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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Diferentes olhares do fotojornalismo: projeto conta história da imprensa brasileira




Diferentes olhares do fotojornalismo: projeto conta história da imprensa brasileira


Fonte: © FAPERJ Danielle Kiffer

Milton Guran       
            
       Nos anos 1980, antes das câmeras digitais, avaliação de fotos
  seguiam outros parâmetros: imagens
possibilitavam diversas leituras

   

Uma imagem vale mais que mil palavras. O dito popular pode ser evocado também para destacar a importância que as fotografias têm para a vida social, incluindo o jornalismo. No projeto "O olhar contemporâneo: memórias do fotojornalismo, Rio de Janeiro 1940-1990", a fotógrafa Silvana Louzada da Silva, bolsista do programa Apoio ao Pós-doutorado no Estado do Rio de Janeiro – parceria da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) com a FAPERJ –, destaca a importância que as fotos adquirem, como catalisadoras históricas e transformadoras sociais, na história da imprensa brasileira. A pesquisa é desenvolvida no Laboratório de História Oral e Imagem sob a supervisão da historiadora Ana Maria Mauad, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Para levar adiante a proposta de pesquisa, foram entrevistados alguns dos principais repórteres fotográficos que atuaram entre os anos de 1940 e 1990, e reunidas algumas de suas principais imagens. As entrevistas, que abordam a trajetória de cada um deles, suas histórias de vida, desde quando ainda eram crianças até o período de pleno exercício profissional, estão sendo armazenadas no Laboratório de História Oral e Imagem (Labhoi) da UFF. O objetivo é disponibilizar as informações para estudos e pesquisas universitárias. "Nossa intenção é reconstruir a trajetória desses profissionais, contando como começaram na profissão, seu histórico familiar, em paralelo com o período em que atuaram como 'mediadores sociais', na medida em que participaram ativamente dos processos de transformação da mídia. Apresentamos a fotografia que foi produzida por tais agentes como suporte de representação social", conta Ana Maria.

Silvana Louzada da Silva
                      
Comunidade quilombola: a partir da década de 1980,
  repórteres fotográficos retratam temática social
As pesquisadoras ressaltam que as primeiras gerações de fotojornalistas brasileiros vivenciaram a Segunda Guerra Mundial e viam fotógrafos, incluindo um dos expoentes da profissão, o francês Henri Cartier-Bresson, como verdadeiros heróis. "À época, a atividade do fotógrafo ainda não era reconhecida como categoria profissional, sendo vista, por causa da guerra, de uma forma romantizada", diz Silvana. "A necessidade de imaginar, visualmente, o Brasil do futuro marcaria a geração de fotógrafos formada no ambiente do pós-guerra, definido tanto pela defesa dos valores democráticos, como por um processo de internacionalização da cultura ocidental", acrescenta. Naquele período, a formação dos profissionais ainda estava ligada à experiência de vida pessoal e à convivência com os colegas de trabalho em redações de jornais. Em 1951, o lançamento do jornal Última Hora introduz um estilo e formato novos ao jornalismo. "Com o lançamento do jornal pelo Samuel Wainer, começa a haver uma maior profissionalização dos fotógrafos. A fotografia avança e, no âmbito jornalístico, passa a ter mais valor, mais espaço", diz Silvana.

A partir dos anos de 1960, período histórico muito intenso devido à instalação do regime militar no Brasil, o fotojornalismo ganha uma característica mais militante, que irá influenciar diretamente no engajamento político dos fotógrafos nas duas décadas subsequentes. "Com o golpe de março de 1964 e a instauração do estado de exceção, a fotografia passa a ser também utilizada como instrumento de resistência, na medida em que alguns jornais se apropriam da linguagem fotográfica como uma forma de driblar a repressão a eles imposta, tendência que percorre praticamente todos os anos 1970", ressalta Silvana. 

Algumas histórias curiosas, envolvendo fotógrafos que viveram os chamados "anos de chumbo", foram recuperadas pela pesquisa, como a do fotógrafo Alberto Jacob. "Ele nos contou em entrevista que, assim que tiravam uma foto, rapidamente retiravam o filme da máquina sem que ninguém visse e passavam para amigas ou repórteres guardarem em suas roupas íntimas, pois tinham a certeza de que seus equipamentos seriam quebrados pela polícia".

A geração seguinte de fotógrafos, que entra em cena nos anos 1980, o foco principal do estudo, passa a frequentar cursos de especialização e universidades e, pouco a pouco, começa a formar uma nova classe profissional. Segundo Ana Maria, este é um momento de reformulação política no País, com a redemocratização, que mobiliza e une ainda mais os fotógrafos, quando, então, surgem diversas agências independentes de fotografia, mudando não só a forma como se faziam as fotos, como também o papel do fotógrafo na sociedade. "A pesquisa aborda a fotografia não só como imagem, mas também como objeto de reflexão histórica, em que as fotografias são examinadas à luz do processo transformador da sociedade", afirma Ana Maria. "É neste período que acontece o engajamento profissional dos fotógrafos, que passam a trabalhar mais com questões sociais e antropológicas e preferem não estar presos a uma linha editorial de um jornal ou de uma revista em particular, unindo seu trabalho a uma prática social", reitera Ana Maria, que acrescenta: "a visualidade pode ser vista como uma plataforma de ação social, que produz sentido pela visão. E as fotos são como textos, que mobilizam o público". É neste ínterim que comunidades indígenas, quilombolas, travestis e prostitutas passam a ser temas de ensaios e trabalhos fotográficos.

No século XXI, com a consolidação da fotografia digital e, consequentemente, a democratização da prática fotográfica, os parâmetros utilizados para avaliação de uma imagem tornaram-se um pouco diferentes. Antes da chegada da foto digital, uma imagem considerada sofisticada nos anos 1980, como a tirada pelo fotógrafo e antropólogo Milton Guran, que retrata os políticos Ulysses Guimarães e Tancredo Neves – a foto dá a impressão de que o rosto do segundo repousa na mão do primeiro –, seria aquela em que a leitura da imagem poderia trazer alguma ambiguidade. "Hoje, há consolidadas diferentes estratégias de comunicação pelas fotos, devido à possibilidade de multiplicidade de cliques dos mais diversos ângulos", diz Ana Maria. "Há, inclusive, outros fatores que influenciam na linguagem fotográfica, como a prática do coletivo fotográfico. Exemplo disso são as escolas de fotógrafos populares, como a que existe hoje na Maré, no Rio de Janeiro, que demonstram um caráter diferente de militância, em que a comunidade constrói a sua própria identidade por meio da prática fotográfica". Entre os fotógrafos entrevistados para o projeto estão nomes de destaque no fotojornalismo brasileiro, como Claudia Andujar, Luiza Venturelli, Rogério Reis, Zeka Araújo, Juvenal Pereira, Milton Guran, Adalberto Diniz, Kim-Ir-Sen Pires Leal, Duda Bentes, Evandro Teixeira e Walter Firmo.

© FAPERJ – Todas as matérias poderão ser reproduzidas, desde que citada a fonte.

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    quinta-feira, 1 de agosto de 2013

    História de Palmares ganha nova cronologia com análise de fontes originais

    Pesquisadora da Unicamp se debruça
    sobre documentos históricos que
    permaneciam inéditos desde o
    século XVII para entender as formas
    de dominação no período colonial
     

    História de Palmares ganha nova cronologia com análise de fontes originais

    01/08/2013
    Por Frances Jones
    Fonte: Agência FAPESP Em 1678, o então rei dos Palmares firmou um acordo de paz com o governador de Pernambuco, a autoridade máxima sobre um território que englobava os atuais estados da Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte, além de Pernambucano.
    A negociação durou alguns meses e envolveu intérpretes, envio de embaixadas, presentes e libertação de prisioneiros. De um lado, Ganazumba (ou Gangazumba), tio de Zumbi, séculos depois apontado como símbolo da resistência contra a escravidão; de outro, dom Pedro de Almeida, governador prestes a voltar para Portugal.
    Até agora pouco estudado e comentado pela historiografia, o episódio vem ganhando contornos mais definidos sob a luz de documentos originais, boa parte deles inéditos. O material, manuscrito, inclui cartas, despachos de conselheiros do regente português, crônicas e até rascunhos encontrados em Portugal pela historiadora Silvia Hunold Lara, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em pesquisa realizada no âmbito do Projeto Temático"Trabalhadores no Brasil: identidades, direitos e política (séculos XVII a XX)".
    A documentação tem permitido que Lara e outros historiadores tracem uma nova cronologia sobre Palmares. "Em geral, a historiografia periodizou a história palmarina a partir das guerras feitas contra eles. Procuro me concentrar na formação dos mocambos [os assentamentos de fugitivos] e entender como eles se organizavam em termos políticos e militares", disse Lara àAgência FAPESP.
    "A década de 1670 é importante porque marca o reconhecimento por parte das autoridades portuguesas e coloniais desse sobado (estado africano) em Palmares. Os termos do acordo negociado em 1678 constituem a maior evidência disso", disse a historiadora.
    Em seus estudos, Lara retoma teses de uma vertente da historiografia que dá ênfase às raízes africanas de Palmares, na qual se incluem os brasileiros Nina Rodrigues (1862-1906) e Edison Carneiro (1912-1972) e os norte-americanos Raymond Kent (1929-2008), Stuart B. Schwartz e John Thornton.
    De acordo com Lara, um documento-chave para entender Palmares é uma crônica anônima, com data atribuída a 1678, escrita logo depois do acordo de paz selado entre Ganazumba e o governo de Pernambuco, quando d. Pedro de Almeida volta a Portugal e vai mostrar seus feitos às autoridades portuguesas.
    "É uma crônica extensa, que faz uma história de Palmares, desde o seu início até 1678. Dá nome aos mocambos, descreve as relações entre os chefes militares e os chefes dos mocambos, conta as expedições feitas e equipara a uma conquista militar a vitória [parcial] obtida em 1677 por uma expedição que destrói os mocambos e está na origem do acordo de paz", disse.
    O grande ponto, segundo a professora titular do Departamento de História da Unicamp, é que essa crônica sempre havia sido lida pelos estudiosos a partir de uma publicação na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro de 1859 – feita quase 200 anos após ser redigida.
    "As pessoas não viram o original, que estava perdido nos arquivos. Quando você olha o original, pode ver que houve transcrições incorretas", disse Lara. Um bom exemplo é o dos nomes das lideranças palmarinas e dos principais mocambos ali descritos – com diferenças em relação aos consagrados pela historiografia.
    "A maior parte de quem lidou com Palmares trabalhou com uma documentação impressa. E quem transcreveu e publicou fez uma seleção. Ao ir às fontes e aos arquivos, localizei uma quantidade muito grande de fontes ao redor desses documentos transcritos, muitas nunca publicadas", disse.
    Os achados estavam no Arquivo Histórico Ultramarino e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, e na biblioteca pública da cidade de Évora, interior de Portugal.
    Saindo da trilha dos Imbangala
    Lara também parte de um trabalho publicado em 2007 por Thornton e pela historiadora Linda Heywood, da Boston University, nos Estados Unidos, sobre a história das guerras na África Central para estudar quem eram os africanos escravizados e trazidos para o Brasil que fugiram e acabaram se organizando em agrupamentos em vários pontos de uma extensa região nordestina ao norte do Rio São Francisco, caracterizada por matas de palmeiras.
    "Hoje conseguimos saber com um pouco mais de precisão quem eram as pessoas trazidas para cá: muito provavelmente eram falantes de kimbundu, língua africana da região do então reino de Ndongo, que ocupava o que hoje é uma região de Angola", disse.
    Dos vários assentamentos de fugitivos – todos conhecidos nessa época como palmares –, um deles em especial se consolidou durante o período da ocupação holandesa (entre 1630 e 1654), formando uma rede de mocambos que se tornou conhecida depois como Palmares. Nove mocambos chegaram a abrigar no total cerca de 11 mil habitantes, de acordo com algumas fontes.
    "Todo mundo diz quilombo dos palmares, mas a palavra 'quilombo' é empregada deslocadamente nesse contexto e é anacrônica para designar Palmares. A palavra empregada naquele período para designar 'assentamentos de fugitivos' é mocambo", afirmou Lara.
    Segundo a historiadora, "kilombo" é uma palavra africana que significa "acampamento de guerra", usada pelos grupos nômades guerreiros Imbangala, da África Central. Historiadores como o norte-americano Stuart Schwartz, da Yale University, consideraram que a formação dos quilombos nas Américas estava relacionada a esses acampamentos guerreiros – daí a origem do termo.
    "Mas acho que essa não é uma matriz da formação dos assentamentos dos fugitivos no Brasil. Os kilombos Imbangala tinham rituais específicos, com morte de crianças, serragem de dentes e canibalismo. Como eram nômades, não tinham uma ligação territorial nem as linhagens que davam a legitimidade do poder, diferentemente do que ocorreu nos mocambos do interior de Pernambuco, onde se formou um reino linhageiro", disse Lara.
    Os mocambos se organizavam segundo uma gramática política centro-africana, explicou a pesquisadora. Como nos sobados centro-africanos (os potentados locais da África), os chefes políticos dos mocambos do Nordeste mantinham relações de parentesco entre si e todos estavam subordinados a Ganazumba, conhecido como rei dos Palmares. "Esse sobado que se formou no interior de Pernambuco foi reconhecido pelas autoridades coloniais como um poder político independente, com o qual se podia negociar", disse.
    Mudança para Cucaú
    A pesquisadora conta que a ideia de as autoridades coloniais fazerem acordos com fugitivos sempre existiu – e não apenas no Brasil. O de 1678, porém, foi o que mais progrediu. Boa parte dos habitantes dos mocambos de Palmares mudou-se para uma aldeia criada especialmente para recebê-los, Cucaú, e eles foram considerados livres.
    A paz, no entanto, não durou mais do que dois anos. Uma parte dos mocambos, liderada por Zumbi, rejeitou o acordo e ficou em Palmares. Seguidores de Ganazumba, como seu irmão Ganazona, participaram de buscas para trazer os que haviam permanecido no mato. Ganazumba termina assassinado e Cucaú, destruída, provavelmente por tropas coloniais. As pessoas que moravam lá voltaram à condição de escravos.
    "A história contada até hoje sobre Palmares é uma história militante e toda ela converge para o enaltecimento da figura de Zumbi como a grande liderança que jamais se curvou e resistiu à escravidão até ser morto em 1695; as pessoas reiteram e usaram a mesma documentação para dizer mais ou menos a mesma coisa", ressaltou Lara. "Essa história passa muito rápido pelo acordo de paz. Tão rápido que os termos do acordo nunca foram publicados nas coletâneas de documentos feitas sobre Palmares."
    Interessada em discutir as formas de dominação nesse período e o modo como africanos e indígenas lidaram com o domínio colonial, Lara recupera de todas as formas o acordo. "A história de Palmares, da maneira como a estamos estudando, ajuda a entender como a dominação colonial foi enfrentada e modificada pela ação dos índios e dos africanos na África e no Brasil."
    Com o auxílio do Projeto Temático FAPESP, Lara e sua equipe montaram uma base de dados sobre Palmares, organizada de forma a ser disponibilizada para consulta pública on-line. Cerca de 2 mil documentos foram digitalizados e aos poucos estão sendo transcritos. "Espero que, dentro de dois anos, tudo esteja aberto para o público", disse.
    Diversos bolsistas também produziram trabalhos relacionados à produção da base de dados. Um deles foi a monografia de graduação "Guerras contra Palmares: um estudo das expedições realizadas entre 1654 e 1695", de Laura Peraza Mendes, que ganhou prêmio de melhor monografia de graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp em 2011.
    Mendes defenderá sua dissertação de mestrado, que contou com Bolsa FAPESP (www.bv.fapesp.br/pt/bolsas/127403/as-expedicoes-contra-os-mocambos-de-palmares-e-os-dilemas-do-governo-colonial-em-pernambuco-1654-169), em agosto de 2013.
    Lara agora trabalha para transformar em livro a tese  "Palmares & Cucaú: o aprendizado da dominação", com a qual se tornou professora titular.
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      terça-feira, 30 de julho de 2013

      Processos de criação urbana no Brasil Colonial


      Estudo analisa a urbanização na 
      capitania de São Paulo utilizando 
      como base documentos e imagens 
      do período colonial
       

      Processos de criação urbana no Brasil Colonial

      25/07/2013
      Fonte: Agência FAPESP – Um documento escrito na capitania de São Paulo no início da década de 1770, época em que a Coroa Portuguesa propunha uma ampla reorganização de todo o território a sudoeste da Colônia, recomendava agir com "método e arte".
      A recomendação, título de obra lançada por Maria Fernanda Derntl, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília, remete à tentativa da metrópole de organizar modos de conduzir a expansão urbana, enquanto experiências e circunstâncias locais exigiam constantes arranjos e adaptações.
      Em meados do século 18, o processo de demarcação de fronteiras do território brasileiro estava em curso e era preciso mapear, defender e povoar novas áreas. A capitania de São Paulo, objeto de estudo de Derntl durante doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, com Bolsa da FAPESP, também passou por transformações importantes, com uma crescente presença da administração portuguesa na modificação de seus espaços.
      O resultado foi um movimento intenso de fundação de vilas e povoações a partir de 1765, processo que desencadeou uma série de problemas analisados pela autora – como a fixação de núcleos urbanos em uma sociedade marcada por deslocamentos constantes e a instalação de vilas estáveis onde antes havia somente aglomerados mais frágeis (pousos ao longo dos caminhos, aldeamentos de índios, sítios rurais e povoados litorâneos).
      Com isso, apesar de a metrópole ter renovado as diretrizes geopolíticas de seus territórios, os administradores locais tinham de lidar com práticas sociais, tensões, contradições, negociações, alianças e concessões.
      Derntl buscou estabelecer, com base em documentos escritos (cartas régias, atas de fundação e cartas de membros da administração portuguesa) e imagens (mapas, plantas e desenhos), correlações entre determinações e demandas de cada situação, abordando a política urbanizadora como uma "ação desenvolvida num contexto de conflitos mais do que como produto de um projeto predelineado por autoridades metropolitanas ou alheio a realidades do lugar".
      O livro tem três abordagens principais. Na primeira delas, a autora trata do movimento de urbanização no reino e em regiões luso-americanas, de modo a situar a capitania de São Paulo dentro de um movimento mais amplo de urbanização.
      Na segunda, Derntl salienta os problemas que condicionaram a expansão urbana na capitania, em especial durante a administração de Morgado de Mateus (1765-1775).
      Na terceira abordagem, a ênfase está no processo de implantação de núcleos urbanos na capitania de São Paulo, com o recrutamento de povoadores, a busca de sítios e a definição de traçados.

      Método e arte – Urbanização e formação territorial na capitania de São Paulo, 1765-1811 
      Autor: Maria Fernanda Derntl 
      Lançamento: 2013 
      Preço: R$ 54 
      Páginas: 276 
      Mais informações www.alamedaeditorial.com.br/metodo-e-arte/ 


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        Novo número da Antíteses





        Novo número da revista ANTÍTESES

        v. 6, n. 11 (2013)


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          2º Simpósio Internacional História Ambiental e Desastres


          Simpósio Internacional História Ambiental e Desastres

          Workshop do Grupo de Pesquisas em História Ambiental – UNICENTRO
          Laboratório de História Ambiental e Gênero | Programa de Pós-Graduação em História
          Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Comunitário - UNICENTRO

          28 a 30 de outubro de 2013, Guarapuava, Brasil

          CHAMADA DE TRABALHOS

          A Comissão Organizadora do Simpósio Internacional História Ambiental e Desastres, que será realizado na Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná (UNICENTRO), em Guarapuava, entre 28 e 30 de outubro de 2013, divulga a chamada de trabalhos para o evento.
          Desastres ambientais têm dimensões interpretativas e conceituais diversas. São eventos presentes em registros científicos e não científicos, datados e historicamente contingentes, que constroem narrativas e experiências, e que são abundantes, mas dispersos. Embora saibamos que os instrumentos científicos de mensuração e aferição desses eventos são muito recentes, não passando além da primeira metade do século XX, é imprescindível pensar desastres na relação passado-presente. Essa pluralidade inerente aos desastres demonstra a necessidade de pensá-los numa dimensão histórica das relações entre humanos e mundo natural, por meio da problematização de instituições de manejo de desastres; dos modos pelos quais catástrofes consolidam ou desafiam autoridades científicas, políticas, religiosas e militares; sobre a construção de uma cidadania biológica a partir dos eventos extremos; sobre a possibilidade de aprendizado e soluções criativas aos eventos; sobre a ideia de vulnerabilidade e distribuição social dos desastres; sobre a experiência de desastres no tempo, entre outros aspectos.
          Nesse sentido, este simpósio está desenhado para propor leituras históricas que tratem não só da dimensão objetiva de desastres ambientais, mas também do papel que a subjetividade desempenha neles, partindo da interdisciplinaridade inerente à história ambiental.
          Do ponto de vista de uma História Ambiental, ou seja, de uma leitura das relações entre humanos e não humanos no tempo a partir da categoria ambiente(al) como a síntese das dimensões construída pela mão humana e natural do mundo palpável (Buell, 2003), os desastres remetem historiadores(as) a considerar, por um lado, que, diferente do que se imagina em meio a polêmicas como aquecimento global ou intensificação desses eventos graças à industrialização ou urbanização recentes, os engajamentos sociais com uma história, uma experiência, e uma narrativa de desastres estão marcadas também no passado. Por outro, considera-se que é necessário dar atenção aos campos discursivos nos quais a própria discussão em torno dos desastres, suas propriedades, seu estatuto, sua conceituação, está inserida, tanto agora, quanto no passado. Assim é que as leituras históricas sobre desastre têm questionado paradigmas como os que separaram áreas "salubres" do globo daquelas mais propensas a doenças, epidemias e mortalidades, postulando a necessidade de pensar a emergência de representações científicas e não científicas dessas últimas regiões como "inseguras" na atualidade devido à propensão para desastres. Essa leitura de História Ambiental é interdisciplinar e compreende a análise das relações entre humanos e não-humanos com base nas suas dimensões naturais, socioeconômicas, e das percepções sobre o mundo natural em termos de conjuntos de crenças, mitos, leis, imagens e imaginações ambientais. Isso implica, também, a discussão sobre ideias como desastre, catástrofe, risco e vulnerabilidade nos estudos históricos.
          Quem pode apresentar trabalhos? Há duas categorias de apresentadores de trabalho: os(as) APRESENTADORES(AS) PESQUISADORES(AS), já graduados em qualquer área do conhecimento, desde que tenham a apresentar pesquisas ligadas à História Ambiental e Desastres, e os(as) APRESENTADORES(AS) GRADUANDOS(AS), que estão ainda em formação de graduação. Além disso, há a possibilidade de inscrição no evento, como OUVINTE.
          Formato dos trabalhos: todos os trabalhos serão apresentados oralmente, durante o evento.

          Como submeter trabalho: cada apresentador(a) poderá submeter um trabalho. Para isso, o(a) interessado(a) precisa fazer sua inscrição no site de inscrições do evento http://eventos.unicentro.br/historiaedesastres2013 e, logo após, enviar e-mail com resumo da proposta para historiaedesastres2013@gmail.com. O e-mail deve conter: título do trabalho a ser apresentado, autoria, filiação institucional, três palavras-chaves logo após o conteúdo do resumo. Deve-se indicar, também, para qual simpósio temático o resumo está sendo submetido.
          Simpósios temáticos do evento:
          SIMPÓSIO TEMÁTICO 1 - HISTÓRIA AMBIENTAL, DESASTRES E MUNDOS URBANOS
          Este ST reunirá trabalhos que discutam as diversas visões sobre a relação entre desastres, história ambiental e cidades, levando em conta os estudos de história ambiental urbana, e as inúmeras interações entre humanos e não humanos. Temas como a relação entre cidades e deslizamentos, enchentes, epidemias, eventos climáticos, infestações, zonas de intoxicação, zonas proibidas, são exemplos de trabalhos que podem encaixar-se neste ST. Lembramos que esses exemplos não pretendem limitar a flexibilidade temática e teórico-metodológica dos trabalhos a serem propostos. Nesse sentido, reiteramos a liberdade de escolha de ST para submissão de propostas.
          ENVIE SUA PROPOSTA DE TRABALHO PARA: historiaedesastres2013@gmail.com 
          SIMPÓSIO TEMÁTICO 2 - HISTÓRIA AMBIENTAL, DESASTRES E MUNDOS RURAIS
          Este ST reunirá trabalhos que discutam as diversas visões sobre a relação entre desastres, história ambiental e mundos rurais, levando em conta os estudos de história ambiental e história rural, e as inúmeras relações entre humanos e não humanos nesses locais. Temas como a relação entre agricultura e desastres, toxicidade, biologia em monoculturas, contaminação de rios, enchentes, granizo, secas, correção da paisagem, são exemplos que podem encaixar-se neste ST. Lembramos que esses exemplos não pretendem limitar a flexibilidade temática e teórico-metodológica dos trabalhos a serem propostos. Nesse sentido, reiteramos a liberdade de escolha de ST para submissão de propostas.
          ENVIE SUA PROPOSTA DE TRABALHO PARA: historiaedesastres2013@gmail.com
           SIMPÓSIO TEMÁTICO 3 - HISTÓRIA AMBIENTAL, TECNOLOGIAS DE FORÇA BRUTA E DESASTRES
          Este ST reunirá trabalhos ligados à relação entre história ambiental, história das ciências e história das tecnologias, que discutam escolhas, usos e abusos de tecnologias de força bruta e sua relação com desastres. Entendemos tecnologias de força bruta como aquelas que, engendrando política, economia, cultura e biologia, máquinas e equipamentos, tem alterado significativamente a relação entre humanos e não humanos em determinados espaços, com consequências socioculturais e tensões historicamente construídas. Este ST compreenderá trabalhos que versam sobre as diversas tecnologias de força bruta ligadas a escolhas energéticas na história (hidreléticas, termelétricas, usinas nucleares, combustíveis e complexos para sua fabricação), entre outros.
          ENVIE SUA PROPOSTA DE TRABALHO PARA: historiaedesastres2013@gmail.com
          SIMPÓSIO TEMÁTICO 4 - PERCEPÇÕES SOBRE DESASTRES
          Este ST reunirá trabalhos ligados às percepções sobre desastres, no seu sentido mais amplo, que engloba desde as artes, passando por conjuntos de leis, de mitos, religiosidades, literatura, textos criativos. Enfim, o objetivo é reunir trabalhos que discutam textos ambientais que levam em consideração a presença de desastres e a sua relação com a história.
          ENVIE SUA PROPOSTA DE TRABALHO PARA: historiaedesastres2013@gmail.com

          DATAS IMPORTANTES:
          Inscrição de trabalhos: até 20 de setembro de 2013
          Inscrição de ouvintes: até 28 de outubro de 2013.

          Maiores informações:

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          DR. JO KLANOVICZ

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          Atividade nos últimos dias:
                **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                                Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
             
            Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com
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            terça-feira, 16 de julho de 2013

            RESPOSTA DA ANPUH-BRASIL A SBPC SOBRE PROFISSIONALIZAÇÃO DO HISTORIADOR

            RESPOSTA DA ANPUH-BRASIL A SBPC SOBRE PROFISSIONALIZAÇÃO DO HISTORIADOR

            16/07/2013
            São Paulo, 16 de julho de 2013.

            Prezada Professora Helena Nader
            Presidente da SBPC

            Diante da manifestação da SBPC, entidade presidida por Vossa Senhoria, que enviou Carta aos Deputados Federais solicitando a suspensão da tramitação do PL 4699/2012, que legisla sobre a regulamentação da profissão de historiador, gostaríamos de colocar algumas questões e fazer algumas ponderações:
            1 – O Projeto de Lei ora em tramitação na Câmara dos Deputados foi discutido por longos anos entre os historiadores, inclusive junto aos historiadores da educação, da ciência, da arte, entre outras áreas específicas, muitos deles sócios da Associação Nacional de História (ANPUH-Brasil). Cabe a pergunta: porque as críticas ao documento só vieram a público depois dele ser aprovado no Senado?
            2 – O PL considera Historiador os graduados em História (Bacharéis e Licenciados) e/ou os possuidores de título de Mestre e/ou Doutor em História. Portanto, não é nada restritivo em sua caracterização profissional, ao contrário de outras áreas onde só se confere o título profissional ao Bacharel, fazendo uma nítida separação entre ensino e pesquisa, o que nos parece nefasto ao avanço do conhecimento. Não temos conhecimento de que a SBPC tenha feito qualquer manifestação neste sentido quando essas profissões foram regulamentadas.
            3 – O PL apenas quer regulamentar a atividade de Historiador nos âmbitos do ensino formal e da pesquisa histórica científica. Não veda a ninguém escrever ou ensinar História, apenas não confere o título de Historiador aos que não têm essa formação específica.
            4 – A ANPUH-Brasil é associada da SBPC e vem apoiando suas lutas, como, por exemplo, a que diz respeito à destinação de parte dos royalties do petróleo para a Ciência e Tecnologia. Consideramos então que sempre fomos entidades parceiras. Causou estranheza, portanto, não termos sido consultados sobre a nossa interpretação do referido PL diante das críticas de outras sociedades científicas. Nossa associação foi fundada em 1961 e tem em seus quadros aproximadamente 5.000 associados, incluindo professores de todos os níveis de ensino, pesquisadores, pós-graduandos e profissionais que atuam no campo do patrimônio como arquivos, museus, memoriais, entre outros. Em nossa última Assembleia Geral, ocorrida em São Paulo, no ano de 2011, a ampla maioria dos associados apoiou o teor do projeto em discussão, pois atendia aos interesses dos historiadores brasileiros.
            5.  Assim, diante da manifestação da SBPC, vimos informar que a ANPUH se sente desrespeitada e desprestigiada com tal atitude. Os maiores interessados na tramitação do PL são os historiadores brasileiros, que são representados pela ANPUH-Brasil, exatamente a sociedade que a SBPC deixou de ouvir. Lamentamos.
            Por fim, solicitamos que esta nota seja publicada no item 1 do JC E-mail, como direito de resposta, e como forma de reparar uma parte dos danos cometidos aos historiadores brasileiros.

             Atenciosamente,

             Benito Bisso Schmidt
            (Presidente da Associação Nacional de História ANPUH-Brasil)


            Atividade nos últimos dias:
                  **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

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