Este espaço é reservado para troca de textos e informações sobre a História do Brasil em nível acadêmico.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

** Boletim Tema Livre 11 - JAN 2011

 





BOLETIM TEMA LIVRE – 11
Difusor acadêmico e cultural
Nº 11 – Janeiro de 2011
1)    Concursos
 
a)      IPHAN – Concurso público
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional lançou dois editais da área de pesquisa e documentação:
Há oportunidades para recém graduados e pós-graduados.
 
b)     PUC-RIO
Seleção para as disciplinas: "História do Mundo Contemporâneo", "História Contemporânea IV" e "História da Arquitetura no Brasil".
O candidato deve ser graduado em história, com mestrado em história ou áreas afins.
 
c)     UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
História da África
 
d)     UFRN – Concurso público
Antropologia, Artes, Ciências Sociais, Comunicação Social, Filosofia, História, dentre outras áreas.
 
e)      University Columbia
A Cátedra Fulbright Dra. Ruth Cardoso, na Universidade de Columbia, New York, destina-se a professores e pesquisadores brasileiros com comprovada experiência nas Ciências Humanas e Sociais, com ênfase em História do Brasil, Antropologia, Ciência Política e Sociologia.
A bolsa mensal chega a US$ 5.000,00 e o auxílio instalação é de US$ 2.000,00
 
Para mais detalhes relativos aos concursos:
Seção: "Bolsas, concursos e oportunidades de emprego"
 
 
 
2)    Arquivo Nacional: Casa Civil ou Ministério da Justiça?
 
O Arquivo Nacional (AN), fundado ainda nos tempos do Império, mais precisamente em 1838, estava vinculado desde 2000 à Casa Civil, fato que atribui-se uma série de melhoras na sua estrutura, que vão desde o repasse de verbas ao maior peso político da instituição, passando pelo incremento do salário de seus funcionários, além do melhor atendimento à sociedade e ao governo.
Passados dez anos, o ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, em sua posse, no domingo, dia 2, anunciou que o AN retornaria ao Ministério da Justiça (MJ). No entanto, a Assan (Associação dos Servidores do AN) opõe-se ao fato, por temer a perda dos vários avanços obtidos nos últimos anos, inclusive por acreditar que o AN não se adéqua à estrutura do MJ e, ainda, que com a transferência haja uma possível impossibilidade da reabertura dos arquivos referentes ao período militar.
No dia 5, em assembléia, os servidores aprovaram o desejo de que o AN permaneça na estrutura da Presidência da República e, na UNIRIO, decidiram por Ato Público, que ocorreu no prédio do arquivo no último dia 11, a partir das 10hs. Ao meio-dia houve um abraço simbólico ao prédio do AN. Também no dia 11, a assembléia aprovou uma pauta mínima de reivindicações, a saber-se:
 1.     Manutenção do Arquivo Nacional na Presidência da República;
2.     Um Plano de Cargos e Salários;
3.     Mudança da Direção Geral;
4.     Reforma do prédio de Brasília.
 
Na quarta, dia 12, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, esteve no Rio de Janeiro, reuniu-se com servidores do AN e recebeu carta com reivindicações da classe, bem como a Associação protocolou uma carta ao ministro Palocci.
O futuro do AN segue incerto. O ministro da Justiça posicionou-se favoravelmente à transferência da instituição arquivística para sua pasta e, ainda, comprometeu-se a inteirar-se melhor sobre a questão do AN. Em fevereiro, haverá nova reunião com os servidores.
 
 
 
3)    Notícias: História e Gênero
 
NESTE MÊS, BRASIL EMPOSSOU 1ª MULHER COMO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
- Leia na matéria:
- A trajetória de Dilma, de jovem guerrilheira à primeira presidenta
- A participação feminina na política brasileira: Séculos XX e XXI
- Presidentas: Brasil e América Espanhola
- Outras mulheres que governaram o Brasil antes do 15 de novembro: Monarquias portuguesa e brasileira
 
 
 
4)    Obituário: Faleceu a historiadora Kátia Matoso
 
Faleceu no último dia 11 de janeiro, de um câncer generalizado, em Paris, a historiadora e cientista política Kátia Maria de Queiroz Mattoso, de 78 anos. Kátia Matoso, como era conhecida, era Doutora Hororis Causa pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Professora Emérita aposentada da Universidade de Paris V - Sorbonne.
A historiadora era especialista em história social da escravidão no Brasil e dentre suas obras estão "Ser Escravo no Brasil" (1982) e "Bahia Século XIX – Uma Província no Império" (1992).
Katia Matoso foi a primeira titular da cátedra de História do Brasil na Sorbone, em 1988, permanecendo aí por 10 anos. Hoje a vaga é ocupada por Luís Felipe de Alencastro. No ano passado, a historiadora doou sua biblioteca para a UFBA.
O sepultamento será na Grécia, país onde Kátia Matoso nasceu. Resta-nos, agora, o precioso legado da historiadora.
 
 
 
5)    Minissérie Histórica
 
A Fortaleza (La Commanderie, França, 2010)
Em 1375, com as drásticas conseqüências da "Guerra dos Cem Anos", a Fortaleza era a única esperança da população da Borgonha, imersa não só na guerra, mas, também, ameaçada pela praga.
Antiga posse dos Templários, a Fortaleza foi cedida pelo rei da França à Ordem Hospitaleira de São João de Jerusalém. Concomitantemente, funcionários da Fortaleza recebiam da população local dinheiro e objetos em troca de favores. A rotina da Fortaleza é quebrada com a visita de um alto funcionário da Ordem religiosa, que vai ao local para inspecionar suas instalações.
Episódio inédito: Todas as quintas, às 21hs, no Eurochannel.
 
 
 
6)    São Paulo 457 anos
Veja a programação cultural:
 
 
 
7)    Exposições
 
Arquivo Nacional

Capitais da Bossa Nova: Rio e Brasília nos anos JK
A exposição se organiza em torno das duas cidades, com fotografias do Correio da Manhã e da Agência Nacional e a exibição de dois vídeos sobre Rio e Brasília, com trilha sonora fornecida pela rádio MEC.
Praça da República, 173 - Rio de Janeiro, RJ
Tel.: (21) 2179-1228 e 2179-1273

 
CCBB
Cora Coralina – Coração do Brasil
Exposição em homenagem aos 25 anos do falecimento de Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, poetisa e contista, que produziu uma obra rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

Curadoria: Júlia Peregrino.
Cenografia: Daniela Thomas
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro.
Tel.: (21) 3808-2020
 
 
 
8)    Retrospectiva Tema Livre 2010
 
Realização da Revista Tema Livre iniciada em 2010, o Boletim Tema Livre chega a 2011 tendo atingido com êxito o seu objetivo de difundir a HISTÓRIA, a CULTURA e a ARTE, bem como o seu ideal de levar ao mundo virtual informação de QUALIDADE ao seu QUALIFICADO público.
Ao longo do ano, o Boletim anunciou concursos para universidades em todas as regiões do país, bem como eventos nas áreas acadêmica e cultural em diversas partes do mundo. Divulgou seleções de mestrado e doutorado no país e no exterior, assim como publicações brasileiras e estrangeiras. Além disto, trouxe NOTÍCIAS, CHAMADAS DE ARTIGOS, INSCRIÇÕES PARA PRÊMIOS, CONCURSOS DE TESES, etc.
Assim, após 8 anos atuando como uma das primeiras publicações na internet, a Revista Tema Livre expandiu com sucesso sua atuação na web através do Boletim Tema Livre. Conclui-se, então, que 2010 foi um ano de êxito e de alcance de metas. Conseguimos fazer nossa parte na divulgação e expansão do conhecimento. Agradecemos aqui a participação de todos os nossos leitores, que informam-se através do Boletim e o repassam a seus contatos na web. Fica aqui o nosso muito obrigado a todos vocês, estimados leitores!
Por fim, observamos que, ao longo de 2010, noticiamos, seja no Boletim, seja na Revista Tema Livre, vários medidas concernentes ao "métier" do historiador, a saber:
 
- Em 2010, foi estabelecido o "Dia Nacional do Historiador"
 
- De acordo com pesquisa publicada no Wall Street Journal, Historiador é a 5ª melhor profissão dos EUA
 
- Fenômeno histórico: Episódio da História do Brasil, a Revolução Farroupilha, lidera índice mundial de palavras postadas no Twitter
 
Para reler estas matérias, basta acessar:
 
 
9)    2011 – Perspectivas:
Ano da Itália no Brasil
- Exposição: "Roma no Tempo dos Imperadores".
- Museu Nacional, da UFRJ, possuí maior acervo do período supracitado.
- Prevê-se que SP e MG terão mostra de Caravaggio.
 
 
10)    2011 – Eventos acadêmicos
(Brasil, Argentina, Portugal e Espanha)
 
BRASIL
Rio de Janeiro
"I CONGRESSO FLUMINENSE DE HISTÓRIA ECONÔMICA"
Niterói, Junho de 2011
Está aberta a chamada para trabalhos:
 
 
"5º CONGRESSO MUNDIAL DA IASA/5TH IASA WORLD CONGRESS"
UFF, Niterói,de 27 a 29 de julho.
Chamadas de trabalho - 5 de janeiro de 2011 no site:
www.historia.uff.br/iasa2011
 
São Paulo
"XXVI SIMPÓSIO NACIONAL HISTÓRIA - ANPUH 50 anos"
São Paulo, 17 a 22 de julho de 2011.
Universidade de São Paulo (USP)
Cidade Universitária
 
Santa Catarina
"V ENCONTRO DE ECONOMIA CATARINENSE"
UDESC, Florianopolis, nos dias 28 e 29 de abril:
Envio de artigos até o dia 09 de março.
 
Rio Grande do Sul
"V ENCONTRO ESCRAVIDÃO E LIBERDADE NO BRASIL MERIDIONAL"
UFRGS: Maio de 2011
Recebimento de propostas de comunicação até 15/12 pelo email vencontro@ifch.ufrgs.br
 
Ceará
"V ENCONTRO NACIONAL - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS DE DEFESA"
DEMOCRACIA, DEFESA E FORÇAS ARMADAS
Fortaleza, de 8 a 10 de agosto. 
 
Roraima
"III REUNIÃO EQUATORIAL DE ANTROPOLOGIA / XII REUNIÃO DE ANTROPÓLOGOS NORTE E NORDESTE"
Universidade Federal de Roraima (UFRR), Boa Vista, de 14 a 17 de agosto.
www.ufrr.br/rea2011
 
PORTUGAL
Arqueologia
 
"Velhos e Novos Mundos": Congresso Internacional de Arqueologia Moderna
"Old and New Worlds": International Congress of Early Modern Archaeology
Lisboa, de 6 a 9 de abril de 2011
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
Submissão das propostas de comunicação/poster:
As inscrições são gratuitas e devem ser remetidas até 31 de janeiro para: coloquios.cham@fcsh.unl.pt
 
ESPANHA
"XVI Congreso Internacional de AHILA (Asociación de Historiadores Latinoamericanistas Europeos)"
De 6 a 9 de setembro, na Universidade de Cadiz (Cadiz/Espanha): http://www.congresoahila2011.com/
 
ARGENTINA
Buenos Aires
"Iº Congreso Internacional de Arqueología de la Cuenca del Plata"
Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano
Buenos Aires, de 11 a 16 de abril.
 
Província de Buenos Aires
"VIII Jornadas de Investigación y Debate - Memoria y oportunidades en el agro argentino: burocracia, tecnología y medio ambiente (1930-2010)"

Universidad Nacional de Quilmes, de 8 a 10 de junho.
jornadasrurales@unq.edu.ar
 
Santa Fé
"11ras Jornadas Rosarinas de Antropología Sociocultural" 
Rosario, 29 e 30 de setembro de 2011.
Apresentação de Trabalhos:
Resumos: Até 4 de abril de 2011
Departamento de Antropología Sociocultural/Escuela de Antropología/Facultad de Humanidades y Artes/UNR
ComisiónOrganizadora:
11jornadasrosarinas@gmail.com
 
Córdoba
"TERCERAS JORNADAS NACIONALES DE HISTORIA SOCIAL"
La Falda, de 11 a 13 de maio.
Centro de Estudios Históricos "Prof. Carlos S. A. Segreti"/Centro de Historia Argentina y Americana de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación de la Universidad Nacional de La Plata
 
 
 
11)Redes Sociais
 
A Revista Tema Livre atua, desde 2002, na internet, sendo um espaço qualificado, que objetiva agregar de forma positiva à vida intelectual dos navegantes da web, bem como contribuir, gratuitamente, com conteúdo de qualidade ao espaço virtual.
A partir desta proposta, a Revista Tema Livre estende sua missão à web 2.0, às mídias sociais, estando presente no Orkut, no Twitter e no FaceBook, agregando, ainda, o objetivo de, através das redes sociais, aproximar-se mais do seu público leitor.
As redes sociais aqui apresentadas são locais voltados para a discussão de temas relacionados à História, à cultura e à arte, envolvendo, também, questões da atualidade, visando a troca de informações e experiências concernentes às vidas acadêmica e profissional.
Assim sendo, convidamos todos aqueles interessados na área de História, e nas Ciências Humanas de uma maneira geral, além dos aficionados pelas Artes, a participarem deste projeto. Vamos compartilhar o conhecimento.
 
 
 
 
 
 
Orkut
Perfil
http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=16865339028429850201


Comunidade
"Espaço Tema Livre"
 
 
 
12) Convite à comunidade acadêmica
12.1) A REVISTA TEMA LIVRE está aceitando artigos para a edição nº15. Para maiores detalhes, ver:
12.2)        Os organizadores/realizadores interessados em anunciar seus eventos acadêmicos (Simpósios, lançamento de livros, defesas de teses...) e culturais (Mostras, exposições...) de forma inteiramente gratuita no Boletim Tema Livre, favor enviar os respectivos dados para eventual publicação: boletim@revistatemalivre.com
 
 
 
13)   O envio do anúncio não significa a obrigatoriedade da publicação do mesmo no Boletim Tema Livre. Por fim, os eventos que forem publicados no Boletim Tema Livre são de inteira responsabilidade dos realizadores dos eventos, sendo o Boletim Tema Livre mero veículo informativo e difusor acadêmico e cultural.
 
 
 
14)   INFORME AO PÚBLICO - Tragédia da Região Serrada deixou a Revista Tema Livre fora do ar
 
Informamos ao público que tentou acessar a Revista Tema Livre nos dias 12 e 13 de janeiro que, em função da fatalidade que assolou Friburgo, a publicação ficou fora do ar nos mencionados dias.
A Revista Tema Livre está hospedada em uma das melhores empresas do Grande Rio, que, por sua vez, tem seus sites em um dos maiores provedores do Estado. Entretanto, o Datacenter desta última está em Friburgo, cidade fortemente atingida por esta tragédia natural, danificando, assim, a estrutura da fibra ótica que liga a cidade do Rio a Friburgo.
A questão da Revista Tema Livre já foi solucionada e pedimos desculpas pelo eventual transtorno causado àqueles que nos acompanham e tentaram acessar-nos nestes fatídicos dias. No entanto, se nossos problemas já foram resolvidos, a situação de várias famílias que vivem ou estavam de férias na Região Serrana não foi. Lá, os problemas continuam. E de forma extremamente árdua. Portanto, mobilize-se, e ajude aqueles que lá estão.
 
 
 
15)   SOS Região Serrana do Rio de Janeiro
 
A região serrana do Estado do Rio foi atingida por drástica catástrofe natural na semana que foi de 09 a 15 de janeiro. Chuvas que provocaram enchentes, deslizamentos de terra, e a destruição de várias cidades, como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo.
Diante das mais de 700 mortes (números do momento em que este Boletim está a ser feito), pessoas desaparecidas e desabrigadas, o deslizamento da região serrana foi considerado um dos 10 piores do mundo pela ONU e ganhou o noticiário internacional. Estima-se que será necessário mais de 1 ano para a reconstrução das cidades da região.
Assim, a população da região serrana precisa de ajuda. Seus habitantes precisam de tudo: água, alimentos, roupas, velas, materiais de higiene e limpeza, doadores de sangue, voluntários que se desloquem à região, enfermeiros, médicos, psicólogos...
A seguir, a lista de localidades que estão aceitando doações:
 
Rio de Janeiro
-Ceasa - Avenida Brasil, nº 19.001 -Irajá.
-O Metrô Rio disponibiliza pontos de arrecadação em 11 estações nas linhas 1 e 2
-A presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, anunciou que o clube receberá donativos, na sede da Gávea
- SENAC: Marapendi - Avenida das Américas, 3959 - Barra da Tijuca
-A Rodoviária Novo Rio recebe doações. Os donativos serão recebidos no piso de embarque inferior, de 9h às 17h.
-A concessionária Ponte Rio-Niterói colocou container p receber doações junto à praça de pedágio. Info: (21) 2620-9333
 
Niterói
Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP/UFF)
Rua Marquês do Paraná, 303, Centro, Niterói. Mais informações, pelo telefone 2629-9063
Icaraí
A Igreja Metodista de Icaraí está funcionando como posto de coleta de donativos. Rua Mariz e Barros, 163 (Próximo à Gavião Peixoto)
As doações podem ser entregues de 8h às 12h e das 14h às 18h.

Região Oceânica de Niterói
-Igreja Ministério Abrindo o Mar, no Cafubá
-Igreja Operação Resgate, em Itaipu
-Igreja Ministério Palavra da Vida, em Piratininga.
-Igreja Cedro, no Engenho do Mato
 
São Gonçalo
- SESC
Avenida Presidente Kennedy, 755
 
Caxias
-Metodista Central em Duque de Caxias
Av. Presidente Kennedy, 2273, Centro, Duque de Caxias - RJ
e-mail: imcdc.novotempo@hotmail.com
Tel: (21) 2771-9256
 
Nova Iguaçu
- SESC
Rua Dom Adriano Hipólito, 10 – Moquetá

São João de Meriti 
- SESC
Avenida Automóvel Clube, 66
 
Petrópolis
-Igreja Metodista Central de Petrópolis
Rua Marechal Deodoro, 80, Centro, Petrópolis - RJ
e-mail: secretaria@metodistapetropolis.com.br
Tel: (24) 2242-4440
 
Teresópolis
- SESC
Av. Delfim Moreira, 749 - Centro
 
Doações de sangue
Hemorio
Rua Frei Caneca, 8, Centro – Tel. 2332-8611
http://www.hemorio.rj.gov.br/
Hospital Universitário Antonio Pedro (UFF)
Rua Marquês de Paraná, 303, Centro, Niterói, RJ
De segunda à sexta-feira, das 8h às 12h.
Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (21) 2629-9063.
 
São Paulo
 
Paraná
 
 
 
16)   Luto pelas vidas perdidas na região serrana do Rio. Luta pelos sobreviventes desta tragédia.
 
 


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Atividade nos últimos dias:
    **Este grupo foi criado com o intuito de promover releituras da HISTÓRIA DO BRASIL e tão-somente  HISTÓRIA DO BRASIL.  Discussões sobre a situação atual: política, econômica e social não estão proibidas, mas existem outros fóruns mais apropriados para tais questões.


                                                                                                    Por Favor divulguem este grupo e grato pelo interesse .
 
Visite o Blog do nosso Grupo:http://www.grupohistoriadobrasil.blogspot.com

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de Sônia Maria de Moraes Angel Jones -XIII-

Carta O Berro..........................................................repassem



Sônia Maria de Moraes Angel Jones

 


Militante da AÇÃO LIBERTADORA NACIONAL (ALN).

Nasceu em 9 de novembro de 1946, em Santiago do Boqueirão, Estado do Rio Grande do Sul, filha de João Luiz Moraes e Cléa Lopes de Moraes.

Foi morta aos 27 anos em 1973, em São Paulo.

Estudou no colégio de Aplicação da antiga Faculdade Nacional de Filosofia e, posteriormente, na Faculdade de Economia e Administração da UFRJ, mas não chegou a se formar, sendo desligada pelo Decreto nº477, de 24 de setembro de 1969.

No Rio, trabalhava como professora de Português no Curso Goiás.

Casou-se, em 18 de agosto de 1968, com Stuart Edgar Angel Jones, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8).

Em 1° de Maio de 1969, foi presa por ocasião das manifestações de rua na Praça Tiradentes/RJ com mais três estudantes, levada para o DOPS e, posteriormente, para o Presídio Feminino São Judas Tadeu. Somente foi libertada em 6 de agosto de 1969, quando foi julgada e absolvida por unanimidade pelo Superior Tribunal Militar. Passou a viver na clandestinidade.

Em maio de 1970 exilou-se na França, onde se matriculou na Universidade de Vincennes e, para se sustentar, trabalhou na Escola de Línguas Berlitz, em Paris, onde lecionava Português.

Com a prisão e desaparecimento de Stuart pelos órgãos brasileiros de repressão política, Sônia decidiu voltar ao Brasil para retomar a luta de resistência. Ingressou na ALN e viajou para o Chile, onde trabalhava como fotógrafa. Posteriormente, em maio de 1973, retornou clandestinamente ao Brasil, indo morar em São Paulo. Em 15 de novembro de 1973 alugou um apartamento em São Vicente, junto com Antônio Carlos Bicalho Lana, com quem se unira. Seu apartamento passou a ser vigiado, sendo presa, juntamente com Antônio Carlos, no mesmo mês, por agentes do DOI-CODI/SP, tendo o II Exército divulgado a notícia de que morrera, após combate, a caminho do hospital (O globo 1º de dezembro de 1973).

Foi assassinada sob torturas no dia 30 de novembro de 1973, juntamente com Antônio Carlos Bicalho Lana.

A autópsia assinada pelos legistas Harry Shibata e Antônio Valentine, apenas descreve as perfurações das balas, sem nada mencionar das torturas sofridas. Afirmam que o crânio sofreu corte característico da autópsia e que examinaram detidamente o corpo.

Durante quase vinte anos a família investigou os fatos relacionados à prisão, tortura e assassinato de Sônia e Antônio Carlos.

Como resultado dessas investigações, a família produziu o vídeo "Sônia Morta e Viva", dirigido por Sérgio Waismann.

A prisão do casal, em São Vicente, foi detalhadamente planejada, como constatou sua família, durante as investigações junto aos empregados do prédio em que Sônia e Antônio Carlos moravam. Ela costumava, assim que se mudou, tomar banho de sol numa prainha ligada ao prédio e, desde então era observada de um prédio próximo por agentes policiais, através de uma luneta. Dias depois, os mesmos agentes comunicaram aos empregados do prédio que moravam ali dois terroristas muito perigosos e para justificar tal afirmativa "empregaram-se" como funcionários do prédio e passaram a observá-los mais de perto. Certa manhã, bem cedo, quando Antônio Carlos e Sônia pegaram o ônibus da Empresa Zefir, já havia dentro do ônibus alguns agentes, inclusive uma senhora vestida de vermelho. Ao mesmo tempo, nas imediações da agência do Canal 1, São Vicente, já se encontravam vários agentes à espera de que um deles, pelo menos, descesse para adquirir passagens, pois as mesmas não eram vendidas no ônibus. Até hoje, a família não pôde precisar o dia exato da prisão, possivelmente num sábado, depois do dia 15 de novembro, fato este testemunhado por Celso Pimenta, motorista do ônibus, e Ozéas de Oliveira, vendedor de bilhetes, ambos da Agência Zefir.

Existem duas versões a respeito da prisão, tortura e assassinato de Sônia e Antônio Carlos.

A versão do primo do pai de Sônia, coronel Canrobert Lopes da Costa, ex-comandante do DOI-CODI de Brasília, amigo pessoal do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-CODI de São Paulo: depois de presa, do DOI-CODI de São Paulo foi mandada para o DOI-CODI do Rio de Janeiro, onde foi torturada, estuprada com um cassetete e mandada de volta a São Paulo, já exangüe, onde recebeu dois tiros.

A versão do Sargento Marival Chaves, membro deo DOI-CODI/SP: Sônia e Antônio Carlos foram presos e levados para uma casa de tortura na Zona Sul de São Paulo onde ficaram de cinco a dez dias, até morrerem, dia 30 de novembro de 73 e foram colocados, no mesmo dia, à porta do DOI-CODI/SP, para servir de exemplo. Ao mesmo tempo, foi montado um "teatrinho" – termo usado pelo sargento – para justificar a versão oficial de que foram mortos em conseqüência de tiroteio, no mesmo dia 30 (metralharam com tiros de festim um casal e os colocaram imediatamente num carro).

Versão oficial publicada dia 1° de dezembro de 1973 em dois jornais: "O Globo" e "O Estado de São Paulo": Morte de Sônia e Antônio Carlos, a caminho do Hospital, após tiroteio em confronto com os agentes de segurança, na Avenida de Pinedo, no Bairro de Santo Amaro, cidade de São Paulo, altura do n° 836, às 15 horas.

No arquivo do antigo DOPS/SP foi encontrado um documento da Polícia Civil de São Paulo-Divisão de Informações CPI/DOPS/SP que diz: "Consta arquivado nesta divisão uma cópia xerográfica do Laudo de Exame Necroscópico referente à epigrafada com data de 20 de novembro de 1973." (Teve o laudo assinado antes de morrer?).

Apesar de haverem identificado Sônia Maria, os seus assassinos enterraram-na, como indigente, no Cemitério Dom Bosco, em Perús, sob o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar. A troca proposital do nome de Sônia, demonstra a clara tentativa dos órgãos de repressão em esconder seu cadáver. A família de Sônia conseguiu obter através de processo de número 1483/79 na 1ª Vara Civil de São Paulo, a correção de identidade e retificação do Registro de Óbito.

Oficialmente morta, a família pôde transladar seus restos mortais para o Rio de Janeiro, em 1981.

Em 1982, na tentativa de apuração das reais circunstâncias da morte de Sônia, através de processo movido contra Harry Shibata, médico do IML/SP que atesta sua morte (inclusive assinando o atestado de óbito sob o nome falso e o laudo com nome verdadeiro), o IML/RJ constatou que os ossos entregues à família, enterrados no Rio de Janeiro, eram de um homem.

Para sepultar dignamente os restos mortais de Sônia, a família teve que fazer várias exumações, que chegaram a seis. A última exumação apresentava um crânio, sem o corte característico de autópsia e a família não aceitou os restos mortais, por desconfiar que seria mais um engano do Instituto Médico Legal de S. Paulo.

Em um de seus depoimentos à CPI realizada na Câmara Municipal de S. Paulo, Harry Shibata declarou que a descrição feita no laudo necroscópico de que houve corte de crânio, não corresponde à verdade, uma vez que essa descrição é apenas uma questão de praxe. Assim declarando, assumiu a farsa com que eram feitos os laudos.

Após serem identificados pela UNICAMP, seu restos mortais, finalmente, foram trasladados para o Rio de Janeiro no dia 11 de agosto de 1991.

De seu pai, o Tenente-Coronel da Reserva do Exército Brasileiro e professor de matemática, João Luiz de Morais:

"Sônia Maria Lopes de Moraes, minha filha, teve seu nome mudado após o seu casamento com Stuart Edgar Angel Jones, para Sônia Maria de Moraes Angel Jones. Ambos foram torturados e assassinados por agentes da repressão política, ele em 1971 e ela em 1973. Minha filha foi morta nas dependências do Exército Brasileiro, enquanto seu marido Stuart Edgar Angel Jones foi morto nas dependências da Aeronáutica do Brasil.Tenho conhecimento de que, nas dependências do DOI-CODI do I Exército, minha filha foi torturada durante 48 horas, culminando estas torturas com a introdução de um cassetete da Polícia do Exército em seus órgãos genitais, que provocou hemorragia interna.

Após estas torturas, minha filha foi conduzida para as dependências do DOI-CODI do II Exército, local em que novas torturas lhe foram aplicadas, inclusive com arrancamento de seus seios. Seu corpo ficou mutilado de tal forma, a ponto de um general em São Paulo ter ficado tão revoltado, tendo arrancado suas insígnias e as atirado sobre a mesa do Comandante do II Exército, tendo sido punido por esse ato. Procedi a várias investigações em São Paulo, visando a aferição desses fatos, inclusive tentando manter contato, porém sem êxito, com esse General, tendo tido notícia de que o mesmo sofrera derrame cerebral, estava passando mal e de que sua família se opunha a qualquer contato e a qualquer referência aos fatos relativos a Sônia Maria.

As informações sobre as torturas, o estupro, o arrancamento dos seios de Sônia Maria e os tiros, me foram prestadas pessoalmente pelo coronel Canrobert Lopes da Costa e pelo advogado Dr. José Luiz Sobral. Minha filha, em sua militância política, utilizava o nome de Esmeralda Siqueira Aguiar. Em 1° de dezembro de 1973, ao ler no Jornal "O Globo" vi uma notícia sobre Esmeralda Siqueira Aguiar. Viajei imediatamente em companhia de minha mulher Cléa, de minha cunhada Edy, de minha outra filha, Ângela, e de meu futuro genro, Sérgio, para a cidade de São Vicente, dirigindo-me diretamente para a Rua Saldanha da Gama, 163, apto. 301, local onde residia Sônia Maria. Ao chegar a esse local, à noite, encontrei-o ocupado por alguns homens, em torno de 5 (cinco) ao que me recordo, membros das Forças da Segurança. Ao me recusar entregar minha carteira de identidade, cheguei a ser agredido. Após ter sido agredido, ameaçado de ser atirado do 3°andar e de ser metralhado por esses homens, consegui comunicar-me com o superior-de-dia do II Exército, em São Paulo, quando então, após identificar-me como Tenente-Coronel, consegui deste uma determinação por telefone diretamente a um dos 5 membros das Forças da Segurança, que me libertassem, mediante o compromisso de dirigir-me para um hotel em São Paulo, onde fiquei juntamente com minha mulher à disposição do II Exército e no dia seguinte prestei depoimentos no DOI-CODI.

Durante esse depoimento, indaguei aos interrogadores a respeito do paradeiro do corpo de minha filha, sendo que um destes respondeu que o corpo só poderia ser visto com a autorização do Comandante do II Exército.

Na tarde desse mesmo dia, viajei para o Rio de Janeiro em companhia de minha mulher para conversar com meu amigo, General Décio Palmeiro Escobar, Chefe do Estado Maior do Exército, já falecido, o qual me deu uma carta para ser entregue ao General Humberto de Souza Mello, carta essa em que o General Décio pedia "ao ilustre companheiro e amigo" que me liberasse, assim como minha mulher, de São Paulo, pois necessitávamos permanecer no Rio, onde dirigíamos um Colégio, bem como fosse liberado o corpo de Sônia para um sepultamento cristão.

Regressando a São Paulo em companhia de minha mulher, no dia seguinte, dirigi-me ao Quartel do II Exército para entregar a mencionada carta, sendo certo que o General Humberto não quis receber-me, e a carta foi levada pelo então Coronel Hugo Flávio Lima da Rocha, que, ao voltar do gabinete do General, deu a seguinte resposta: "o General manda te dizer que, por causa desta carta, você está preso a partir deste momento" e, como seu velho companheiro de Realengo, faço questão de, pessoalmente, levá-lo para o Batalhão da Polícia do Exército. No Batalhão da Polícia do Exército, fiquei preso durante 4 (quatro) dias, vindo a ser liberado, sem maiores explicações mas com a recomendação de que "regressasse ao Rio, nada falasse, não pusesse advogado e aguardasse em casa o atestado de óbito de Sônia que seria remetido pelo II Exército e, quanto ao corpo, não poderia vê-lo pois havia sido sepultado".

Somente decorridos muitos anos pude entender minha prisão, ou seja, naqueles dias Sônia Maria ainda estava viva e sendo torturada e, na medida em que era mantido preso, era possível evitar minha interferência, ao mesmo tempo que, com essa prisão, buscavam amedrontar toda a família.

Apesar do desespero, das ameaças e do conseqüente apavoramento, a família continuou insistindo em conhecer os detalhes sobre a morte de Sônia Maria e, nessa procura, o referido advogado, José Luiz Sobral, que se dizia amigo comum da família e do General Adir Fiúza de Castro, então Comandante do DOI-CODI do Rio de Janeiro, prontificou-se em obter esclarecimentos diretamente com esse General. O Dr. José Luiz Sobral, ao retornar das dependências do DOI-CODI do I Exército, claudicava um pouco, e insinuava 'ter levado umas cassetadas', trazendo-me um presente inusitado: um cassetete da Polícia do Exército, mandado pessoalmente pelo General Fiúza para a família, com a recomendação que não falasse mais sobre o assunto, pois 'todos estavam falando demais'.

Na ocasião, a família guardou o cassetete sem lhe dar maior importância e só recentemente, há uns 2 (dois) anos, é que pude fazer a interligação dos acontecimentos, ou seja, conclui estarrecido que o verdadeiro significado desse presente é que o mesmo General Fiúza nos enviava, como advertência, o próprio instrumento que provocara a morte de Sônia Maria. Este cassetete se encontra em meu poder, podendo ser apresentado a qualquer tempo.

A partir da morte de Sônia, todo final de semestre, nas Declarações de Herdeiros que prestava ao Ministério do Exército, colocava Sônia Maria Lopes de Moraes como minha herdeira, assinalando sempre que 'presumivelmente morta pelas Forças de Segurança do II Exército, deixo de apresentar a certidão de óbito porque não me foi fornecida ainda pelo II Exército, conforme prometido'. Essas declarações causavam mal-estar entre os militares, tendo sido aconselhado pelo chefe da pagadoria do Exército a requerer a certidão diretamente ao Comandante do II Exército. Apresentado o requerimento, em setembro de 1978, recebi uma correspondência onde o General Dilermando Gomes Monteiro, então Comandante do II Exército, afirmava que 'não cabe ao II Exército fornecer o atestado solicitado. No Cartório de Registro Civil do 20° Sub Distrito - Jardim América/SP, foi registrado o óbito de Esmeralda Siqueira Aguiar, filha de Renato A. Aguiar e de Lucia Lima Aguiar. O requerente procure o Cartório em causa, se assim o desejar.' O documento acrescentava, ainda, que 'mandara retirar do Cartório referido, por pessoa indiscriminada, uma certidão de óbito registrada, que fora fornecida sem qualquer problema'. A referida correspondência, subscrita pelo Comandante do II Exército, foi o primeiro reconhecimento oficial da morte de Sônia Maria. Apesar de ter requerido o atestado de óbito em nome de Sônia Maria Lopes de Moraes, a resposta do Comandante do II Exército foi a entrega de uma certidão de óbito em nome de Esmeralda Siqueira Aguiar. Tempos depois da entrega desse atestado de óbito, tomei conhecimento de um outro documento, 'Auto de Exibição e Apreensão', datado de 30 de novembro de 1973, em cujo verso há uma nota do DOI-CODI do II Exército, onde, no final, consta um 'em tempo: material encontrado em poder de Esmeralda Siqueira Aguiar, cujo nome verdadeiro é Sônia Maria Lopes de Moraes.

No Cemitério de Perus, consegui encontrar o registro de sepultamento de Esmeralda Siqueira Aguiar, na Quadra 7, Gleba 2, Terreno 486, com algumas rasuras, em datas principalmente. Nessa oportunidade, os ossos de Sônia não podiam ser exumados porque estava sepultado na parte de cima um outro cadáver. Tivemos que aguardar ainda 3 (três) anos para a pretendida exumação, ocorrida em 16 de maio de 1981. Nessa ocasião reclamei das divergências existentes entre o que constava do laudo assinado pelos legistas Harry Shibata e Antônio Valentine e a realidade da ossada retirada, pois, ao contrário do que constava nesse laudo, o crânio que seria o de Sônia não apresentava nenhum orifício de entrada ou saída de projétil de arma de fogo e estava inteiro. Apesar dessas discrepâncias, levamos os ossos para o Rio de Janeiro, sepultando-os no Cemitério Jardim da Saudade, mais precisamente no Lote 18874, Espaço B, Setor IV, e, durante um ano, todos os sábados, juntamente com minha mulher, ia ao Cemitério e levava flores em homenagem a minha filha.

Além da ação proposta na I Vara de Registros Públicos para retificação de identidade, intentamos outra na Auditoria Militar de São Paulo, pleiteando a abertura de IPM para averiguar as verdadeiras causas da morte de minha filha, bem como a falsidade da certidão e laudo assinados por Harry Shibata e Antonio Valentine. Esse processo, na Auditoria Militar, teve seu curso normal até que o Comandante da II Região Militar, General Alvir Souto se negou a cumprir determinação do Juiz para a abertura de IPM, alegando insuficiência de provas.

Nessa ocasião a Juíza Dra. Sheila de Albuquerque Bierrembach determinou a exumação dos restos mortais sepultados no Cemitério Jardim da Saudade, bem como o seu exame pelo IML do Rio de Janeiro, constatando esse Instituto que aquela ossada não pertencia a Sônia, mas sim a um homem, negro, de aproximadamente 33 anos de idade.

Diante do estranho resultado dessa última exumação, a mesma Juíza Sheila Bierrenbach determinou que se fizessem, no Cemitério de Perus, tantas exumações quantas fossem necessárias até serem encontrados os restos mortais de Sônia Maria. Nessa busca, participei juntamente com minha mulher, familiares e amigos ainda de mais 4 exumações nesse mesmo Cemitério de Perus. Terminada a última dessas exumações foi encontrada uma ossada, que poderia ser a de Sônia. Porém, o crânio encontrado também não estava seccionado e os orifícios de entrada e saída de projéteis não coincidiam inteiramente com o laudo. Não tínhamos então a ficha dentária de Sônia, que havia sido perdida por seu dentista no Rio de Janeiro, Dr. Lauro Sued. Não tínhamos elementos de convicção para aceitar aqueles restos mortais como sendo os de Sônia e, por isso, tentamos impugnar as conclusões do IML de São Paulo, apresentando 11 quesitos e 10 fotografias do crânio de Sônia quando esta tinha 11 anos de idade. A juíza, Dra. Sheila, finalmente, aceitou a conclusão do IML de São Paulo, no sentido de que aqueles eram, oficialmente, os restos mortais de Sônia Maria de Moraes Angel Jones."

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

** [Carta O BERRO] PARA NÃO ESQUECER JAMAIS! História de DEVANIR JOSÉ DE CARVALHO -XII-

Carta O Berro..........................................................repassem

DEVANIR JOSÉ DE CARVALHO

UM EXEMPLO DE RESISTENCIA E DE LUTA DE CLASSE OPERÁRIA


Thainá Siudá e Fernanda Toscano




Mineiro, nascido no dia 15 de julho de 1943, na cidade de Muriaé, Devanir era filho de José Carvalho e Esther Campos de Carvalho e irmão de Derli, Daniel, Joel, Jairo e Helena. Na década de 1950, sua família, de origem camponesa, mudou-se para São Paulo, para a região do ABCD. Era a época do início da instalação das indústrias metalúrgicas e automobilísticas na região.Juntamente com seus irmãos Derli, Daniel e Joel, com quem aprendeu o ofício de torneiro mecânico desde a adolescência, trabalhou nas indústrias da região – Villares e Toyota, entre outras. Em 1963, casou-se com Pedrina, com quem teve dois filhos: Carlos Alberto José de Carvalho e Ernesto Devanir José de Carvalho.


A clandestinidade


Em 1963, logo que se empregou, uniu-se ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, militou por reformas de base e participou de greves, passeatas operárias e outras formas de mobilização. Nesse mesmo ano ingressou no Partido Comunista do Brasil, no qual militou até 1964. Depois do golpe militar, mudou-se para o Rio de Janeiro, devido às perseguições, e lá continuou sua militância na clandestinidade, trabalhando como motorista de táxi.


Em 1967, Devanir uniu-se à Ala Vermelha, dissidência do PCdoB. Em 1969, voltou para São Paulo e, depois de se desligar da Ala Vermelha, fundou o Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT).


O que foi a Ala Vermelha


A Ala Vermelha originou-se do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Este, por sua vez, é fruto de uma cisão no Partido Comunista Brasileiro (PCB), mas considera-se o verdadeiro continuador do partido fundado em 1922. A ruptura deu-se a partir da crítica ao pacifismo do PCB, que se definira por mudar o sistema pela via institucional.


Com o golpe de Estado de 1964, o PCdo B reafirma a Guerra Popular como caminho da luta revolucionária no Brasil, diferenciando-se do pacifismo do PCB e também da via da guerrilha urbana adotada pelas novas dissidências do PCB, a exemplo de Aliança Libertadora Nacional (ALN).
A Conferência do PCdoB realizada em 1967 provocou divisões internas, entre as quais se situa a do grupo de militantes oriundos, em sua maioria, do movimento estudantil, e em menor escala de setores operários do ABCD paulista e de integrantes das Ligas Camponesas. Este grupo fundou uma nova organização chamada Ala Vermelha.


A Ala Vermelha fez a crítica do PCdo B, fundamentalmente, em três aspectos:


1) – Análise da realidade brasileira, caracterizada como semifeudal, que exigiria uma etapademocrático-nacional. A Ala tendia a afirmar o caráter capitalista da economia brasileira;
2) – relegação, a segundo plano, da preparação da guerra popular. A Ala se propunha a"organizar um partido de novo tipo em função da luta armada";
3) – autoritarismo dos dirigentes do PCdoB na condução dos debates relativos àsdivergências internas.


Embora reafirmando a estratégia maoísta da Guerra Popular Prolongada, com o cerco das cidades pelo campo, a Ala Vermelha considerava a necessidade de implantação imediata de um foco guerrilheiro rural como embrião do futuro Exército Popular e a formação de grupos armados na área urbana, para ações de apoio ao campo.


Partiu para a ação e foi o primeiro grupo a realizar ações armadas no Brasil, durante a ditadura militar, já no ano de 1968. Essas ações eram dirigidas pelo Grupo Especial Nacional (GEN), do qual participava Devanir Carvalho.


Uma intensa repressão desencadeada em 69 levou a Direção Nacional a conduzir uma profunda reflexão interna, a qual levou às conclusões contidas num documento de 16 pontos. A autocrítica considerava que a organização vinha tendo uma prática militarista e reorientava a linha política para a realização de trabalho de massa, especialmente no meio operário e nos bairros populares.


MRT – A hora e a vez das armas


O Grupo Especial Nacional (GEN) não aceitou a reorientação e, saindo da Ala, criou o Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), retomando o nome de uma organização criada por militantes das Ligas Camponesas, que se preparava para desenvolver a luta armada, quando foi dizimada logo após o golpe militar de 1964.


Pequena, mas combativa e eficiente, já em dezembro de 1969, o MRT realizou ações armadas em conjunto com outros grupos guerrilheiros com os quais formou uma Frente (ALN, VPR e REDE). Foram assaltos simultâneos a dois bancos. Essa ação teve grande repercussão porque a ditadura militar vinha alardeando o "fim do terror", após o assassinato de Carlos Marighella, ocorrido em novembro daquele ano ( V. A Verdade, Ano I nr. 12 ).


O MRT passou todo o ano de 1970, com a Frente, realizando ações armadas de expropriação e o seqüestro do cônsul-geral do Japão em São Paulo para obter a libertação de presos políticos. No início0 de 1971, começou um processo de debates para formulação de sua linha política, mas a repressão se abateu pesada e dizimou seus principais dirigentes (Devanir Carvalho, Joaquim Alencar de Seixas e Dimas Antônio Cassemiro, inviabilizando a continuidade do movimento político-militar.


A prisão


Por volta de 11 horas da manhã do dia 5 de abril de 1971, Devanir chegou à Rua Cruzeiro, n° 1111, Bairro de Tremembé, em São Paulo, onde foi recebido pela polícia com uma rajada de metralhadora, que o deixou imobilizado. Levado para o Deops, passou a ser torturado pelo delegado Sérgio Fleury e sua equipe. Foi assassinado por volta das 18 horas do dia 7 de abril de 1971.


Segundo a versão policial, Devanir foi morto em confronto com a polícia, mas o próprio delegado Fleury fazia questão de deixar claro que pretendia prendê-lo e levá-lo à morte por meio de tortura. Esses avisos eram mandados pelos próprios irmãos de Devanir, que permaneceram presos de 1969 a 1970. Fleury dizia: "Avisem ao Henrique (nome de guerra de Devanir) que encomendei nos Estados Unidos um bastão tranqüilizante para poder pegá-lo vivo e que serei eu, pessoalmente, que o pegarei no pau". A família de Devanir prefere aceitar a versão de que ele foi morto em confronto com a polícia: "É melhor para nós. É muito difícil pensar que meu pai foi torturado até a morte", diz Ernesto, seu filho.


Depois da morte de Devanir, Pedrina chegou a ficar presa durante um mês, passando por torturas e conseguindo ser solta em seguida. Em julho de 1971, refugiou-se no Chile juntamente com seus filhos. Em 1973, Joel e Daniel, irmãos de Devanir que se encontravam no Chile, fizeram uma tentativa de voltar ao Brasil para regressar à luta, mas a partir daí são considerados desaparecidos políticos, não tendo até hoje seus corpos sido encontrados. Pedrina só regressou ao Brasil com seus filhos, três meses antes da anistia, em 1978.


Sem nenhuma fotografia que retrate o pai – todas foram levadas pela polícia –, Ernesto, filho de Devanir, diz que tentou formar a imagem da figura paterna: "Tenho uma foto em que ele está com o rosto coberto para não ser identificado. Há uma outra em que está comigo e meu irmão, mas foi tirada de muito longe e não dá para reconhecê-lo. O que restou foi uma foto 3x4, onde ele está disfarçado, barbeado e de óculos".


O reconhecimento


Devanir foi muito reconhecido em países como Portugal, Argentina, França e Brasil, onde sua família esteve exilada. Embora a polícia, cão-de-guarda da ditadura militar fascista, tenha feito de tudo para que Devanir fosse conhecido como criminoso, não conseguiu esconder o que ele foi, verdadeiro herói da luta pela libertação da classe operária do jugo da exploração capitalista. Hoje, sua história também é relembrada em uma escola municipal em Diadema, que se chama Devanir José de Carvalho e que comemorou seus 10 anos em outubro, servindo de exemplo para a juventude e a classe operária que ainda sofrem com a opressão do sistema capitalista.
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FONTES


- Dos Filhos deste solo, Nilmário Mário Miranda e Carlos Tibúrcio
- Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos a partir de 1964, Comissão de Familiares, Instituto de Estudo da Violência do Estado e Grupo Tortura Nunca Mais.
- Perfil dos Atingidos. Projeto: Brasil: Nunca Mais, Arquidiocese de São Paulo.

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