História ao portador: a escrita epistolar do padre Helder Camara, por Jordana Gonçalves Leão.
Em 19 de fevereiro de 1944, às quatro e meia da manhã, o padre Helder Pessoa Camara, no seu pequeno apartamento no Botafogo, no Rio de Janeiro, levantava-se para mais uma madrugada de vigília. O hábito de realizar as vigílias, surgido em sua vida ainda no seminário, representava uma tentativa de vivenciar alguns momentos de encontro com Deus. Helder rezava, lia o Breviário, respondia às correspondências recebidas, reavaliava suas atuações nos incontáveis compromissos de que participava diariamente, rascunhava a homilia do dia seguinte e escrevia pequenos textos poéticos que denominava de Meditações do padre José. Confira…
Para a salvação da alma e engrandecimento do rei e do reino: leituras e estratégias de controle e resistência dos cativos nas Minas, por Marcos Aurélio De Paula Pereira.
O presente artigo trata de leituras sobre a escravidão nas Minas no século XVIII. Baseando-nos nas leituras que o 3º Conde de Assumar, D. Pedro Miguel de Almeida Portugal, governador da capitania entre 1717e 1721, elaborou e discutiu em cartas sobre como viviam os negros e índios, e as medidas para controle dessa população, identificamos estratégias desenvolvidas e situações que denunciam os paradoxos internos do regime escravocrata. Confira…
A identidade do intelectual- artista: a construção de um personagem social na cidade do Recife nos anos 1950-1960, por Bianca Nogueira da Silva Souza.
Esse trabalho nasceu da tentativa de discutir e entender a construção do conceito de intelectuais com base na figura do artista e seu papel social na cidade do Recife entre anos de 1950 a 1960 segundo as percepções de um sujeito e suas vivências, o artista plástico Wilton de Souza, que assim como muitos artistas de sua geração idealizaram a construção de um projeto de sociedade onde, a democracia fosse vivenciada de forma plena. Entre tantos nomes possíveis para essa reflexão, a escolha por Wilton de Souza não se deu de forma aleatória. Ela é fruto da história de vida desse sujeito que, neste período, dava seus primeiros passos na carreira profissional, e por isso, pode ser encarado como protótipo perfeito para um olhar não consolidado do ser intelectual, que aspira na sociedade reconhecimento a partir de suas ações e performances sociais. Confira…
O alinhamento protestante ao Golpe Militar e a repressão aos "crentes subversivos, por Paulo Julião da Silva.
Em nosso trabalho, analisamos como se processou o apoio de alguns setores protestantes ao Golpe militar em 1964, bem como a repressão àqueles que por algum motivo não tiveram a visão oficial de suas instituições e eram vistos como "crentes subversivos". Alguns evangélicos que desde a criação do Partido Comunista Brasileiro em 1922 vinham discursando contra a ideologia marxista, viram a intervenção militar como respostas de orações e providência divina. Ao analisar a historiografia sobre a época, percebemos que houve apoio de uma parcela da população e repulsa de outros ao Golpe Militar principalmente entre os evangélicos que é o grupo que nos propomos a discutir. Além da historiografia, possuem sua relevância em nosso debate, alguns periódicos protestantes, bem algumas entrevistas que facilitaram nosso trabalho e nosso entendimento em uma temática tão nobre e tão discutida nos meios acadêmicos, mas que ainda carece de uma análise mais aprofundada da visão que os "crentes" tiveram a esse respeito. Confira…
Allah na Cidade das Etnias: O Aparecimento Público do Grupo Étnico Árabe na Cidade de Criciúma/SC, por Michele Gonçalves Cardoso.
A cidade de Criciúma/SC consolidou sua identidade urbana baseada na etnicidade no período das comemorações de seu Centenário. Esta transformação identitária possibilitou a inserção de diversos grupos étnicos na identidade da urbe. Entre eles podemos destacar o grupo étnico árabe que afirmou sua presença na cidade através de uma festividade e da demarcação de um território árabe muçulmano cuja mesquita é o principal elemento. Confira…