectual o reservou à margem do campo acadêmico durante muitas décadas. Apenas em 1994, aos 71 anos, seu mérito foi reconhecido com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e passou a atuar como professor visitante no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP).
Atualmente, com 88 anos, vive entre livros e publicações, numa simpática casa de vila do bairro da Pompeia, na zona oeste da cidade de São Paulo.

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Sobre a EFPA
Fundada em 1997, a Editora Fundação Perseu Abramo é um espaço para o desenvolvimento de atividades de reflexão político-ideológica, estudos e pesquisas, destacando a pluralidade de opiniões, sem dogmatismos e com autonomia. Com mais de 180 livros em catálogo, a editora conta com autores importantes como Antonio Candido, Celso Furtado, Aloysio Biondi, Michael Löwy, Marilena Chaui, Lélia Abramo, Milton Santos, Maria da Conceição Tavares, Francisco de Oliveira, Maria Rita Kehl e Leandro Konder, entre outros. Para mais informações, acesse www.efpa.com.br e siga a EFPA no twitter (@editora_perseu).

Atualizado em 20/10/2011


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