HISTÓRIA DO BRASIL COLONIAL PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU > HISTÓRIA DO BRASIL COLONIAL SÁBADOS, DAS 8H ÀS 16H30 OBJETIVOS - Sintetizar e atualizar os conhecimentos no campo da História do Brasil durante o período colonial, dando ênfase a realidade do Rio de Janeiro; - Promover o aprofundamento intelectual na área; - Propiciar a elaboração de trabalhos de conclusão de curso que ajudem a valorizar a área de estudos e permitam o desenvolvimento de novas pesquisas JUSTIFICATIVA O curso de pós-graduação em História do Brasil Colonial pretende formar profissionais capazes de ministrar o estudo da História no sentido de articular as diversas areas de produção historiográfica com a prática pedagógica. A estrutura curricular é concebida de forma a atender os princípios pedagógicos do ensino que inspiram a Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro. A criação do curso responde a urgência de formação dos quadros de profissionais que atendam à área de História Colonial, permitindo não só a troca de conhecimentos e experiências, como também o cumprimento da vocação humanística ao ampliar o acesso à produção de conhecimento e à qualificação profissional. O curso propõe a formação de profissionais que aliem uma perspectiva crítica da educação à análise e à compreensão dos vários domínios da vida social. Essa formação tem ainda uma preocupação universalista que articula o global ao local, permitindo aos futuros especialistas o pleno exercício da cidadania na conjuntura histórica em que se inserem. Pretende-se que esses profissionais recebam uma formação geral consistente e apropriada que o habilitem nessas áreas específicas de modo a introduzi-los a um só tempo no magistério e na pesquisa, tornando-os capazes de produzir e disseminar conhecimentos no campo da História Colonial do Rio de Janeiro. PÚBLICO-ALVO - Graduados em História, Ciências Sociais e Ciências Humanas que desejam especializar-se em História do Brasil; - Profissionais graduados em diferentes áreas de saber que visem o aperfeiçoamento profissional; - Alunos recém graduados que desejam um aperfeiçoamento maior em suas áreas, buscando a especialização para a qualificação profissional PRÉ-REQUISITO Os cursos de pós-graduação lato sensu estão abertos a todos os portadores de diploma de curso superior reconhecido pelo Ministério da Educação. HORÁRIO Sábados, das 8h às 16h30
PERÍODO O curso terá duração de 12 meses (360 h/a), excluindo o período de elaboração da monografia. MÓDULO JULHO/DEZEMBRO - de 30 de julho de 2011 a 17 de dezembro de 2011 MÓDULO FEVEVEIRO/JULHO - de 12 de fevereiro de 2012 a 14 de julho de 2012 VAGAS O curso será ministrado somente com um número mínimo de 30 alunos. CRITÉRIOS PARA CONCESSÃO DO TÍTULO O aluno deverá cumprir a frequência de, no mínimo, 75% da carga horária total de cada disciplina. O aproveitamento será aferido em processo de avaliação em que se obtenha um mínimo de 60% em cada disciplina. Para conclusão do curso, além de cumprir o que dispõe o regimento, o aluno deverá apresentar uma monografia de acordo com a área do curso pretendido. INVESTIMENTO 18 parcelas de R$ 240,00 (mensalidade com vencimento no dia 5 de cada mês) INÍCIO DAS AULAS DO MÓDULO I Sábado, 30 de julho de 2011, às 8 horas INSCRIÇÕES ABERTAS Taxa de inscrição R$ 60,00 A inscrição deverá ser realizada na secretaria da Faculdade mediante preenchimento da ficha de inscrição e apresentação da documentação. O boleto bancário para pagamento da taxa de inscrição será encaminhado pelo correio para o endereço indicado pelo candidato. DOCUMENTAÇÃO • cópia do diploma do curso superior • curriculum vitae • cópia do histórico escolar • cópia do documento de identidade • cópia do CPF • duas fotos 3 X 4 • certidão de nascimento ou casamento • título de eleitor • comprovante de residência • ficha de inscrição - preenchida na secretaria da Faculdade As inscrições apenas serão aceitas mediante apresentação da documentação (original e cópia) ADMISSÃO E ENTREVISTA O processo de seleção consiste numa entrevista com a coordenadora do curso e numa análise do curriculum vitae de cada candidato. A entrevista visa esclarecer dúvidas eventuais, além de apresentar a instituição ao futuro aluno. A Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro entrará em contato com os candidatos que fizerem a pré-inscrição online para agendar a data da entrevista. Para inscrições presenciais, a data da entrevista deverá ser agendada na secretaria da Faculdade no momento da inscrição. No dia agendado, o candidato deverá dirigir-se a secretaria da faculdade, no 6º andar, meia hora antes do horário marcado para a entrevista. Na ocasião, deverá entregar a documentação solicitada e preencher a ficha de inscrição. Após este procedimento, o candidato será encaminhado para a entrevista. DATAS DISPONÍVEIS PARA A ENTREVISTA Disponíveis em breve OBS: A Faculdade de São Bento entrará em contato por telefone para agendar o horário da entrevista em um dos dias especificados acima. Para inscrições presenciais, os horários deverão ser agendados na secretaria da faculdade no momento da inscrição. ORGANIZAÇÃO CURRICULAR O curso terá duração 360 horas/aula divididas em dois módulos, excluindo o período de elaboração da monografia. MÓDULO I A Corte Joanina e o Brasil: poder e política na época da Independência Escravidão e Antigo Regime: a experiência missionária Historiografia do Brasil Colonial Religiosidade e miscigenação Economia e sociedade na Colônia: Rio de Janeiro e Minas Gerais (séc. XVII-XVIII) Metodologia da pesquisa MÓDULO II A descoberta do ouro na América colonial: panoramas e perspectivas no império ultramarino português O Rio de Janeiro na desagregação do Império Português (1796-1820) O Rio de Janeiro Colonial: da fundação à sede do Vice-reinado do Brasil A 2ª Escolástica e a experiência colonial Relação Igreja e Estado: um projeto português para a Colônia Poder e ideias políticas na sociedade escravista colonial Metodologia da pesquisa COORDENAÇÃO DO CURSO Francisco Javier Müller Galdames - Mestre em História E-mail da coordenação: prof.javier@hotmail.com CORPO DOCENTE Alexandre de Paiva Rio Camargo - Mestre em História Denise Vieira Demetrio - Mestre e doutoranda em História Francisco Javier Müller Galdames - Mestre em História Lucia Cavalcante Reis Arruda - Doutora em Filosofia Nelson Cantarino - Mestre e doutorando em História Silvia Patuzzi - Mestre em História Simone Cristina de Faria - Mestre e doutoranda em História Jorge Victor Souza - Doutor em História Zina Maria de Teive e Argollo Valdetaro - Mestre em História Social da Cultura Waleska Souto Maia - Mestre em História Social da Cultura |
Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
** Jango, o conciliador
Jango, o conciliador
Lançando extensa biografia sobre João Goulart, historiador Jorge Ferreira fala sobre a importância do ex-presidente e afirma: ele não foi covarde, foi sensato
Ronaldo Pelli
Lançando extensa biografia sobre João Goulart, historiador Jorge Ferreira fala sobre a importância do ex-presidente e afirma: ele não foi covarde, foi sensato
Ronaldo Pelli
Tarefa, no mínimo, complexa, a que o historiador Jorge Ferreira se propôs: descrever o ex-presidente João Belchior Marques Goulart (1919-1976), em toda a sua humanidade. Não queria compactuar com o discurso que repete uma série de injúrias contra o político que foi, ao mesmo tempo, sucessor de Getúlio Vargas, e cunhado de Leonel Brizola, com quem teve uma amizade conturbada. Nem com o tom de vitimização, que o coloca numa posição passiva em relação ao golpe de 1964, que o tirou do poder. O resultado desse trabalho é o livro "João Goulart, uma biografia", um calhamaço de mais de 700 páginas, que tenta evidenciar um personagem indispensável para um episódio decisivo da história recente do Brasil.
Segundo Ferreira, professor titular de História do Brasil da UFF, foram dez anos de trabalho, em pesquisa ou redação, que não se concentraram apenas no período em que Jango estava em evidência. O livro tenta reconstituir da infância de Janguinho, no Rio Grande do Sul, ao fim de sua vida, no exílio, entre suas fazendas no Uruguai e na Argentina, onde morre, em mais um episódio envolvido em teorias que resvalam na conspiração.
Conspiração, aliás, que Jango enfrentou antes, durante e depois da presidência, vinda de todos os lados ideológicos, por ser, em tempos de radicalizações políticas, um homem que valorizava a democracia, o diálogo e a conciliação. Ferreira se atém aos fatos e tenta mostrar, na medida do possível, o que realmente aconteceu durante o governo Jango, trazendo à luz as ações - e suas consequências - do então presidente que desembocariam numa ditadura de 21 anos. Também apresenta como a figura de Goulart foi avaliada por pesquisadores em seguida: geralmente com um desprezo, além de desumano, desnecessário.
Em entrevista sobre o seu livro e seu biografado, o professor sugere que devemos pensar em Jango, não como um medroso que saiu do governo sem lutar, mas como um homem que evitou uma guerra civil e o derramamento de sangue de irmãos. "Jango, nesse aspecto, não foi covarde. Foi sensato", opina. Leia o restante da entrevista:
Revista de História - Qual era o objetivo de escrever "Jango"?
Jorge Ferreira - O livro tem o objetivo de retirar Jango do limbo do esquecimento em que ele se encontra. Embora tenha sido um personagem importante da vida política do país, as análises sobre ele, quando raramente surgem, via de regra o definem como demagogo, populista e incompetente ou, então, vítima da grande conspiração de empresários brasileiros em conluio com o governo norte-americano. Jango, quando é lembrado, é para ser culpabilizado ou vitimizado. Meu objetivo, no livro, é compreender o personagem. E somente compreendemos quando conhecemos.
Segundo Ferreira, professor titular de História do Brasil da UFF, foram dez anos de trabalho, em pesquisa ou redação, que não se concentraram apenas no período em que Jango estava em evidência. O livro tenta reconstituir da infância de Janguinho, no Rio Grande do Sul, ao fim de sua vida, no exílio, entre suas fazendas no Uruguai e na Argentina, onde morre, em mais um episódio envolvido em teorias que resvalam na conspiração.
Conspiração, aliás, que Jango enfrentou antes, durante e depois da presidência, vinda de todos os lados ideológicos, por ser, em tempos de radicalizações políticas, um homem que valorizava a democracia, o diálogo e a conciliação. Ferreira se atém aos fatos e tenta mostrar, na medida do possível, o que realmente aconteceu durante o governo Jango, trazendo à luz as ações - e suas consequências - do então presidente que desembocariam numa ditadura de 21 anos. Também apresenta como a figura de Goulart foi avaliada por pesquisadores em seguida: geralmente com um desprezo, além de desumano, desnecessário.
Em entrevista sobre o seu livro e seu biografado, o professor sugere que devemos pensar em Jango, não como um medroso que saiu do governo sem lutar, mas como um homem que evitou uma guerra civil e o derramamento de sangue de irmãos. "Jango, nesse aspecto, não foi covarde. Foi sensato", opina. Leia o restante da entrevista:
Revista de História - Qual era o objetivo de escrever "Jango"?
Jorge Ferreira - O livro tem o objetivo de retirar Jango do limbo do esquecimento em que ele se encontra. Embora tenha sido um personagem importante da vida política do país, as análises sobre ele, quando raramente surgem, via de regra o definem como demagogo, populista e incompetente ou, então, vítima da grande conspiração de empresários brasileiros em conluio com o governo norte-americano. Jango, quando é lembrado, é para ser culpabilizado ou vitimizado. Meu objetivo, no livro, é compreender o personagem. E somente compreendemos quando conhecemos.
"Jango, no ministério do Trabalho, aproximou-se do
movimento sindical e passou a dialogar com os trabalhadores
e líderes sindicais. Para a direita e os udenistas, tratava-se
de algo inconcebível para um ministro de Estado."
RHBN - Como você interpreta essas desqualificações ao ex-presidente João Goulart?
JF - Desde que Goulart entrou na vida pública, em fins de 1945, e, particularmente, quando foi identificado como pessoa próxima a Vargas, começaram as críticas sobre ele veiculadas na imprensa. Mas sua atuação como ministro do Trabalho desencadeou uma séria de ataques e insultos vindo dos setores conservadores, particularmente da UDN. O que incomodava os conservadores é que Jango, no ministério do Trabalho, aproximou-se do movimento sindical e passou a dialogar com os trabalhadores e líderes sindicais. Para a direita e os udenistas, tratava-se de algo inconcebível para um ministro de Estado. Daí surgiram as críticas: demagogo, manipulador, incompetente, instigador de greves, agitador etc. A estas denúncias de cunho político, juntaram-se outras, de cunho moral: mulherengo, alcoólatra etc. Quando, ao final de sua gestão no ministério, os opositores perceberam que Jango se tornara o herdeiro político de Getúlio Vargas, os ataques aumentaram ainda mais, surgindo a expressão "República sindicalista"
As imagens negativas sobre Goulart tomaram outra dimensão após o golpe militar de 1964. Os golpistas, civis e militares, passaram a desqualificar o regime democrático que derrubaram e a pessoa de Goulart em particular. Dele, os vitoriosos de 1964 retomaram os ataques formulados anteriormente, acrescido de adjetivos como corrupto, irresponsável, despreparado etc. Jango, no exílio, sequer podia se defender das acusações. As esquerdas, por sua vez, também contribuíram para o processo: "populista", por exemplo, foi conceito criado nas Universidades para desqualificar lideranças anteriores a 1964.
JF - Desde que Goulart entrou na vida pública, em fins de 1945, e, particularmente, quando foi identificado como pessoa próxima a Vargas, começaram as críticas sobre ele veiculadas na imprensa. Mas sua atuação como ministro do Trabalho desencadeou uma séria de ataques e insultos vindo dos setores conservadores, particularmente da UDN. O que incomodava os conservadores é que Jango, no ministério do Trabalho, aproximou-se do movimento sindical e passou a dialogar com os trabalhadores e líderes sindicais. Para a direita e os udenistas, tratava-se de algo inconcebível para um ministro de Estado. Daí surgiram as críticas: demagogo, manipulador, incompetente, instigador de greves, agitador etc. A estas denúncias de cunho político, juntaram-se outras, de cunho moral: mulherengo, alcoólatra etc. Quando, ao final de sua gestão no ministério, os opositores perceberam que Jango se tornara o herdeiro político de Getúlio Vargas, os ataques aumentaram ainda mais, surgindo a expressão "República sindicalista"
As imagens negativas sobre Goulart tomaram outra dimensão após o golpe militar de 1964. Os golpistas, civis e militares, passaram a desqualificar o regime democrático que derrubaram e a pessoa de Goulart em particular. Dele, os vitoriosos de 1964 retomaram os ataques formulados anteriormente, acrescido de adjetivos como corrupto, irresponsável, despreparado etc. Jango, no exílio, sequer podia se defender das acusações. As esquerdas, por sua vez, também contribuíram para o processo: "populista", por exemplo, foi conceito criado nas Universidades para desqualificar lideranças anteriores a 1964.
"Jango era um conciliador porque buscava o entendimento
entre as partes. Seu objetivo era alcançar acordos e
compromissos políticos."
RHBN - Ser um presidente "conciliador" num momento de exacerbações, como no início da década de 1960, foi o maior erro de Jango?
JF - Em 1961 o país estava à beira da guerra civil. Jango, ao aceitar o parlamentarismo, evitou o conflito de um país dividido e conseguiu, logo a seguir, unir a sociedade em torno da volta ao presidencialismo. Ao longo de seu governo, ele se esforçou para ter maioria parlamentar no Congresso Nacional. Para Jango, assim como para JK, era fundamental unir PSD-PTB para obter maioria parlamentar e isolar a direita, representada pela UDN. A estratégia de Jango era negociar as Reformas de Base via pactos entre pessedistas e trabalhistas. Mas em uma coalizão de centro-esquerda, as reformas não poderiam ser com o programa máximo, como queriam as esquerdas, mas nem também com um programa tímido, como queriam os pessedistas. Nesse sentido, Jango era um conciliador porque buscava o entendimento entre as partes. Seu objetivo era alcançar acordos e compromissos políticos. Ocorre que o PTB se esquerdizava desde os anos 1950 e a conjuntura internacional era marcada pelo contexto maniqueísta da Guerra Fria. Nesse clima, a aprovação das reformas negociadas no Congresso Nacional tornou-se inviável.
Goulart compreendeu o que ocorreu nos dias 31 de março e 1º de abril de 1964. Não eram pequenos grupos civis e militares isolados da sociedade que tentavam golpes. Tratava-se do conjunto das Forças Armadas com o apoio dos principais governadores de estados: Guanabara, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – com suas polícias militares e civis. Mais ainda, o presidente do Congresso Nacional conclamou os militares a deporem Goulart e o presidente do STF silenciou-se. O golpe também tinha o apoio dos meios de comunicação, do empresariado e de amplas parcelas das classes médias. Jango ainda soube, na manhã de 31 de março, que o governo norte-americano apoiaria em termos financeiros, diplomáticos e militares o governador mineiro Magalhães Pinto. Naquela manhã, ele também tomou conhecimento da chamada Operação Brother Sam.
JF - Em 1961 o país estava à beira da guerra civil. Jango, ao aceitar o parlamentarismo, evitou o conflito de um país dividido e conseguiu, logo a seguir, unir a sociedade em torno da volta ao presidencialismo. Ao longo de seu governo, ele se esforçou para ter maioria parlamentar no Congresso Nacional. Para Jango, assim como para JK, era fundamental unir PSD-PTB para obter maioria parlamentar e isolar a direita, representada pela UDN. A estratégia de Jango era negociar as Reformas de Base via pactos entre pessedistas e trabalhistas. Mas em uma coalizão de centro-esquerda, as reformas não poderiam ser com o programa máximo, como queriam as esquerdas, mas nem também com um programa tímido, como queriam os pessedistas. Nesse sentido, Jango era um conciliador porque buscava o entendimento entre as partes. Seu objetivo era alcançar acordos e compromissos políticos. Ocorre que o PTB se esquerdizava desde os anos 1950 e a conjuntura internacional era marcada pelo contexto maniqueísta da Guerra Fria. Nesse clima, a aprovação das reformas negociadas no Congresso Nacional tornou-se inviável.
Goulart compreendeu o que ocorreu nos dias 31 de março e 1º de abril de 1964. Não eram pequenos grupos civis e militares isolados da sociedade que tentavam golpes. Tratava-se do conjunto das Forças Armadas com o apoio dos principais governadores de estados: Guanabara, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul – com suas polícias militares e civis. Mais ainda, o presidente do Congresso Nacional conclamou os militares a deporem Goulart e o presidente do STF silenciou-se. O golpe também tinha o apoio dos meios de comunicação, do empresariado e de amplas parcelas das classes médias. Jango ainda soube, na manhã de 31 de março, que o governo norte-americano apoiaria em termos financeiros, diplomáticos e militares o governador mineiro Magalhães Pinto. Naquela manhã, ele também tomou conhecimento da chamada Operação Brother Sam.
"Jango deve ser valorizado por aquilo que não fez:
jogar o país em uma guerra civil que seria agravada
com a intervenção militar dos Estados Unidos."
Jango deve ser valorizado por aquilo que não fez: jogar o país em uma guerra civil que seria agravada com a intervenção militar dos Estados Unidos. É muito fácil acusar Jango de não liderar a guerra civil. Afinal, o sangue que correria seria dos outros, sobretudo da população civil. Jango, nesse aspecto, não foi covarde. Foi sensato. É preciso considerar, também, que os golpistas civis e militares não planejavam implantar uma ditadura de 21 anos. O objetivo era depor Goulart. O presidente acreditou que, em breve, a normalidade democrática retornaria ao país. Não foi o que aconteceu. Mas nós sabemos disso hoje. Os personagens que viveram aqueles acontecimentos não poderiam conhecer o futuro.
RHBN - Afinal: Jango foi assassinado ou teve uma morte "natural"?
JF - No livro, as considerações sobre a morte de Jango são similares as de Moniz Bandeira na última edição de seu livro. Há o caso do depoimento do uruguaio Mário Barreiro Neira. Preso no Brasil em presídio federal de segurança máxima, ele alegou ter trocado os remédios de Jango por veneno. As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público desqualificaram suas afirmações. Ele foi preso no Brasil por vários crimes, mas quer evitar a extradição para o Uruguai, onde também foi condenado por diversos assaltos. O ministro do STF, José Neri da Silveira, julgou que Neira não praticou crime político algum no Uruguai, mas, sim, contra o patrimônio. Pessoalmente, eu não descarto a possibilidade de atentado. Pode ter ocorrido. Mas, até o momento, não há prova alguma de que tenha sido efetivado. Jango, por sua vez, era um cardiopata. Seu primeiro acidente cardiovascular ocorreu ainda em 1962. Sofreu um enfarto em 1969. Além disso, levava uma vida sedentária, fumava, gostava de uísque, era hipertenso e alimentava-se de carnes gordurosas. No exílio, passou a sofrer um processo depressivo. Os remédios que controlavam a pressão arterial prejudicavam a produção de serotonina, deflagrando ou agravando a depressão.
Os boatos sobre o atentado surgiram porque sua morte foi próxima às de Juscelino Kubistchek e de Carlos Lacerda. Mas o historiador lida com provas e indícios. Desse modo, embora não tenha havido autópsia, a hipótese de morte natural é, no momento, a mais plausível.
RHBN - Por que há tantas acusações de corrupção contra Jango?
JF - No livro, o leitor pode conhecer as qualidades e os defeitos de Jango – como ocorre em qualquer ser humano. Sobretudo, me esforcei para mostrar suas ambigüidades – algo também humano. Mas não encontrará denúncias de corrupção. Goulart era um homem rico. Sua riqueza foi herdada do pai e multiplicada por ele antes de entrar para a vida pública em 1945. Ele não precisava roubar. Depois do golpe militar, Jango e JK sofreram uma série de acusações de práticas de corrupção, todas sem fundamentos, baseadas em calúnias e difamações. Mesmo sem poderem se defender, nenhuma acusação foi comprovada.
RHBN - O quanto Brizola ajudou e o quanto ele atrapalhou Jango na sua carreira política?
JF - João Goulart e Leonel Brizola mantiveram relações políticas de mútua dependência. Ao longo dos anos, Goulart apoiou politicamente Brizola no Rio Grande do Sul, enquanto Brizola apoiava Goulart no plano nacional. Foi Brizola que lutou, de maneira corajosa, pela posse de Jango na presidência da República durante a Campanha da Legalidade. Nesse episódio, Brizola teve um papel extremamente positivo, defendendo a Constituição e a legalidade democrática. Contudo, durante o mandato de Goulart na presidência da República, Brizola radicalizou à esquerda e tornou-se grande opositor do presidente. Diversos partidos e organizações de esquerda, sob a liderança de Leonel Brizola, fundaram a Frente de Mobilização Popular. Junto com o PCB, a FMP exigia que Goulart rompesse com o PSD e governasse apenas com as esquerdas – mesmo que perdesse a maioria no Congresso Nacional. Jango, nesse sentido, teve que enfrentar as oposições de direita, como Carlos Lacerda e a máquina anticomunista, e as de esquerda, sobretudo lideradas por Leonel Brizola. No conflito entre esquerdas e direitas, o regime da Carta de 1946 se desestabilizou e encontrou seu fim em 1º de abril de 1964.
RHBN - Afinal: Jango foi assassinado ou teve uma morte "natural"?
JF - No livro, as considerações sobre a morte de Jango são similares as de Moniz Bandeira na última edição de seu livro. Há o caso do depoimento do uruguaio Mário Barreiro Neira. Preso no Brasil em presídio federal de segurança máxima, ele alegou ter trocado os remédios de Jango por veneno. As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público desqualificaram suas afirmações. Ele foi preso no Brasil por vários crimes, mas quer evitar a extradição para o Uruguai, onde também foi condenado por diversos assaltos. O ministro do STF, José Neri da Silveira, julgou que Neira não praticou crime político algum no Uruguai, mas, sim, contra o patrimônio. Pessoalmente, eu não descarto a possibilidade de atentado. Pode ter ocorrido. Mas, até o momento, não há prova alguma de que tenha sido efetivado. Jango, por sua vez, era um cardiopata. Seu primeiro acidente cardiovascular ocorreu ainda em 1962. Sofreu um enfarto em 1969. Além disso, levava uma vida sedentária, fumava, gostava de uísque, era hipertenso e alimentava-se de carnes gordurosas. No exílio, passou a sofrer um processo depressivo. Os remédios que controlavam a pressão arterial prejudicavam a produção de serotonina, deflagrando ou agravando a depressão.
Os boatos sobre o atentado surgiram porque sua morte foi próxima às de Juscelino Kubistchek e de Carlos Lacerda. Mas o historiador lida com provas e indícios. Desse modo, embora não tenha havido autópsia, a hipótese de morte natural é, no momento, a mais plausível.
RHBN - Por que há tantas acusações de corrupção contra Jango?
JF - No livro, o leitor pode conhecer as qualidades e os defeitos de Jango – como ocorre em qualquer ser humano. Sobretudo, me esforcei para mostrar suas ambigüidades – algo também humano. Mas não encontrará denúncias de corrupção. Goulart era um homem rico. Sua riqueza foi herdada do pai e multiplicada por ele antes de entrar para a vida pública em 1945. Ele não precisava roubar. Depois do golpe militar, Jango e JK sofreram uma série de acusações de práticas de corrupção, todas sem fundamentos, baseadas em calúnias e difamações. Mesmo sem poderem se defender, nenhuma acusação foi comprovada.
RHBN - O quanto Brizola ajudou e o quanto ele atrapalhou Jango na sua carreira política?
JF - João Goulart e Leonel Brizola mantiveram relações políticas de mútua dependência. Ao longo dos anos, Goulart apoiou politicamente Brizola no Rio Grande do Sul, enquanto Brizola apoiava Goulart no plano nacional. Foi Brizola que lutou, de maneira corajosa, pela posse de Jango na presidência da República durante a Campanha da Legalidade. Nesse episódio, Brizola teve um papel extremamente positivo, defendendo a Constituição e a legalidade democrática. Contudo, durante o mandato de Goulart na presidência da República, Brizola radicalizou à esquerda e tornou-se grande opositor do presidente. Diversos partidos e organizações de esquerda, sob a liderança de Leonel Brizola, fundaram a Frente de Mobilização Popular. Junto com o PCB, a FMP exigia que Goulart rompesse com o PSD e governasse apenas com as esquerdas – mesmo que perdesse a maioria no Congresso Nacional. Jango, nesse sentido, teve que enfrentar as oposições de direita, como Carlos Lacerda e a máquina anticomunista, e as de esquerda, sobretudo lideradas por Leonel Brizola. No conflito entre esquerdas e direitas, o regime da Carta de 1946 se desestabilizou e encontrou seu fim em 1º de abril de 1964.
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**Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente HISTÓRIA DO BRASIL. Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.
Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
terça-feira, 19 de julho de 2011
** História do Brasil Colonial (Pós-graduação lato sensu) Inscrições abertas
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Pós-graduação lato sensu em História do Brasil Colonial.
Inscrições abertas. Acesse www.faculdadesaobento.org.br
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Telefones: (21) 2206-8281 e 2206-8310
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**Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente HISTÓRIA DO BRASIL. Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.
Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
segunda-feira, 18 de julho de 2011
** João Goulart: uma biografia / Obra expõe conceitos políticos e ambiguidades da época (Folha de S.Paulo, 16/07/2011)
CRÍTICA BIOGRAFIA
Obra expõe conceitos políticos e ambiguidades da época
DE SÃO PAULO
JOÃO GOULART, UMA BIOGRAFIA
AUTOR Jorge Ferreira
EDITORA Civilização Brasileira
QUANTO R$ 69,90 (714 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo
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Obra expõe conceitos políticos e ambiguidades da época
DE SÃO PAULO
Houve no Brasil uma geração que defendeu o nacionalismo e a necessidade de mudanças profundas nas estruturas sociais e econômicas.
João Goulart (1919-1976) foi um expoente dela. Achava que poderia fazer as reformas de base a partir de pactos numa coalizão multiclassista.
Não conseguiu. Com esse pano de fundo, Jorge Ferreira constrói com vivacidade a biografia de Jango, que há 50 anos chegava à Presidência no olho de um furacão político, militar e econômico. Trata das ambiguidades do personagem, enfatizando o contexto daqueles tempos polarizados.
Jango entrou na política conversando com Getulio Vargas. Eram vizinhos perto da fronteira oeste do extremo Sul do país, em São Borja. Getúlio estava no ostracismo.
Jango já era um rico estancieiro, exímio negociante de gado. Encampou o "queremismo" e o trabalhismo.
Advogado, levado ao centro do poder por Getulio, aos 34, virou ministro do Trabalho. Segundo Ferreira, sua atuação nesse cargo chocou a elite: incentivou a ação de sindicalistas, aproximou-se da esquerda e pressionou pela duplicação do valor do salário mínimo. A direita, que o enxergava apenas como um playboy, passou a classificá-lo como um agitador.
Getulio deixou com Jango uma cópia da carta-testamento. Com essa herança, ele "revigorou o trabalhismo", agregando um perfil mais ideológico, na avaliação do historiador.
"Getulio foi um nacionalista; Jango, um progressista". Foi vice de Juscelino Kubitschek (com mais votos). Depois, vice do traumático Jânio Quadros.
Com a renúncia, tomou posse na turbulenta implantação do parlamentarismo no país. Foi amparado pela surpreendente campanha da Legalidade de Leonel Brizola, que cindiu as Forças Armadas de forma inédita.
Um dos méritos do livro é expor muitos outros traços de Goulart, que teve sua história sempre encapsulada nos meses cruciais que antecederam a ditadura. Para ele, Jango "não propunha rompimentos, mas patrocinava compromissos". No ápice da crise, não reagiu por temer uma guerra civil.
Trazendo visões divergentes, o autor derrama os detalhes das articulações e pressões daquele momento: as atuações dos militares, das esquerdas, dos sindicalistas, dos empresários e dos EUA.
Trata das radicalizações. Das esquerdas embriagadas com a perspectiva de poder. Das insurreições militares. Das tramas arquitetadas por civis. Da atuação do governo norte-americano na derrubada da democracia.
"O medo do comunismo unificou as elites", escreve Ferreira. E levanta questões.
A acumulação capitalista precisava ali de autoritarismo? A esquerda estava à altura do desafio histórico? O golpe era inevitável? Por que o alardeado "dispositivo militar" não funcionou? Quais foram as diferenças do golpe de 64 em relação às outras rebeliões anteriores?
Para além do debate de fundo, Ferreira relata histórias da vida pessoal de Jango: a família, seus casos amorosos, o sucesso nos negócios, a depressão no exílio, a amargura por não ter um passaporte brasileiro (ganhou um paraguaio). Há passagens curiosas.
Numa delas, a mulher, Maria Thereza, conta como ficou surpresa ao preparar, na sua cozinha no apartamento em Montevidéu, carne mal passada para Jango e seu arqui-inimigo Carlos Lacerda. O político, que incentivara o golpe e se viu abatido por ele, procurou Jango para traçarem uma estratégia conjunta. "Como o mundo dá voltas", era o seu pensamento. (ELEONORA DE LUCENA - FOLHA DE S.PAULO)
João Goulart (1919-1976) foi um expoente dela. Achava que poderia fazer as reformas de base a partir de pactos numa coalizão multiclassista.
Não conseguiu. Com esse pano de fundo, Jorge Ferreira constrói com vivacidade a biografia de Jango, que há 50 anos chegava à Presidência no olho de um furacão político, militar e econômico. Trata das ambiguidades do personagem, enfatizando o contexto daqueles tempos polarizados.
Jango entrou na política conversando com Getulio Vargas. Eram vizinhos perto da fronteira oeste do extremo Sul do país, em São Borja. Getúlio estava no ostracismo.
Jango já era um rico estancieiro, exímio negociante de gado. Encampou o "queremismo" e o trabalhismo.
Advogado, levado ao centro do poder por Getulio, aos 34, virou ministro do Trabalho. Segundo Ferreira, sua atuação nesse cargo chocou a elite: incentivou a ação de sindicalistas, aproximou-se da esquerda e pressionou pela duplicação do valor do salário mínimo. A direita, que o enxergava apenas como um playboy, passou a classificá-lo como um agitador.
Getulio deixou com Jango uma cópia da carta-testamento. Com essa herança, ele "revigorou o trabalhismo", agregando um perfil mais ideológico, na avaliação do historiador.
"Getulio foi um nacionalista; Jango, um progressista". Foi vice de Juscelino Kubitschek (com mais votos). Depois, vice do traumático Jânio Quadros.
Com a renúncia, tomou posse na turbulenta implantação do parlamentarismo no país. Foi amparado pela surpreendente campanha da Legalidade de Leonel Brizola, que cindiu as Forças Armadas de forma inédita.
Um dos méritos do livro é expor muitos outros traços de Goulart, que teve sua história sempre encapsulada nos meses cruciais que antecederam a ditadura. Para ele, Jango "não propunha rompimentos, mas patrocinava compromissos". No ápice da crise, não reagiu por temer uma guerra civil.
Trazendo visões divergentes, o autor derrama os detalhes das articulações e pressões daquele momento: as atuações dos militares, das esquerdas, dos sindicalistas, dos empresários e dos EUA.
Trata das radicalizações. Das esquerdas embriagadas com a perspectiva de poder. Das insurreições militares. Das tramas arquitetadas por civis. Da atuação do governo norte-americano na derrubada da democracia.
"O medo do comunismo unificou as elites", escreve Ferreira. E levanta questões.
A acumulação capitalista precisava ali de autoritarismo? A esquerda estava à altura do desafio histórico? O golpe era inevitável? Por que o alardeado "dispositivo militar" não funcionou? Quais foram as diferenças do golpe de 64 em relação às outras rebeliões anteriores?
Para além do debate de fundo, Ferreira relata histórias da vida pessoal de Jango: a família, seus casos amorosos, o sucesso nos negócios, a depressão no exílio, a amargura por não ter um passaporte brasileiro (ganhou um paraguaio). Há passagens curiosas.
Numa delas, a mulher, Maria Thereza, conta como ficou surpresa ao preparar, na sua cozinha no apartamento em Montevidéu, carne mal passada para Jango e seu arqui-inimigo Carlos Lacerda. O político, que incentivara o golpe e se viu abatido por ele, procurou Jango para traçarem uma estratégia conjunta. "Como o mundo dá voltas", era o seu pensamento. (ELEONORA DE LUCENA - FOLHA DE S.PAULO)
JOÃO GOULART, UMA BIOGRAFIA
AUTOR Jorge Ferreira
EDITORA Civilização Brasileira
QUANTO R$ 69,90 (714 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo
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**Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente HISTÓRIA DO BRASIL. Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.
Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
** Encontrado submarino nazista afundado em águas brasileira em 1943
'É o primeiro naufrágio de submarino encontrado no Brasil', diz pesquisador
Fonte: G1
Embarcação foi localizada nesta quinta-feira (14), no litoral catarinense. Plano de buscas começou há dois anos e foi feito em veleiro.
Glauco Araújo
Do G1, em São Paulo
Equipe de pesquisadores analisam dados em computador de veleiro em SC
(Foto: Divulgação/Família Schurmann)
"Este é o primeiro naufrágio de submarino encontrado em águas brasileiras. Isso tem uma importância histórica e cultural muito grande", disse Rafael Medeiros Sperb, pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), que participou da operação de prospecção oceanográfica no Litoral de Santa Catarina. A equipe encontrou, na noite desta quinta-feira (14), o submarino alemão, prefixo U513, afundado na costa catarinense em 19 de julho de 1943, durante a 2ª Guerra Mundial.
Segundo ele, o fato de a expedição ter sido feita em um veleiro também é algo inédito. "Foi a primeira vez também que um levantamento desse porte foi realizado em um veleiro. Não temos registros de que isso tenha sido feito em outras ocasião", afirmou Sperb ao G1. Ainda de acordo com o pesquisador, este submarino é um entre os 11 que afundaram no mar brasileiro no período da guerra.
O trabalho foi realizado por pesquisadores do Instituto Kat Schurmann em parceria com a Univali. Ainda segundo a universidade, o submarino foi procurado por pesquisadores durante dois anos. A operação de prospecção oceanográfica começou no sábado (9) e deveria durar até sábado (16), mas o retorno da equipe foi antecipado em virtude do encontro do submarino.
De acordo com Sperb, a embarcação foi encontrada nas proximidades de São Francisco do Sul (SC), por volta das 22h desta quinta-feira. O submarino está encalhado a 75 metros de profundidade.
Segundo o pesquisador, foram afundados 11 submarinos alemães durante a 2ª Guerra Mundial em águas brasileiras. Vários grupos de arqueologia subaquática desenvolvem pesquisa para encontrar dados e informações sobre os locais dos naufrágios.
Equipes retiram equipamento que registrou imagens do submarino do fundo do mar no litoral de SC (Foto: Divulgação/Família Schurmann)
Pesquisadores colocam equipamento no mar para localizar submarino alemão no litoral de SC (Foto: Divulgação/Família Schurmann)
Pesquisadores colocam equipamento no mar para localizar submarino alemão (Foto: Divulgação/Família Schurmann)
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Fernanda das Graças Corrêa
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Departamento de Ciência Política/ Estudos Estratégicos
Sítio eletrônico: www.reebd.org
E-mail (1): fernanda.das.gracas@hotmail.com
E-mail (2): fernanda.das.gracas@bol.com.br
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** Um lugar para Jango / Entrevista com o Prof. Jorge Ferreira (UFF) - Folha de S.Paulo (16/07/11)
Um lugar para Jango
João Goulart, que há 50 anos chegava à Presidência, é resgatado do limbo da memória do país em biografia que faz análise distanciada de paixões políticas
João Goulart, que há 50 anos chegava à Presidência, é resgatado do limbo da memória do país em biografia que faz análise distanciada de paixões políticas
Bosco/Acervo UH - 11.nov.63/Folhapress![]() |
João Gourlart toma chimarrão em Goiás em 1963
ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO
Fraco, medíocre, demagogo. Fujão, covarde, traidor.ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO
Direita e esquerda carimbaram vários adjetivos na imagem de João Goulart, o presidente deposto pelo golpe militar de 1964.
Esquecido, quase sem lugar nos livros de história, Jango tem em torno de si silêncio. Jorge Ferreira, 54, professor de história do Brasil na Universidade Federal Fluminense, busca desinterditar a memória desse personagem com "João Goulart, uma Biografia".
Nesta entrevista, ele fala do livro e diz que populismo não é um conceito teórico, mas uma desqualificação política. "Populista é sempre o outro, aquele de quem você não gosta", afirma.
Folha - Por que o sr. resolveu fazer esse livro?
Jorge Ferreira - Estudei Getulio Vargas e o trabalhismo, daí a curiosidade sobre João Goulart. Foram dez anos de trabalho. Creio que chegou o momento de retirar Jango do limbo da memória do país.
Folha - Por que o sr. resolveu fazer esse livro?
Jorge Ferreira - Estudei Getulio Vargas e o trabalhismo, daí a curiosidade sobre João Goulart. Foram dez anos de trabalho. Creio que chegou o momento de retirar Jango do limbo da memória do país.
Ele foi um personagem importante, mas as análises sobre ele não se distanciam das paixões políticas. Ora é definido como demagogo e incompetente, ora como vítima de um grande conluio de empresários brasileiros com o governo norte-americano. Quis conhecer o personagem para compreendê-lo, e não julgá-lo.
E o que encontrou de novo?
O livro é um relato biográfico, enfocando sua vida política e privada. Evitei enfoques sensacionalistas. Talvez a maior novidade seja lembrar à sociedade brasileira que um dia Jango foi líder político de expressão. Como diz o historiador inglês Eric Hobsbawm, o papel do historiador é lembrar à sociedade o que aconteceu no passado. Foi o que eu fiz.
Quais foram as influências sobre Goulart?
Goulart, assim como Brizola, era jovem quando Vargas instituiu a ditadura. Ele entrou para a política no período democrático. Em 1945 e 1946, a democracia liberal tinha grande prestígio. As esquerdas e o trabalhismo associaram os ideais democráticos com o nacionalismo, o desenvolvimentismo, as leis sociais e o estatismo.
Quais foram as influências sobre Goulart?
Goulart, assim como Brizola, era jovem quando Vargas instituiu a ditadura. Ele entrou para a política no período democrático. Em 1945 e 1946, a democracia liberal tinha grande prestígio. As esquerdas e o trabalhismo associaram os ideais democráticos com o nacionalismo, o desenvolvimentismo, as leis sociais e o estatismo.
Nos anos 1950, o Estado interventor na economia e nas relações entre patrões e empregados era um sucesso na Europa. Os trabalhistas observavam a experiência inglesa com o programa de estatizações e também o sucesso da industrialização soviética, com o Estado interventor e planejador da economia.
Também culpavam os Estados Unidos pela pobreza da América Latina.
Por que há pouco dados sobre o empresariado em relação a Goulart e aos militares?
O golpe de 1964 não foi dado por empresários que usaram os militares. O golpe foi dado por militares com apoio empresarial. A Fiesp, em inícios de 1963, apoiou Goulart na efetivação do Plano Trienal. Ele teve apoio de setores conservadores, desde que estabilizasse a economia, controlasse a inflação e se distanciasse das esquerdas, sobretudo dos comunistas e dos grupos que apoiavam Brizola na Frente de Mobilização Popular.
Os grandes empresários, os políticos conservadores e a imprensa se afastaram de Goulart e passaram a denunciar o "perigo comunista" no segundo semestre de 1963, quando a economia entrou em descontrole e Jango se aproximou das esquerdas.
Com o comício de 13 de março de 1964, os golpistas crescem e se unificam. A revolta dos marinheiros foi a fagulha que faltava, desencadeando gravíssima crise militar. A crise do governo Goulart tem uma história. É preciso reconstituí-la, com documentos e provas, superando repetidos jargões.
No livro o sr. discute a questão do populismo. Por que populismo continua sendo um termo pejorativo?
Sou crítico em relação ao conceito de populismo. Populistas podem ser considerados Vargas e Lacerda, Juscelino e Hugo Chávez, Goulart e Collor, FHC e Lula.
No livro o sr. discute a questão do populismo. Por que populismo continua sendo um termo pejorativo?
Sou crítico em relação ao conceito de populismo. Populistas podem ser considerados Vargas e Lacerda, Juscelino e Hugo Chávez, Goulart e Collor, FHC e Lula.
Personagens tão diferentes, com projetos díspares, com partidos políticos distintos são rotulados sob o mesmo conceito.
Qualquer personagem político pode ser chamado de populista, basta não gostar dele. Populista é sempre o outro, o adversário, aquele de quem você não gosta.
Não se trata de um conceito teórico, mas de uma desqualificação política. Eu prefiro nomear os personagens assim como eram chamados na época: Jango era trabalhista, Lacerda, udenista, e Prestes, comunista.
Qual é o maior legado de João Goulart?
O governo Goulart foi o auge do projeto trabalhista, que começou com as políticas públicas dos anos 1930, em época de autoritarismo. Mas que se democratizou, se modernizou e se esquerdizou a partir da segunda metade dos anos 1950.
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domingo, 17 de julho de 2011
** Livro recupera cartas recebidas por JK durante construção de Brasília
Livro recupera cartas recebidas por JK durante construção de Brasília
'Brasília em 51 cartas' será lançado por pesquisadora em setembro.
Pessoas pediam lotes e emprego; JK é chamado até de 'magestade'.
'Brasília em 51 cartas' será lançado por pesquisadora em setembro.
Pessoas pediam lotes e emprego; JK é chamado até de 'magestade'.
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** Evento História & Direito - divulgação
Prezados(as),
convido para acessar página do Evento Interncional:
Seminário Internacional de História e Direito
Instituições políticas, poder e justiça
e solicito divulgarem.
Abraço
Edson Alvisi
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sexta-feira, 15 de julho de 2011
** SIMPÓSIO INTERNACIONAL HISTÓRIA AMBIENTAL E DESASTRES
Olá, gente, Segue o link do SIMPÓSIO INTERNACIONAL HISTÓRIA AMBIENTAL E DESASTRES, que será realizado entre 26 e 28 de outubro de 2011, na UNICENTRO, Guarapuava, Paraná. A inscrição de trabalhos vai até 15 de setembro de 2011. Trabalhos serão publicados em anais eletrônicos. Obrigado, Dr. Jó Klanovicz UNICENTRO. ![]() |
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