Fonte: Agência FAPESP - 05 de fevereiro de 2015
Por José
Tadeu Arantes
Agência
FAPESP – O
racismo é crime no Brasil, previsto pela Constituição Federal,
nos termos do Artigo 5º, Inciso XLII. “A prática do racismo
constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei”, diz o texto. No entanto, ao longo
do ano passado, manifestações abertas de racismo
multiplicaram-se nas redes sociais e nos espaços públicos, pondo
em xeque a cômoda ideia da “democracia racial” brasileira. Esse
racismo estava encoberto e veio à superfície? Ou foi acirrado
recentemente?
Perguntas
como essas preenchem o dia a dia de Lia Vainer Schucman, doutora
em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) que
atualmente conclui um pós-doutorado com a pesquisa “Famílias
inter-raciais: estudo psicossocial das hierarquias raciais
em dinâmicas familiares”, apoiada pela FAPESP.
Também com o
suporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo, sua tese de doutorado foi recentemente publicada em
livro, com o título Entre
o encardido, o branco e o branquíssimo: branquitude,
hierarquia e poder na cidade de São Paulo. [*]
Descendente
de família judaica, Schucman ouviu muitos relatos de
perseguições movidas pelo racismo. “Fui socializada em um lar em
que qualquer forma de preconceito e discriminação era totalmente
intolerável e automaticamente associada aos horrores passados
pela minha família na Segunda Guerra Mundial”, escreveu.
Algumas
linhas adiante, porém, reconheceu que essa formação não a eximiu
de um racismo mais sutil, que, de seu ponto de vista, perpassa a
sociedade inteira: “Nosso racismo nunca impediu que
convivêssemos com negros ou que tivéssemos relações de amizade
e/ou amorosas com eles. No entanto, muitas vezes essas eram
relações em que os brancos se sentiam quase como fazendo
caridade ou favor de se relacionarem com os negros”.
Schucman
concedeu a seguinte entrevista à Agência FAPESP.
Agência
FAPESP –
Parece haver atualmente um recrudescimento de expressões do
racismo. Esse racismo estava reprimido ou está sendo acirrado?
Lia Vainer
Schucman – É o
chamado “medo branco”. Falo disso em um capítulo do livro.
Enquanto os negros se encontravam em uma posição subalterna, o
racismo existia, mas não assumia formas tão ostensivas, porque
os negros não disputavam com os brancos o acesso aos bens
públicos e a outras posições na sociedade – coisas que os
brancos consideravam suas por merecimento. Porém, quando as
lutas dos movimentos sociais negros produziram certas
conquistas, alguns brancos passaram a se sentir ameaçados. Isso
foi claramente perceptível nas entrevistas que fiz. Era comum,
por exemplo, os entrevistados brancos considerarem as cotas para
negros nas universidades como privilégios. Mas não lhes ocorria
pensar que o lugar que antes ocupavam com exclusividade fosse um
privilégio. Havia uma ideia embutida de merecimento. No meu
livro, há a foto de uma escola do bairro do Limão, em São Paulo,
com a pichação “Vamos cuidar de nossas crianças brancas” em um
muro. Isso foi motivado pelo fato de a escola ter decidido
fazer, naquele ano, uma festa junina com motivos negros, motivos
de origem africana. E alguns pais se revoltaram com isso, sem
levar em conta que o currículo oficial, adotado como se fosse um
currículo genericamente humano, é, na verdade, pautado pela
história e por valores europeus, valores que expressam a
supremacia branca. Essa pichação, que expressa um ponto de vista
racista, foi uma reação à conquista dos negros, no sentido de
terem sua história e suas realizações reconhecidas.
Agência
FAPESP – A
mudança de mentalidade é um processo muito mais longo e
difícil do que a conquista de direitos e a adoção de políticas
públicas afirmativas?
Schucman – Sim. Parte do meu
doutoramento foi feita nos Estados Unidos, na Universidade da
Califórnia. Lá, recebi a orientação da afro-americana France
Winddance Twine, que fez uma pesquisa com brancos que interagiam
com negros no dia a dia, procurando entender como esses brancos
se relacionavam com sua branquitude. Ela formulou o conceito de racial literacy, que eu
traduzi, em meu livro, por “letramento racial”. O letramento
racial é uma forma de responder individualmente às tensões
raciais. Ao lado de respostas coletivas, na forma de cotas e
políticas públicas, ele busca reeducar o indivíduo em uma
perspectiva antirracista. A ideia subjacente é a de que quase
todo branco é racista, mesmo que não queira, porque o racismo é
um dado estrutural de nossa formação social. Por exemplo, um
jovem estuda arquitetura em uma das melhores universidades
brasileiras e, depois de formado, projeta um banheiro de
empregada com o chuveiro em cima do vaso sanitário. Ele não
gostaria de usar um banheiro desses. Mas projeta esse banheiro
para a empregada como se isso fosse a coisa mais natural do
mundo. Veja, ele não está aderindo à ideologia escravista ao
fazer isso. Ele está simplesmente reproduzindo um racismo de
fundo que perpassa todo o nosso sistema educacional e toda a
nossa cultura. Então, se ser racista é um aprendizado, se nós
aprendemos desde cedo a ser racistas em nossa sociedade, o
letramento racial é a proposta de um desaprendizado.
Agência
FAPESP – E
como o letramento racial funciona?
Schucman – É um conjunto de
práticas, baseado em cinco fundamentos. O primeiro é o
reconhecimento da branquitude. Ou seja, o indivíduo reconhece
que a condição de branco lhe confere privilégios. O segundo é o
entendimento de que o racismo é um problema atual e não apenas
um legado histórico. Esse legado histórico se legitima e se
reproduz todos os dias e, se o indivíduo não for vigilante, ele
acabará contribuindo para essa legitimação e reprodução. É o
mesmo que acontece em relação ao machismo. Seja homem ou mulher,
se a pessoa não for vigilante, ela acabará contribuindo para a
legitimação e reprodução do machismo. O terceiro é o
entendimento de que as identidades raciais são aprendidas. Elas
são o resultado de práticas sociais. O quarto é tomar posse de
uma gramática e de um vocabulário racial. No Brasil, evitamos
chamar o negro de negro. Como se isso fosse um xingamento e como
se evitar essa palavra pudesse esconder o racismo. Para
combatê-lo, temos de ser capazes de falar de raça abertamente,
sem subterfúgios. O quinto é a capacidade de interpretar os
códigos e práticas “racializadas”. Isso significa perceber
quando algo é uma expressão de racismo e não tentar camuflar,
dizendo que foi um mal-entendido. É o caso daquele casal branco
do Rio de Janeiro que foi comprar um carro levando junto o filho
negro adotado. E o vendedor enxotou a criança, que considerou um
“menino de rua”. Depois, o vendedor ou alguém da loja tentou se
desculpar, dizendo que havia sido um mal-entendido. Não, não foi
um mal-entendido. Foi uma expressão pura e simples de racismo.
Agência
FAPESP –
Esses cinco fundamentos permitiriam construir uma
individualidade antirracista?
Schucman – Sim. É semelhante a
uma alfabetização. Daí a palavra letramento. Foi essa
perspectiva de uma alfabetização antirracista que me fez eleger,
como tema do pós-doutoramento, as famílias inter-raciais. Porque
o racismo da sociedade se reproduz de várias maneiras dentro das
famílias, inclusive das famílias inter-raciais.
Agência
FAPESP – Dê
um exemplo.
Schucman – Em uma família
inter-racial, é comum que o filho de pele mais clara seja
beneficiado com a possibilidade de estudar, enquanto seus irmãos
de pele mais escura apenas trabalham. Os pais acham que o mais
claro terá melhores oportunidades, então investem em sua
educação, mesmo que não possam dar a mesma condição para os
outros filhos. Há toda uma hierarquia na sociedade que se
reproduz no interior das famílias, em brancos e negros. A
sociedade constrói significados sobre as coisas, e as pessoas,
de uma maneira ou de outra, introjetam esses significados.
Agência
FAPESP – No
seu livro, você se coloca dentro da pesquisa, não vendo o tema
de fora, com uma pretensa objetividade, mas questionando o seu
próprio ponto de vista. Como escolheu e desenvolveu o tema?
Schucman – Quando iniciei meu
doutoramento, em 2008, a ideia era pesquisar o racismo. Eu
queria entender, do ponto de vista psicológico, como o negro
introjetava o racismo. Mas, ao cursar disciplinas da
pós-graduação na USP, alguns colegas, militantes dos movimentos
negros, me disseram que estava na hora de “olhar outras coisas”.
O que eles estavam afirmando era que o negro constituía sempre o
tema do pesquisador branco, como se o negro fosse objeto e não
sujeito, e como se o negro fosse sempre o “outro”. Eles me
fizeram perceber que, ao estudar o negro, ao estudar o indígena,
o que o pesquisador branco faz é, mais uma vez, produzir o
“outro”. Decidi, então, colocar o branco em questão.
Agência
FAPESP – De
que maneira sua pesquisa evoluiu a partir daí?
Schucman – Comecei com um estudo
mais teórico dos conceitos de raça, construídos no século XIX.
Um desses conceitos trazia a ideia de que o fenótipo determinava
todo um modo de ser: moral, intelectual, estético,
civilizatório. Então, peguei essas quatro variáveis – moral,
intelectual, estética e civilizatória – e busquei perceber como
elas apareciam na fala das pessoas brancas. Ou seja, como essa
ideia de raça, construída no século XIX, continuava operando na
construção das identidades. E constatei que elas apareciam na
fala dos sujeitos o tempo todo. Por exemplo, entrevistei um
vigilante noturno branco e perguntei a ele: “O que é ser branco,
para você?” E ele respondeu: “Para mim, isso tem a ver com
atitude. Eu sou trabalhador, eu vivo bem”. Essa ideia fictícia,
da superioridade branca, está quase sempre presente na fala dos
entrevistados.
Agência
FAPESP –
Quando você se aproximou do tema?
Schucman – Na graduação, obtive
bolsa de iniciação científica para estudar preconceito e
estereótipo. Eu já tinha uma herança familiar nesse sentido,
porque minha avó materna é judia, sobrevivente de campo de
concentração, uma pessoa de esquerda. Na casa dela, há vários
retratos de parentes mortos em campo de concentração. Então, o
antirracismo, a consciência daquilo que o racismo é capaz de
fazer, sempre foi algo muito presente na minha formação. Fiz o
mestrado com um estudo sobre identidade judaica. E o que mais me
marcou foi entrevistar pessoas que não seguiam a religião, não
tinham nada a ver com o judaísmo, mas não conseguiam deixar de
ser judias. Eu perguntava: “Mas por que você não consegue deixar
de ser judeu?”. E a resposta era: “Porque os outros me veem como
judeu”. A questão do olhar do outro ou de como o olhar produz o
“outro” tornou-se um subtema bem forte em minha pesquisa. E
continuou sendo.
Agência
FAPESP – Você
o retomou e desenvolveu no doutorado?
Schucman – Sim. Percebi que só é
possível o branco se enxergar como branco, isto é, ter uma noção
dos privilégios que o fato de ser branco lhe proporciona, quando
ele convive com os negros. Percebi, na convivência com meus
colegas de pós-graduação negros, que, se eu comparecesse a
alguma reunião dos movimentos sociais negros e me pronunciasse
contra o racismo, até nisso eu teria privilégio, pois o fato de
ser branca e antirracista me dava um status especial. Meus
colegas eram muito críticos e até isso eles me apontavam.
Agência
FAPESP – Como
você lidou com isso?
Schucman – Eu procurava não ser
reativa. Mesmo que, às vezes, a crítica fosse pesada e até mesmo
agressiva, eu tentava entender e assimilar. Tinha uma abertura
muito grande. Além disso, sempre tive uma ideia muito clara
sobre o meu papel: se sou branca e estou trabalhando ou me
aproximando do movimento negro, não posso pretender ser
protagonista. O protagonismo é negro. O meu papel é estar junto;
não pretender estar à frente. Esta é uma consideração muito
clara para mim, que continua orientando minha participação.
Agência
FAPESP – Você
fez muitas entrevistas qualitativas, levantando trajetórias de
vidas das pessoas. Lembra-se de alguma especialmente marcante?
Schucman – Entrevistei desde
“quatrocentões” que ainda vivem da renda de suas fazendas, isto
é, que ainda vivem do que seus antepassados ganharam com a
escravidão, até mendigos da Praça da Sé. Ao entrevistar pessoas
tão diferentes, mas todas brancas, minha intenção era saber se
havia uma característica própria da branquitude, algo capaz de
perpassar as classes sociais. Um mendigo de rua me disse algo
muito forte. Quando perguntei “O que é ser branco, para você?”,
ele me respondeu: “Eu posso entrar no banheiro do shopping e meu
colega preto não”. Isso foi muito impactante: na extrema
pobreza, a condição de ser branco ainda lhe dava um privilégio.
Outra entrevista marcante foi com uma “quatrocentona”, porque os
valores dela eram muito diferentes daqueles do imigrante, mesmo
do imigrante rico.
Agência
FAPESP –
Quais eram as diferenças?
Schucman – Os imigrantes
desfrutaram de vários privilégios no Brasil, porque a imigração
foi incentivada e patrocinada pelo governo. E a entrada de
imigrantes brancos estava em sintonia com uma política de
“embranquecimento” do país. Mas, para ascenderem econômica e
socialmente, os imigrantes foram, de fato, muito trabalhadores.
Isso ficou marcado em sua autoimagem. Claro que há exceções,
mas, regra geral, o imigrante considera que conseguiu subir na
vida devido ao seu mérito. A ideia do mérito é muito forte para
ele. Porém, ele não consegue perceber que, ao lado do mérito,
sua ascensão também foi favorecida pelo privilégio da
branquitude. Porque o negro também está trabalhando há séculos
no Brasil e não conseguiu ascender da mesma forma. Então, no
caso dos imigrantes, a branquitude fica camuflada na autoimagem.
No caso dos quatrocentões não. Eles têm perfeita consciência de
seus privilégios, porque nunca trabalharam. A ideia forte, neste
caso, é a de herança. E, se podem desfrutar de uma herança, foi
porque os escravos negros trabalharam para seus antepassados.
Então a ideia de ser branco e dos privilégios que isso traz está
muito presente em sua visão de si mesmos.
Agência
FAPESP – Há
alguma peculiaridade que você poderia destacar em seu processo
de pesquisa?
Schucman – Uma peculiaridade é
que não separo o que poderia ser chamado de “trabalho de campo”
daquilo que vivo no dia a dia. Na tese de doutorado, incluí
muitas falas informais, de pessoas com as quais eu interagia.
Foi o caso de uma que, quando soube que eu pesquisava brancos,
afirmou: “Que bom! Porque agora só se fala de negros”. Durante
quatro anos, eu registrei entrevistas e conversas do dia a dia.
Eu ficava o tempo todo registrando. Eu só pensava nisso.
Agência
FAPESP – Isso
a afetou pessoalmente?
Schucman – Quando se começa a
pensar insistentemente nestas coisas, você vai ficando muito
irritada. Já não consegue conviver com a cidade. Porque a cidade
de São Paulo tem uma geografia da raça: há lugares que só têm
brancos. Quando entrava em um lugar desses, eu começava a me
sentir mal. Eu me sentia colaborando com o apartheid da nossa sociedade.
Agência
FAPESP – Como
você aborda a questão das cotas raciais?
Schucman – Na maioria dos casos,
a oposição às cotas não decorre de nenhum critério racional.
Tive a demonstração disso em minha pesquisa. Quando perguntei
“você acha que tem privilégios pelo fato de ser branco (ou
branca)?”, meus 40 entrevistados responderam que sim. Uma
empregada doméstica disse: “Minha patroa é preconceituosa. Se eu
fosse negra, não teria este emprego”. Um jovem falou: “O pai da
minha namorada é racista. Talvez eu não pudesse namorar com a
filha dele se fosse negro”. E por aí foi. Imediatamente em
seguida, perguntei: “Você é a favor das cotas?” Dos 40
entrevistados, 37 responderam: “Não. Somos todos iguais”. Esses
37 tinham acabado de dizer que possuíam privilégios. E, agora,
negavam as cotas, com o argumento de que elas privilegiavam os
negros. É um posicionamento totalmente irracional. Por isso, eu
uso a expressão “medo branco”. E é um discurso fragmentado. Só
um discurso fragmentado pode acomodar o fato de a pessoa admitir
que tem privilégios e, em seguida, dizer que todos somos iguais.
Agência
FAPESP – Qual
é o foco de sua pesquisa atual, com famílias inter-raciais?
Schucman – Tento entender como os
afetos podem legitimar o racismo e como podem também ajudar a
desconstruí-lo. A partir de uma enquete mais ampla, em que
entrevistei todos os membros de várias famílias, escolhi algumas
famílias, com as quais estou fazendo um trabalho quase
etnográfico há cerca de um ano. Vou dar um exemplo. Em uma
dessas famílias, o pai é negro e afirma que não existe racismo
no Brasil. Quando ele está presente, todos os membros da família
parecem concordar com seu ponto de vista. Mas, se ele sai da
sala por algum motivo, as pessoas aproveitam para dizer o que
não têm coragem de falar em sua presença. A filha, que é branca,
disse que, por várias vezes, viu seu pai ser discriminado por
racismo. Acredito que, para ele, seja muito difícil admitir
isso. Há todo um jogo de ambivalências, que eu tento interpretar
Entre o encardido, o branco e o branquíssimo:
branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo
Autora: Lia Vainer Schucman
Editora: Annablume
Lançamento: 2014
Páginas: 194
Preço: R$ 41,00 (R$ 30,75 na loja virtual)
Nota
explicativa
[*] A palavra “branquitude”, que a
pesquisadora utiliza criticamente em seu livro, não está
dicionarizada. É um neologismo empregado em contraposição a
negritude. O conceito de negritude foi forjado durante a luta
anticolonialista dos povos africanos, no século XX, e
utilizado, principalmente pelo poeta e político senegalês
Léopold Sédar Senghor (1906 – 2001), para resgatar e exaltar
as culturas, tradições e características identitárias da
África, que haviam sido subjugadas pelo colonialismo. Já o
conceito de branquitude, sem ser identificado por esse nome,
começou a ser construído durante a expansão colonial europeia,
a partir dos séculos XVI e XVII, mas principalmente no século
XIX, para justificar ideologicamente a dominação, pelos
europeus, das populações ancestrais da América, da África, da
Ásia e da Oceania. Nesse processo, a identidade “branca”,
definida pela cor da pele e outros traços fenotípicos, foi
estabelecida como norma e padrão humano, sendo os outros
grupos apresentados como marginais, desviantes ou inferiores.
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