Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Unesp lança mais 54 títulos digitais para download gratuito


Obras integram coleção Propg-Digital, da Fundação Editora da Unesp, que passa a contar com 192 títulos (Wikimedia)

 URL: agencia.fapesp.br/17177
 

Unesp lança mais 54 títulos digitais para download gratuito

24/04/2013
Fonte: Agência FAPESP – A Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Editora Unesp disponibilizam nesta quarta-feira (24/04) 54 novos títulos do selo Cultura Acadêmica para download gratuito. As obras integram a Coleção Propg/FEU Digital, que conta agora com 192 títulos.
A coleção, iniciada em 2010, publica livros em primeira edição apenas nos formatos digitais, com a possibilidade de download gratuito. De acordo com a Unesp, o objetivo é democratizar a produção acadêmica – todos os títulos são assinados por docentes da universidade e abordam temas da área de Ciências Humanas.
A coleção funciona como laboratório de iniciativas na área do livro digital, segundo os responsáveis pelo Cultura Acadêmica, o segundo selo da Fundação Editora da Unesp. A meta é publicar mil livros até 2020.
Na cerimônia de lançamento, prevista para ocorrer às 9h na sede da Editora Unesp em São Paulo, o presidente da editora, José Castilho Marques Neto, proferirá a palestra "Os e-books e a democratização do conhecimento".
Após a apresentação do projeto e dos livros novos, o público poderá conferir as obras por meio de iPads que ficarão disponíveis até as 16 horas, quando se encerram as atividades. Os autores dos livros também estarão presentes.
A programação será transmitida ao vivo pelo endereço www.faacwebtv.com.br/ebook e haverá sorteio de 54 pen cards (pen drives) para internautas que fizerem downloads das obras durante o evento.
Entre os lançamentos, estão A atuação de Joel Silveira na imprensa carioca (1937-1944), resultado do mestrado de Danilo Wenseslau Ferrari na Unesp de Assis; A esfera da percepção: considerações sobre o conto de Julio Cortázar, de Roxana Guadalupe Herrera Alvarez; A influência do lobby do etanol na definição da política agrícola e energética dos EUA (2002-2011), de Laís Forti Thomaz; e A inserção no exercício da docência: necessidades formativas de professores em seus anos iniciais, resultado do mestrado de Naiara Mendonça Leone.
Mais informações e a lista completa dos 54 novos títulos pode ser conferida em www.unesp.br/portal#!/noticia/10669
Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.

                                                                                                    Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
 
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segunda-feira, 22 de abril de 2013

História, imagem e narrativas - edição 16 no ar!

 Já se encontra no ar a edição número 16 de "História, imagem e narrativas. Confiram os novos artigos no link abaixo. Os pesquisadores já podem ir preparando material para a próxima edição. Haverá também um novo dossiê.http://www.historiaimagem.com.br/edicao16abril2013/edicao16.php

Símbolos do Universo Onírico

Os símbolos estão em toda parte. Eles atuam em nossa percepção de um modo ou de outro e estão integrados ao nosso fazer cotidiano. É nas manifestações artísticas e literárias, no entanto, que eles se expressam em sua forma mais extrema, evocando matrizes culturais, construções históricas e material proveniente do Inconsciente, quer este seja entendido (...) (leia mais no EDITORIAL)
Cordialmente,
Carlos Hollanda

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terça-feira, 16 de abril de 2013

Cidade natal de von Martius recebe exposição Brazilian Nature


Responsável pelo maior levantamento já feito da flora brasileira, Carl Friedrich Philipp von Martius ganha exposição sobre sua obra em Erlangen, na Baviera. Na foto, casa em que nasceu o naturalista, em 1794 (foto:Walter Welss)

 URL: agencia.fapesp.br/17134
 

Cidade natal de von Martius recebe exposição Brazilian Nature

16/04/2013
Fonte: Agência FAPESP – A partir de 18 de abril, a exposição Brazilian Nature – Mystery and Destiny poderá ser vista na cidade de Erlangen, na Alemanha, onde nasceu o naturalista Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), autor do mais completo levantamento já realizado sobre a flora brasileira.
Parceria entre a FAPESP e o Museu Botânico de Berlim, a exposição resgata o trabalho de documentação feito por von Martius no Brasil de 1817 a 1820, que resultou na publicação da Flora brasiliensis, cujo primeiro volume foi lançado há 171 anos.
Na Alemanha, a exposição – que já passou por Berlim, Bremen, Leipizig, Heidelberg e Eichstätt – chega agora ao Jardim Botânico da Universidade de Erlangen-Nuremberg, segunda maior do Estado da Baviera e localizada na cidade natal de von Martius, um dos mais destacados naturalistas do século 19 e um dos mais importantes pesquisadores da flora brasileira.
Reunido na Flora brasiliensis, o trabalho de von Martius deu origem também ao projeto Flora Brasiliensis On-line e Revisitada, que inclui a atualização da nomenclatura utilizada no original e a inclusão de espécies descritas depois de sua publicação, com novas informações e ilustrações recentes.
A exposição possibilita comparar imagens originais com fotografias atuais de plantas e biomas e retratar alguns dos resultados de pesquisas realizadas no âmbito do projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo e do programa BIOTA-FAPESP, que reúne estudos sobre caracterização, conservação, recuperação e uso da biodiversidade de São Paulo.
Concebida com base nos dados provenientes desses projetos, todos apoiados pela FAPESP, a exposição é composta por 37 painéis, com reproduções de imagens e ilustrações e textos explicativos. Além da Alemanha, a mostra já foi vista em Toronto (Canadá), Washington, Cambridge e Morgantown (Estados Unidos), Salamanca e Madri (Espanha) e em Tóquio (Japão).
Walter Welss, professor e consultor científico do Jardim Botânico de Erlangen, destaca que a exposição ajuda a retratar o resultado científico da expedição de von Martius ao Brasil. De acordo com Welss, até a expedição, o país era praticamente desconhecido na Alemanha, o que se modificou completamente após o retorno do naturalista à Europa.
"A pesquisa sobre a biodiversidade do maior país da América do Sul iniciou-se aqui em Erlangen, por meio da ação de von Martius, que viajou pelo Brasil com Johann Baptist von Spix, originário da cidade vizinha de Höchstadt an der Aisch. O resultado científico dessa grande expedição foi extraordinariamente grande e abrangente, mas hoje von Martius ainda é mais conhecido no Brasil do que em sua terra natal", disse Welss.
A exposição em Erlangen será aberta um dia após o aniversário de 219 anos do nascimento de von Martius. O botânico alemão nasceu em 17 de abril de 1794 em Erlangen, onde estudou medicina, obtendo título de doutor com a tese Flora Cryptogamica Erlangensis, que tinha como tema plantas do Jardim Botânico de Erlangen.
A abertura da exposição ficará a cargo de Christoph Korbamacher, vice-presidente da Universidade de Erlangen-Nuremberg, seguida por palestra de Carlos Joly, professor do Departamento de Botânica do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador do Programa BIOTA-FAPESP.
A exposição Brazilian Nature – Mystery and Destiny poderá ser visitada pelo público alemão até 1º de setembro de 2013. Já os painéis digitalizados da exposição podem ser vistos com legendas em português, inglês, espanhol, japonês e alemão no endereço: www.fapesp.br/publicacoes/braziliannature.
Pesquisas complementares
O projeto Flora Brasiliensis On-line e Revisitada corresponde à primeira parte da exposição e representa uma continuidade ao trabalho de von Martius, que teve seu último volume publicado em 1906, depois da morte do autor. Em 2006, o projeto disponibilizou na internet a versão integral da obra do naturalista, com 10.207 páginas com os textos das descrições das quase 23 mil espécies e perto de 4 mil ilustrações.
O trabalho, financiado em parceria por FAPESP, Fundação Vitae e Natura, foi executado pelo Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria), pela Unicamp e pelo Jardim Botânico de Missouri, nos Estados Unidos, e pode ser acessado em:
A segunda parte da exposição remete ao projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, iniciado em 1993 e que já publicou sete volumes contendo informações sobre cerca de 200 famílias de plantas, podendo chegar entre 1.400 e 1.500 gêneros e entre 7.100 e 7.500 espécies de fanerógamas, como são chamadas as plantas com flores, que representam 80% da flora paulista. Essas informações seguem sendo atualizadas, variando conforme as mudanças no sistema de taxonomia das plantas.
O projeto reuniu mais de 200 pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), dos institutos Botânico, Florestal e Agronômico e do Departamento de Parques e Áreas Verdes da cidade de São Paulo. Também contribuíram pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de outros estados brasileiros e de outros países.
O terceiro elemento da exposição ultrapassa os limites da botânica e aborda a biodiversidade de forma mais geral, correspondendo ao programa BIOTA-FAPESP, que resultou na identificação e descrição de 500 novas espécies de plantas e animais e registro de informações sobre mais de 12 mil espécies e bancos de dados com o conteúdo de 35 coleções biológicas. Os resultados do programa BIOTA-FAPESP têm sido aplicados como instrumento de preservação ambiental no Estado de São Paulo.
Exposição Brazilian Nature – Mystery and Destiny
Abertura: 18/04/2013, às 16h
Local: Universidade de Erlangen-Nuremberg 

 
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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Novo número da RHHJ - Dossiê Ensino de História Indígena


Prezados Amigos
Gostaria de pedir-lhe que divulgassem o lançamento do n. 2 da Revista História Hoje com o Dossiê Ensino de História Indígena.
Em breve, o número completo para download estará disponível no site da ANPUH.
O novo número está disponível na plataforma OJS:
Agradeço a ajuda
Saudações
Patricia Sampaio
--
Prof.ª Dr.ª Patricia Melo Sampaio
Departamento de História
POLIS - Núcleo de Pesquisa em Política, Instituições e Práticas Sociais
Universidade Federal do Amazonas ( UFAM)



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    SUBMISSÃO DE ARTIGOS - Revista da Unifebe

     



    A Revista da Unifebe é uma publicação semestral do Centro
    Universitário de Brusque – Unifebe. É um periódico de caráter
    multidisciplinar, e tem o objetivo de divulgar de forma regular e
    sistemática, o resultado de estudos e pesquisas desenvolvidos pelos
    docentes e discentes vinculados a Unifebe e a outras instituições.

    A revista está disponível na Plataforma SEER, bem como a submissão é
    realizada  por esta plataforma.

    Informamos que a submissão de artigos está aberta e é permanente,
    contudo, para a possível publicação no próximo número (lançamento em
    julho de 2013), os artigos devem ser enviados até o dia 17/05/2013 por
    meio do seguinte link:

    http://periodicos.unifebe.edu.br/

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    Cordialmente

    Prof. Everaldo da Silva


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      sábado, 13 de abril de 2013

      Entrevista: Mário Magalhães, autor de “Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo”

       No blog, a entrevista que fiz com o jornalista Mário Magalhães - autor da aclamada biografia "Marighella, o guerrilheiro que incendiou o mundo". Acessem em:

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        quinta-feira, 11 de abril de 2013

        Biografia do Padre Antonil.

          19/07/2012
        Antônio Vieira: jesuíta, escritor e diplomata
        Biografia e reunião de textos mostram a personalidade e a genialidade do jesuíta, suas lutas e as inverdades sobre ele

        foto

        O padre jesuíta Antônio Vieira foi, acima de tudo, um dos maiores letrados da língua portuguesa. Escrevia e falava com clareza e desenvoltura. Tinha uma vasta cultura, como poucos em sua época. Discorria pela literatura, história, filosofia e teologia, e desenvolveu, ainda mais, os estudos aplicados nos colégios dos jesuítas. Seus sermões eram acompanhados por pessoas de diferentes classes sociais e atiçavam a imaginação, já que usava os mais diversos recursos de linguagem. O jesuíta apoiava seus sermões em textos ou passagens bíblicas, mas sempre com um estilo claro, forte e unificado. Seu objetivo era induzir os ouvintes a uma reflexão que os orientasse a tomar atitudes contra as mazelas do mundo, que necessitavam da ação humana para serem corrigidas.
        Por ter um texto tão primoroso, sobretudo os sermões, cuja primeira publicação foi preparada cuidadosamente pelo próprio Vieira na Bahia, na última fase da vida, Fernando Pessoa o chamou de "Imperador da língua portuguesa". Vieira era um escritor barroco, mestre nas palavras ao estilo cultista e na construção de ideias à moda conceptista. Ele usou a força das metáforas e contrastes na construção dos argumentos. Dizia que as palavras de um sermão deveriam ser tão claras e altas como as estrelas. Tão claras que qualquer um as entendesse e tão altas que dessem o que pensar aos mais versados. Uma lição de método.
        Mas só se conhece Vieira, lendo Vieira. Esse homem de personalidade forte e poderosa e intelecto excepcional, que inspirou tantos outros conhecedores da língua portuguesa, é retratado em dois livros, lançados no final do ano passado pela editora Companhia das Letras: a biografia Antônio Vieira, escrita pelo historiador Ronaldo Vainfas (foto), e uma coletânea de sermões e textos do missionário intitulada Essencial Padre Antônio Vieira, organizada por Alfredo Bosi.
        Vieira nasceu em Lisboa, em 1608, e mudou-se com toda a família para Salvador aos 6 anos. Foi educado em colégio jesuíta e aos 15 anos, entrou para o noviciado da Companhia de Jesus. Ficou conhecido por suas pregações. Acompanhou as invasões holandesas e a tomada de Pernambuco e pregou em favor da resistência. Quando voltou a Portugal, foi conselheiro do rei, lutou contra a Inquisição e defendeu o direito dos judeus e cristãos-novos. De volta ao Brasil, enfrentou colonos. Depois de outras missões em países da Europa, Pe. Vieira voltou a Salvador, onde morreu aos 89 anos, trabalhando na organização de seus textos proféticos e sermões.
        O padre português teve uma forte ligação com o Brasil. De acordo com o historiador Ronaldo Vainfas, ele foi um dos protagonistas mais destacados da história do país. Dirigiu as missões no Maranhão (1653-1661), enfrentou os colonos que escravizavam os índios e organizou a cultura e espiritualidade jesuítica na região. O Brasil viu nesse homem qualidades exemplares, como o  desinteresse pessoal, trato humano dos humildes e oprimidos — em especial os índios, os cristãos-novos e os escravos negros — e a integridade e honestidade nos negócios públicos. Lições para o Brasil de hoje.
        "Sua luta contra os colonos foi tamanha que ele acabou expulso, com os demais jesuítas. Mas a obra jesuítica já estava então enraizada e seguiria seu rumo até o meado do século seguinte", conta o historiador Ronaldo Vainfas.
        Vieira também teve um papel diplomático e político e se envolveu em intrigas palacianas quando voltou a Lisboa, em 1641, num relevante momento da história portuguesa: Portugal recuperava o trono, com D. João IV, depois de 60 anos de domínio espanhol. Nesse momento, o jesuíta se tornou um importante conselheiro do rei, que não era reconhecido nem pela Coroa espanhola nem pela Igreja, segundo a biografia. Após a morte de D. João IV, ele se manteve afastado do reinado e só voltou à cena, também como conselheiro de Estado, quando D. Pedro, filho mais novo do rei, é aclamado ao trono.
        Uma de suas maiores batalhas foi lutar contra a Inquisição a favor dos cristãos-novos portugueses. Segundo a biografia, mesmo depois de processado pelo Santo Ofício, Vieira prosseguiu com a luta e, nos anos 1670, conseguiu fazer com que o Papa assinasse a suspensão da Inquisição portuguesa por alguns anos.
        O historiador descreve o jesuíta como uma figura enigmática e contraditória nas histórias de Brasil e Portugal, isso porque, no campo da política, Vieira era um tanto impulsivo e, às vezes, mudava radicalmente de opinião devido a uma situação.
        "Ele chegou a sugerir a abdicação do rei D. João IV em favor do filho D.Teodósio, que casaria com uma princesa de França, tudo para conseguir o apoio francês na guerra de restauração contra a Espanha. Logo ele, Vieira, que se esmerou em legitimar D. João IV como o rei esperado pelos portugueses, o rei profetizado pelo sapateiro Bandarra (Gonçalo Annes Bandarra, sapateiro e profeta português e autor de Trovas messiânicas) em suas trovas. Mas tanto essa como outras gestões foram assumidas por força das circunstâncias e com a anuência do rei", completa Vainfas.
        Muitos mitos e inverdades surgiram em torno da figura de Vieira. Segundo a biografia de Vainfas, a maior de todas essas falsas histórias sobre o jesuíta foi a proposta de "entrega do Brasil" aos holandeses, em 1648, no parecer conhecido como "Papel Forte". Na época Vieira foi acusado de estar "vendido" aos holandeses, ao lado do embaixador Francisco de Souza Coutinho. Na verdade, Vieira propôs a entrega das capitanias açucareiras aos holandeses, porque, tendo acompanhado as negociações em Haia, estava convencido de que os holandeses declarariam guerra a Portugal, bloqueando o Tejo, caso a Coroa não reprimisse a revolta pernambucana.
        "Vieira considerava impossível combater em duas frentes: a dos espanhóis na guerra de restauração peninsular e a dos holandeses no mar. Por isso, ele propôs a entrega de Pernambuco. A história demonstrou que Vieira estava errado, superestimando a força dos holandeses e subestimando a capacidade dos insurretos. Mas tudo o que ele fez neste assunto foi tentar preservar a soberania de Portugal e o reinado de D. João IV", conta o historiador.
        Este texto não mostra, nem de longe, a figura excepcional de Vieira. O jesuíta é um dos nomes de maior projeção na literatura mundial. E a extensão de sua obra só pode ser conhecida através de seus textos. Seus sermões devem ser leitura indispensável a todos os que querem conhecer a arte de bem argumentar.




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          quarta-feira, 10 de abril de 2013

          Os invisíveis querem ser vistos


           



          Livro resgata a contribuição dos 
          antropólogos franceses Pierre e 
          Hélène Clastres sobre os
           Tupi-Guarani, "um desafio para
           o modelo de desenvolvimento 
          dominante" (reprodução)
           

          Os invisíveis querem ser vistos

          09/04/2013
          Por José Tadeu Arantes
          Fonte: Agência FAPESP – O resgate do pensamento dos antropólogos franceses Pierre e Hélène Clastres é uma das peças de resistência do livro O Profeta e o Principal, de Renato Sztutman, professor do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP).
          Ponto de clivagem na reflexão antropológica, com profunda repercussão na filosofia, na sociologia e na prática política, a obra seminal do casal Clastres foi objeto de atenta releitura por parte de Sztutman em sua tese de doutorado, desenvolvida de 2001 a 2005, sob a orientação de Dominique Tilkin Gallois, com Bolsa da FAPESP. O livro, recentemente publicado também com apoio da FAPESP, é uma revisão dessa tese, que tem por objeto o material teórico relativo aos Tupi-Guarani.
          "A reflexão acerca dos Guarani foi fundamental para que Pierre Clastres [1934-1977] formulasse sua concepção de sociedade contra o Estado", afirmou Sztutman. "E o que estamos vendo hoje, 35 anos depois da morte prematura de Clastres [que faleceu aos 43 anos em um acidente automobilístico], é justamente um reflexo disso. Por se estruturarem como uma sociedade contra o Estado, os Guarani se tornaram indesejáveis para a sociedade e para o Estado hegemônicos".
          Sztutman aponta diversas características que fariam dos Guarani um desafio para o modelo de desenvolvimento dominante: "São povos que vivem em regiões que estão sendo ocupadas pelo agronegócio; que atravessam as fronteiras nacionais, transitando entre o Brasil, o Paraguai, a Argentina e o Uruguai; que têm uma relação com a terra completamente diferente do que se possa imaginar como sendo propriedade; que, apesar de terem líderes e saberem se organizar politicamente para a autodefesa, resistem à centralização política e à figura de um chefe central".
          Segundo o pesquisador, durante muito tempo a sociedade brasileira fez vistas grossas aos crimes cometidos contra os Guarani. "Eles estavam sendo dizimados e ninguém se importava. Hoje, uma parcela expressiva da sociedade chegou finalmente à compreensão de que é imprescindível dar direito de existência a populações que são contra o modelo hegemônico. Não podemos mais fazer vistas grossas. Temos que nos posicionar pelo direito de essas sociedades serem o que são: contra o Estado (e seu modelo desenvolvimentista), dentro de um Estado", disse.
          No Sudeste e Sul do Brasil, há Guarani em muitos locais. Na própria cidade de São Paulo, a não muitos quilômetros do marco central, na Praça da Sé, existem três aldeias guarani: duas em Parelheiros e outra próxima do Pico do Jaraguá. Mas, por ocuparem pouco espaço, estarem sempre em movimento e serem discretos no contato com a sociedade envolvente, esses Guarani se tornaram praticamente invisíveis.
          "Em um texto de meados dos anos 1980, Eduardo Viveiros de Castro (antropólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro) se referiu a eles como povo imperceptível", disse Sztutman. "Quando pensamos em índio, pensamos na Amazônia ou no passado. Mas os Guarani não estão na Amazônia nem no passado. Estão diante dos nossos olhos. E nós não os vemos."
          Conforme Sztutman, outro marco divisório, este no domínio teórico da antropologia, com repercussão na filosofia e nas ciências humanas em geral, foi estabelecido, décadas atrás, pelo livro A Sociedade contra o Estado, de Pierre Clastres. Nele, o pesquisador francês interpretou a ausência de Estado nas sociedades indígenas não como uma deficiência (algo a que elas ainda não chegaram), mas como uma rejeição (algo a que elas se opõem, por meio de mecanismos eficazes).
          A partir de Clastres, o esquema clássico, calcado na experiência dos povos da Europa, deixou de ser um modelo inelutável para a interpretação da trajetória de todos os povos do mundo. O Profeta e o Principal, de Sztutman, se insere em um grande movimento de recuperação e releitura da obra de Clastres.
          "Principalmente nos anos 1980, os antropólogos se afastaram muito da perspectiva clastreana, pois buscavam uma antropologia mais empírica e Clastres era considerado excessivamente filosófico: alguém que trabalhava com os dados de maneira imprecisa e chegava a grandes conclusões com base em poucas evidências. De fato, na época em que ele escreveu, décadas de 1960 e 1970, havia poucos estudos etnográficos sobre os povos amazônicos, dentre eles os de língua tupi. Porém, nas décadas seguintes, estudos importantes foram realizados. E, principalmente com o trabalho de Viveiros de Castro, começou a haver uma reaproximação da etnologia com a filosofia, mas, então, já com a possibilidade de se discutir ideias filosóficas a partir de uma grande riqueza de dados empíricos. Aí, se abriu uma brecha para a releitura dos Clastres, Pierre e Hélène", disse Sztutman.
          Sztutman, que também é pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios e do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia, considera-se um herdeiro dessa nova tendência, reconhecendo, além da contribuição de Viveiros de Castro, as influências de Márcio Goldman e Tânia Stolze Lima, do Rio de Janeiro, e de Dominique Gallois e Beatriz Perrone-Moisés, de São Paulo, com quem tem trabalhado frequentemente e que prefaciou o seu livro.
          "Realizei, em 1996, um trabalho de campo entre os Wajãpi, grupo de língua tupi que habita a região do rio Oiapoque, no extremo norte do Brasil, perto da fronteira com a Guiana Francesa. Escrevi sobre essa experiência em minha tese de mestrado. Foi uma permanência curta, mas que originou muitas inquietações que motivaram, depois, meu doutorado", contou Sztutman.
          "Embora os Guarani sejam, hoje, o povo indígena mais populoso da América do Sul, existem também muitos povos Tupi na Amazônia. O que suscitou meu interesse pelos Tupi antigos foram os Tupi amazônicos, e não os Guarani", afirmou.
          O xamã e o guerreiro
          "Meu trabalho de pesquisa se baseia na continuidade das formas indígenas de organização políticas do passado até o presente. Tento identificar, como base dessa continuidade, a relação de duas figuras importantes: a do chefe ou 'principal', ligado à guerra, e a do xamã ou 'profeta', ligado ao mundo não humano. São duas figuras ao mesmo tempo opostas e complementares", disse Sztutman.
          " É um pouco na alternância dessas duas formas de liderança que a vida social se constitui. Mas não há um dualismo total, porque você não encontra essas figuras puras. Todo chefe de guerra é um pouco xamã; todo xamã é um pouco guerreiro. São princípios em combinação. O profeta é um grande xamã, alguém que vai além do xamanismo estrito, voltado para a cura e a feitiçaria, e lhe dá um sentido político, liderando as grandes migrações rumo à 'terra sem mal'", explicou.
          Sztutman reconhece que seu viés é mais o do pesquisador teórico-bibliográfico do que o do pesquisador de campo. Porém considera a pesquisa de campo uma passagem obrigatória para o antropólogo.
          "Uma professora que tive dizia que é muito diferente ler uma etnografia quando se teve experiência de campo. A formação do antropólogo tem que passar pelo campo, mesmo que ele descubra que a sua vocação é mais ligada ao trabalho de comparação, de análise, de sistematização ou mesmo de história intelectual, como é o meu caso", disse.
          "Voltei a campo, depois que estive com os Wajãpi. E gostaria de voltar novamente. Mas acho que a melhor contribuição que posso dar é a de cotejar as etnografias, de confrontar as teorias com os dados, e, também, de fazer um pouco da história da etnologia indígena. Acho que a etnologia indígena pode dar uma contribuição muito grande para as ciências humanas em geral", disse Sztutman.

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            Ideais de chumbo ou ideais de democracia e justiça social?




            Ideais de chumbo ou ideais de democracia e justiça social?

            A historiadora Anita Leocadia Prestes critica abordagem de artigos do dossiê "Guerrilheiros", publicado na RHBN de março

            Anita Leocadia Prestes
            Prisão de Gregório Bezerra
            Prisão de Gregório Bezerra


             A Revista de História publicou, em março de 2013, um dossiê sobre os militantes da "esquerda armada" que, de diferentes formas, defenderam o recurso às armas na luta contra a ditadura instaurada no Brasil a partir do golpe civil-militar de abril de 1964. Na realidade, estamos diante da desqualificação dos jovens que lutaram contra a ditadura pela RHBN.
            O caráter tendencioso desse dossiê já se evidencia na apresentação da capa da revista através da citação de uma frase infeliz de Carlos Marighella -"toda revolução tem sua linha burra"- e da afirmação de que tanto os golpistas de 64 quanto os militantes de esquerda, que lutaram contra a ditadura, com "sonhos e planos radicalmente distintos", não teriam ideais democráticos. Dessa maneira, ambos os lados em confronto a partir do golpe são postos no mesmo pé de igualdade, o que contribui para a difusão de uma imagem negativa daqueles brasileiros que, de uma forma ou de outra, resistiram e lutaram contra o regime ditatorial militar que reprimiu com inusitada violência toda e qualquer manifestação contrária aos desígnios dos donos do poder.
            No referido dossiê, com a exceção talvez do artigo assinado por Edson Teles, não há uma análise substantiva do contexto histórico, - econômico, social e político - da época, nem da situação internacional então existente. Não é apresentado um exame da ofensiva então em curso de parte das potências imperialistas – em primeiro lugar dos EUA – contra os movimentos populares e revolucionários no continente latino-americano, a partir da vitória da Revolução Cubana em 1959. Falta uma apreciação das condições sócio-políticas do Brasil naqueles "anos de chumbo", que poderia revelar a inviabilidade do recurso às armas na luta contra a ditadura no referido período, uma vez que inexistiam no país forças sociais e políticas organizadas e conscientes, preparadas não só para apoiar, mas também participar de um processo de rebelião armada com vistas à derrubada da ditadura.
            Na ausência de tais condições, o recurso à luta armada – uma forma de luta possível e justificável quando os donos de poder recorrem à repressão contra as forças progressistas e revolucionárias – se transformou numa aventura perigosa, independentemente das intenções dos seus adeptos, pois contribuiu para o retrocesso e o esfacelamento do movimento popular. Com o golpe de 1964, a derrota dos setores democráticos e progressistas no Brasil foi de tal ordem, que se tornara necessário recuar para reorganizar o movimento popular e conduzi-lo à luta contra a ditadura.
            O PCB (Partido Comunista Brasileiro) foi quem melhor compreendeu a necessidade de adotar uma política de mobilização das amplas massas do povo brasileiro para acumular forças na luta pela derrota da ditadura, aproveitando todas as possibilidades legais existentes, inclusive a participação nas eleições. Luiz Carlos Prestes, o secretário-geral do PCB, liderou o combate contra a aventura "esquerdista", ao mesmo tempo em que empreendia a luta interna contra as tendências reformistas presentes na direção desse partido, conforme mostro, com base em documentos, em meu último livro - Luiz Carlos Prestes: o combate por um partido revolucionário (1958-1990).
            Prestes não teve êxito no esforço empreendido para transformar o PCB em um partido revolucionário, capacitado a conduzir a luta dos trabalhadores brasileiros pelo socialismo, o que o levou a romper com sua direção em 1980. Nessa ocasião, divulgou um documento intitulado Carta aos comunistas, em que fazia séria autocrítica dos erros cometidos pelo partido, reconhecendo que as tendências reformistas presentes no PCB haviam contribuído para que muitos jovens ingressassem na aventura da luta armada, sem levar em conta sua inviabilidade nas condições então existentes no país. Tais tendências reformistas contribuíram também para que o processo de transição do regime ditatorial para a democracia fosse limitado, uma vez que encabeçado por lideranças da burguesia liberal, como Ulisses Guimarães e Tancredo Neves. Circunstâncias estas que marcaram profundamente os resultados alcançados: anistia para os torturadores; eleições indiretas para a presidência em 1985; aprovação, em 1988, de um texto constitucional, em que, segundo o seu artigo 142, as Forças Armadas estão acima dos três poderes da República, constituindo um "poder militar", na precisa definição de Prestes.

            A desqualificação dos revolucionários
            O caráter tendencioso do dossiê é confirmado pelo título que lhe foi atribuído – "Ideais de chumbo", uma aposta na desqualificação daqueles jovens, homens e mulheres, que se levantaram contra a ditadura e, em muitos casos, foram barbaramente torturados e assassinados, morrendo pelos ideais, que não eram "de chumbo", mas de democracia e justiça social em nossa terra.
            Tal desqualificação dos revolucionários é particularmente visível no artigo de Apolo Heringer Lisboa, cujo título – "Cavaleiros sem esperança" – expressa com clareza a intenção do autor de denegrir a imagem de Luiz Carlos Prestes, proclamado Cavaleiro da Esperança por amplos setores da opinião pública brasileira, desde o final dos anos 1920. Ao mesmo tempo, evidencia-se o intuito de denegrir a imagem de todos aqueles que, de uma forma ou de outra, denunciaram a repressão do regime implantado com o golpe de 1964 e se rebelaram contra a ditadura.
            Estamos aqui diante de um texto repleto de tolices e inverdades. Seu autor afirma, por exemplo, que o tenentismo "denunciava os métodos servis nas relações de trabalho, herdados da escravidão", tese que não corresponde nem ao ideário nem à prática desse movimento. Assevera que Prestes pretendera, em 1935, "criar uma República Comunista" no Brasil, alegação absurda, desmentida pela consulta às fontes documentais da época. Declara que o PCB teria conquistado a legalidade no segundo governo Vargas, durando até 1964, o que não corresponde à realidade, pois, cassado seu registro em 1947, o partido não conseguiu ser legalizado sequer no Governo João Goulart. Outras inverdades poderiam ser apontadas no referido artigo, todas revelando o intuito deplorável e retrógrado de desmerecer e atacar as esquerdas no Brasil e na arena mundial.
            Da mesma maneira, temos a repetição de velhas calúnias, segundo as quais "Prestes e o PCB subordinavam-se às decisões teóricas e práticas do comitê central do Partido Comunista da União Soviética", e os ataques à União Soviética, ignorando e negando as importantes conquistas econômicas e sociais alcançadas na primeira experiência de construção do socialismo, não obstante os problemas e os erros que tiveram lugar nesse difícil processo de construção de uma nova sociedade, livre da exploração do homem pelo homem.
            O autor desse artigo, de acordo com o espírito do referido dossiê, transmite aos leitores da RHBN a mensagem derrotista de quem capitulou diante das injustiças presentes na sociedade capitalista. Um discurso de desmobilização é veiculado, ao afirmar que "hoje predomina entre os remanescentes dessa geração guerrilheira a idéia fatalista de que nenhuma alternativa era possível".         Dessa maneira, procura-se convencer os jovens de hoje de que os militantes da "esquerda armada", por terem sido derrotados na luta contra a ditadura, deveriam "enrolar bandeira" definitivamente, desistindo de qualquer questionamento da ordem vigente. É ignorado um grande ensinamento histórico, lembrado, ainda em 1887, pelo destacado pensador e revolucionário inglês William Morris: "(...) sem as derrotas do passado, não teríamos jamais a menor esperança numa vitória final".
            Não podemos considerar casual que, do mesmo n° 90 da RHBN, conste uma longa entrevista com o historiador francês Jean-Freançois Sirinelli, sintomaticamente intitulada "Sem mocinhos nem bandidos". O entrevistado declara que o seu trabalho "é fazer uma restituição de complexidades" e, segundo ele, "a militância é o contrário: há o bom e o mau", ou seja, o militante revolucionário não pode ser um bom historiador. Segundo Sirinelli, "quando você tem convicções fortes (...) você tem uma visão do mundo maniqueísta, moldada de acordo com elas". Tal caricatura da atividade revolucionária, reduzida a um simples maniqueísmo, é difundida com freqüência pelos "intelectuais orgânicos" (segundo Antônio Gramsci) a serviço dos setores dominantes, pois contribui para a desqualificação de todos aqueles que participaram ou participam da luta por transformações profundas na sociedade capitalista.
            Segundo Sirinelli, o marxismo seria inaceitável para o historiador, porque "explica que há um sentido na história: a luta de classes". O entrevistado da RHBN não aceita a explicação histórica baseada nos conflitos de classe presentes na sociedade capitalista, não concorda com a concepção de que os fenômenos sociais possam ser examinados à luz do embate entre dominados e dominantes. Ao rejeitar tais explicações, adota uma postura aparentemente objetiva e imparcial, mas que, na realidade contribui para justificar "teoricamente" as concepções presentes no dossiê "Ideais de chumbo", ou seja, a desqualificação dos militantes que lutaram e morreram por ideais que não eram "de chumbo", mas de democracia e justiça social.
                                                                                    
            Anita Leocadia Prestes é doutora em História Social pela UFF, professora do Programa de Pós-Graduação em História Comparada da UFRJ e presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes.



            Saiba mais
            - PRESTES, Anita Leocadia. Luiz Carlos Prestes: o combate por um partido revolucionário (1958-1990). São Paulo, Ed. Expressão Popular, 2012.
            - PRESTES, Luiz Carlos. Carta aos comunistas. São Paulo, Ed. Alfa-Omega, 1980.
            - PRESTES, Luiz Carlos, "Um 'poder' acima dos outros", Tribuna de Imprensa, Rio de Janeiro, 28/9/1988, www.ilcp.org.br (Documentos).
            - TOLEDO, Caio Navarro de (org.). 1964: visões críticas do golpe; democracia e reformas no populismo. Campinas, SP, Ed. da UNICAMP, 1997.

            Fabrício Augusto Souza Gomes
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