 
  Estudo sobre o teatro em São Paulo de 1940 a 1968 e suas conexões com a cena intelectual, a universidade, a cidade e as questões de gênero está no livro Intérpretes da Metrópole
Atrizes e intelectuais
17/3/2011Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – Para compreender como São  Paulo se tornou, entre 1940 e o fim da década de 1960, um moderno polo do teatro  brasileiro, é preciso que a análise se estenda para além do universo teatral.  Abordando o teatro daquele período em suas conexões com a cidade, com a  universidade e a cena intelectual paulista e com as questões de gênero, a  professora Heloísa Pontes, do Departamento de Antropologia da Universidade  Estadual de Campinas (Unicamp), estudou a questão ao longo de sete anos.
O resultado é o livro Intérpretes da  Metrópole: História Social e Relações de Gênero no Teatro e no Campo  Intelectual, 1940-1968, que será lançado no dia 29 de março. A obra teve  apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações, o que foi  fundamental para a qualidade gráfica e editorial alcançada, segundo a  autora..
Heloísa, que também é pesquisadora do Núcleo de  Estudos de Gênero Pagu da Unicamp, explica que procurou escapar de uma abordagem  tradicional que trata o teatro como um fenômeno isolado da vida intelectual e  cultural, para pensá-lo em conjunto com a produção de novas linguagens e  instituições que modelaram a vida cultural da cidade de São Paulo no  período.
"Procurei explorar as intersecções entre o espaço  urbano, a universidade, as instituições culturais e as formas de sociabilidade,  para inscrever o teatro no interior de um quadro mais amplo de questões e  ligações", disse à
Agência FAPESP 
.
O estudo correspondeu à sua tese de  livre-docência, defendida em 2008 na Unicamp. Esse trabalho, por sua vez, foi  fruto de dois Projetos Temáticos financiados pela FAPESP, dos quais participou  como pesquisadora: Gênero, corporalidades, coordenado por Mariza Corrêa,  também do Pagu-Unicamp e Formação do campo intelectual e da indústria cultural no Brasil  contemporâneo, coordenado por Sérgio Miceli, da Faculdade de Filosofia,  Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).
O livro estabelece também um forte diálogo com  outro, Metrópole e cultura, de Maria Arminda do Nascimento Arruda,  professora do Departamento de Sociologia da FFLCH-USP. Maria Arminda, que também  fez parte da equipe do Temático coordenado por Miceli, foi orientadora do  doutorado de Heloísa, concluído em 1996.
"A questão fundamental era pensar a história  social do teatro, da universidade e da vida intelectual em um contexto que  permitiu o surgimento, em São Paulo, de algumas das companhias teatrais mais  importantes do Brasil naquela época", disse Heloísa.
A autora procurou fazer a análise do ponto de  vista das relações de gênero, investigando como diversas intelectuais e atrizes  se destacaram na época. "Observei algumas trajetórias particulares, com o  objetivo de pensar como essas mulheres conseguiam, por meio da consolidação de  seus nomes e de suas carreiras, adquirir a autoridade cultural, artística e  intelectual que fizeram delas protagonistas daquele momento cultural",  disse.
A cena cultural da época é contextualizada a  partir de um estudo comparativo entre os intelectuais paulistas da revista  Clima e os norte-americanos aglutinados em torno Partisan Review,  de Nova York.
"Tratava-se de um contexto de efervescência  cultural, com a vinda de diversos artistas que fugiam das perseguições durante a  Segunda Guerra Mundial, com a presença das missões estrangeiras que fundaram a  USP. Por outro lado, Nova York recebia uma onda de imigração marcada por grandes  intelectuais judeus. Em ambas as cidades, a presença desses europeus seria  fundamental para o adensamento da cena cultural. Até a década de 1920, os  intelectuais e escritores norte-americanos tinham a Europa como rota  obrigatória", explicou.
Grandes damas
Após a discussão do contexto, Heloísa compara as  trajetórias de três importantes críticas de cultura e escritoras: Lúcia Miguel  Pereira, Patrícia Galvão e Gilda de Mello e Souza.
Em seguida, o teatro brasileiro é abordado a  partir da análise da trajetória das chamadas grandes damas da cena teatral  nacional: Cacilda Becker, Maria Della Costa, Tônia Carrero, Nydia Licia, Cleyde  Yáconis e Fernanda Montenegro – todas provenientes do Teatro Brasileiro de  Comédia (TBC), criado em 1948.
"Diferentemente das intelectuais, que enfrentaram  muitos constrangimentos para estabelecer seus nomes, as atrizes tiveram o  respaldo de seus parceiros", disse Heloísa.
"Com exceção de Cleyde Yáconis, todas as seis  grandes damas, depois de deixarem o TBC, criaram suas próprias companhias, nas  quais eram as primeiras atrizes, tendo seus parceiros como empresários ou  diretores", contou.
Um dos capítulos do livro faz ainda uma análise  sobre a contribuição dos franceses Louis Jouvet e Henriette Morineau e do  brasileiro Décio de Almeida Prado para a consolidação do teatro moderno no  país.
Intérpretes da Metrópole: História Social  e Relações de Gênero no Teatro e no Campo Intelectual, 1940-1968  
Autor: Heloisa Pontes
Lançamento: 2011
Preço: R$ 89
Páginas: 464
Mais informações: www.edusp.com.br
Autor: Heloisa Pontes
Lançamento: 2011
Preço: R$ 89
Páginas: 464
Mais informações: www.edusp.com.br
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    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.
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