Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

III CICLO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM HISTÓRIA MILITAR

Prezados amigos!

A conferência de abertura do III Ciclo de Estudos e Pesquisas em História Militar ("História Militar: teoria, métodos, historiografia), com a palestra do Prof. Dr. Arno Wehling (IHGB) intitulada "A história militar: entre o pragmatismo e a teorização", foi realizada no dia 4 de outubro, na sede do IGHMB, Museu Casa de Deodoro. Foi um diálogo excelente, com cerca de 1h e 40 min de debate. 
Ficamos muito agradecidos, satisfeitos e entusismados com o professor conferencista e com os colegas que proporcionaram uma tarde fantástica de produção de conhecimento. Esse é o objetivo do CEPHIM!


Na próxima quarta-feira, dia 10 de outubro, às 14 horas, teremos um diálogo sobre historiografia naval brasileira. Participarão o Prof. Dr. José Miguel Arias Neto (UEL-UFF), e o Prof. Mestre Carlos André Lopes da Silva (DPHDM-UFRJ-IGHMB) que apresentará uma proposta metodológica para a reinterpretação das origens sociais dos oficiais da Armada Imperial em meados do século XIX.

A sede do IGHMB está alocada no Museu Casa de Deodoro, no Campo de Santana, Centro (de frente para a Central do Brasil).

Estão todos convidados! Nos enviem nome completo, grau de escolaridade e instituição que está vinculado.
Certificados entregues no dia!

Renato Restier (Coordenador)


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Atividade nos últimos dias:
        **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                        Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
     
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    quinta-feira, 4 de outubro de 2012

    Poderes femininos nos interstícios da ordem patriarcal




     
    Estudo destaca participação
    intensa das mulheres da elite
    rural brasileira nos diversos
    aspectos da vida cotidiana no
    fim do século 19 e início do
    século 20 (divulgação
    URL: agencia.fapesp.br/16281
    Fonte: Agência FAPESP

    Poderes femininos nos interstícios da ordem patriarcal

    04/10/2012
    Por José Tadeu Arantes
    Agência FAPESPAs mulheres da elite rural brasileira do fim do século 19 e início do século 20 podem ter exercido um papel muito mais ativo, dentro e fora do lar, do que deixou transparecer o discurso ideológico dominante.
    Para além da epiderme da ordem patriarcal, elas teriam sido centros de gravidade de famílias extensas, atuantes nos negócios e opinantes na política. Tal é a generalização que poderia ser feita a partir do caso singular – e exemplar – estudado por Marcos Profeta Ribeiro, professor da Universidade do Estado da Bahia.
    O estudo foi feito em mestrado orientado por Maria Odila Leite da Silva Dias, professora titular aposentada da Universidade de São Paulo, onde mantém atividades de orientação de mestrado e doutorado, e professora associada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e resultou no livro Mulheres e poder no Alto Sertão da Bahia, publicado com apoio da FAPESP.
    Ribeiro se ocupou do vasto acervo de cartas deixado por Celsina Teixeira Ladeia, irmã do educador Anísio Teixeira, idealizador da Universidade de Brasília e notável defensor da reforma educacional no país.
    Celsina (1887-1979) testemunhou, quando criança, a última década do século 19 e, como adolescente e adulta, as oito primeiras décadas do século 20. O livro enfoca um período específico da vida de Celsina, o quarto de século que se estendeu de 1901 a 1927.
    "Nesse trabalho, Ribeiro dá uma importante contribuição aos estudos das relações de gênero, ao investigar os espaços de autonomia, ocultados pelos papéis atribuídos às mulheres pela Igreja, pela cultura e pelas tradições das elites", disse Maria Odila.
    "As cartas, estudadas com argúcia pelo autor, são expressivas não apenas pelo que dizem, mas também e principalmente pelo que silenciam", afirmou a professora.
    Celsina era filha do coronel Deocleciano Pires Teixeira (chefe político do município de Caetité, no Alto Sertão da Bahia) e de Ana Spínola Teixeira, a terceira de três filhas do coronel Antonio de Souza Spínola (grande fazendeiro de Lençóis, na Chapada Diamantina), com as quais Deocleciano se casou sucessivamente.
    Fruto de um casamento que foi, antes de tudo, um arranjo político entre duas famílias poderosas, Celsina foi a segunda filha de sua mãe e quinta integrante da prole do pai – que teria um total de 14 filhos e filhas.
    "Sua intensa atividade epistolar, iniciada aos 14 anos de idade, em 1901, estendeu-se até meados da década de 1960. Dessas mais de seis décadas de produção resultou um espantoso acervo de 1,5 mil cartas, emitidas ou recebidas", disse Ribeiro.
    Ribeiro esmiuçou parte desse legado, estudando as cartas produzidas até 1927, quando, em decorrência do estresse sofrido com a prolongada doença e a morte do marido (o fazendeiro e farmacêutico José Antônio Gomes Ladeia, neto do Barão de Caetité) e as primeiras manifestações da doença mental que afetou seu único filho (Edvaldo Teixeira Ladeia, morto precocemente aos 35 anos), Celsina viveu um severo, mas rapidamente superado, episódio de depressão, ou, como foi diagnosticado na época, uma enfermidade causada por "incômodos nervosos".
    Essas cartas colocam diante de nossos olhos uma mulher muito ativa, não apenas na gestão do lar, mas também na administração das fazendas, na promoção da filantropia e nas articulações de bastidores da política local.
    "Celsina mantinha uma rigorosa contabilidade, tomava decisões em relação aos empregados, planejava investimentos para enfrentar as graves secas que castigavam o sertão, estava a par das variações do preço do gado e sabia aproveitar as melhores ofertas dos compradores e recusar as oportunidades de risco", disse Maria Odila.
    Dotado da singularidade que caracteriza cada trajetória humana, o caso de Celsina não foi, no entanto, único. A vasta documentação estudada por Ribeiro desvelou uma participação intensa das mulheres da elite local nos diversos aspectos da vida cotidiana.
    Tanto que, em seu trabalho de doutorado, Ribeiro pretende ampliar o foco, estudando as trajetórias de outras mulheres, inclusive da mãe de Celsina, Ana Spínola Teixeira.
    "Os documentos sugerem uma revisão da questão patriarcal. Por meio deles, percebemos que as mulheres da elite exerceram poderes difusos e periféricos que não transparecem ao primeiro olhar. E constatamos que o ambiente doméstico era um espaço de articulação do poder público", disse Ribeiro.

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      quarta-feira, 3 de outubro de 2012

      novo fascículo de Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica

       


      Prezada/os:
      Informamos que o novo fascículo de Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica on-line está disponível em http://www.historia.uff.br/revistapassagens/sumarios.php. Com esta publicação, completamos quatro anos de existência do periódico.
      Passagens recebe artigos em quatro línguas (português, espanhol, inglês e francês) em fluxo contínuo e, no momento, está em duas bases de indexadores:D.O.I (Digital Object Identifier) e Dialnet DIALNET (Portal Bibliográfico - Universidad de la Rioja, Espanha)
      Abraço cordial,
      Gizlene Neder & Gisálio Cerqueira Filho (Editores).

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        segunda-feira, 1 de outubro de 2012

        Morre Eric Hobsbawm, um dos maiores historiadores do século 20




        Morre Eric Hobsbawm, um dos maiores historiadores do século 20

        Fonte: BBC Brasil em 1 de outubro, 2012
        Eric Hobsbawm | Crédito da foto: Getty
        Historiador Eric Hobsbawm morreu aos 95 anos em Londres.

        Um dos mais influentes historiadores do século 20, o britânico Eric Hobsbawm morreu nesta segunda-feira em Londres aos 95 anos, confirmaram familiares.
        Em entrevista à imprensa, a filha de Hobsbawn, Julia, disse que seu pai morreu no início da manhã no Royal Free Hospital, onde ele se tratava de uma pneumonia.
        "Sua ausência será imensamente sentida não só por sua esposa de mais de 50 anos, Marlene, por seus três filhos, sete netos e bisnetos, mas também por muitos leitores e estudantes ao redor do mundo", informou um comunicado da família.
        A reputação do historiador deve-se, principalmente, a quatro obras escritas por ele, entre elas "Era dos Extremos: o Breve Século 20: 1914 - 1991", livro que foi traduzido em 40 línguas.
        De família judia, Hobsbawm nasceu na cidade de Alexandria, no Egito, em 1917, o mesmo ano da Revolução Russa, que representou a derrocada do czarismo e o início do comunismo no país.
        Não por coincidência, a vida do historiador e seus trabalhos foram moldados dentro de um compromisso duradouro com o socialismo radical.
        O pai de Hobsbawm, o britânico Leopold Percy, e sua mãe, a austríaca Nelly Grün, mudaram-se para Viena, na Áustria, quando o historiador tinha dois anos e, logo depois, para Berlim, na Alemanha.
        Hobsbawm aderiu ao Partido Comunista aos 14 anos, após a morte precoce de seus pais. Na ocasião, ele foi morar com seu tio.
        Em 1933, com o início da ascensão de Hitler na Alemanha, ele e seu tio mudaram-se para Londres, na Inglaterra. Após obter um PhD da Universidade de Cambridge, tornou-se professor no Birkbeck College em 1947 e, um ano depois, publicou o primeiro de seus mais de 30 livros.
        Hobsbawm foi casado duas vezes e teve três filhos, Julia, Andy e Joshua.
        Na década de 80, Hobsbawm comentou sobre sua fuga da Alemanha. "Qualquer um que viu a ascensão de Hitler em primeira mão não poderia ter sido ajudado, mas moldado por isso, politicamente. Esse garoto ainda está aqui dentro em algum lugar - e sempre estará".

        Obra

        Entre as obras mais conhecidas de Hobsbawm, estão os três volumes sobre a história do século 19 e "Era dos Extremos", que cobriu oito décadas da Segunda Guerra Mundial ao colapso da União Soviética.
        Já como presidente do Birkbeck College, ele publicou seu último livro, "Como mudar o mundo - Marx e o marxismo 1840-2011", no ano passado.
        O historiador afirmou que ele tinha vivido "no século mais extraordinário e terrível da história humana".
        Marxista inveterado, ele reconheceu a derrocada do comunismo no século 20, mas afirmou não ter desistido de seus ideais esquerdistas.
        Em abril deste ano, Hobsbawm disse ao colega historiador Simon Schama que ele gostaria de ser lembrado como "alguém que não apenas manteve a bandeira tremulando, mas quem mostrou que ao balançá-la pode alcançar alguma coisa, ao menos por meio de bons livros".

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          domingo, 30 de setembro de 2012

          Debate, homenagem e Círculo de Leitura







          Debate: As esquerdas e o antissemitismo
          As relações entre os movimentos/partidos de esquerda e os judeus sempre foram, historicamente, complexas. Houve momentos de grande aproximação e entusiasmo, outros de rancor e desencanto. Nas últimas décadas, as oscilações dos acontecimentos políticos no Oriente Médio trouxeram novos elementos a essas relações, resultando, com preocupante frequência, em episódios de sectarismo e/ou antissemitismo.
          Nós, da ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação, achamos fundamental criar pontes para dialogar com representantes do pensamento e da práxis de esquerda. Sem fugir de temas delicados, identificando aliados na luta contra o preconceito e com o compromisso de isolar os antissemitas e seus simpatizantes. Por isso, estamos organizando uma série de debates para entender as posições de pensadores e militantes sobre o antissemitismo. Sempre com mesas formadas por um intelectual e um representante de partido político de esquerda.
                  Para inaugurar a série, os debatedores serão Luis Edmundo Moraes (doutor em História pelo Centro dePesquisas sobre o Antissemitismo, da Universidade de Berlim; professor de História da UFRRJ; coordenador do Núcleo de Estudos da Política, da UFRRJ) e Eduardo Gonçalves Serra (doutor em Engenharia Oceânica pela COPPE/UFRJ; professor adjunto da Escola Politécnica da UFRJ; membro do Comitê Central do PCB – Partido Comunista Brasileiro).
          Dia 30 de setembro, domingo, às 18 horas, na sala de vídeo da ASA (rua São Clemente, 155). Entrada franca.
          Venha e participe deste importante diálogo democrático.

          Coral canta na ALERJ
                  Por iniciativa do deputado Paulo Ramos, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro presta, no dia 2 de outubro, uma homenagem a Maurício Grabois, por ocasião do 100º aniversário de seu nascimento.
                  Filho de judeus russos que emigraram para o Brasil em 1905, Maurício foi deputado constituinte em 1946 pela legenda do PCB. Dedicou a vida inteira às causas progressistas. Foi assassinado na região do Araguaia, no Natal de 1973, onde participava de um movimento guerrilheiro contra a ditadura militar brasileira.
                  Convidado pela família, o Coral da ASA terá a honra de participar da homenagem, interpretando três canções.



          Convidada especial no Círculo de Leitura
                  O próximo Círculo de Leitura da ASA será no dia 2 de outubro, terça-feira, às 15:30 horas, na sala de vídeo. Desta vez, teremos a ilustre presença de Isabel Lustosa. Doutora em Ciência política e pesquisadora titular da Fundação Casa de Rui Barbosa, Isabel escreveu muitos livros. Um deles, "História do Brasil explicada aos meus filhos" (editora Agir, 2007), será comentado pela autora.
                  Venha participar deste encontro. Entrada franca.



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            quarta-feira, 26 de setembro de 2012

            Abertas as inscrições: XXVII Simpósio Nacional de História.

            XXVII Simpósio Nacional de História

            Conhecimento histórico e diálogo social

            Natal - RN, 22 a 26 de julho de 2013



            A Anpuh Brasil tem a satisfação de convidar a comunidade de pesquisadores para o XXVII Simpósio Nacional de História, evento que ocorrerá de 22 a 26 de julho de 2013 na UFRN, em Natal - RN.


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            Att,

            Secretaria da Anpuh-Rio
            www.rj.anpuh.org


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            Att,

            Secretaria da Anpuh-Rio
            www.rj.anpuh.org

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              Entrevista com Manolo Florentino (UFRJ)


               


              Leituras da Escravidão

              Em entrevista exclusiva ao Café História, Manolo Florentino, especialista em escravidão no Brasil, fala sobre a complexidade e a riqueza de interpretações que o tema oferece ao historiador
              O historiador capixaba Manolo Florentino, docente do Instituto de História da UFRJ, é hoje uma das maiores referências em escravidão no Brasil. Sua obra mais famosa, "Arcaísmo como Projeto", escrita em parceria com o historiador João Fragoso (UFRJ), se tornou leitura obrigatória entre estudantes de história e completa 20 anos em 2013. Na entrevista dada ao Café História, Florentino comenta sobre o sucesso do livro, mas vai muito além: fala de sua trajetória acadêmica, sobre suas mais recentes pesquisas e, claro, sobre o panorama dos estudos sobre escravidão no Brasil. Revela, por exemplo, que a historiografia brasileira sobre escravidão não gira apenas no que é produzido no "Eixo Rio-São Paulo". Segundo o professor da UFRJ, "a novidade dos anos recentes tem sido o Norte e o centro Oeste". Mas não vamos falar mais e estragar as surpresas, não é mesmo? Confira a entrevista, deixe seus comentários e, se possível, ajude a divulgar essa entrevista nas redes sociais que você faz parte.

              CAFÉ HISTÓRIA: Professor, o senhor cursou a graduação, o mestrado e o doutorado em um momento em que boa parte da intelectualidade, dos políticos e das pessoas em geral buscava repensar a experiência histórica brasileira (1977-1991). Escolher a escravidão como tema de especialização tem a ver com esse momento?
              MANOLO FLORENTINO: Escolher graduar-me em História, sim, foi uma opção que certamente guardou alguma relação com a conjuntura política brasileira dos anos de chumbo. Naquela época, mais do que hoje, muitos dos jovens que elegiam estudar História ou outras ciências sociais faziam-no com a ingênua pretensão de adquirir instrumentos para melhor compreender o mundo – em particular o nosso país – e atuar. Eram tempos de maior engajamento, de maior "politização", com enorme peso acadêmico das diversas vertentes do marxismo. Estava-se contra ou a favor e pronto, não precisava justificar. O ambiente era tão polarizado que, certa vez, reagindo de modo evidentemente pueril às noções de representação social dos então novos pós-modernistas, um de nossos mais famosos marxistas foi visto nos corredores de sua universidade dando socos na parede a gritar – "o real existe!, o real existe!".
              Mas se estudar história de algum modo resultou do clima cultural e político da época, eleger o escravismo como campo de especialização foi algo absolutamente fortuito. Me explico. No início dos anos 80 tive a chance de fazer mestrado no Colégio do México (Colmex), uma instituição de grande prestígio no âmbito acadêmico latino-americano. Recém-graduado, eu andava doido para sair do Brasil, não importando muito para onde nem para estudar o quê. Por então a Unesco buscava criar uma pós-graduação em Estudos Africanos em algum país da América Latina e o lugar óbvio deveria ser o Brasil. Creio que questões políticas levaram o projeto para o Colégio do México, e eu fui junto. Comecei a estudar a história social do tráfico atlântico de escravos de um ponto de vista africano, suas consequências econômicas, sociais etc. Anos depois, ao regressar ao Brasil, me dei conta de que a única maneira de utilizar o conhecimento acumulado em África era embrenhar-me pela escravidão brasileira. Em suma, adentrei a escravidão pela porta da África, uma África distante da cálida Mãe Preta que os mitos de origem insistiam em veicular, da qual os anos de estudo no exterior me ajudaram a esconjurar.

              CAFÉ HISTÓRIA: Por muitos anos, o escravo apareceu em trabalhos de história apenas como uma peça no sistema colonial, alguém que se sujeitava a uma força muito maior que ele. Hoje, no entanto, sabemos que a realidade era bem diferente. O escravo fazia parte de uma rede bastante ampla, onde havia algum espaço para negociações. Mas o que exatamente isso quer dizer? A escravidão deve ser compreendida para além da violência e da coerção?

              MANOLO FLORENTINO: Creio que a escravidão nos espanta porque atenta contra uma conquista muito recente da humanidade: os direitos do indivíduo. Talvez por isto uma parte de nossa historiografia opere em um registro abolicionista, como se ainda fosse necessário inventariar os horrores da escravidão para denunciá-los. Com isso se perde aquilo que, em minha opinião, representa um de seus aspectos mais intrigantes, que é o fato do escravismo se constituir uma ordem cultural extremamente estável e rica. Se lermos com atenção a Gilberto Freyre, observaremos que ser este um dos sentidos de sua observação segundo a qual a África civilizou o Brasil.
              É claro que para a estabilidade do cativeiro colaboraram a violência e a coerção. Entretanto, a escravidão não era apenas uma relação de trabalho, mas também e principalmente uma relação de poder. Isso significa que sua reprodução se sustentava em grande medida na esfera política. Daí parecer-me tão importante aprofundar o estudo de instituições como a família escrava (um fator de ordem antropológica) e a incessante busca por parte dos escravos em obter algum controle sobre seu tempo de trabalho. Sobretudo em países como o Brasil, estratégias que levavam à formação de famílias e à adoção do trabalho por tarefas foram fundamentais para a acumulação de pecúlio e a obtenção da alforria. Aliás, observe-se que não temos ainda uma noção mais clara do peso demográfico das manumissões em nossa história, razão pela qual não sabemos se a população escravizada e liberta conhecia ou não índices positivos de reprodução natural, como ocorria em algumas áreas do sul dos Estados Unidos e em Barbados. Parece que isto também acontecia em Minas Gerais e no Espírito Santo. De todo modo, quanto mais descobrirmos regiões onde a população escrava e liberta obtinha saldos positivos de reprodução natural, mais nos afastaremos da demografia plantacionista devoradora de homens inventada por Joaquim Nabuco.

              CAFÉ HISTÓRIA: A mobilidade social parece ser um dos temas mais interessantes e desafiadores para os historiadores que se debruçam sobre ao tema da escravidão no Brasil. A miscigenação foi a principal estratégia de mobilidade ou podemos citar outras?
              MANOLO FLORENTINO: Eu diria que a miscigenação racial, um dos traços característicos do Brasil escravista, somente pode ser decifrada por meio da mobilidade social. Sabemos terem sido altas as taxas anuais de alforrias, sobretudo nas cidades, com amplo predomínio de manumissões de mulheres escravizadas. Semelhante perfil pode ter várias razões, mas para mim uma das principais era a clareza por parte dos escravos de que os filhos herdavam o estatuto jurídico das mães. Ora, uma vez na civitas, com quem se encontrava essa imensa quantidade de mulheres que ascendiam socialmente por meio das alforrias? Com seus maridos escravizados, que ajudavam a libertar, com alforriados com os quais se casavam, e com homens brancos pobres provenientes de norte de Portugal e das ilhas atlânticas, cujo número superava o de mulheres portuguesas em uma proporção que não raro alcançava 9 por 1. O que nossos historiadores demógrafos têm demonstrado é que se tratava de homens desvalidos cuja ilusão de enriquecer ("fazer o Brasil") e regressar a Portugal se esvaía em poucos anos. Acabavam, pois, por se estabelecer definitivamente na colônia e exercitavam um critério de escolha matrimonial que dista um pouco do que Gilberto Freyre chamava de "plasticidade" sexual do homem lusitano: primeiro buscavam casar com as poucas portuguesas existentes, depois com as mulheres brancas nascidas na colônia; esgotados estes mercados matrimoniais, buscavam as mestiças e negras, inclusive as mulheres forras. Logo, na base de nossa miscigenação estaria a pobreza pura e simples, que promovia o encontro entre as cativas que alcançavam a civitas e os homens pobres de origem lusitana. A miséria partejou o nosso famoso "pardo".

              CAFÉ HISTÓRIA: O livro "O Arcaísmo como Projeto", escrito pelo senhor e pelo professor João Fragoso (UFRJ), tornou-se uma obra de referência na historiografia brasileira. Uma de suas maiores contribuições foi compreender a economia colonial brasileira a partir de sua própria elite, a partir de sua lógica e de suas dinâmicas. Como a relação escravo-senhor se inscreve nesta perspectiva historiográfica?
              MANOLO FLORENTINO: "O Arcaísmo como Projeto" ainda hoje me surpreende, especialmente por sua vitalidade teórica. Um dos problemas que na época de seu lançamento eu e Fragoso tentávamos compreender era a imensa capacidade de reprodução da economia colonial, sobretudo em fases B (de retração) do mercado internacional. A escravidão aparecia então como uma das variáveis centrais, na medida em que, por reproduzir-se por meio do tráfico atlântico, permitia acesso a trabalho barato. O cerne da questão radica na separação promovida pela produção social do escravo na África entre o valor do cativo enquanto ser de cultura e seu preço de mercado, baixo pois em geral tratava-se de um prisioneiro de guerra. O baixo preço de mercado do escravo se transmitia em cadeia através do Atlântico e chegava às fazendas e cidades da América portuguesa. Combinado ao ínfimo valor social da terra e dos alimentos, o reduzido custo social do escravo representava uma variável fundamental para o contínuo crescimento da economia colonial, independentemente das fases de retração do mercado internacional.

              CAFÉ HISTÓRIA: Como foi a repercussão do lançamento deste livro no âmbito acadêmico, sobretudo por parte dos historiadores que tiveram suas teses contrariadas?
              MANOLO FLORENTINO: Visávamos contrapor um modelo consistente à teoria da dependência, dominante na historiografia brasileira desde os escritos de Caio Prado Júnior. A julgar pela recepção do público, não nos saímos muito mal, e "O Arcaísmo como Projeto" é até hoje estudado em nossas graduações e pós-graduações em história. Sei que gerou algumas reações raivosas no plano estritamente paroquial, mas em geral foi muito bem recebido entre os especialistas em história econômica.

              CAFÉ HISTÓRIA: "O Arcaísmo como Projeto" é um trabalho de fôlego produzido em dupla. O trabalho de equipe, entretanto, não tem sido visto com tanta frequência entre nós historiadores. Vemos muitos livros organizados por dois ou mais pesquisadores, mas não são exatamente a mesma coisa. Na sua opinião, escrever com outras pessoas é mais difícil? Como se deu essa dinâmica com o professor João Fragoso?
              MANOLO FLORENTINO: Duas cabeças pensam melhor que uma, desde que haja sintonia. De minha parte, sempre gostei de trabalhar em equipe, pois as discussões são bem mais ricas. Reconheço entretanto não ser esta uma tradição intelectual brasileira, embora seja algo bem comum em países como os Estados Unidos e a Inglaterra, por exemplo.

              CAFÉ HISTÓRIA: O senhor tem observado alguma tendência em trabalhos no campo da escravidão em trabalhos de pós-graduação? Talvez novos objetos ou abordagens?
              MANOLO FLORENTINO: Se considerarmos, como já disse, que o caminho mais rico para se compreender a escravidão brasileira é encará-la como uma ordem cultural caracterizada por um enorme grau de estabilidade, é óbvio que a principal tarefa dos especialistas é romper com a polarização entre o cativeiro e a liberdade. Entre ambos os polos havia uma imensa gama de situações e combinações sociais possíveis. Por exemplo, estudando o caso do Paraná, a professora Cacilda Machado demonstrou que membros de uma linhagem de escravos podiam abandonar o cativeiro e duas ou três gerações depois seus descendentes regressavam à escravidão pela via do casamento com escravas. Eis uma perspectiva dinâmica de pesquisa, cujos resultados mostram claramente que a pobreza unia e direcionava inúmeros destinos pessoais. Outra linha de trabalho interessante tem sido desenvolvida por João José Reis, na Bahia, que busca acompanhar trajetórias de indivíduos alguma vez submetidos ao cativeiro. Seu livro sobre o liberto Domingos Sodré é um exemplo dos mais ricos de como a mobilidade social ascendente ocorria – o africano Domingos Sodré chegou ao Brasil escravo, conseguiu a alforria e morreu proprietário e cristão.

              CAFÉ HISTÓRIA: Professor, Nos últimos anos, temos acompanhado um enorme debate público envolvendo as chamadas "ações afirmativas" no Brasil. Como o senhor enxerga esse tipo de política? Trata-se de um modelo importado? Alguns historiadores alertam que esse discurso gera um tipo de instrumentalização da história, sobretudo do tema da escravidão. O senhor concorda com essa crítica?
              MANOLO FLORENTINO: Sem dúvida trata-se de um modelo de política pública importado mecanicamente, aspecto flagrante quando se compara a história das relações raciais nos Estados Unidos e no Brasil, onde os níveis de mobilidade social ascendente eram infinitamente maiores. Um exemplo de instrumentalização da história brasileira por parte dos adeptos das chamadas "ações afirmativas" é a própria noção de terras remanescentes de quilombos, cuja identificação está longe de ser fácil. Outro é o fato de que parcela expressiva de nossos pardos tem sido alocada ao grupo dos "negros", quando na verdade derivam da mestiçagem entre brancos e indígenas – um tremendo etnocídio historiográfico, por certo.

              CAFÉ HISTÓRIA: Em entrevista recente, o professor José Murilo de Carvalho (UFRJ) sublinhou que os principais trabalhos historiográficos sobre o Brasil continuam sendo feito a partir de um ponto de vista típico do "Eixo Rio-São Paulo". E isso pode ser um problema. Podemos dizer que isso também ocorre nos trabalhos sobre escravidão? Se sim, por que isso acontece?
              MANOLO FLORENTINO: Pode ser que isto ocorra em outros campos da historiografia, mas no que se refere à escravidão creio que a hegemonia do eixo Rio-São Paulo deva ser relativizada. Com a crescente disseminação dos cursos de pós-graduação, temos visto aparecerem excelentes trabalhos no sul do país, com destaque para o Rio Grande do Sul; no sudeste, os estudiosos da escravidão mineira e do Espírito Santo têm produzido teses e dissertações bem originais; o nordeste, em especial Bahia e Pernambuco, sempre foi um celeiro de boas pesquisas sobre cativeiro. A novidade dos anos recentes tem sido o Norte e o Centro Oeste, onde também aparecem trabalhos originais. Mas eu gostaria de ressaltar uma importante distinção teórica, estabelecida desde fins da década de 1960 pelo historiador Moses Finley, que ainda pode ser útil para quem estuda escravidão fora do eixo Rio-São Paulo e nordeste. De acordo a Finley, uma sociedade escravista é aquela em que a reprodução sociológica do lugar social da elite se dá mediante a renda acumulada com o trabalho escravo. Nos casos em que há escravos na população, mas a reprodução do lugar social da elite se dá por outros meios, teríamos apenas uma sociedade possuidora de escravos. Ou seja: escravista é toda sociedade em que a utilização do trabalho escravo serve para estabelecer s diferenciação entre os homens livres. Trata-se de uma perspectiva interessante, pois a natureza escravocrata de uma sociedade deixa de ser resultado da quantidade de cativos existentes ou, mesmo, da importância do setor da economia que eles ocupam, e passa a derivar de um movimento sociológico. Desconfio que entre os séculos XVI e XIX vastas áreas da América portuguesa configuravam regionalmente apenas sociedades possuidoras de escravos.

              CAFÉ HISTÓRIA: Professor, muito obrigado por conversar com o Café História. Para finalizar nosso papo, uma curiosidade: o senhor está se dedicando a quais trabalhos atualmente?
              MANOLO FLORENTINO: Tenho batalhado para traçar algumas características da comunidade de islamitas negros que se formou no Rio de Janeiro depois do levante Malê de 1835 na Bahia. É uma reconstituição difícil porque eles tendiam a manter certo sigilo sobre a sua identidade religiosa e, em 1904, de acordo a João do Rio, praticamente haviam desaparecido. Tomara que eu tenha sorte.

              Fabrício Augusto Souza Gomes


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              Atividade nos últimos dias:
                    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                                    Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
                 
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                segunda-feira, 24 de setembro de 2012

                Convite lançamento.

                Caros Amigos:

                Aí vai o convite para o lançamento do meu livro.



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