Usando como ponto de partida
o livro O Mulato, sociólogo Rodrigo Estramanho de Almeida avalia a
trajetória literária do escritor maranhense
(Wikipédia)
Estudo analisa ambiguidades na obra de Aluísio Azevedo
12/03/2013
Por Karina
Toledo
FONTE:
Agência FAPESP – O Mulato, de
Aluísio Azevedo, é um livro de título coletivo. Não faz menção a um personagem
ou a uma situação específica, mas a toda uma categoria humana muito importante
para a compreensão do processo de formação do Brasil.
A análise é do
sociólogo Rodrigo Estramanho de Almeida no livro A realidade da ficção.
Ambiguidades literárias e sociais em ‘O Mulato’ de Aluísio Azevedo, que será
lançado no dia 15 de março pela Alameda Casa Editorial.
O ponto de
partida do professor e pesquisador é o segundo livro de Aluísio Azevedo, O
Mulato, por meio do qual analisa as contradições que marcaram toda a
trajetória literária do escritor maranhense, cuja obra costuma ser dividida pela
crítica em duas categorias: a dos romances engajados, recheados de crítica
social, e a das novelas folhetinescas.
“Essa
ambiguidade permanece ao longo de toda a carreira de Aluísio. O próprio escritor
deixou claro, em correspondências e textos de jornais, que tinha consciência e
sofria com isso. Mas eu tento mostrar que há também um fluxo de continuidade em
suas obras”, disse Estramanho de Almeida à Agência
FAPESP.
Segundo o
pesquisador, a crítica social está presente mesmo nos livros considerados
românticos. Por outro lado, O Mulato – considerado o abre-alas do
Naturalismo no Brasil – está ambientado em uma história com características do
Romantismo.
“Embora o livro
possua elementos considerados típicos do Naturalismo, a construção da narrativa
é, do ponto de vista formal, próxima à do Romantismo. É um autor de difícil
classificação”, afirmou.
A ambiguidade
presente na ficção também estava presente na vida real de Aluísio Azevedo,
contou Estramanho de Almeida. “Ele trabalhou muito ao longo da vida para viver
de literatura. Foi um autor combativo, que defendia os ideais republicanos e
flertava com o abolicionismo. Também criticava duramente o clero e sua relação
com o governo imperial. Mas, no fim da vida, abandonou a literatura para se
dedicar ao serviço público e trabalhar para o Estado que tanto criticou”,
contou.
Além de colocar
em relevo as vicissitudes enfrentadas pelo escritor para viver de literatura,
Rodrigo busca também definir o lugar ocupado por Aluísio Azevedo no pensamento
social brasileiro.
“Aluísio está
imerso em um momento de profunda transformação da sociedade brasileira. O
aparecimento do ideário republicano e da doutrina Positivista tem impacto no
comportamento, nas artes e no pensamento político e social. Além disso,
transformações técnicas e econômicas, com o café se tornando o principal produto
do país, modificaram a forma de as pessoas pensarem o futuro, o presente e o
passado. Há um conteúdo sociológico interessantíssimo na obra de Aluísio
Azevedo, mas algumas questões podem passar despercebidas se a análise se prender
unicamente ao aspecto formal do Naturalismo”, afirmou Estramanho de
Almeida.
O livro, que
contou com auxílio
publicação da FAPESP, é resultado da pesquisa de mestrado
realizada por Rodrigo Estramanho de Almeida na Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo (PUC-SP), sob orientação do professor Miguel Wady
Chaia.
O pesquisador,
no entanto, vem se dedicando ao estudo da obra de Aluísio Azevedo há mais de
cinco anos, tendo escrito em 2007 uma análise de O Cortiço (leia mais em
agencia.fapesp.br/6617).
“O
Cortiço é uma obra da fase madura de Aluísio. Já O Mulato é seu
segundo livro. Foquei agora a análise no início da carreira para compreender
quais elementos já estavam presentes em seu campo semântico e na sua maneira de
escrever sobre a realidade”, contou.
Atualmente,
Rodrigo Estramanho de Almeida é professor da Fundação Escola de Sociologia e
Política de São Paulo (FESPSP) e pesquisador no Núcleo de Estudos em Arte, Mídia
e Política (Neamp) da PUC-SP.
A realidade
da Ficção
Autor: Rodrigo Estramanho de Almeida
Lançamento: 15 de março de 2013, na Martins Fontes Paulista, Av. Paulista, 509, das 19h às 22h
Preço: R$ 40
Páginas: 201
Autor: Rodrigo Estramanho de Almeida
Lançamento: 15 de março de 2013, na Martins Fontes Paulista, Av. Paulista, 509, das 19h às 22h
Preço: R$ 40
Páginas: 201
Mais
informações: www.alamedaeditorial.com.br.
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